sábado, 31 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
De cara nova para 2012!
O blog, ao mesmo tempo que agradece os inúmeros acessos em 2011, dá também as boas vindas calorosas aos que caminharão conosco nesse novo ano. Com a ajuda preciosa dos serviços de Wendel Designers da cidade de Florânia, o blog umasreflexoes apresenta para 2012 sua mais nova face, a interface das reflexões que irão provocar e instigar os mais fortes instintos do pensamento humano, desde os temas ligados à cidadania até os afinados com a filosofia. Que 2012 nos traga uma explosão de renovação, não só nos pensamentos, mas sobretudo na vida, na política, na nossa cotidianidade.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
GENEROSIDADE
Cá estou eu novamente para grafar os últimos devaneios
deste ano. “Um bom ano”. Lembram do filme que traz
esse título!? Nele o autor leva o espectador a viajar do ritmo
frenético dos negócios a uma pacata cidadezinha da França, cheia
de vinhedos, com suas peculiaridades convencionais e muito
provinciana. Da cidade à Província. Está aí uma bela passagem. Ou
vice-versa. Uma das muitas passagens que podemos fazer: Da agitação
à calmaria. O protagonista do filme consegue encontrar o seu destino
onde menos esperava. Ao tomar conta dos negócios do vinhedo do tio
numa pequena cidade, encontra-se pessoalmente e descobre o amor e a
felicidade.
Para sair e fazer a passagem do “grande” ao “pequeno”
sujeito, como diria Charles Chaplin, será preciso que a generosidade
nos acompanhe em cada gesto. Dar um pouco do que é seu a outro
revela uma parte sua antes desconhecida. Dar lugar à generosidade
nesse fim de ano parece ser uma boa sugestão para quem, de fato,
ainda pretende livrar-se de si mesmo e de suas vicissitudes egoístas
e desonestas. A generosidade nos faz mergulhar maravilhosamente na
mais pura vida, sem dinheiro e sem politicagem, e ir experimentar o
quase nada dos outros. Passar do solitário ao solidário com as mãos
e o coração cheios de amor e de atenção para dar.
Já se perguntou o que pode dar? Dar. Dar o quê? Dar algo além de
presentes, dinheiro e uma boa mesa. O falso clichê de que “ninguém
dá o que não tem” se confronta com a ideia de que algo se pode
dar do que se é. Sim, pode-se dar o que se é. Não há nada que não
possamos dar de nosso ser, uma vez que é próprio do ser dar, dar
sempre mais. Quem nunca ouviu a frase: “Ninguém é tão
necessitado que não tenha nada para dar e ninguém é tão
suficiente que não tenha nada para receber”. Generoso ao dar, mas
generoso também ao receber em todos os sentidos. Por exemplo: Há
pessoas que são muito generosas para falar, mas pouco generosas para
ouvir.
Não me refiro somente ao nada econômico, o mais desprezível de
todos porque é o valor mais focado por todos, mas me refiro ao que
quase ninguém liga mais, aos afetos, ao que é interno e que se
encontra na linha do amor. Na estreita linha do amor estão os
inexplicáveis atos de bondade e de generosidade tão próprios aos
seres humanos, a tudo que é humano. É daí que vem, sim, a
verdadeira generosidade.
Quantos não fecharam suas mãos, não só as mãos, mas fecharam o
coração durante todo este ano! Portanto, é hora de abrir as mãos,
o coração, a cabeça, os olhos, a vida para quem não pode abrí-los
devido aos inúmeros impedimentos, a saber: fome, miséria, doença,
desemprego, violência, corrupção, ganância e egoísmo. Romper a
barreira de todos esses impedimentos é a graciosa sugestão da
generosidade possível ao homem.
O mais engraçado da generosidade é que sem gratidão
dificilmente poderá ser experimentada. A gratidão é a força da
generosidade. Sem gratidão, a generosidade se transforma em vaidade.
A honra da generosidade é um coração grato. Veja que, só com
amor, a generosidade faz sentido. Para conservarmos a dignidade do
ato de dar, é necessário reconhecermos nossa consciência, vontade
e liberdade ao dar. Ser generoso é, antes de tudo, ser gracioso
pelas muitas coisas que chegaram até nós sem esforço algum.
Reconhecer que o calor do sol, a luminosidade da lua, a fonte dos
rios, o movimento dos mares, a fertilidade da terra, o carinho dos
animais, a bondade das pessoas, a beleza das florestas e o presente
dos filhos não têm preço, é de graça que recebemos, na verdade,
já são um esplendor de generosidade.
Prof. Jackislandy Meira de Medeiros
Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em
Teologia e Especialista em Metafísica
Páginas na internet:
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
A filosofia como “ensaio” do pensamento
Na introdução à obra
História da Sexualidade II, Do Uso dos Prazeres, temos um texto
bastante feliz de Michel Foucault sobre o que vem a ser, de fato, a
filosofia. Um texto para ser lido, lido de novo e depois posto à
admiração de todos que puderem se abrir ao maravilhoso exercício
do pensamento. O que ele diz, do jeito que diz da filosofia é
simplesmente novo e contemporâneo. Aliás, Foucault é um desses
filósofos, cujo modo de dizer as coisas é praticamente atual,
singular e resistente ao tempo. Consegue ser contemporâneo o tempo
todo.
Se Foucault fez o seu
“ensaio” filosófico como o fez Montaigne, Nietzsche e outros,
por que não devamos fazer o mesmo a partir de nós? Vejamos o que é
o “ensaio” filosófico de Foucault para aprendermos a lição de
pensar o pensamento a partir do contemporâneo.
“Quanto ao motivo que me
impulsionou foi muito simples. Para alguns, espero, esse motivo
poderá ser suficiente por ele mesmo. É a curiosidade – em todo
caso, a única espécie de curiosidade que vale a pena ser praticada
com um pouco de obstinação: não aquela que procura assimilar o que
convém conhecer, mas a que permite separar-se de si mesmo. De que
valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição
dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível,
o descaminho daquele que conhece? Existem momentos na vida onde a
questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e
perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para
continuar a olhar ou a refletir. Talvez me digam que esses jogos
consigo mesmo têm que permanecer nos bastidores; e que no máximo
eles fazem parte desses trabalhos de preparação que desaparecem por
si sós a partir do momento em que produzem seus efeitos. Mas o que é
filosofar hoje em dia – quero dizer, atividade filosófica –
senão o trabalho crítico do pensamento sobre o próprio pensamento?
Se não consistir em tentar saber de que maneira e até onde seria
possível pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se
sabe? Existe sempre algo de irrisório no discurso filosófico,
quando ele quer, do exterior, fazer a lei para os outros, dizer-lhes
onde está a sua verdade e de que maneira encontrá-la, ou quando
pretende demonstrar-se por positividade ingênua; mas é seu direito
explorar o que pode ser mudado, no seu próprio pensamento, através
do exercício de um saber que lhe é estranho. O “ensaio” - que é
necessário entender como experiência modificadora de si no jogo da
verdade, e não como apropriação simplificadora de outrem para fins
de comunicação – é o corpo vivo da filosofia, se, pelo menos,
ela for ainda hoje o que era outrora, ou seja, uma 'ascese', um
exercício de si, no pensamento”(In FOUCAULT, Michel. História da
sexualidade II, Uso dos Prazeres. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1984,
pág. 13).
Compilado por Jackislandy
Meira de Medeiros Silva.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Cante o Natal!
Talvez, poeta algum cantou tão bem o Natal quanto Manuel Bandeira! Ele o mostrou da maneira mais simples, cotidiana e humana, repleta de inocência tão próprias ao requinte e ao estilo de Bandeira. Cantemos com ele a pureza do Natal:
A minhalma se volta. Uma grande saudade
Cresce em todo o meu ser magoado pela ausência.
Tudo é saudade... A voz dos sinos... A cadência
Do rio... E esta saudade é boa como um sonho!
E esta saudade é um sonho... Evoco-te... Componho
O ambiente cuja luz os teus cabelos douram.
Figuro os olhos teus, tristes como eles foram
No momento final de nossa despedida...
O teu busto pendeu como um lírio sem vida,
E tu sonhas, na paz divina do Natal...
Ó minha amiga, aceita a carícia filial
De minhalma a teus pés humilhada de rastos.
Seca o pranto feliz sobre os meus olhos castos...
Ampara a minha fronte, e que a minha ternura
Se torne insexual, mais do que humana pura
Como aquela fervente e benfazeja luz
Que Madalena viu nos olhos de Jesus...
O bobo filósofo de Clarice Lispector
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para
ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se
mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa,
responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
O pensador na poesia de Pessoa
O poeta Fernando Pessoa ao modo de Alberto Caeiro soube maravilhosamente se expressar como quer um filósofo, com admiração e perplexidade diante da novidade do mundo:
"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascida a cada momento
Para a eterna novidade do mundo."
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascida a cada momento
Para a eterna novidade do mundo."
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
O sentido do trabalho
(Arte: Diego Rivera)
Eis um bem necessário: Trabalhar. Não quando se está para entrar
em férias, mas quando se está prestes a sair delas. As férias
estão às portas, e está aí uma boa hora para se pensar um
pouquinho no sentido que damos ao trabalho. Talvez vejamos melhor o
trabalho longe dele ou fora dele. Muitos diriam até que é um mal
necessário, no entanto, trabalhar acaba sendo um bem necessário,
antes de tudo, porque é um valor insubstituível para a saúde de
qualquer cidadão, bem como para a sua sustentabilidade.
É óbvio que, como qualquer outra coisa na vida, o trabalho também
é uma falta quando da sua ausência circunstancial. Só se valoriza
o estudo quando se deixa de estudar. Só se valoriza o amor quando se
passa pelo deserto do desamor. Só se percebe a pessoa do lado até o
momento em que ela passa a não estar lá. Assim também é com o
trabalho. Sua falta é sentida a partir do momento que deixamos, por
alguma razão, de trabalhar. Com as férias, ausência de trabalho,
vem a monotonia, o tédio, o sedentarismo e todo tipo de males. Por
isso, o trabalho acaba sendo uma das boas saídas para uma vida
feliz, sobretudo quando o trabalho é a extensão da família que
enriquece o convívio social.
As férias não devem ser encaradas como um tempo de morbidez sem
fim, uma vez que são um período apenas de descanso e de
recomposição das energias gastas num intenso tempo de trabalho.
Sendo assim, nada mal que tenhamos um bom tempo livre para fazer
muito do que se gosta, como por exemplo; terminar aquela leitura que
ficou inacabada; caminhar com mais frequência para exercitar o corpo
e manter o equilíbrio emocional; cuidar um pouco mais de si;
dialogar com quem não se via há bastante tempo; visitar os amigos;
viajar e respirar novos ambientes... Enfim, volta e meia precisamos
tirar umas férias, até porque ninguém é de ferro. Sair das
rotinas e se desgarrar dos enfados do trabalho maçante e
burocrático, de atividades repetitivas por isso estressantes, nos
fazem muito bem.
Não há dúvidas de que a nossa natureza humana reclama descanso,
paz e um pouco mais de humor, porém há que se ressaltar, nisso
tudo, um certo limite de empolgação para com as férias, até
porque quanto mais nos acostumamos com elas e com o lazer, mais e
mais nos percebemos que somos homens do trabalho, seres que não
vivem mais sem trabalho. Essa é uma consequência dos famosos tempos
modernos trazidos pela revolução industrial, êxodo rural e inchaço
das grandes cidades. Trabalhamos visando à riqueza, ao lucro e ao
acúmulo de bens, ao capital. Isso nos levou a não trabalharmos
mais, mas a capitalizarmos, perdemos o sentido do trabalho que vinha
acompanhado do pensamento e do prazer. Todavia, não só pelo motivo
econômico de sobrevivência e subsistência, mas também pela
ocupação terapêutica, pela “salvação” mesma que o trabalho
nos propõe é que ele é tão indispensável nos dias atuais.
Tira-nos da inércia e nos põe em atividade, em movimento.
É desse ponto de vista muito peculiar que o trabalho acaba sendo
uma opção de vida continuada até mesmo para quem se aposenta e não
quer, de jeito nenhum, cair na invalidez. Aposentar-se hoje aos 60 anos não é mais uma verdade, tampouco um sonho de muitos. Aposentar
deixou de ser um ideal a perseguir.
Acostumados com uma pauta exaustiva, extenuante e até certo ponto
corriqueira do trabalho não nos habituamos mais a um ritmo de vida
estático e cômodo comparado ao das férias. Talvez isso se deva ao
frenético ritmo de atividades que uma mesma pessoa pode desenvolver
hoje no mundo do trabalho. Desempenhamos as mais variadas atividades,
desde aquelas ligadas ao lar até às inúmeras outras ligadas ao
comércio, à indústria, ao estudo e etc. É bem verdade que nos
adaptamos a tudo, até mesmo ao mais duro dos muitos trabalhos, como
é o caso do trabalhador rural e do trabalhador de construção
civil; trabalhadores nos canaviais e pedreiros por exemplo. Estes, de
sol a sol, o dia inteirinho, não largam seus instrumentos de
trabalho porque precisam produzir ou render intensamente no labor que
desempenham.
Não importa o trabalho ou as suas diferentes formas, todos eles são
necessários para o desenvolvimento humano e cultural de um povo. O
que é indispensável fazer, além de fabricar e criar com as mãos e
outros membros do corpo, é arte com o trabalho. Trabalhar com arte é
permitir-se ao novo, ao desconhecido, ao inusitado. Trabalhar é
transcender à sua ordem do dia. Trabalhar é agradecer em meio ao
deserto, fruto da irritabilidade, do cansaço e da falta de vocação
para tal. Trabalhar é também comer o pão do suor de seu rosto.
Trabalhar, tal como se ouve música ou como se faz teatro, encenando,
representando, deixa de ser uma tragédia, um incômodo e passa a ser
arte, algo muito agradável.
Para terminar, não se deslumbre muito com as férias, pois assim
como se cansa do trabalho, cansa-se também das férias!
Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva.
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em
Metafísica.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Vira-latas
Por Luiz Felipe Pondé.
O brasileiro tem complexo de vira-lata. Adora bancar o chique falando mal de si mesmo.
Principalmente quando alguém chique (leia-se, europeu) fala mal do Brasil. Um modo específico de nosso complexo de vira-lata é achar a Europa o máximo.
Quem conhece bem a Europa e ultrapassou a caipirice de achar tudo lindo por lá sabe que os europeus são (também) arrogantes, metidos, preconceituosos e exploradores e pensam, ainda hoje, que somos uns "índios" mal alimentados, ignorantes e mal-educados.
Claro que há exceções, portanto, não se faz necessário que europeus me escrevam jurando que são legais, ou que seus avós são legais, ou que seus cachorros são criados com todos os direitos humanos, mesmo porque, apesar de que isso não é sabido, ninguém pode ajuizar sobre sua própria virtude.
Lamento pela gente que se julga "crítica e consciente", mas todo mundo que se acha legal por definição é um mentiroso.
Se você for uma leitora que um dia mochilando pela Europa transou com um europeu (europeus costumam adorar brasileiras, porque acham nossas mulheres fáceis e doces, coisa rara nas mulheres europeias de hoje em dia, que a cada dia se tornam mais chatas, competitivas e estéreis), não confunda o papo que teve com ele antes do coito com o fato de que os europeus nos acham subdesenvolvidos. Inclusive porque para eles você é fácil porque é subdesenvolvida.
Sim, achar a Europa o máximo é coisa de gente caipira e brega. Se você pensa assim, tome um remédio. Ou minta.
Recentemente, um intelectual europeu em visita ao Brasil fez críticas ao país. Nada que não saibamos sobre nós mesmos. Mas, logo, alguns intelectuais e artistas vira-latas tiveram um orgasmo porque o "sinhozinho" falou mal das "zelites".
Sim, a elite brasileira pode ser bem brega na sua condição de elite de colônia. E horrorosa na sua ignorância "luxuosa". Aqui, ostentação é destino. Pessoas educadas sabem que a felicidade (seja lá no que for) deve ser guardada a sete chaves. Só gente brega "mostra" que é feliz. Neste caso, um toque de melancolia é elegância.
Por exemplo, o hábito de cultuar restaurantes pretensiosos como "de Primeiro Mundo" porque são caros é comum entre nós.
Dizer que você esteve em tal restaurante "caríssimo" (sempre pretensioso) é atestado de breguice. Mas julgar alguém "superinteligente" porque vem da Europa também é brega.
É fácil posar de "culto e crítico" e ficar horrorizado com nossas injustiças sociais quando se teve a chance de ganhar muito dinheiro ao longo da história à custa das injustiças sociais dos outros. Europeu que se faz de rogado pela injustiça no mundo só cola em vira-lata.
Por outro lado, se a riqueza cultural europeia é óbvia, e não se trata de negar este fato, ela se deve em grande parte às injustiças sociais europeias do passado e não ao seu "estado de bem-estar social" atual. Este tipo de "estado" produz apenas banalidades e monotonias de classe média.
Uma grande falácia é supor que injustiça social e riqueza cultural sejam excludentes, pelo contrário. Ou que justiça social produza necessariamente originalidade intelectual.
Não sou um "patriota", patriotismo é para canalhas. Calabar -que optou pelos holandeses em detrimento dos portugueses no Pernambuco colonial- pode ter razão. Falo aqui apenas de nosso complexo de vira-lata.
É muito comum que grandes intelectuais estrangeiros venham a nossa terra inculta e falem um "feijão com arroz" básico supondo que somos ignorantes mesmo e por isso não precisam suar a camisa diante de nossas plateias que sacodem seus ouros, exibem seus decotes e orelhas de livros.
Já vi isso acontecer várias vezes. Também no mundo acadêmico isso acontece, não só no mundo da filosofia de luxo.
Um grande professor que tive e que vive na Europa há anos me disse certa feita que até hoje os europeus não acreditam que "na volta das caravelas que colonizaram as Américas" pode haver algum "índio" que seja igual ou melhor do que eles.
A afetação moral em europeus não é muito diferente da afetação intelectual de nossos decotes de marca.
Boletim filosófico "o dia d" do S.E.R.
Como professor de Filosofia da rede pública estadual já há alguns anos, não abro mão das leituras que, com frequência, venho fazendo dos boletins semanais, editados pelo Centro de Filosofia Educação para o Pensar. Àqueles que ainda não conhecem o Boletim, vejam esta nova edição:
http://boletimodiad.blogspot.com/
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Filosofia para Crianças: Valores e contravalores
Há valores situados fora do tempo e do
espaço, como a paz, a justiça, a generosidade, o diálogo, a sinceridade,
etc. Já nos diálogos de Platão vamos descobrir a discussão destes
mesmos valores, o que vem corroborar a afirmação que principia este
parágrafo.
Descobrir, incorporar e realizar estes
valores positivos deve ser, pois, uma das tarefas básicas da filosofia
para crianças e adolescentes.
Devemos começar pensando: “Quais os critérios para se viver em sociedade?”
Veremos que temos:
- o sentimento de crítica que nos permite analisar a realidade;
- o sentimento de alteridade que nos permite sair de nós mesmos para estabelecer relações com o outro;
- o conhecimento e o respeito pêlos direitos humanos, que nos traz harmonia;
- o compromisso pessoal e o espírito de responsabilidade para que os outros critérios não caiam no vazio.
O que é um valor?
Algo que estimamos, a convicção de que
alguma coisa é boa ou ruim (contravalor). A organização destas
convicções vai se fazer em nós, através dos valores dos pais, dos
educadores, da religião e da sociedade, durante o nosso processo de
desenvolvimento.
De onde vêm os valores?
A filosofia vai contribuir para que
estes valores já estabelecidos sejam passados pelo crivo da razão e
ajuda-nos a definir, com clareza, os objetivos de vida e assumir,
livremente, valores autênticos que evidentemente ajudarão a aceitar e
amar como é, facilitando uma relação equilibrada com o outro, com a vida
e com o mundo.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
13 curiosidades sobre Emmanuel Lévinas
Levinas - 13
Levinas solicitou que se colocasse uma
faixa ao redor do livro Da Existência ao Existente com a seguinte
sentença: “onde não se trata de angústia”.
Ele deixa a angústia do nada e parte para o horror do há da existência. Ou seja, o abandono do medo da morte em direção ao demais de si mesmo. |
Levinas - 12
Levinas encontrou Sartre três vezes.
Segundo Simone de Beauvoir, Sartre teria especialmente apreciado Teoria
da Intuição na Fenomenologia de Husserl. Levinas teve grande admiração
por Sartre. O filósofo teve contato com O Ser e o Nada logo que saiu do
cativeiro.
|
Levinas - 11
Antes da guerra, o filósofo solicitou a
nacionalidade francesa e a obteve. Terminou sua tese. Neste período,
casou. Levinas prestou serviço militar em Paris no Regimento de
Infantaria.
|
Levinas - 10
O filósofo rapidamente foi feito
prisioneiro de guerra. Foi levado para a Alemanha, declarado judeu,
passou para o campo de prisioneiros onde trabalhava de dia na floresta. A
pé, atravessando o vilarejo diariamente para o trabalho, Levinas
descreve que o olhar das pessoas, olhar de condenação, "dizia tudo".
|
Levinas - 9
Levinas conheceu Husserl já muito
velho. A mulher de Husserl estudava francês com Levinas que se dirigia à
casa do velho filósofo para este fim. De Heidegger, Levinas teve a
impressão de um autoritarismo austero. Tinha um grande respeito,
admiração, por Heidegger, mas nunca esqueceu suas relações com Hitler.
|
Levinas - 8
O filósofo dizia que era difícil
dialogar pessoalmente com Husserl em uma aula, questionar Husserl.
Qualquer pergunta parecia ser respondida com uma conferência, com textos
prontos.
|
Levinas - 7
Levinas chega à fenomenologia na
França, ao conhecer por intermédio de uma amiga Husserl. Ao ler As
Investigações Lógicas, o filósofo entendeu que estava diante de uma nova
possibilidade de passar de uma idéia para outra, além dos aspectos
induditos, dedutivos, intuitivos.
|
Levinas - 6
Desde seus primeiros estudos na França,
a partir de 1924, Levinas nutriu uma sólida admiração pelo pensamento
de Bergson. Idéias como a do infinito em cada pessoa, a excelência do
bem, a duração, temporalidade, vários elementos impressionaram o
filósofo.
|
Levinas - 5
Levinas chegou à Filosofia inicialmente
pelas leituras dos autores russos. Os textos de autores judeus também o
conduziram neste caminho. Por fim, quando sua família se muda para a
França, onde vários professores de Filosofia lhe chamam a atenção, e o
caso Dreyfus é discutido sob a ética em toda a Europa.
|
Levinas - 4
Quando o tzar abdica, em 1917, Levinas
era muito mo?e não compreendia o alcance do ato. Em julho de 1920 sua
família aproveita uma oportunidade e retorna imediatamente ?itu?a, onde
as chances para uma família israelita seriam melhores.
|
Levinas - 3
Desde os 6 anos de idade Lévinas teve
aulas habituais de hebraico. Quando chega ao liceu, em Kharkov, tinha 11
anos e somente havia conhecido aulas particulares até então. Era muito
raro judeus poderem cursar as melhores escolas e a família Lévinas
comemorou o fato.
|
Lévinas - 2
Era comum que a geração dos pais do
fil?o iniciasse os jovens pelo hebraico. Mas tal geração compreendia que
o caminho a seguir pelos jovens deveria passar pela cultura russa, pela
línguua russa. Assim, era usual que nas famílias de origem judaica os
pais falassem russo com os filhos.
|
Lévinas - 1
O filósofo afirmava ter poucas
recordações de sua infância. Lembra que o pai tinha uma livraria em
Kovno, Lituânia. Tinha cerca de 8 anos quando começou a guerra em 1914.
Havia uma forte cultura judaica na região, muitas sinagogas, diversos
lugares onde estudar.
|
Fonte: www.filosofia.com.br
Charges de Gary Larson
Gary Larson(1950) é cartunista norte-americano. Autor de FAR SIDE, onde mostra situações surreais. Nosso blog o homenageia com quatro desenhos seus.
Fonte: www.filosofia.com.br
Fonte: www.filosofia.com.br
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Reajuste: governo anuncia elevação do salário mínimo de R$ 622,73 para o próximo ano
O
governo anunciou ao Congresso Nacional a elevação do valor do salário
mínimo para R$ 622,73 a partir de 1º de janeiro de 2012. A previsão era
R$ 619,21, com a revisão aumentou R$ 3,52. O reajuste consta da
atualização dos parâmetros econômicos utilizados na proposta
orçamentária de 2012. O anúncio foi enviado em ofício do Ministério do
Planejamento.
O projeto orçamentário
encaminhado ao Congresso, em agosto passado, foi feito com previsão do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 5,7%. Com a
atualização que elevou a inflação para 6,3%, também haverá a elevação do
reajuste do salário mínimo, que era 13,62% para 14,26% em relação ao
atual valor que é R$ 545,00.
A
política de recuperação do salário mínimo prevê reajuste com base na
inflação de 2011 mais a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) de 2010, que foi de 7,5%. Com a projeção de aumento do INPC haverá
também aumento nos benefícios assistenciais e previdenciários para os
que recebem acima de um salário mínimo. A previsão de reajuste para
esses casos subiu de 5,7% para 6,3%.
O erro de Foucault
por Luiz Felipe Pondé para Folha
Você sabia que o pensador da nova esquerda Michel Foucault foi um forte simpatizante da revolução fanática iraniana de 1979? Sim, foi sim, apesar de seu séquito na academia gostar de esconder esse "erro de Foucault" a sete chaves.
Fico impressionado quando intelectuais defendem o Irã dizendo que o Estado xiita não é um horror.
O guru Foucault ainda teve a desculpa de que, quando teve seu "orgasmo xiita", após suas visitas ao Irã por duas vezes em 1978, e ao aiatolá Khomeini exilado em Paris também em 1978, ainda não dava tempo para ver no que ia dar aquilo.
Desculpa esfarrapada de qualquer jeito. Como o "gênio" contra os "aparelhos da repressão" não sentiu o cheiro de carne queimada no Irã de então? Acho que ele errou porque no fundo amava o "Eros xiita".
Mas como bem disse meu colega J. P. Coutinho em sua coluna alguns dias atrás nesta Folha, citando por sua vez um colunista de língua inglesa, às vezes é melhor dar o destino de um país na mão do primeiro nome que acharmos na lista telefônica do que nas mãos do corpo docente de algum departamento de ciências humanas. E por quê?
Porque muitos dos nossos colegas acadêmicos são uns irresponsáveis que ficam fazendo a cabeça de seus alunos no sentido de acreditarem cegamente nas bobagens que autores (como Foucault) escrevem em suas alcovas.
No recente caso da USP, como em tantos outros, o fenômeno se repete. O modo como muito desses "estudantes" (muitos deles nem são estudantes de fato, são profissionais de bagunçar o cotidiano da universidade e mais nada) agem, nos faz pensar no tipo de fé "foucaultiana" numa "espiritualidade política contra as tecnologias da repressão".
E onde Foucault encontrou sua inspiração para esse nome chique para fanatismo chamado "espiritualidade política"?
Leiam o excelente volume "Foucault e a Revolução Iraniana", de Janet Afary e Kevin B. Anderson, publicado pela É Realizações, e vocês verão como a revolução xiita do Irã e seu fascínio pelo martírio e pela irracionalidade foram importantes no "último Foucault".
As ciências humanas (das quais faço parte) se caracterizam por sua quase inutilidade prática e, portanto, quase impossibilidade de verificação de resultados.
Esse vazio de critérios de aplicação garante outro tipo de vazio: o vazio de responsabilidade pelo que é passado aos alunos.
Muitos docentes simplesmente "lavam o cérebro" dos alunos usando os "dois caras" que leram no doutorado e que assumem ter descoberto o que é o homem, o mundo, e como reformá-los. Duvide de todo professor que quer reformar o mundo a partir de seu doutorado.
Não é por acaso que alunos e docentes de ciências humanas aderem tão facilmente a manifestações vazias, como a recente da USP, ou a quaisquer outras, como a dos desocupados de Wall Street ou de São Paulo.
Essa crítica ao vazio prático das ciências humanas já foi feita mesmo por sociólogos peso pesado, em momentos distintos, como Edmund Burke, Robert Nisbet e Norbert Elias.
Essa crítica não quer dizer que devemos acabar com as ciências humanas, mas sim que devemos ficar atentos a equívocos causados por essa sua peculiar carência: sua inutilidade prática e, por isso mesmo, como decorrência dessa, um tipo específico de cegueira teórica. Nesse caso, refiro-me ao seu constante equívoco quanto à realidade.
Trocando em miúdos: as ciências humanas e seus "atores sociais" viajam na maionese em meio a seus delírios em sala de aula, tecendo julgamentos (que julgam científicos e racionais) sem nenhuma responsabilidade.
Proponho que da próxima vez que "os indignados sem causa" ocuparem a faculdade de filosofia da USP (ou "FeFeLeCHe", nome horrível!) que sejam trancados lá até que descubram que não são donos do mundo e que a USP (sou um egresso da faculdade de filosofia da USP) não é o quintal de seus delírios.
Agem com a USP não muito diferente da falsa aristocracia política de Brasília: "sequestram" o público a serviço de seus pequenos interesses.
No caso desses "xiitas das ciências humanas", seus pequenos delírios de grande "espiritualidade política".
Você sabia que o pensador da nova esquerda Michel Foucault foi um forte simpatizante da revolução fanática iraniana de 1979? Sim, foi sim, apesar de seu séquito na academia gostar de esconder esse "erro de Foucault" a sete chaves.
Fico impressionado quando intelectuais defendem o Irã dizendo que o Estado xiita não é um horror.
O guru Foucault ainda teve a desculpa de que, quando teve seu "orgasmo xiita", após suas visitas ao Irã por duas vezes em 1978, e ao aiatolá Khomeini exilado em Paris também em 1978, ainda não dava tempo para ver no que ia dar aquilo.
Desculpa esfarrapada de qualquer jeito. Como o "gênio" contra os "aparelhos da repressão" não sentiu o cheiro de carne queimada no Irã de então? Acho que ele errou porque no fundo amava o "Eros xiita".
Mas como bem disse meu colega J. P. Coutinho em sua coluna alguns dias atrás nesta Folha, citando por sua vez um colunista de língua inglesa, às vezes é melhor dar o destino de um país na mão do primeiro nome que acharmos na lista telefônica do que nas mãos do corpo docente de algum departamento de ciências humanas. E por quê?
Porque muitos dos nossos colegas acadêmicos são uns irresponsáveis que ficam fazendo a cabeça de seus alunos no sentido de acreditarem cegamente nas bobagens que autores (como Foucault) escrevem em suas alcovas.
No recente caso da USP, como em tantos outros, o fenômeno se repete. O modo como muito desses "estudantes" (muitos deles nem são estudantes de fato, são profissionais de bagunçar o cotidiano da universidade e mais nada) agem, nos faz pensar no tipo de fé "foucaultiana" numa "espiritualidade política contra as tecnologias da repressão".
E onde Foucault encontrou sua inspiração para esse nome chique para fanatismo chamado "espiritualidade política"?
Leiam o excelente volume "Foucault e a Revolução Iraniana", de Janet Afary e Kevin B. Anderson, publicado pela É Realizações, e vocês verão como a revolução xiita do Irã e seu fascínio pelo martírio e pela irracionalidade foram importantes no "último Foucault".
As ciências humanas (das quais faço parte) se caracterizam por sua quase inutilidade prática e, portanto, quase impossibilidade de verificação de resultados.
Esse vazio de critérios de aplicação garante outro tipo de vazio: o vazio de responsabilidade pelo que é passado aos alunos.
Muitos docentes simplesmente "lavam o cérebro" dos alunos usando os "dois caras" que leram no doutorado e que assumem ter descoberto o que é o homem, o mundo, e como reformá-los. Duvide de todo professor que quer reformar o mundo a partir de seu doutorado.
Não é por acaso que alunos e docentes de ciências humanas aderem tão facilmente a manifestações vazias, como a recente da USP, ou a quaisquer outras, como a dos desocupados de Wall Street ou de São Paulo.
Essa crítica ao vazio prático das ciências humanas já foi feita mesmo por sociólogos peso pesado, em momentos distintos, como Edmund Burke, Robert Nisbet e Norbert Elias.
Essa crítica não quer dizer que devemos acabar com as ciências humanas, mas sim que devemos ficar atentos a equívocos causados por essa sua peculiar carência: sua inutilidade prática e, por isso mesmo, como decorrência dessa, um tipo específico de cegueira teórica. Nesse caso, refiro-me ao seu constante equívoco quanto à realidade.
Trocando em miúdos: as ciências humanas e seus "atores sociais" viajam na maionese em meio a seus delírios em sala de aula, tecendo julgamentos (que julgam científicos e racionais) sem nenhuma responsabilidade.
Proponho que da próxima vez que "os indignados sem causa" ocuparem a faculdade de filosofia da USP (ou "FeFeLeCHe", nome horrível!) que sejam trancados lá até que descubram que não são donos do mundo e que a USP (sou um egresso da faculdade de filosofia da USP) não é o quintal de seus delírios.
Agem com a USP não muito diferente da falsa aristocracia política de Brasília: "sequestram" o público a serviço de seus pequenos interesses.
No caso desses "xiitas das ciências humanas", seus pequenos delírios de grande "espiritualidade política".
ELEIÇÃO PARA DIRETOR DA ESCOLA SILVINO BEZERRA DE FLORÂNIA É FRAUDADA
A Escola Estadual Cel. Silvino Bezerra da cidade
de Florânia realizou as eleições para diretor, vice e coordenador financeiro
quinta-feira passada, dia 17 de novembro de 2011, na qual concorreram a Sra.
Professora Daguia Nobre que obteve 261 votos e José Porfírio que obteve 260
votos. As fraudes atingiram os segmentos dos Professores, dos Servidores e dos
Pais. Na listagem dos professores que era de 24 assinaturas apareceram 25
votos, sendo 01 a mais. Na listagem dos servidores, que era de 17 assinaturas,
assinaram 16 e apareceram 19 votos. Enquanto que, no segmento dos pais,
assinaram 233 pais, tendo sido apurado de votos válidos 226 mais 02 votos
brancos e nulos, perfazendo-se assim 228 votos. Pergunta-se: Onde estão os
outros cinco votos dos pais? E os quatro votos que apareceram no segmento dos
professores e servidores vieram de onde? Veja o quadro abaixo e comprove. Estas e outras fraudes já estão sendo investigadas pelas autoridades competentes. Obs: Não publicamos a listagem dos votantes para preservar a integridade das pessoas que votaram.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Uma dose de filosofia na saga “Crepúsculo”
Um triângulo amoroso, que arrancou suspiros na famosa saga
“Crepúsculo”, desenrolando-se em mais duas fases “Lua
Nova” e “Eclipse”, vem agora atraindo multidões do
mundo inteiro para as próximas revelações que darão rumo ao
futuro de Bella nas telas de cinema. Revelações estas, claro, para
quem ainda não leu a última parte dessa saga, “Amanhecer”.
Um vampiro, uma humana e um lobo. Três naturezas diferentes. Três
ordens de pensamentos diversos. Três mundos muito distantes, mas que
se aproximam e se encontram pelo amor. Um amor que altera a ordem das
coisas e para o qual não há regras. Três visões de mundo
completamente diferentes. Poderíamos dizer: Três filosofias. Edward
demole a figura clássica de um vampiro feio, exótico e insociável
e constrói a figura de um vampiro belo, bom e amável. Mesmo
carregando a imortalidade na pele fria, Edward aparenta ser bastante
reservado aos humanos, sem presas afiadas e sem ostentar maldade. Não
manisfesta qualquer atitude suspeita de que, afinal, é um vampiro,
pois Bella só soube que Edward era um vampiro depois de o conhecer.
O comportamento de aproximação e distanciamento que havia na
amizade entre os dois levou Bella a desconfiar de que se tratava de
alguém muito diferente. No entanto, já era tarde demais, os dois já
estavam envolvidos.
Nesse movimento curioso de aparecimento e desaparecimento de Edward,
alguém muito especial entra na vida de Bella, Jacob. De visão
aguçada, audição potente, olfato incomparável e demais sentidos
tão próprios a um lobo; comprometido com sua alcateia, fiel aos
tratos feitos no passado com os vampiros “cullen” de que nem
lobos e nem vampiros poderiam ameaçar os humanos, Jacob não tinha
medo de manifestar o seu amor por Bella, muito menos de desafiar os
“cullen” para conseguir este tão maravilhoso amor. Ao contrário
de Edward, Jacob era moreno, quente e cheio de vida, não de morte.
Jacob cheirava à vida, não à morte. Embora muito bonito, esbelto e
galã, Edward era pálido e temia a si mesmo por causa do sangue dos
humanos. Sua natureza gostava de sangue. Talvez, por isso, se entenda
o motivo dos desaparecimentos de Edward de quando em vez. Se a
contradição que existia entre o ser vampiro de Edward e a
humanidade de Bella era uma ameaça para a realização deste amor; a
natureza de lobo de Jacob e a de Bella não implicava em tanto.
Com quem, de fato, Bella vai ficar? Isso todos nós já sabemos.
Edward, de acordo com a última parte da saga “Amanhecer”, é o
dono de seu coração, porém Jacob tenta mudar esse destino. Jacob
se arrisca por isso. Não desiste de Bella, está sempre em sua
companhia, principalmente nos impasses entre ela e Edward. Jacob luta
por ela, tenta beijá-la, mas ela reluta, até que quase ao final de
“Eclipse” tudo ocorre por atração, desejo e naturalmente:
“Pode me beijar, Jacob?
- Está blefando.
- Beije-me, Jacob. Beije-me e depois volte.(...)
- Tenho de ir – sussurrou ele.
- Não. - Ele sorriu satisfeito com minha resposta.
- Não vou demorar – prometeu ele. - Mas primeiro uma coisa...
E então, com clareza, senti a fissura em meu coração se
estilhaçar como a menor parte que se separava do todo. Os lábios
de Jacob ainda estavam nos meus. Abri os olhos e ele me fitava,
admirado e exaltado.
Ele me beijou de novo, e não havia mais motivos para resistir.
Que sentido teria?
Dessa vez foi diferente. As mãos dele eram suaves em meu rosto e
seus lábios quentes eram gentis, inesperadamente hesitantes. Foi
breve e muito, muito doce”(pág. 377-378)
O amor de Bella por Edward e vice-versa é a fonte de inspiração
de toda a trama, mas Jacob entra em cena sempre que a dúvida toma
conta da cabeça dos dois. A dúvida de Edward aparece quando se dá
conta da sua natureza de vampiro. Condenado à imortalidade e ao
frio, ao sangue, ao mesmo tempo que a amava se sentia uma ameaça
para ela. Por outro lado, não querendo condená-la a perder a sua
alma, se ausentava de sua presença. Aí, abre-se um espaço para o
lobo, Jacob. Vampiros e lobos são inimigos por natureza, mas que se
uniam por um amor, Bella.
Vejam que estranho e ao mesmo tempo admirável: Os três tinham
todas as razões, todos os motivos para se odiarem e se evitarem o
tempo todo, mas uma linda e fantástica história de amor os
envolviam em ambientes peculiares com interesses comuns e únicos. As
três vidas estavam como que comprometidas em torno de um nome, de um
sentido, de uma força extraordinária, amor. Um amor que é mais
forte do que a morte e do que a imortalidade. Em toda a saga, diga-se
de passagem, a morte é apenas um detalhe. Não sem razão, a autora
da saga, Stephenie Meyer, escreve de próprio punho no prólogo de
“Amanhecer” que está agora nos cinemas: “Pode-se
correr de alguém de que se tenha medo; pode-se tentar lutar com
alguém que se odeie. Todas as minhas reações eram preparadas para
aqueles tipos de assassinos, os monstros, os inimigos. Mas quando se
ama aquele que vai matá-la, não restam alternativas. Como se pode
correr, como se pode lutar, quando essa atitude magoaria o amado? Se
a vida é tudo o que você tem para dar ao amado, como não dá-la?
Quando ele é alguém que você ama de verdade”(pág. 13).
O mais interessante é que, por esse amor, ambos são capazes de
não serem capazes, ambos são dotados de um poder que ultrapassa a
barreira do tempo e do espaço. Jacob também a ama tanto quanto
Edward. Bella ama misteriosamente os dois, só que ama mais a Edward.
Queiramos ou não, na minha opinião, os três são merecedores desse
amor, porém, nem um dos três consegue conter ou dominar esse amor,
uma vez que em toda a história o amor é soberano.
Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Bacharel em Teologia, Licenciatura em Filosofia, Especialista em
Metafísica
sábado, 19 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Ficha limpa e judiciário: uma vergonha
A aurora do pensamento ocidental – José Arthur Giannotti
Seguindo a tradição dos povos indo-germânicos, para os quais o
Uno configura o múltiplo, desenvolve-se na Grécia (séc. VII a. C.) uma
produção de livros a serem discutidos por todos os cidadãos, que
procuram responder à questão “o que é?”. São as formas separáveis
(Ideias) dirá Platão, são as formas inseparáveis, portanto energizadas
nelas mesmas, dirá Aristóteles. E assim se desenha o campo em que a
batalha pela metafísica se dará.
Data: 18 de novembro
Horário: 19h
Classificação etária: 14 anos
Programação gratuita e por ordem de chegada a partir das 18h. A cpfl cultura em Campinas fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632 – Chácara Primavera. Mais informações pelo telefone (19) 3756-8000.
Horário: 19h
Classificação etária: 14 anos
Programação gratuita e por ordem de chegada a partir das 18h. A cpfl cultura em Campinas fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632 – Chácara Primavera. Mais informações pelo telefone (19) 3756-8000.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Ontologia leviana dos seios
por Luiz Felipe Pondé para Folha
Hoje acordei um tanto leviano. Em dias assim, falo a sério de filosofia. O niilista respira identificando em toda parte a morte da metafísica. Pra quem não sabe, a metafísica é a "ciência" segundo a qual existiria um mundo de formas eternas e plenas, invisível aos olhos, mas visível ao "espírito".
Engraçado como muita gente combate a artificialização da beleza do corpo em nome de uma beleza "natural". O que essa gente não entende é que se a metafísica morreu, a existência de uma natureza "natural" também morreu, porque tudo neste mundo da matéria é impermanente, vago, impreciso, e, acima de tudo, dolorido.
Com a morte de Deus (símbolo máximo da morte da metafísica), o corpo velho é apenas um corpo feio e decadente. Se Deus não existe, toda beleza artificial é permitida. Logo, viva o silicone.
Mas não quero falar de Deus, quero falar de seios.
A vida pode ser miserável e pequena. Triste constatação. Mas miserável pode ser apenas a constatação de que anatomia é destino, como dizia Freud. O corpo, essa massa mortal que perde a forma com o tempo, é nosso lar, uma casa em que habitamos e que nos abandona, deixando-nos a herança do pó.
"A Pele em que Habito", título do novo e maravilhoso filme de Almodóvar, define nosso destino. Mas não vou falar do filme, pois é aquele tipo de filme de que quanto menos se fala, melhor, porque quando se fala dele, corre-se o risco de falar demais.
O freudiano, agostiniano e dostoievskiano Nelson Rodrigues, o maior filósofo brasileiro, escreveu um livro chamado "Asfalto Selvagem, Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores", no qual a heroína Engraçadinha, segundo ele, seria infeliz porque tinha seios belos demais.
O mundo não perdoa a (a falta de) beleza, seja ela visível ou invisível. Por um seio bonito, mata-se e morre-se. No mínimo paga-se caro.
Acho que o SUS deveria pagar cirurgias plásticas para mulheres pobres colocarem silicone nos seios. Por que não? Travestis gozam de cirurgias de mudança de sexo, por que nossas mulheres não deveriam ter o direito de ficarem mais belas?
Ontologia é a disciplina da filosofia que estuda as essências das coisas e dos seres vivos. A ontologia diz o que você é. A ontologia da mulher passa pelos seios, pelas pernas e pela doçura, assim como a do homem pela potência e pelo dinheiro. O resto é mentira.
Tanta tinta corre no mundo em nome da política e da economia, e, ainda assim, os seios podem decidir a vida e o amor verdadeiro. Diante deles, a alma desfalece em desejo. Como disseram filósofos no passado, se o nariz de Cleópatra fosse diferente, a história do Ocidente teria sido outra.
Fala-se muito que devemos dar valor à alma, ao que se tem "dentro de si", ao que se "é", e não ao que se "tem", mas, o dia a dia, aquele mesmo em que acordamos atordoados pela constante constatação de nossas carências e impotências, parece dizer o contrário. O futuro pode sim ser julgado pela beleza dos seios.
Isso pode ser um indicativo da solidão do mundo no qual só a matéria existe. O niilismo, assim como o Demônio, o maior de todos os humanistas, respeita a angústia das feias.
Este fato, como todo fato obscenamente verdadeiro, pede silêncio de nossa parte. Mas eu, que peco constantemente em nome do vício, confesso: as pessoas quase sempre fazem tudo pelo que podem ter e não pelo que podem ser. E, muitas vezes, o "ser" é decorrente do "ter". E não falo de grana, falo de seios.
Fosse Platão um admirador do sexo frágil, abriria seu diálogo "O Banquete" (sobre o amor) pela ontologia dos seios da mulher.
Sendo assim, a indústria da beleza deveria receber maior atenção da filosofia e não apenas suas pedras de desprezo.
Colocar silicone pode ser um pedido discreto de amor. Uma forma tímida de buscar o olhar negado. Com o tempo, a forma dos seios abandona o mundo, ficando presa no mundo miserável do passado. Não se pode pegar com a mão ou com a boca a lembrança dos seios perdidos, apenas a forma dos seios reconstituídos.
A beleza artificial é uma batalha discreta contra o vazio do corpo e da alma.
Hoje acordei um tanto leviano. Em dias assim, falo a sério de filosofia. O niilista respira identificando em toda parte a morte da metafísica. Pra quem não sabe, a metafísica é a "ciência" segundo a qual existiria um mundo de formas eternas e plenas, invisível aos olhos, mas visível ao "espírito".
Engraçado como muita gente combate a artificialização da beleza do corpo em nome de uma beleza "natural". O que essa gente não entende é que se a metafísica morreu, a existência de uma natureza "natural" também morreu, porque tudo neste mundo da matéria é impermanente, vago, impreciso, e, acima de tudo, dolorido.
Com a morte de Deus (símbolo máximo da morte da metafísica), o corpo velho é apenas um corpo feio e decadente. Se Deus não existe, toda beleza artificial é permitida. Logo, viva o silicone.
Mas não quero falar de Deus, quero falar de seios.
A vida pode ser miserável e pequena. Triste constatação. Mas miserável pode ser apenas a constatação de que anatomia é destino, como dizia Freud. O corpo, essa massa mortal que perde a forma com o tempo, é nosso lar, uma casa em que habitamos e que nos abandona, deixando-nos a herança do pó.
"A Pele em que Habito", título do novo e maravilhoso filme de Almodóvar, define nosso destino. Mas não vou falar do filme, pois é aquele tipo de filme de que quanto menos se fala, melhor, porque quando se fala dele, corre-se o risco de falar demais.
O freudiano, agostiniano e dostoievskiano Nelson Rodrigues, o maior filósofo brasileiro, escreveu um livro chamado "Asfalto Selvagem, Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores", no qual a heroína Engraçadinha, segundo ele, seria infeliz porque tinha seios belos demais.
O mundo não perdoa a (a falta de) beleza, seja ela visível ou invisível. Por um seio bonito, mata-se e morre-se. No mínimo paga-se caro.
Acho que o SUS deveria pagar cirurgias plásticas para mulheres pobres colocarem silicone nos seios. Por que não? Travestis gozam de cirurgias de mudança de sexo, por que nossas mulheres não deveriam ter o direito de ficarem mais belas?
Ontologia é a disciplina da filosofia que estuda as essências das coisas e dos seres vivos. A ontologia diz o que você é. A ontologia da mulher passa pelos seios, pelas pernas e pela doçura, assim como a do homem pela potência e pelo dinheiro. O resto é mentira.
Tanta tinta corre no mundo em nome da política e da economia, e, ainda assim, os seios podem decidir a vida e o amor verdadeiro. Diante deles, a alma desfalece em desejo. Como disseram filósofos no passado, se o nariz de Cleópatra fosse diferente, a história do Ocidente teria sido outra.
Fala-se muito que devemos dar valor à alma, ao que se tem "dentro de si", ao que se "é", e não ao que se "tem", mas, o dia a dia, aquele mesmo em que acordamos atordoados pela constante constatação de nossas carências e impotências, parece dizer o contrário. O futuro pode sim ser julgado pela beleza dos seios.
Isso pode ser um indicativo da solidão do mundo no qual só a matéria existe. O niilismo, assim como o Demônio, o maior de todos os humanistas, respeita a angústia das feias.
Este fato, como todo fato obscenamente verdadeiro, pede silêncio de nossa parte. Mas eu, que peco constantemente em nome do vício, confesso: as pessoas quase sempre fazem tudo pelo que podem ter e não pelo que podem ser. E, muitas vezes, o "ser" é decorrente do "ter". E não falo de grana, falo de seios.
Fosse Platão um admirador do sexo frágil, abriria seu diálogo "O Banquete" (sobre o amor) pela ontologia dos seios da mulher.
Sendo assim, a indústria da beleza deveria receber maior atenção da filosofia e não apenas suas pedras de desprezo.
Colocar silicone pode ser um pedido discreto de amor. Uma forma tímida de buscar o olhar negado. Com o tempo, a forma dos seios abandona o mundo, ficando presa no mundo miserável do passado. Não se pode pegar com a mão ou com a boca a lembrança dos seios perdidos, apenas a forma dos seios reconstituídos.
A beleza artificial é uma batalha discreta contra o vazio do corpo e da alma.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
A Rede Globo se abre para o EVANGELHO
Tudo
confirmado para o especial de fim de ano que a Rede Globo vai promover
focado no público evangélico: o Festival Promessas. Pouco a pouco, a
emissora vai percebendo o potencial do segmento chamado gospel,
principalmente na música, tendo já investido em famosos talentos como
Davi Sacer, Diante do Trono e Ludmila Ferber com gravação de seus CDs.
Agora chega a vez de realizar um programa específico para esse público. Talvez, não apenas valendo-se da possibilidade de grande audiência, mas também por tentar recuperar a credibilidade da emissora diante de muitos evangélicos que têm rejeitado conteúdo, nível e propostas de muitas programações da Globo.
Serginho Groisman será o apresentador do Festival Promessas e a direção de núcleo ficará por conta de Luiz Gleiser. O show de música está marcado para o dia 10 de dezembro, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e deve ir ao ar no dia 18 (domingo), abrindo a programação especial de fim de ano. Nove artistas e grupos importantes da música gospel nacional se apresentarão. Isso é que é força gospel.
http://www.verdadegospel.com/serginho-groisman-vai-apresentar-especial-gospel-da-globo/
Agora chega a vez de realizar um programa específico para esse público. Talvez, não apenas valendo-se da possibilidade de grande audiência, mas também por tentar recuperar a credibilidade da emissora diante de muitos evangélicos que têm rejeitado conteúdo, nível e propostas de muitas programações da Globo.
Serginho Groisman será o apresentador do Festival Promessas e a direção de núcleo ficará por conta de Luiz Gleiser. O show de música está marcado para o dia 10 de dezembro, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e deve ir ao ar no dia 18 (domingo), abrindo a programação especial de fim de ano. Nove artistas e grupos importantes da música gospel nacional se apresentarão. Isso é que é força gospel.
http://www.verdadegospel.com/serginho-groisman-vai-apresentar-especial-gospel-da-globo/
De corrupção e faxina
Prof. Nei Alberto Pies
Ativista de Direitos Humanos
“A política não é a arte do que é possível fazer, mas sim de tornar possível o que é necessário fazer”.
(Augusto Boal, dramaturgo brasileiro)
Nem
a faxina e nem a corrupção são invenções femininas. A corrupção é um
evento de natureza essencialmente humana, que decorre como fruto das
oportunidades, elaboradas ou fortuitas, do caráter dos oportunistas ou
dos interesses escusos ou mal intencionados. Jamais acabaremos com a tão
disseminada “praga” da corrupção que corrompe os espaços da esfera
pública e privada. O que podemos fazer é “torná-la cada vez mais difícil
de ser praticada”, como pensa a nossa presidenta da República Dilma
Rousseff.
Quem
cunhou o termo “faxina” para denominar os esforços que governo,
parlamentares e organizações da sociedade estão empenhando pelo controle
da corrupção o fez sem considerar o significado do próprio conceito e
sem pensar nas conseqüências nele implicadas. A verdadeira faxina é
praticada todos os dias, nas nossas ruas e casas, por milhares de
mulheres e homens no Brasil que, de forma digna, fazem deste ofício o
sustento e alento de suas vidas. Estes, sim, “faxinam” os nossos lixos e
restos.
É
difícil falar de faxina sem recorrermos a uma casa. Ocorre que existem
implícitas em toda faxina diferentes modos de conceber a arrumação como a
limpeza de uma casa. Há quem prefira casas esterilizadas, semelhantes a
um centro cirúrgico ou cenário de novela. Há outros, no entanto, que
preferem casas que promovam a vida e a festa, muito antes da arrumação.
Carlos Drummond de Andrade, em seu poema “A casa arrumada” afirma que:
“casa
com vida é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites
brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo
abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na
cara que é casa em festa”.
Faxinar
pressupõe, por isso mesmo, “limpar o ambiente” com a certeza de que o
mesmo logo mais estará sujo. E não é isto que se deve fazer para
combater a corrupção.
O
fato é que, no nosso jeito brasileiro, em cada momento histórico, vamos
fabricando expressões lingüísticas para deixar tudo como está ou para
zombar de quem está fazendo alguma coisa. Sempre arrumamos formas de não
assumir nossa responsabilidade individual diante dos problemas
enfrentados por todos. Fica muito mais fácil e cômodo ignorarmos a
“corrupção nossa de cada dia”, aquela que enxergamos e da qual temos
conhecimento, focando como se a mesma se concentrasse na Capital
Federal, Brasília. É sempre menos comprometedor faxinar do que combater.
No
Brasil, não vivemos a cultura da radicalidade. Pela radicalidade,
buscaríamos as soluções para nossos problemas a partir da raiz de sua
existência. Radicalidade é a nossa predisposição para a mudança efetiva
e comprometida das realidades. Mas será que temos alguma predisposição
para mudar o curso das coisas que movem a nossa vida social? A quem
interessa combater a corrupção?
A
corrupção gera-se em contextos circunstanciais, quando há oportunidades
reais para que alguém, a partir de sua posição ou poder, apodere-se
injustamente de algo que não lhe pertence. Não há como deter controle
absoluto sobre as condutas pessoais e nem sobre a corrupção, mas há
muito para fazer para resgatarmos valores como a ética, a justiça, a
responsabilidade social, o zelo e a consideração pelas coisas públicas, a
dignidade humana, o valor da política. Estes, sim, podem constituir uma
nação mais cidadã e mais livre. São o verdadeiro antídoto para combater
a corrupção.
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sábado, 31 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
De cara nova para 2012!
O blog, ao mesmo tempo que agradece os inúmeros acessos em 2011, dá também as boas vindas calorosas aos que caminharão conosco nesse novo ano. Com a ajuda preciosa dos serviços de Wendel Designers da cidade de Florânia, o blog umasreflexoes apresenta para 2012 sua mais nova face, a interface das reflexões que irão provocar e instigar os mais fortes instintos do pensamento humano, desde os temas ligados à cidadania até os afinados com a filosofia. Que 2012 nos traga uma explosão de renovação, não só nos pensamentos, mas sobretudo na vida, na política, na nossa cotidianidade.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
GENEROSIDADE
Cá estou eu novamente para grafar os últimos devaneios
deste ano. “Um bom ano”. Lembram do filme que traz
esse título!? Nele o autor leva o espectador a viajar do ritmo
frenético dos negócios a uma pacata cidadezinha da França, cheia
de vinhedos, com suas peculiaridades convencionais e muito
provinciana. Da cidade à Província. Está aí uma bela passagem. Ou
vice-versa. Uma das muitas passagens que podemos fazer: Da agitação
à calmaria. O protagonista do filme consegue encontrar o seu destino
onde menos esperava. Ao tomar conta dos negócios do vinhedo do tio
numa pequena cidade, encontra-se pessoalmente e descobre o amor e a
felicidade.
Para sair e fazer a passagem do “grande” ao “pequeno”
sujeito, como diria Charles Chaplin, será preciso que a generosidade
nos acompanhe em cada gesto. Dar um pouco do que é seu a outro
revela uma parte sua antes desconhecida. Dar lugar à generosidade
nesse fim de ano parece ser uma boa sugestão para quem, de fato,
ainda pretende livrar-se de si mesmo e de suas vicissitudes egoístas
e desonestas. A generosidade nos faz mergulhar maravilhosamente na
mais pura vida, sem dinheiro e sem politicagem, e ir experimentar o
quase nada dos outros. Passar do solitário ao solidário com as mãos
e o coração cheios de amor e de atenção para dar.
Já se perguntou o que pode dar? Dar. Dar o quê? Dar algo além de
presentes, dinheiro e uma boa mesa. O falso clichê de que “ninguém
dá o que não tem” se confronta com a ideia de que algo se pode
dar do que se é. Sim, pode-se dar o que se é. Não há nada que não
possamos dar de nosso ser, uma vez que é próprio do ser dar, dar
sempre mais. Quem nunca ouviu a frase: “Ninguém é tão
necessitado que não tenha nada para dar e ninguém é tão
suficiente que não tenha nada para receber”. Generoso ao dar, mas
generoso também ao receber em todos os sentidos. Por exemplo: Há
pessoas que são muito generosas para falar, mas pouco generosas para
ouvir.
Não me refiro somente ao nada econômico, o mais desprezível de
todos porque é o valor mais focado por todos, mas me refiro ao que
quase ninguém liga mais, aos afetos, ao que é interno e que se
encontra na linha do amor. Na estreita linha do amor estão os
inexplicáveis atos de bondade e de generosidade tão próprios aos
seres humanos, a tudo que é humano. É daí que vem, sim, a
verdadeira generosidade.
Quantos não fecharam suas mãos, não só as mãos, mas fecharam o
coração durante todo este ano! Portanto, é hora de abrir as mãos,
o coração, a cabeça, os olhos, a vida para quem não pode abrí-los
devido aos inúmeros impedimentos, a saber: fome, miséria, doença,
desemprego, violência, corrupção, ganância e egoísmo. Romper a
barreira de todos esses impedimentos é a graciosa sugestão da
generosidade possível ao homem.
O mais engraçado da generosidade é que sem gratidão
dificilmente poderá ser experimentada. A gratidão é a força da
generosidade. Sem gratidão, a generosidade se transforma em vaidade.
A honra da generosidade é um coração grato. Veja que, só com
amor, a generosidade faz sentido. Para conservarmos a dignidade do
ato de dar, é necessário reconhecermos nossa consciência, vontade
e liberdade ao dar. Ser generoso é, antes de tudo, ser gracioso
pelas muitas coisas que chegaram até nós sem esforço algum.
Reconhecer que o calor do sol, a luminosidade da lua, a fonte dos
rios, o movimento dos mares, a fertilidade da terra, o carinho dos
animais, a bondade das pessoas, a beleza das florestas e o presente
dos filhos não têm preço, é de graça que recebemos, na verdade,
já são um esplendor de generosidade.
Prof. Jackislandy Meira de Medeiros
Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em
Teologia e Especialista em Metafísica
Páginas na internet:
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
A filosofia como “ensaio” do pensamento
Na introdução à obra
História da Sexualidade II, Do Uso dos Prazeres, temos um texto
bastante feliz de Michel Foucault sobre o que vem a ser, de fato, a
filosofia. Um texto para ser lido, lido de novo e depois posto à
admiração de todos que puderem se abrir ao maravilhoso exercício
do pensamento. O que ele diz, do jeito que diz da filosofia é
simplesmente novo e contemporâneo. Aliás, Foucault é um desses
filósofos, cujo modo de dizer as coisas é praticamente atual,
singular e resistente ao tempo. Consegue ser contemporâneo o tempo
todo.
Se Foucault fez o seu
“ensaio” filosófico como o fez Montaigne, Nietzsche e outros,
por que não devamos fazer o mesmo a partir de nós? Vejamos o que é
o “ensaio” filosófico de Foucault para aprendermos a lição de
pensar o pensamento a partir do contemporâneo.
“Quanto ao motivo que me
impulsionou foi muito simples. Para alguns, espero, esse motivo
poderá ser suficiente por ele mesmo. É a curiosidade – em todo
caso, a única espécie de curiosidade que vale a pena ser praticada
com um pouco de obstinação: não aquela que procura assimilar o que
convém conhecer, mas a que permite separar-se de si mesmo. De que
valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição
dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível,
o descaminho daquele que conhece? Existem momentos na vida onde a
questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e
perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para
continuar a olhar ou a refletir. Talvez me digam que esses jogos
consigo mesmo têm que permanecer nos bastidores; e que no máximo
eles fazem parte desses trabalhos de preparação que desaparecem por
si sós a partir do momento em que produzem seus efeitos. Mas o que é
filosofar hoje em dia – quero dizer, atividade filosófica –
senão o trabalho crítico do pensamento sobre o próprio pensamento?
Se não consistir em tentar saber de que maneira e até onde seria
possível pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se
sabe? Existe sempre algo de irrisório no discurso filosófico,
quando ele quer, do exterior, fazer a lei para os outros, dizer-lhes
onde está a sua verdade e de que maneira encontrá-la, ou quando
pretende demonstrar-se por positividade ingênua; mas é seu direito
explorar o que pode ser mudado, no seu próprio pensamento, através
do exercício de um saber que lhe é estranho. O “ensaio” - que é
necessário entender como experiência modificadora de si no jogo da
verdade, e não como apropriação simplificadora de outrem para fins
de comunicação – é o corpo vivo da filosofia, se, pelo menos,
ela for ainda hoje o que era outrora, ou seja, uma 'ascese', um
exercício de si, no pensamento”(In FOUCAULT, Michel. História da
sexualidade II, Uso dos Prazeres. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1984,
pág. 13).
Compilado por Jackislandy
Meira de Medeiros Silva.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Cante o Natal!
Talvez, poeta algum cantou tão bem o Natal quanto Manuel Bandeira! Ele o mostrou da maneira mais simples, cotidiana e humana, repleta de inocência tão próprias ao requinte e ao estilo de Bandeira. Cantemos com ele a pureza do Natal:
A minhalma se volta. Uma grande saudade
Cresce em todo o meu ser magoado pela ausência.
Tudo é saudade... A voz dos sinos... A cadência
Do rio... E esta saudade é boa como um sonho!
E esta saudade é um sonho... Evoco-te... Componho
O ambiente cuja luz os teus cabelos douram.
Figuro os olhos teus, tristes como eles foram
No momento final de nossa despedida...
O teu busto pendeu como um lírio sem vida,
E tu sonhas, na paz divina do Natal...
Ó minha amiga, aceita a carícia filial
De minhalma a teus pés humilhada de rastos.
Seca o pranto feliz sobre os meus olhos castos...
Ampara a minha fronte, e que a minha ternura
Se torne insexual, mais do que humana pura
Como aquela fervente e benfazeja luz
Que Madalena viu nos olhos de Jesus...
O bobo filósofo de Clarice Lispector
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para
ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se
mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa,
responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
O pensador na poesia de Pessoa
O poeta Fernando Pessoa ao modo de Alberto Caeiro soube maravilhosamente se expressar como quer um filósofo, com admiração e perplexidade diante da novidade do mundo:
"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascida a cada momento
Para a eterna novidade do mundo."
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascida a cada momento
Para a eterna novidade do mundo."
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
O sentido do trabalho
(Arte: Diego Rivera)
Eis um bem necessário: Trabalhar. Não quando se está para entrar
em férias, mas quando se está prestes a sair delas. As férias
estão às portas, e está aí uma boa hora para se pensar um
pouquinho no sentido que damos ao trabalho. Talvez vejamos melhor o
trabalho longe dele ou fora dele. Muitos diriam até que é um mal
necessário, no entanto, trabalhar acaba sendo um bem necessário,
antes de tudo, porque é um valor insubstituível para a saúde de
qualquer cidadão, bem como para a sua sustentabilidade.
É óbvio que, como qualquer outra coisa na vida, o trabalho também
é uma falta quando da sua ausência circunstancial. Só se valoriza
o estudo quando se deixa de estudar. Só se valoriza o amor quando se
passa pelo deserto do desamor. Só se percebe a pessoa do lado até o
momento em que ela passa a não estar lá. Assim também é com o
trabalho. Sua falta é sentida a partir do momento que deixamos, por
alguma razão, de trabalhar. Com as férias, ausência de trabalho,
vem a monotonia, o tédio, o sedentarismo e todo tipo de males. Por
isso, o trabalho acaba sendo uma das boas saídas para uma vida
feliz, sobretudo quando o trabalho é a extensão da família que
enriquece o convívio social.
As férias não devem ser encaradas como um tempo de morbidez sem
fim, uma vez que são um período apenas de descanso e de
recomposição das energias gastas num intenso tempo de trabalho.
Sendo assim, nada mal que tenhamos um bom tempo livre para fazer
muito do que se gosta, como por exemplo; terminar aquela leitura que
ficou inacabada; caminhar com mais frequência para exercitar o corpo
e manter o equilíbrio emocional; cuidar um pouco mais de si;
dialogar com quem não se via há bastante tempo; visitar os amigos;
viajar e respirar novos ambientes... Enfim, volta e meia precisamos
tirar umas férias, até porque ninguém é de ferro. Sair das
rotinas e se desgarrar dos enfados do trabalho maçante e
burocrático, de atividades repetitivas por isso estressantes, nos
fazem muito bem.
Não há dúvidas de que a nossa natureza humana reclama descanso,
paz e um pouco mais de humor, porém há que se ressaltar, nisso
tudo, um certo limite de empolgação para com as férias, até
porque quanto mais nos acostumamos com elas e com o lazer, mais e
mais nos percebemos que somos homens do trabalho, seres que não
vivem mais sem trabalho. Essa é uma consequência dos famosos tempos
modernos trazidos pela revolução industrial, êxodo rural e inchaço
das grandes cidades. Trabalhamos visando à riqueza, ao lucro e ao
acúmulo de bens, ao capital. Isso nos levou a não trabalharmos
mais, mas a capitalizarmos, perdemos o sentido do trabalho que vinha
acompanhado do pensamento e do prazer. Todavia, não só pelo motivo
econômico de sobrevivência e subsistência, mas também pela
ocupação terapêutica, pela “salvação” mesma que o trabalho
nos propõe é que ele é tão indispensável nos dias atuais.
Tira-nos da inércia e nos põe em atividade, em movimento.
É desse ponto de vista muito peculiar que o trabalho acaba sendo
uma opção de vida continuada até mesmo para quem se aposenta e não
quer, de jeito nenhum, cair na invalidez. Aposentar-se hoje aos 60 anos não é mais uma verdade, tampouco um sonho de muitos. Aposentar
deixou de ser um ideal a perseguir.
Acostumados com uma pauta exaustiva, extenuante e até certo ponto
corriqueira do trabalho não nos habituamos mais a um ritmo de vida
estático e cômodo comparado ao das férias. Talvez isso se deva ao
frenético ritmo de atividades que uma mesma pessoa pode desenvolver
hoje no mundo do trabalho. Desempenhamos as mais variadas atividades,
desde aquelas ligadas ao lar até às inúmeras outras ligadas ao
comércio, à indústria, ao estudo e etc. É bem verdade que nos
adaptamos a tudo, até mesmo ao mais duro dos muitos trabalhos, como
é o caso do trabalhador rural e do trabalhador de construção
civil; trabalhadores nos canaviais e pedreiros por exemplo. Estes, de
sol a sol, o dia inteirinho, não largam seus instrumentos de
trabalho porque precisam produzir ou render intensamente no labor que
desempenham.
Não importa o trabalho ou as suas diferentes formas, todos eles são
necessários para o desenvolvimento humano e cultural de um povo. O
que é indispensável fazer, além de fabricar e criar com as mãos e
outros membros do corpo, é arte com o trabalho. Trabalhar com arte é
permitir-se ao novo, ao desconhecido, ao inusitado. Trabalhar é
transcender à sua ordem do dia. Trabalhar é agradecer em meio ao
deserto, fruto da irritabilidade, do cansaço e da falta de vocação
para tal. Trabalhar é também comer o pão do suor de seu rosto.
Trabalhar, tal como se ouve música ou como se faz teatro, encenando,
representando, deixa de ser uma tragédia, um incômodo e passa a ser
arte, algo muito agradável.
Para terminar, não se deslumbre muito com as férias, pois assim
como se cansa do trabalho, cansa-se também das férias!
Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva.
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em
Metafísica.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Vira-latas
Por Luiz Felipe Pondé.
O brasileiro tem complexo de vira-lata. Adora bancar o chique falando mal de si mesmo.
Principalmente quando alguém chique (leia-se, europeu) fala mal do Brasil. Um modo específico de nosso complexo de vira-lata é achar a Europa o máximo.
Quem conhece bem a Europa e ultrapassou a caipirice de achar tudo lindo por lá sabe que os europeus são (também) arrogantes, metidos, preconceituosos e exploradores e pensam, ainda hoje, que somos uns "índios" mal alimentados, ignorantes e mal-educados.
Claro que há exceções, portanto, não se faz necessário que europeus me escrevam jurando que são legais, ou que seus avós são legais, ou que seus cachorros são criados com todos os direitos humanos, mesmo porque, apesar de que isso não é sabido, ninguém pode ajuizar sobre sua própria virtude.
Lamento pela gente que se julga "crítica e consciente", mas todo mundo que se acha legal por definição é um mentiroso.
Se você for uma leitora que um dia mochilando pela Europa transou com um europeu (europeus costumam adorar brasileiras, porque acham nossas mulheres fáceis e doces, coisa rara nas mulheres europeias de hoje em dia, que a cada dia se tornam mais chatas, competitivas e estéreis), não confunda o papo que teve com ele antes do coito com o fato de que os europeus nos acham subdesenvolvidos. Inclusive porque para eles você é fácil porque é subdesenvolvida.
Sim, achar a Europa o máximo é coisa de gente caipira e brega. Se você pensa assim, tome um remédio. Ou minta.
Recentemente, um intelectual europeu em visita ao Brasil fez críticas ao país. Nada que não saibamos sobre nós mesmos. Mas, logo, alguns intelectuais e artistas vira-latas tiveram um orgasmo porque o "sinhozinho" falou mal das "zelites".
Sim, a elite brasileira pode ser bem brega na sua condição de elite de colônia. E horrorosa na sua ignorância "luxuosa". Aqui, ostentação é destino. Pessoas educadas sabem que a felicidade (seja lá no que for) deve ser guardada a sete chaves. Só gente brega "mostra" que é feliz. Neste caso, um toque de melancolia é elegância.
Por exemplo, o hábito de cultuar restaurantes pretensiosos como "de Primeiro Mundo" porque são caros é comum entre nós.
Dizer que você esteve em tal restaurante "caríssimo" (sempre pretensioso) é atestado de breguice. Mas julgar alguém "superinteligente" porque vem da Europa também é brega.
É fácil posar de "culto e crítico" e ficar horrorizado com nossas injustiças sociais quando se teve a chance de ganhar muito dinheiro ao longo da história à custa das injustiças sociais dos outros. Europeu que se faz de rogado pela injustiça no mundo só cola em vira-lata.
Por outro lado, se a riqueza cultural europeia é óbvia, e não se trata de negar este fato, ela se deve em grande parte às injustiças sociais europeias do passado e não ao seu "estado de bem-estar social" atual. Este tipo de "estado" produz apenas banalidades e monotonias de classe média.
Uma grande falácia é supor que injustiça social e riqueza cultural sejam excludentes, pelo contrário. Ou que justiça social produza necessariamente originalidade intelectual.
Não sou um "patriota", patriotismo é para canalhas. Calabar -que optou pelos holandeses em detrimento dos portugueses no Pernambuco colonial- pode ter razão. Falo aqui apenas de nosso complexo de vira-lata.
É muito comum que grandes intelectuais estrangeiros venham a nossa terra inculta e falem um "feijão com arroz" básico supondo que somos ignorantes mesmo e por isso não precisam suar a camisa diante de nossas plateias que sacodem seus ouros, exibem seus decotes e orelhas de livros.
Já vi isso acontecer várias vezes. Também no mundo acadêmico isso acontece, não só no mundo da filosofia de luxo.
Um grande professor que tive e que vive na Europa há anos me disse certa feita que até hoje os europeus não acreditam que "na volta das caravelas que colonizaram as Américas" pode haver algum "índio" que seja igual ou melhor do que eles.
A afetação moral em europeus não é muito diferente da afetação intelectual de nossos decotes de marca.
Boletim filosófico "o dia d" do S.E.R.
Como professor de Filosofia da rede pública estadual já há alguns anos, não abro mão das leituras que, com frequência, venho fazendo dos boletins semanais, editados pelo Centro de Filosofia Educação para o Pensar. Àqueles que ainda não conhecem o Boletim, vejam esta nova edição:
http://boletimodiad.blogspot.com/
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Filosofia para Crianças: Valores e contravalores
Há valores situados fora do tempo e do
espaço, como a paz, a justiça, a generosidade, o diálogo, a sinceridade,
etc. Já nos diálogos de Platão vamos descobrir a discussão destes
mesmos valores, o que vem corroborar a afirmação que principia este
parágrafo.
Descobrir, incorporar e realizar estes
valores positivos deve ser, pois, uma das tarefas básicas da filosofia
para crianças e adolescentes.
Devemos começar pensando: “Quais os critérios para se viver em sociedade?”
Veremos que temos:
- o sentimento de crítica que nos permite analisar a realidade;
- o sentimento de alteridade que nos permite sair de nós mesmos para estabelecer relações com o outro;
- o conhecimento e o respeito pêlos direitos humanos, que nos traz harmonia;
- o compromisso pessoal e o espírito de responsabilidade para que os outros critérios não caiam no vazio.
O que é um valor?
Algo que estimamos, a convicção de que
alguma coisa é boa ou ruim (contravalor). A organização destas
convicções vai se fazer em nós, através dos valores dos pais, dos
educadores, da religião e da sociedade, durante o nosso processo de
desenvolvimento.
De onde vêm os valores?
A filosofia vai contribuir para que
estes valores já estabelecidos sejam passados pelo crivo da razão e
ajuda-nos a definir, com clareza, os objetivos de vida e assumir,
livremente, valores autênticos que evidentemente ajudarão a aceitar e
amar como é, facilitando uma relação equilibrada com o outro, com a vida
e com o mundo.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
13 curiosidades sobre Emmanuel Lévinas
Levinas - 13
Levinas solicitou que se colocasse uma
faixa ao redor do livro Da Existência ao Existente com a seguinte
sentença: “onde não se trata de angústia”.
Ele deixa a angústia do nada e parte para o horror do há da existência. Ou seja, o abandono do medo da morte em direção ao demais de si mesmo. |
Levinas - 12
Levinas encontrou Sartre três vezes.
Segundo Simone de Beauvoir, Sartre teria especialmente apreciado Teoria
da Intuição na Fenomenologia de Husserl. Levinas teve grande admiração
por Sartre. O filósofo teve contato com O Ser e o Nada logo que saiu do
cativeiro.
|
Levinas - 11
Antes da guerra, o filósofo solicitou a
nacionalidade francesa e a obteve. Terminou sua tese. Neste período,
casou. Levinas prestou serviço militar em Paris no Regimento de
Infantaria.
|
Levinas - 10
O filósofo rapidamente foi feito
prisioneiro de guerra. Foi levado para a Alemanha, declarado judeu,
passou para o campo de prisioneiros onde trabalhava de dia na floresta. A
pé, atravessando o vilarejo diariamente para o trabalho, Levinas
descreve que o olhar das pessoas, olhar de condenação, "dizia tudo".
|
Levinas - 9
Levinas conheceu Husserl já muito
velho. A mulher de Husserl estudava francês com Levinas que se dirigia à
casa do velho filósofo para este fim. De Heidegger, Levinas teve a
impressão de um autoritarismo austero. Tinha um grande respeito,
admiração, por Heidegger, mas nunca esqueceu suas relações com Hitler.
|
Levinas - 8
O filósofo dizia que era difícil
dialogar pessoalmente com Husserl em uma aula, questionar Husserl.
Qualquer pergunta parecia ser respondida com uma conferência, com textos
prontos.
|
Levinas - 7
Levinas chega à fenomenologia na
França, ao conhecer por intermédio de uma amiga Husserl. Ao ler As
Investigações Lógicas, o filósofo entendeu que estava diante de uma nova
possibilidade de passar de uma idéia para outra, além dos aspectos
induditos, dedutivos, intuitivos.
|
Levinas - 6
Desde seus primeiros estudos na França,
a partir de 1924, Levinas nutriu uma sólida admiração pelo pensamento
de Bergson. Idéias como a do infinito em cada pessoa, a excelência do
bem, a duração, temporalidade, vários elementos impressionaram o
filósofo.
|
Levinas - 5
Levinas chegou à Filosofia inicialmente
pelas leituras dos autores russos. Os textos de autores judeus também o
conduziram neste caminho. Por fim, quando sua família se muda para a
França, onde vários professores de Filosofia lhe chamam a atenção, e o
caso Dreyfus é discutido sob a ética em toda a Europa.
|
Levinas - 4
Quando o tzar abdica, em 1917, Levinas
era muito mo?e não compreendia o alcance do ato. Em julho de 1920 sua
família aproveita uma oportunidade e retorna imediatamente ?itu?a, onde
as chances para uma família israelita seriam melhores.
|
Levinas - 3
Desde os 6 anos de idade Lévinas teve
aulas habituais de hebraico. Quando chega ao liceu, em Kharkov, tinha 11
anos e somente havia conhecido aulas particulares até então. Era muito
raro judeus poderem cursar as melhores escolas e a família Lévinas
comemorou o fato.
|
Lévinas - 2
Era comum que a geração dos pais do
fil?o iniciasse os jovens pelo hebraico. Mas tal geração compreendia que
o caminho a seguir pelos jovens deveria passar pela cultura russa, pela
línguua russa. Assim, era usual que nas famílias de origem judaica os
pais falassem russo com os filhos.
|
Lévinas - 1
O filósofo afirmava ter poucas
recordações de sua infância. Lembra que o pai tinha uma livraria em
Kovno, Lituânia. Tinha cerca de 8 anos quando começou a guerra em 1914.
Havia uma forte cultura judaica na região, muitas sinagogas, diversos
lugares onde estudar.
|
Fonte: www.filosofia.com.br
Charges de Gary Larson
Gary Larson(1950) é cartunista norte-americano. Autor de FAR SIDE, onde mostra situações surreais. Nosso blog o homenageia com quatro desenhos seus.
Fonte: www.filosofia.com.br
Fonte: www.filosofia.com.br
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Reajuste: governo anuncia elevação do salário mínimo de R$ 622,73 para o próximo ano
O
governo anunciou ao Congresso Nacional a elevação do valor do salário
mínimo para R$ 622,73 a partir de 1º de janeiro de 2012. A previsão era
R$ 619,21, com a revisão aumentou R$ 3,52. O reajuste consta da
atualização dos parâmetros econômicos utilizados na proposta
orçamentária de 2012. O anúncio foi enviado em ofício do Ministério do
Planejamento.
O projeto orçamentário
encaminhado ao Congresso, em agosto passado, foi feito com previsão do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 5,7%. Com a
atualização que elevou a inflação para 6,3%, também haverá a elevação do
reajuste do salário mínimo, que era 13,62% para 14,26% em relação ao
atual valor que é R$ 545,00.
A
política de recuperação do salário mínimo prevê reajuste com base na
inflação de 2011 mais a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) de 2010, que foi de 7,5%. Com a projeção de aumento do INPC haverá
também aumento nos benefícios assistenciais e previdenciários para os
que recebem acima de um salário mínimo. A previsão de reajuste para
esses casos subiu de 5,7% para 6,3%.
O erro de Foucault
por Luiz Felipe Pondé para Folha
Você sabia que o pensador da nova esquerda Michel Foucault foi um forte simpatizante da revolução fanática iraniana de 1979? Sim, foi sim, apesar de seu séquito na academia gostar de esconder esse "erro de Foucault" a sete chaves.
Fico impressionado quando intelectuais defendem o Irã dizendo que o Estado xiita não é um horror.
O guru Foucault ainda teve a desculpa de que, quando teve seu "orgasmo xiita", após suas visitas ao Irã por duas vezes em 1978, e ao aiatolá Khomeini exilado em Paris também em 1978, ainda não dava tempo para ver no que ia dar aquilo.
Desculpa esfarrapada de qualquer jeito. Como o "gênio" contra os "aparelhos da repressão" não sentiu o cheiro de carne queimada no Irã de então? Acho que ele errou porque no fundo amava o "Eros xiita".
Mas como bem disse meu colega J. P. Coutinho em sua coluna alguns dias atrás nesta Folha, citando por sua vez um colunista de língua inglesa, às vezes é melhor dar o destino de um país na mão do primeiro nome que acharmos na lista telefônica do que nas mãos do corpo docente de algum departamento de ciências humanas. E por quê?
Porque muitos dos nossos colegas acadêmicos são uns irresponsáveis que ficam fazendo a cabeça de seus alunos no sentido de acreditarem cegamente nas bobagens que autores (como Foucault) escrevem em suas alcovas.
No recente caso da USP, como em tantos outros, o fenômeno se repete. O modo como muito desses "estudantes" (muitos deles nem são estudantes de fato, são profissionais de bagunçar o cotidiano da universidade e mais nada) agem, nos faz pensar no tipo de fé "foucaultiana" numa "espiritualidade política contra as tecnologias da repressão".
E onde Foucault encontrou sua inspiração para esse nome chique para fanatismo chamado "espiritualidade política"?
Leiam o excelente volume "Foucault e a Revolução Iraniana", de Janet Afary e Kevin B. Anderson, publicado pela É Realizações, e vocês verão como a revolução xiita do Irã e seu fascínio pelo martírio e pela irracionalidade foram importantes no "último Foucault".
As ciências humanas (das quais faço parte) se caracterizam por sua quase inutilidade prática e, portanto, quase impossibilidade de verificação de resultados.
Esse vazio de critérios de aplicação garante outro tipo de vazio: o vazio de responsabilidade pelo que é passado aos alunos.
Muitos docentes simplesmente "lavam o cérebro" dos alunos usando os "dois caras" que leram no doutorado e que assumem ter descoberto o que é o homem, o mundo, e como reformá-los. Duvide de todo professor que quer reformar o mundo a partir de seu doutorado.
Não é por acaso que alunos e docentes de ciências humanas aderem tão facilmente a manifestações vazias, como a recente da USP, ou a quaisquer outras, como a dos desocupados de Wall Street ou de São Paulo.
Essa crítica ao vazio prático das ciências humanas já foi feita mesmo por sociólogos peso pesado, em momentos distintos, como Edmund Burke, Robert Nisbet e Norbert Elias.
Essa crítica não quer dizer que devemos acabar com as ciências humanas, mas sim que devemos ficar atentos a equívocos causados por essa sua peculiar carência: sua inutilidade prática e, por isso mesmo, como decorrência dessa, um tipo específico de cegueira teórica. Nesse caso, refiro-me ao seu constante equívoco quanto à realidade.
Trocando em miúdos: as ciências humanas e seus "atores sociais" viajam na maionese em meio a seus delírios em sala de aula, tecendo julgamentos (que julgam científicos e racionais) sem nenhuma responsabilidade.
Proponho que da próxima vez que "os indignados sem causa" ocuparem a faculdade de filosofia da USP (ou "FeFeLeCHe", nome horrível!) que sejam trancados lá até que descubram que não são donos do mundo e que a USP (sou um egresso da faculdade de filosofia da USP) não é o quintal de seus delírios.
Agem com a USP não muito diferente da falsa aristocracia política de Brasília: "sequestram" o público a serviço de seus pequenos interesses.
No caso desses "xiitas das ciências humanas", seus pequenos delírios de grande "espiritualidade política".
Você sabia que o pensador da nova esquerda Michel Foucault foi um forte simpatizante da revolução fanática iraniana de 1979? Sim, foi sim, apesar de seu séquito na academia gostar de esconder esse "erro de Foucault" a sete chaves.
Fico impressionado quando intelectuais defendem o Irã dizendo que o Estado xiita não é um horror.
O guru Foucault ainda teve a desculpa de que, quando teve seu "orgasmo xiita", após suas visitas ao Irã por duas vezes em 1978, e ao aiatolá Khomeini exilado em Paris também em 1978, ainda não dava tempo para ver no que ia dar aquilo.
Desculpa esfarrapada de qualquer jeito. Como o "gênio" contra os "aparelhos da repressão" não sentiu o cheiro de carne queimada no Irã de então? Acho que ele errou porque no fundo amava o "Eros xiita".
Mas como bem disse meu colega J. P. Coutinho em sua coluna alguns dias atrás nesta Folha, citando por sua vez um colunista de língua inglesa, às vezes é melhor dar o destino de um país na mão do primeiro nome que acharmos na lista telefônica do que nas mãos do corpo docente de algum departamento de ciências humanas. E por quê?
Porque muitos dos nossos colegas acadêmicos são uns irresponsáveis que ficam fazendo a cabeça de seus alunos no sentido de acreditarem cegamente nas bobagens que autores (como Foucault) escrevem em suas alcovas.
No recente caso da USP, como em tantos outros, o fenômeno se repete. O modo como muito desses "estudantes" (muitos deles nem são estudantes de fato, são profissionais de bagunçar o cotidiano da universidade e mais nada) agem, nos faz pensar no tipo de fé "foucaultiana" numa "espiritualidade política contra as tecnologias da repressão".
E onde Foucault encontrou sua inspiração para esse nome chique para fanatismo chamado "espiritualidade política"?
Leiam o excelente volume "Foucault e a Revolução Iraniana", de Janet Afary e Kevin B. Anderson, publicado pela É Realizações, e vocês verão como a revolução xiita do Irã e seu fascínio pelo martírio e pela irracionalidade foram importantes no "último Foucault".
As ciências humanas (das quais faço parte) se caracterizam por sua quase inutilidade prática e, portanto, quase impossibilidade de verificação de resultados.
Esse vazio de critérios de aplicação garante outro tipo de vazio: o vazio de responsabilidade pelo que é passado aos alunos.
Muitos docentes simplesmente "lavam o cérebro" dos alunos usando os "dois caras" que leram no doutorado e que assumem ter descoberto o que é o homem, o mundo, e como reformá-los. Duvide de todo professor que quer reformar o mundo a partir de seu doutorado.
Não é por acaso que alunos e docentes de ciências humanas aderem tão facilmente a manifestações vazias, como a recente da USP, ou a quaisquer outras, como a dos desocupados de Wall Street ou de São Paulo.
Essa crítica ao vazio prático das ciências humanas já foi feita mesmo por sociólogos peso pesado, em momentos distintos, como Edmund Burke, Robert Nisbet e Norbert Elias.
Essa crítica não quer dizer que devemos acabar com as ciências humanas, mas sim que devemos ficar atentos a equívocos causados por essa sua peculiar carência: sua inutilidade prática e, por isso mesmo, como decorrência dessa, um tipo específico de cegueira teórica. Nesse caso, refiro-me ao seu constante equívoco quanto à realidade.
Trocando em miúdos: as ciências humanas e seus "atores sociais" viajam na maionese em meio a seus delírios em sala de aula, tecendo julgamentos (que julgam científicos e racionais) sem nenhuma responsabilidade.
Proponho que da próxima vez que "os indignados sem causa" ocuparem a faculdade de filosofia da USP (ou "FeFeLeCHe", nome horrível!) que sejam trancados lá até que descubram que não são donos do mundo e que a USP (sou um egresso da faculdade de filosofia da USP) não é o quintal de seus delírios.
Agem com a USP não muito diferente da falsa aristocracia política de Brasília: "sequestram" o público a serviço de seus pequenos interesses.
No caso desses "xiitas das ciências humanas", seus pequenos delírios de grande "espiritualidade política".
ELEIÇÃO PARA DIRETOR DA ESCOLA SILVINO BEZERRA DE FLORÂNIA É FRAUDADA
A Escola Estadual Cel. Silvino Bezerra da cidade
de Florânia realizou as eleições para diretor, vice e coordenador financeiro
quinta-feira passada, dia 17 de novembro de 2011, na qual concorreram a Sra.
Professora Daguia Nobre que obteve 261 votos e José Porfírio que obteve 260
votos. As fraudes atingiram os segmentos dos Professores, dos Servidores e dos
Pais. Na listagem dos professores que era de 24 assinaturas apareceram 25
votos, sendo 01 a mais. Na listagem dos servidores, que era de 17 assinaturas,
assinaram 16 e apareceram 19 votos. Enquanto que, no segmento dos pais,
assinaram 233 pais, tendo sido apurado de votos válidos 226 mais 02 votos
brancos e nulos, perfazendo-se assim 228 votos. Pergunta-se: Onde estão os
outros cinco votos dos pais? E os quatro votos que apareceram no segmento dos
professores e servidores vieram de onde? Veja o quadro abaixo e comprove. Estas e outras fraudes já estão sendo investigadas pelas autoridades competentes. Obs: Não publicamos a listagem dos votantes para preservar a integridade das pessoas que votaram.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Uma dose de filosofia na saga “Crepúsculo”
Um triângulo amoroso, que arrancou suspiros na famosa saga
“Crepúsculo”, desenrolando-se em mais duas fases “Lua
Nova” e “Eclipse”, vem agora atraindo multidões do
mundo inteiro para as próximas revelações que darão rumo ao
futuro de Bella nas telas de cinema. Revelações estas, claro, para
quem ainda não leu a última parte dessa saga, “Amanhecer”.
Um vampiro, uma humana e um lobo. Três naturezas diferentes. Três
ordens de pensamentos diversos. Três mundos muito distantes, mas que
se aproximam e se encontram pelo amor. Um amor que altera a ordem das
coisas e para o qual não há regras. Três visões de mundo
completamente diferentes. Poderíamos dizer: Três filosofias. Edward
demole a figura clássica de um vampiro feio, exótico e insociável
e constrói a figura de um vampiro belo, bom e amável. Mesmo
carregando a imortalidade na pele fria, Edward aparenta ser bastante
reservado aos humanos, sem presas afiadas e sem ostentar maldade. Não
manisfesta qualquer atitude suspeita de que, afinal, é um vampiro,
pois Bella só soube que Edward era um vampiro depois de o conhecer.
O comportamento de aproximação e distanciamento que havia na
amizade entre os dois levou Bella a desconfiar de que se tratava de
alguém muito diferente. No entanto, já era tarde demais, os dois já
estavam envolvidos.
Nesse movimento curioso de aparecimento e desaparecimento de Edward,
alguém muito especial entra na vida de Bella, Jacob. De visão
aguçada, audição potente, olfato incomparável e demais sentidos
tão próprios a um lobo; comprometido com sua alcateia, fiel aos
tratos feitos no passado com os vampiros “cullen” de que nem
lobos e nem vampiros poderiam ameaçar os humanos, Jacob não tinha
medo de manifestar o seu amor por Bella, muito menos de desafiar os
“cullen” para conseguir este tão maravilhoso amor. Ao contrário
de Edward, Jacob era moreno, quente e cheio de vida, não de morte.
Jacob cheirava à vida, não à morte. Embora muito bonito, esbelto e
galã, Edward era pálido e temia a si mesmo por causa do sangue dos
humanos. Sua natureza gostava de sangue. Talvez, por isso, se entenda
o motivo dos desaparecimentos de Edward de quando em vez. Se a
contradição que existia entre o ser vampiro de Edward e a
humanidade de Bella era uma ameaça para a realização deste amor; a
natureza de lobo de Jacob e a de Bella não implicava em tanto.
Com quem, de fato, Bella vai ficar? Isso todos nós já sabemos.
Edward, de acordo com a última parte da saga “Amanhecer”, é o
dono de seu coração, porém Jacob tenta mudar esse destino. Jacob
se arrisca por isso. Não desiste de Bella, está sempre em sua
companhia, principalmente nos impasses entre ela e Edward. Jacob luta
por ela, tenta beijá-la, mas ela reluta, até que quase ao final de
“Eclipse” tudo ocorre por atração, desejo e naturalmente:
“Pode me beijar, Jacob?
- Está blefando.
- Beije-me, Jacob. Beije-me e depois volte.(...)
- Tenho de ir – sussurrou ele.
- Não. - Ele sorriu satisfeito com minha resposta.
- Não vou demorar – prometeu ele. - Mas primeiro uma coisa...
E então, com clareza, senti a fissura em meu coração se
estilhaçar como a menor parte que se separava do todo. Os lábios
de Jacob ainda estavam nos meus. Abri os olhos e ele me fitava,
admirado e exaltado.
Ele me beijou de novo, e não havia mais motivos para resistir.
Que sentido teria?
Dessa vez foi diferente. As mãos dele eram suaves em meu rosto e
seus lábios quentes eram gentis, inesperadamente hesitantes. Foi
breve e muito, muito doce”(pág. 377-378)
O amor de Bella por Edward e vice-versa é a fonte de inspiração
de toda a trama, mas Jacob entra em cena sempre que a dúvida toma
conta da cabeça dos dois. A dúvida de Edward aparece quando se dá
conta da sua natureza de vampiro. Condenado à imortalidade e ao
frio, ao sangue, ao mesmo tempo que a amava se sentia uma ameaça
para ela. Por outro lado, não querendo condená-la a perder a sua
alma, se ausentava de sua presença. Aí, abre-se um espaço para o
lobo, Jacob. Vampiros e lobos são inimigos por natureza, mas que se
uniam por um amor, Bella.
Vejam que estranho e ao mesmo tempo admirável: Os três tinham
todas as razões, todos os motivos para se odiarem e se evitarem o
tempo todo, mas uma linda e fantástica história de amor os
envolviam em ambientes peculiares com interesses comuns e únicos. As
três vidas estavam como que comprometidas em torno de um nome, de um
sentido, de uma força extraordinária, amor. Um amor que é mais
forte do que a morte e do que a imortalidade. Em toda a saga, diga-se
de passagem, a morte é apenas um detalhe. Não sem razão, a autora
da saga, Stephenie Meyer, escreve de próprio punho no prólogo de
“Amanhecer” que está agora nos cinemas: “Pode-se
correr de alguém de que se tenha medo; pode-se tentar lutar com
alguém que se odeie. Todas as minhas reações eram preparadas para
aqueles tipos de assassinos, os monstros, os inimigos. Mas quando se
ama aquele que vai matá-la, não restam alternativas. Como se pode
correr, como se pode lutar, quando essa atitude magoaria o amado? Se
a vida é tudo o que você tem para dar ao amado, como não dá-la?
Quando ele é alguém que você ama de verdade”(pág. 13).
O mais interessante é que, por esse amor, ambos são capazes de
não serem capazes, ambos são dotados de um poder que ultrapassa a
barreira do tempo e do espaço. Jacob também a ama tanto quanto
Edward. Bella ama misteriosamente os dois, só que ama mais a Edward.
Queiramos ou não, na minha opinião, os três são merecedores desse
amor, porém, nem um dos três consegue conter ou dominar esse amor,
uma vez que em toda a história o amor é soberano.
Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Bacharel em Teologia, Licenciatura em Filosofia, Especialista em
Metafísica
sábado, 19 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Ficha limpa e judiciário: uma vergonha
A aurora do pensamento ocidental – José Arthur Giannotti
Seguindo a tradição dos povos indo-germânicos, para os quais o
Uno configura o múltiplo, desenvolve-se na Grécia (séc. VII a. C.) uma
produção de livros a serem discutidos por todos os cidadãos, que
procuram responder à questão “o que é?”. São as formas separáveis
(Ideias) dirá Platão, são as formas inseparáveis, portanto energizadas
nelas mesmas, dirá Aristóteles. E assim se desenha o campo em que a
batalha pela metafísica se dará.
Data: 18 de novembro
Horário: 19h
Classificação etária: 14 anos
Programação gratuita e por ordem de chegada a partir das 18h. A cpfl cultura em Campinas fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632 – Chácara Primavera. Mais informações pelo telefone (19) 3756-8000.
Horário: 19h
Classificação etária: 14 anos
Programação gratuita e por ordem de chegada a partir das 18h. A cpfl cultura em Campinas fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632 – Chácara Primavera. Mais informações pelo telefone (19) 3756-8000.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Ontologia leviana dos seios
por Luiz Felipe Pondé para Folha
Hoje acordei um tanto leviano. Em dias assim, falo a sério de filosofia. O niilista respira identificando em toda parte a morte da metafísica. Pra quem não sabe, a metafísica é a "ciência" segundo a qual existiria um mundo de formas eternas e plenas, invisível aos olhos, mas visível ao "espírito".
Engraçado como muita gente combate a artificialização da beleza do corpo em nome de uma beleza "natural". O que essa gente não entende é que se a metafísica morreu, a existência de uma natureza "natural" também morreu, porque tudo neste mundo da matéria é impermanente, vago, impreciso, e, acima de tudo, dolorido.
Com a morte de Deus (símbolo máximo da morte da metafísica), o corpo velho é apenas um corpo feio e decadente. Se Deus não existe, toda beleza artificial é permitida. Logo, viva o silicone.
Mas não quero falar de Deus, quero falar de seios.
A vida pode ser miserável e pequena. Triste constatação. Mas miserável pode ser apenas a constatação de que anatomia é destino, como dizia Freud. O corpo, essa massa mortal que perde a forma com o tempo, é nosso lar, uma casa em que habitamos e que nos abandona, deixando-nos a herança do pó.
"A Pele em que Habito", título do novo e maravilhoso filme de Almodóvar, define nosso destino. Mas não vou falar do filme, pois é aquele tipo de filme de que quanto menos se fala, melhor, porque quando se fala dele, corre-se o risco de falar demais.
O freudiano, agostiniano e dostoievskiano Nelson Rodrigues, o maior filósofo brasileiro, escreveu um livro chamado "Asfalto Selvagem, Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores", no qual a heroína Engraçadinha, segundo ele, seria infeliz porque tinha seios belos demais.
O mundo não perdoa a (a falta de) beleza, seja ela visível ou invisível. Por um seio bonito, mata-se e morre-se. No mínimo paga-se caro.
Acho que o SUS deveria pagar cirurgias plásticas para mulheres pobres colocarem silicone nos seios. Por que não? Travestis gozam de cirurgias de mudança de sexo, por que nossas mulheres não deveriam ter o direito de ficarem mais belas?
Ontologia é a disciplina da filosofia que estuda as essências das coisas e dos seres vivos. A ontologia diz o que você é. A ontologia da mulher passa pelos seios, pelas pernas e pela doçura, assim como a do homem pela potência e pelo dinheiro. O resto é mentira.
Tanta tinta corre no mundo em nome da política e da economia, e, ainda assim, os seios podem decidir a vida e o amor verdadeiro. Diante deles, a alma desfalece em desejo. Como disseram filósofos no passado, se o nariz de Cleópatra fosse diferente, a história do Ocidente teria sido outra.
Fala-se muito que devemos dar valor à alma, ao que se tem "dentro de si", ao que se "é", e não ao que se "tem", mas, o dia a dia, aquele mesmo em que acordamos atordoados pela constante constatação de nossas carências e impotências, parece dizer o contrário. O futuro pode sim ser julgado pela beleza dos seios.
Isso pode ser um indicativo da solidão do mundo no qual só a matéria existe. O niilismo, assim como o Demônio, o maior de todos os humanistas, respeita a angústia das feias.
Este fato, como todo fato obscenamente verdadeiro, pede silêncio de nossa parte. Mas eu, que peco constantemente em nome do vício, confesso: as pessoas quase sempre fazem tudo pelo que podem ter e não pelo que podem ser. E, muitas vezes, o "ser" é decorrente do "ter". E não falo de grana, falo de seios.
Fosse Platão um admirador do sexo frágil, abriria seu diálogo "O Banquete" (sobre o amor) pela ontologia dos seios da mulher.
Sendo assim, a indústria da beleza deveria receber maior atenção da filosofia e não apenas suas pedras de desprezo.
Colocar silicone pode ser um pedido discreto de amor. Uma forma tímida de buscar o olhar negado. Com o tempo, a forma dos seios abandona o mundo, ficando presa no mundo miserável do passado. Não se pode pegar com a mão ou com a boca a lembrança dos seios perdidos, apenas a forma dos seios reconstituídos.
A beleza artificial é uma batalha discreta contra o vazio do corpo e da alma.
Hoje acordei um tanto leviano. Em dias assim, falo a sério de filosofia. O niilista respira identificando em toda parte a morte da metafísica. Pra quem não sabe, a metafísica é a "ciência" segundo a qual existiria um mundo de formas eternas e plenas, invisível aos olhos, mas visível ao "espírito".
Engraçado como muita gente combate a artificialização da beleza do corpo em nome de uma beleza "natural". O que essa gente não entende é que se a metafísica morreu, a existência de uma natureza "natural" também morreu, porque tudo neste mundo da matéria é impermanente, vago, impreciso, e, acima de tudo, dolorido.
Com a morte de Deus (símbolo máximo da morte da metafísica), o corpo velho é apenas um corpo feio e decadente. Se Deus não existe, toda beleza artificial é permitida. Logo, viva o silicone.
Mas não quero falar de Deus, quero falar de seios.
A vida pode ser miserável e pequena. Triste constatação. Mas miserável pode ser apenas a constatação de que anatomia é destino, como dizia Freud. O corpo, essa massa mortal que perde a forma com o tempo, é nosso lar, uma casa em que habitamos e que nos abandona, deixando-nos a herança do pó.
"A Pele em que Habito", título do novo e maravilhoso filme de Almodóvar, define nosso destino. Mas não vou falar do filme, pois é aquele tipo de filme de que quanto menos se fala, melhor, porque quando se fala dele, corre-se o risco de falar demais.
O freudiano, agostiniano e dostoievskiano Nelson Rodrigues, o maior filósofo brasileiro, escreveu um livro chamado "Asfalto Selvagem, Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores", no qual a heroína Engraçadinha, segundo ele, seria infeliz porque tinha seios belos demais.
O mundo não perdoa a (a falta de) beleza, seja ela visível ou invisível. Por um seio bonito, mata-se e morre-se. No mínimo paga-se caro.
Acho que o SUS deveria pagar cirurgias plásticas para mulheres pobres colocarem silicone nos seios. Por que não? Travestis gozam de cirurgias de mudança de sexo, por que nossas mulheres não deveriam ter o direito de ficarem mais belas?
Ontologia é a disciplina da filosofia que estuda as essências das coisas e dos seres vivos. A ontologia diz o que você é. A ontologia da mulher passa pelos seios, pelas pernas e pela doçura, assim como a do homem pela potência e pelo dinheiro. O resto é mentira.
Tanta tinta corre no mundo em nome da política e da economia, e, ainda assim, os seios podem decidir a vida e o amor verdadeiro. Diante deles, a alma desfalece em desejo. Como disseram filósofos no passado, se o nariz de Cleópatra fosse diferente, a história do Ocidente teria sido outra.
Fala-se muito que devemos dar valor à alma, ao que se tem "dentro de si", ao que se "é", e não ao que se "tem", mas, o dia a dia, aquele mesmo em que acordamos atordoados pela constante constatação de nossas carências e impotências, parece dizer o contrário. O futuro pode sim ser julgado pela beleza dos seios.
Isso pode ser um indicativo da solidão do mundo no qual só a matéria existe. O niilismo, assim como o Demônio, o maior de todos os humanistas, respeita a angústia das feias.
Este fato, como todo fato obscenamente verdadeiro, pede silêncio de nossa parte. Mas eu, que peco constantemente em nome do vício, confesso: as pessoas quase sempre fazem tudo pelo que podem ter e não pelo que podem ser. E, muitas vezes, o "ser" é decorrente do "ter". E não falo de grana, falo de seios.
Fosse Platão um admirador do sexo frágil, abriria seu diálogo "O Banquete" (sobre o amor) pela ontologia dos seios da mulher.
Sendo assim, a indústria da beleza deveria receber maior atenção da filosofia e não apenas suas pedras de desprezo.
Colocar silicone pode ser um pedido discreto de amor. Uma forma tímida de buscar o olhar negado. Com o tempo, a forma dos seios abandona o mundo, ficando presa no mundo miserável do passado. Não se pode pegar com a mão ou com a boca a lembrança dos seios perdidos, apenas a forma dos seios reconstituídos.
A beleza artificial é uma batalha discreta contra o vazio do corpo e da alma.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
A Rede Globo se abre para o EVANGELHO
Tudo
confirmado para o especial de fim de ano que a Rede Globo vai promover
focado no público evangélico: o Festival Promessas. Pouco a pouco, a
emissora vai percebendo o potencial do segmento chamado gospel,
principalmente na música, tendo já investido em famosos talentos como
Davi Sacer, Diante do Trono e Ludmila Ferber com gravação de seus CDs.
Agora chega a vez de realizar um programa específico para esse público. Talvez, não apenas valendo-se da possibilidade de grande audiência, mas também por tentar recuperar a credibilidade da emissora diante de muitos evangélicos que têm rejeitado conteúdo, nível e propostas de muitas programações da Globo.
Serginho Groisman será o apresentador do Festival Promessas e a direção de núcleo ficará por conta de Luiz Gleiser. O show de música está marcado para o dia 10 de dezembro, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e deve ir ao ar no dia 18 (domingo), abrindo a programação especial de fim de ano. Nove artistas e grupos importantes da música gospel nacional se apresentarão. Isso é que é força gospel.
http://www.verdadegospel.com/serginho-groisman-vai-apresentar-especial-gospel-da-globo/
Agora chega a vez de realizar um programa específico para esse público. Talvez, não apenas valendo-se da possibilidade de grande audiência, mas também por tentar recuperar a credibilidade da emissora diante de muitos evangélicos que têm rejeitado conteúdo, nível e propostas de muitas programações da Globo.
Serginho Groisman será o apresentador do Festival Promessas e a direção de núcleo ficará por conta de Luiz Gleiser. O show de música está marcado para o dia 10 de dezembro, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e deve ir ao ar no dia 18 (domingo), abrindo a programação especial de fim de ano. Nove artistas e grupos importantes da música gospel nacional se apresentarão. Isso é que é força gospel.
http://www.verdadegospel.com/serginho-groisman-vai-apresentar-especial-gospel-da-globo/
De corrupção e faxina
Prof. Nei Alberto Pies
Ativista de Direitos Humanos
“A política não é a arte do que é possível fazer, mas sim de tornar possível o que é necessário fazer”.
(Augusto Boal, dramaturgo brasileiro)
Nem
a faxina e nem a corrupção são invenções femininas. A corrupção é um
evento de natureza essencialmente humana, que decorre como fruto das
oportunidades, elaboradas ou fortuitas, do caráter dos oportunistas ou
dos interesses escusos ou mal intencionados. Jamais acabaremos com a tão
disseminada “praga” da corrupção que corrompe os espaços da esfera
pública e privada. O que podemos fazer é “torná-la cada vez mais difícil
de ser praticada”, como pensa a nossa presidenta da República Dilma
Rousseff.
Quem
cunhou o termo “faxina” para denominar os esforços que governo,
parlamentares e organizações da sociedade estão empenhando pelo controle
da corrupção o fez sem considerar o significado do próprio conceito e
sem pensar nas conseqüências nele implicadas. A verdadeira faxina é
praticada todos os dias, nas nossas ruas e casas, por milhares de
mulheres e homens no Brasil que, de forma digna, fazem deste ofício o
sustento e alento de suas vidas. Estes, sim, “faxinam” os nossos lixos e
restos.
É
difícil falar de faxina sem recorrermos a uma casa. Ocorre que existem
implícitas em toda faxina diferentes modos de conceber a arrumação como a
limpeza de uma casa. Há quem prefira casas esterilizadas, semelhantes a
um centro cirúrgico ou cenário de novela. Há outros, no entanto, que
preferem casas que promovam a vida e a festa, muito antes da arrumação.
Carlos Drummond de Andrade, em seu poema “A casa arrumada” afirma que:
“casa
com vida é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites
brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo
abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na
cara que é casa em festa”.
Faxinar
pressupõe, por isso mesmo, “limpar o ambiente” com a certeza de que o
mesmo logo mais estará sujo. E não é isto que se deve fazer para
combater a corrupção.
O
fato é que, no nosso jeito brasileiro, em cada momento histórico, vamos
fabricando expressões lingüísticas para deixar tudo como está ou para
zombar de quem está fazendo alguma coisa. Sempre arrumamos formas de não
assumir nossa responsabilidade individual diante dos problemas
enfrentados por todos. Fica muito mais fácil e cômodo ignorarmos a
“corrupção nossa de cada dia”, aquela que enxergamos e da qual temos
conhecimento, focando como se a mesma se concentrasse na Capital
Federal, Brasília. É sempre menos comprometedor faxinar do que combater.
No
Brasil, não vivemos a cultura da radicalidade. Pela radicalidade,
buscaríamos as soluções para nossos problemas a partir da raiz de sua
existência. Radicalidade é a nossa predisposição para a mudança efetiva
e comprometida das realidades. Mas será que temos alguma predisposição
para mudar o curso das coisas que movem a nossa vida social? A quem
interessa combater a corrupção?
A
corrupção gera-se em contextos circunstanciais, quando há oportunidades
reais para que alguém, a partir de sua posição ou poder, apodere-se
injustamente de algo que não lhe pertence. Não há como deter controle
absoluto sobre as condutas pessoais e nem sobre a corrupção, mas há
muito para fazer para resgatarmos valores como a ética, a justiça, a
responsabilidade social, o zelo e a consideração pelas coisas públicas, a
dignidade humana, o valor da política. Estes, sim, podem constituir uma
nação mais cidadã e mais livre. São o verdadeiro antídoto para combater
a corrupção.
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