quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O sentido do trabalho


(Arte: Diego Rivera)
Eis um bem necessário: Trabalhar. Não quando se está para entrar em férias, mas quando se está prestes a sair delas. As férias estão às portas, e está aí uma boa hora para se pensar um pouquinho no sentido que damos ao trabalho. Talvez vejamos melhor o trabalho longe dele ou fora dele. Muitos diriam até que é um mal necessário, no entanto, trabalhar acaba sendo um bem necessário, antes de tudo, porque é um valor insubstituível para a saúde de qualquer cidadão, bem como para a sua sustentabilidade.
É óbvio que, como qualquer outra coisa na vida, o trabalho também é uma falta quando da sua ausência circunstancial. Só se valoriza o estudo quando se deixa de estudar. Só se valoriza o amor quando se passa pelo deserto do desamor. Só se percebe a pessoa do lado até o momento em que ela passa a não estar lá. Assim também é com o trabalho. Sua falta é sentida a partir do momento que deixamos, por alguma razão, de trabalhar. Com as férias, ausência de trabalho, vem a monotonia, o tédio, o sedentarismo e todo tipo de males. Por isso, o trabalho acaba sendo uma das boas saídas para uma vida feliz, sobretudo quando o trabalho é a extensão da família que enriquece o convívio social.
As férias não devem ser encaradas como um tempo de morbidez sem fim, uma vez que são um período apenas de descanso e de recomposição das energias gastas num intenso tempo de trabalho. Sendo assim, nada mal que tenhamos um bom tempo livre para fazer muito do que se gosta, como por exemplo; terminar aquela leitura que ficou inacabada; caminhar com mais frequência para exercitar o corpo e manter o equilíbrio emocional; cuidar um pouco mais de si; dialogar com quem não se via há bastante tempo; visitar os amigos; viajar e respirar novos ambientes... Enfim, volta e meia precisamos tirar umas férias, até porque ninguém é de ferro. Sair das rotinas e se desgarrar dos enfados do trabalho maçante e burocrático, de atividades repetitivas por isso estressantes, nos fazem muito bem.
Não há dúvidas de que a nossa natureza humana reclama descanso, paz e um pouco mais de humor, porém há que se ressaltar, nisso tudo, um certo limite de empolgação para com as férias, até porque quanto mais nos acostumamos com elas e com o lazer, mais e mais nos percebemos que somos homens do trabalho, seres que não vivem mais sem trabalho. Essa é uma consequência dos famosos tempos modernos trazidos pela revolução industrial, êxodo rural e inchaço das grandes cidades. Trabalhamos visando à riqueza, ao lucro e ao acúmulo de bens, ao capital. Isso nos levou a não trabalharmos mais, mas a capitalizarmos, perdemos o sentido do trabalho que vinha acompanhado do pensamento e do prazer. Todavia, não só pelo motivo econômico de sobrevivência e subsistência, mas também pela ocupação terapêutica, pela “salvação” mesma que o trabalho nos propõe é que ele é tão indispensável nos dias atuais. Tira-nos da inércia e nos põe em atividade, em movimento.
É desse ponto de vista muito peculiar que o trabalho acaba sendo uma opção de vida continuada até mesmo para quem se aposenta e não quer, de jeito nenhum, cair na invalidez. Aposentar-se hoje aos 60 anos não é mais uma verdade, tampouco um sonho de muitos. Aposentar deixou de ser um ideal a perseguir.
Acostumados com uma pauta exaustiva, extenuante e até certo ponto corriqueira do trabalho não nos habituamos mais a um ritmo de vida estático e cômodo comparado ao das férias. Talvez isso se deva ao frenético ritmo de atividades que uma mesma pessoa pode desenvolver hoje no mundo do trabalho. Desempenhamos as mais variadas atividades, desde aquelas ligadas ao lar até às inúmeras outras ligadas ao comércio, à indústria, ao estudo e etc. É bem verdade que nos adaptamos a tudo, até mesmo ao mais duro dos muitos trabalhos, como é o caso do trabalhador rural e do trabalhador de construção civil; trabalhadores nos canaviais e pedreiros por exemplo. Estes, de sol a sol, o dia inteirinho, não largam seus instrumentos de trabalho porque precisam produzir ou render intensamente no labor que desempenham.
Não importa o trabalho ou as suas diferentes formas, todos eles são necessários para o desenvolvimento humano e cultural de um povo. O que é indispensável fazer, além de fabricar e criar com as mãos e outros membros do corpo, é arte com o trabalho. Trabalhar com arte é permitir-se ao novo, ao desconhecido, ao inusitado. Trabalhar é transcender à sua ordem do dia. Trabalhar é agradecer em meio ao deserto, fruto da irritabilidade, do cansaço e da falta de vocação para tal. Trabalhar é também comer o pão do suor de seu rosto. Trabalhar, tal como se ouve música ou como se faz teatro, encenando, representando, deixa de ser uma tragédia, um incômodo e passa a ser arte, algo muito agradável.
Para terminar, não se deslumbre muito com as férias, pois assim como se cansa do trabalho, cansa-se também das férias!

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva.
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O sentido do trabalho


(Arte: Diego Rivera)
Eis um bem necessário: Trabalhar. Não quando se está para entrar em férias, mas quando se está prestes a sair delas. As férias estão às portas, e está aí uma boa hora para se pensar um pouquinho no sentido que damos ao trabalho. Talvez vejamos melhor o trabalho longe dele ou fora dele. Muitos diriam até que é um mal necessário, no entanto, trabalhar acaba sendo um bem necessário, antes de tudo, porque é um valor insubstituível para a saúde de qualquer cidadão, bem como para a sua sustentabilidade.
É óbvio que, como qualquer outra coisa na vida, o trabalho também é uma falta quando da sua ausência circunstancial. Só se valoriza o estudo quando se deixa de estudar. Só se valoriza o amor quando se passa pelo deserto do desamor. Só se percebe a pessoa do lado até o momento em que ela passa a não estar lá. Assim também é com o trabalho. Sua falta é sentida a partir do momento que deixamos, por alguma razão, de trabalhar. Com as férias, ausência de trabalho, vem a monotonia, o tédio, o sedentarismo e todo tipo de males. Por isso, o trabalho acaba sendo uma das boas saídas para uma vida feliz, sobretudo quando o trabalho é a extensão da família que enriquece o convívio social.
As férias não devem ser encaradas como um tempo de morbidez sem fim, uma vez que são um período apenas de descanso e de recomposição das energias gastas num intenso tempo de trabalho. Sendo assim, nada mal que tenhamos um bom tempo livre para fazer muito do que se gosta, como por exemplo; terminar aquela leitura que ficou inacabada; caminhar com mais frequência para exercitar o corpo e manter o equilíbrio emocional; cuidar um pouco mais de si; dialogar com quem não se via há bastante tempo; visitar os amigos; viajar e respirar novos ambientes... Enfim, volta e meia precisamos tirar umas férias, até porque ninguém é de ferro. Sair das rotinas e se desgarrar dos enfados do trabalho maçante e burocrático, de atividades repetitivas por isso estressantes, nos fazem muito bem.
Não há dúvidas de que a nossa natureza humana reclama descanso, paz e um pouco mais de humor, porém há que se ressaltar, nisso tudo, um certo limite de empolgação para com as férias, até porque quanto mais nos acostumamos com elas e com o lazer, mais e mais nos percebemos que somos homens do trabalho, seres que não vivem mais sem trabalho. Essa é uma consequência dos famosos tempos modernos trazidos pela revolução industrial, êxodo rural e inchaço das grandes cidades. Trabalhamos visando à riqueza, ao lucro e ao acúmulo de bens, ao capital. Isso nos levou a não trabalharmos mais, mas a capitalizarmos, perdemos o sentido do trabalho que vinha acompanhado do pensamento e do prazer. Todavia, não só pelo motivo econômico de sobrevivência e subsistência, mas também pela ocupação terapêutica, pela “salvação” mesma que o trabalho nos propõe é que ele é tão indispensável nos dias atuais. Tira-nos da inércia e nos põe em atividade, em movimento.
É desse ponto de vista muito peculiar que o trabalho acaba sendo uma opção de vida continuada até mesmo para quem se aposenta e não quer, de jeito nenhum, cair na invalidez. Aposentar-se hoje aos 60 anos não é mais uma verdade, tampouco um sonho de muitos. Aposentar deixou de ser um ideal a perseguir.
Acostumados com uma pauta exaustiva, extenuante e até certo ponto corriqueira do trabalho não nos habituamos mais a um ritmo de vida estático e cômodo comparado ao das férias. Talvez isso se deva ao frenético ritmo de atividades que uma mesma pessoa pode desenvolver hoje no mundo do trabalho. Desempenhamos as mais variadas atividades, desde aquelas ligadas ao lar até às inúmeras outras ligadas ao comércio, à indústria, ao estudo e etc. É bem verdade que nos adaptamos a tudo, até mesmo ao mais duro dos muitos trabalhos, como é o caso do trabalhador rural e do trabalhador de construção civil; trabalhadores nos canaviais e pedreiros por exemplo. Estes, de sol a sol, o dia inteirinho, não largam seus instrumentos de trabalho porque precisam produzir ou render intensamente no labor que desempenham.
Não importa o trabalho ou as suas diferentes formas, todos eles são necessários para o desenvolvimento humano e cultural de um povo. O que é indispensável fazer, além de fabricar e criar com as mãos e outros membros do corpo, é arte com o trabalho. Trabalhar com arte é permitir-se ao novo, ao desconhecido, ao inusitado. Trabalhar é transcender à sua ordem do dia. Trabalhar é agradecer em meio ao deserto, fruto da irritabilidade, do cansaço e da falta de vocação para tal. Trabalhar é também comer o pão do suor de seu rosto. Trabalhar, tal como se ouve música ou como se faz teatro, encenando, representando, deixa de ser uma tragédia, um incômodo e passa a ser arte, algo muito agradável.
Para terminar, não se deslumbre muito com as férias, pois assim como se cansa do trabalho, cansa-se também das férias!

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva.
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica.

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