Para nossa meditação:
Louvarei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.
A minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão.
Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome.
Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores.
Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficarão confundidos.
Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu; e o salvou de todas as suas angústias.
O anjo do senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.
Provai e vede que o Senhor é bom: bem-aventurado o homem que nele confia.
Temei ao Senhor, vós os seus santos, pois não têm falta alguma aqueles que o temem.
Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas aqueles que buscam ao Senhor de nada têm falta.
Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.
Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem?
Guarda a tua língua do mal e os teus lábios, de falarem enganosamente.
Aparta-te do mal e faze o bem; procura a paz e segue-a.
Os olhos do Senhor estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor.
A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles.
Os justos clamam, e o Senhor os ouve e os livra de todas as suas angústias.
Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito.
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.
Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra.
A malícia matará o ímpio, e os que aborrecem o justo serão punidos.
O Senhor resgata a alma dos seus servos, e nenhum dos que nele confiam será condenado.
Bendito seja Deus!
sábado, 15 de novembro de 2014
domingo, 9 de novembro de 2014
Sociedade de Eu com outrem - linguagem e bondade.
É preciso inverter os termos. Para a tradição filosófica, os conflitos entre o Mesmo e o Outro resolvem-se pela teoria em que o Outro se reduz ao Mesmo ou, concretamente, pela comunidade do Estado em que sob o poder anônimo, ainda que inteligível, o Eu reencontra a guerra na opressão tirânica que sofre da parte da totalidade. A Ética, em que o Mesmo tem em conta o irredutível Outrem, dependeria da opinião. O esforço deste livro vai no sentido de captar no discurso uma relação não alérgica com a alteridade, descobrir nele o Desejo - onde o poder, por essência assassino do Outro, se torna, em face do Outro e "contra todo o bom senso", impossibilidade do assassínio, consideração do Outro na justiça. O nosso esforço consiste concretamente em manter, na comunidade anônima, a sociedade de Eu com outrem - linguagem e bondade. Esta relação não é pré-filosófica, porque não violenta o eu, não lhe é imposta brutalmente de fora, contra a sua vontade, ou com o seu desconhecimento como opinião; mais exatamente, é-lhe imposta, para além de toda a violência, de uma violência que o põe inteiramente em questão. A relação ética, oposta à filosofia primeira da identificação da liberdade e do poder, não é contra a verdade, dirige-se ao ser na sua exterioridade absoluta e cumpre a própria intenção que anima a caminhada para a verdade.
LEVINÁS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. 3ª ed. Portugal, Lisboa: Edições 70, 2008, p. 34
LEVINÁS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. 3ª ed. Portugal, Lisboa: Edições 70, 2008, p. 34
terça-feira, 4 de novembro de 2014
A caçada do filósofo
O costume de caçar nos acompanha desde que
começamos a perceber o quanto precisamos da natureza para sobreviver. Os
primeiros homens faziam da caça um meio racional de subsistência. Os índios
ainda hoje, pelo que se sabe, retiram apenas o necessário da natureza para se
alimentarem e se protegerem.
Com o passar do tempo, alguns povos e grupos cultivaram a caça como uma espécie de “hobby”, de entretenimento e também como exploração predatória à natureza. Além disso, muitos povos se tornavam hábeis caçadores porque ainda precisavam se defender de animais perigosos.
Todo mundo sabe que a caça é uma das principais causas de extinção de animais raros no meio ambiente. De alguns anos para cá, a legislação brasileira vem tomando medidas severas aos que infringem os rigores legais quanto a este tipo de atividade.
Porém, o que nos interessa aqui é a atitude do caçador. O faro aguçado de quem caça é semelhante ao faro do filósofo à procura de novos conceitos; outros problemas que estão ali, mas quase ninguém vê, escondidos.
O filósofo e o caçador têm em comum a gana da busca, da procura. São inúmeros os caçadores de antiguidades, tesouros, cidades perdidas. Arqueólogos e viajantes aventureiros se dedicam a isso. O filósofo, por sua vez, procura pessoas, ideias, definições, conceitos que, ao encontrá-los, não consegue satisfazer a sede de uma busca incessante, uma vez que sua busca continua mais viva e impetuosa do que nunca. O filósofo seria uma espécie de caçador do infinito ou como diria o poeta Milton Nascimento: “Nada a temer senão o correr da luta/ Nada a fazer senão esquecer o medo/ Abrir o peito a força, numa procura/ Fugir às armadilhas da mata escura/
Com o passar do tempo, alguns povos e grupos cultivaram a caça como uma espécie de “hobby”, de entretenimento e também como exploração predatória à natureza. Além disso, muitos povos se tornavam hábeis caçadores porque ainda precisavam se defender de animais perigosos.
Todo mundo sabe que a caça é uma das principais causas de extinção de animais raros no meio ambiente. De alguns anos para cá, a legislação brasileira vem tomando medidas severas aos que infringem os rigores legais quanto a este tipo de atividade.
Porém, o que nos interessa aqui é a atitude do caçador. O faro aguçado de quem caça é semelhante ao faro do filósofo à procura de novos conceitos; outros problemas que estão ali, mas quase ninguém vê, escondidos.
O filósofo e o caçador têm em comum a gana da busca, da procura. São inúmeros os caçadores de antiguidades, tesouros, cidades perdidas. Arqueólogos e viajantes aventureiros se dedicam a isso. O filósofo, por sua vez, procura pessoas, ideias, definições, conceitos que, ao encontrá-los, não consegue satisfazer a sede de uma busca incessante, uma vez que sua busca continua mais viva e impetuosa do que nunca. O filósofo seria uma espécie de caçador do infinito ou como diria o poeta Milton Nascimento: “Nada a temer senão o correr da luta/ Nada a fazer senão esquecer o medo/ Abrir o peito a força, numa procura/ Fugir às armadilhas da mata escura/
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim”
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim”
Tem um diálogo de Platão, conhecido como Sofista, no qual aparece a figura do sofista, com interesse para ensinar em troca de pagamento, assumindo o papel de caçador de jovens ricos e promissores (Cf. Sofista, 223b). Nele, é possível observar que de caçador, o sofista, passa a ser a presa principal para um outro tipo bem mais "desinteressado" de caçador, o filósofo, treinado na arte de parir ideias e na persuasão, a exemplo de Sócrates, procura o sofista para desembaraçar seus sofismas e destruir suas falsas aparências(Cf. Sofista, 235c).
Nesse contexto, o filósofo como caçador de tipo socrático procura com luta, esforço e coragem algo na realidade que se corresponda ao máximo com o que ele pensa. Seu esforço é procurar a verdade. Uma verdade que seja ética: viver o que pensa e pensar o que vive.
Repare o que diz o estrangeiro de Eléia no diálogo: "Estamos, meu caro amigo (Teeteto), realmente empenhados numa investigação muito difícil, pois a matéria de aparecer e parecer, mas não ser, e de dizer coisas, mas não verdadeiras - tudo isso é agora, como o foi sempre, motivo de muita perplexidade" (Sofista, 236e).
Jackislandy Meira de M. Silva, professor e
filósofo.
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sábado, 15 de novembro de 2014
Sl 34: Davi louva a Deus, que respondeu às suas súplicas, e exorta a confiar nele
Para nossa meditação:
Louvarei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.
A minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão.
Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome.
Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores.
Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficarão confundidos.
Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu; e o salvou de todas as suas angústias.
O anjo do senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.
Provai e vede que o Senhor é bom: bem-aventurado o homem que nele confia.
Temei ao Senhor, vós os seus santos, pois não têm falta alguma aqueles que o temem.
Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas aqueles que buscam ao Senhor de nada têm falta.
Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.
Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem?
Guarda a tua língua do mal e os teus lábios, de falarem enganosamente.
Aparta-te do mal e faze o bem; procura a paz e segue-a.
Os olhos do Senhor estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor.
A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles.
Os justos clamam, e o Senhor os ouve e os livra de todas as suas angústias.
Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito.
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.
Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra.
A malícia matará o ímpio, e os que aborrecem o justo serão punidos.
O Senhor resgata a alma dos seus servos, e nenhum dos que nele confiam será condenado.
Bendito seja Deus!
Louvarei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.
A minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão.
Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome.
Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores.
Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficarão confundidos.
Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu; e o salvou de todas as suas angústias.
O anjo do senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.
Provai e vede que o Senhor é bom: bem-aventurado o homem que nele confia.
Temei ao Senhor, vós os seus santos, pois não têm falta alguma aqueles que o temem.
Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas aqueles que buscam ao Senhor de nada têm falta.
Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.
Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem?
Guarda a tua língua do mal e os teus lábios, de falarem enganosamente.
Aparta-te do mal e faze o bem; procura a paz e segue-a.
Os olhos do Senhor estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor.
A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles.
Os justos clamam, e o Senhor os ouve e os livra de todas as suas angústias.
Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito.
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.
Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra.
A malícia matará o ímpio, e os que aborrecem o justo serão punidos.
O Senhor resgata a alma dos seus servos, e nenhum dos que nele confiam será condenado.
Bendito seja Deus!
domingo, 9 de novembro de 2014
Sociedade de Eu com outrem - linguagem e bondade.
É preciso inverter os termos. Para a tradição filosófica, os conflitos entre o Mesmo e o Outro resolvem-se pela teoria em que o Outro se reduz ao Mesmo ou, concretamente, pela comunidade do Estado em que sob o poder anônimo, ainda que inteligível, o Eu reencontra a guerra na opressão tirânica que sofre da parte da totalidade. A Ética, em que o Mesmo tem em conta o irredutível Outrem, dependeria da opinião. O esforço deste livro vai no sentido de captar no discurso uma relação não alérgica com a alteridade, descobrir nele o Desejo - onde o poder, por essência assassino do Outro, se torna, em face do Outro e "contra todo o bom senso", impossibilidade do assassínio, consideração do Outro na justiça. O nosso esforço consiste concretamente em manter, na comunidade anônima, a sociedade de Eu com outrem - linguagem e bondade. Esta relação não é pré-filosófica, porque não violenta o eu, não lhe é imposta brutalmente de fora, contra a sua vontade, ou com o seu desconhecimento como opinião; mais exatamente, é-lhe imposta, para além de toda a violência, de uma violência que o põe inteiramente em questão. A relação ética, oposta à filosofia primeira da identificação da liberdade e do poder, não é contra a verdade, dirige-se ao ser na sua exterioridade absoluta e cumpre a própria intenção que anima a caminhada para a verdade.
LEVINÁS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. 3ª ed. Portugal, Lisboa: Edições 70, 2008, p. 34
LEVINÁS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. 3ª ed. Portugal, Lisboa: Edições 70, 2008, p. 34
terça-feira, 4 de novembro de 2014
A caçada do filósofo
O costume de caçar nos acompanha desde que
começamos a perceber o quanto precisamos da natureza para sobreviver. Os
primeiros homens faziam da caça um meio racional de subsistência. Os índios
ainda hoje, pelo que se sabe, retiram apenas o necessário da natureza para se
alimentarem e se protegerem.
Com o passar do tempo, alguns povos e grupos cultivaram a caça como uma espécie de “hobby”, de entretenimento e também como exploração predatória à natureza. Além disso, muitos povos se tornavam hábeis caçadores porque ainda precisavam se defender de animais perigosos.
Todo mundo sabe que a caça é uma das principais causas de extinção de animais raros no meio ambiente. De alguns anos para cá, a legislação brasileira vem tomando medidas severas aos que infringem os rigores legais quanto a este tipo de atividade.
Porém, o que nos interessa aqui é a atitude do caçador. O faro aguçado de quem caça é semelhante ao faro do filósofo à procura de novos conceitos; outros problemas que estão ali, mas quase ninguém vê, escondidos.
O filósofo e o caçador têm em comum a gana da busca, da procura. São inúmeros os caçadores de antiguidades, tesouros, cidades perdidas. Arqueólogos e viajantes aventureiros se dedicam a isso. O filósofo, por sua vez, procura pessoas, ideias, definições, conceitos que, ao encontrá-los, não consegue satisfazer a sede de uma busca incessante, uma vez que sua busca continua mais viva e impetuosa do que nunca. O filósofo seria uma espécie de caçador do infinito ou como diria o poeta Milton Nascimento: “Nada a temer senão o correr da luta/ Nada a fazer senão esquecer o medo/ Abrir o peito a força, numa procura/ Fugir às armadilhas da mata escura/
Com o passar do tempo, alguns povos e grupos cultivaram a caça como uma espécie de “hobby”, de entretenimento e também como exploração predatória à natureza. Além disso, muitos povos se tornavam hábeis caçadores porque ainda precisavam se defender de animais perigosos.
Todo mundo sabe que a caça é uma das principais causas de extinção de animais raros no meio ambiente. De alguns anos para cá, a legislação brasileira vem tomando medidas severas aos que infringem os rigores legais quanto a este tipo de atividade.
Porém, o que nos interessa aqui é a atitude do caçador. O faro aguçado de quem caça é semelhante ao faro do filósofo à procura de novos conceitos; outros problemas que estão ali, mas quase ninguém vê, escondidos.
O filósofo e o caçador têm em comum a gana da busca, da procura. São inúmeros os caçadores de antiguidades, tesouros, cidades perdidas. Arqueólogos e viajantes aventureiros se dedicam a isso. O filósofo, por sua vez, procura pessoas, ideias, definições, conceitos que, ao encontrá-los, não consegue satisfazer a sede de uma busca incessante, uma vez que sua busca continua mais viva e impetuosa do que nunca. O filósofo seria uma espécie de caçador do infinito ou como diria o poeta Milton Nascimento: “Nada a temer senão o correr da luta/ Nada a fazer senão esquecer o medo/ Abrir o peito a força, numa procura/ Fugir às armadilhas da mata escura/
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim”
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim”
Tem um diálogo de Platão, conhecido como Sofista, no qual aparece a figura do sofista, com interesse para ensinar em troca de pagamento, assumindo o papel de caçador de jovens ricos e promissores (Cf. Sofista, 223b). Nele, é possível observar que de caçador, o sofista, passa a ser a presa principal para um outro tipo bem mais "desinteressado" de caçador, o filósofo, treinado na arte de parir ideias e na persuasão, a exemplo de Sócrates, procura o sofista para desembaraçar seus sofismas e destruir suas falsas aparências(Cf. Sofista, 235c).
Nesse contexto, o filósofo como caçador de tipo socrático procura com luta, esforço e coragem algo na realidade que se corresponda ao máximo com o que ele pensa. Seu esforço é procurar a verdade. Uma verdade que seja ética: viver o que pensa e pensar o que vive.
Repare o que diz o estrangeiro de Eléia no diálogo: "Estamos, meu caro amigo (Teeteto), realmente empenhados numa investigação muito difícil, pois a matéria de aparecer e parecer, mas não ser, e de dizer coisas, mas não verdadeiras - tudo isso é agora, como o foi sempre, motivo de muita perplexidade" (Sofista, 236e).
Jackislandy Meira de M. Silva, professor e
filósofo.
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