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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Jesus, um estrangeiro como caminho...


A passagem de Jesus nesta terra foi extremamente rápida do ponto de vista histórico, mas seus feitos e seus discursos, sermões, são um traço contínuo de sua presença eternizada pelos movimentos posteriores, sobretudo, pelo cristianismo. Certamente, sua pessoa ainda vive conosco tão forte é o seu legado. Temos a impressão de que os principais registros da vida de Jesus, os Evangelhos, dão conta e são fontes seguras do propósito de sua morte tão repentina. 
É interessante notar que Jesus, em meio a uma série de declarações feitas aos discípulos, expõe os motivos de sua vinda ao mundo. Diferente de nós, Jesus não busca seu lugar ao sol, não está atrás de um lugar no mundo, muito menos de se fixar em terra estrangeira. Ele não dá sequer importância aos atrativos deste mundo. Naquela época era muito comum desejar ser general de tropas militares, ansiar a cargos políticos também, ascender ao trono, lutar por algum lugar na elite da sociedade ou mesmo desejar ser um soldado romano, ir à guerra e aprender a ser um conquistador.
Antes mesmo de algum desses ideais povoar a mente de Jesus, havia um plano divino para ele, de modo que bem sabia a razão de estar aqui. “(...) eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.”(Jo 10.10). Viver para ele implica encarar o cotidiano, os fatos deste mundo a partir do que lhe fora revelado pelo Pai, o conhecimento de sua vontade e o cumprimento das Escrituras. “E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti.”(Jo 17.11). Jesus desenvolve um modo de viver no mundo sem pertencer a este mundo. Como a sua palavra é a verdade que se opõe ao mundo, este acaba odiando aqueles que a seguem, assim muitos começam a construir um outro mundo diferente deste porque já não são do mundo, mas são agora do mesmo mundo de Jesus. Insiste: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.”(Jo 17.14).
Fato é que Jesus não é deste mundo, o que acarreta para ele uma identidade estrangeira. Passa por aqui como um estrangeiro em terra estranha, visto ser este mundo inteiramente contraditório aos seus planos, ao reino de seu Pai, realmente diferente do que ele diz ser a eternidade: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”(Jo 17.3-4).
A sua mensagem, seus ensinamentos, mostra um homem desprendido deste mundo, desapegado dos valores terrenos, sem se embaraçar com nada. Sua oração, intimidade com o Pai, seu jeito seguro e verdadeiro para afirmar a existência de um outro reino eram convincentes. Com palavras cheias do que deve ser este mundo, semelhante ao seu reino, Jesus usava de repreensão aos que queriam menosprezar os pequeninos, habitantes de seu reino. Utiliza-se de uma criança. A imagem da criança revela a todos um outro mundo de que falava o mestre. Seu reino. Um mundo que ninguém podia tomar. Seu povo. Um povo que ninguém podia maltratar e herdeiro de um outro tipo de vida que não esta, a vida eterna.
Por isso, sua identidade estrangeira, na medida em que não se deixa dominar, abre passagem para os que buscam libertação, novo nascimento e salvação. Nem a morte fora capaz de dominá-lo. Jesus atravessa os limites de sua nacionalidade; os padrões de sua religiosidade, o judaísmo; desafia as autoridades políticas de seu tempo; supera as realidades temporais e espaciais para abrir uma relação definitiva de caminho para o seu reino. Um reino que não é deste mundo: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.”(Jo 18. 36).
Estrangeiro porque não tem onde reclinar a cabeça, anuncia um reino eterno e fala de outras moradas, além disso, durante o tempo que passou conosco, se opôs a este mundo como se não fosse a sua casa, tampouco a nossa. “Na casa de meu Pai há muitas moradas (...). Vou preparar-vos lugar.”(Jo 14. 2). A propósito do caminho para este lugar, assim responde a Tomé: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”(Jo 14. 6).

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva, filósofo e teólogo


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Novo longa do Pequeno Príncipe

Trailer do novo longa de "O pequeno príncipe" é lançado, mas o filme chegará mesmo aos cinemas apenas em outubro de 2015. Segue o Trailer.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Da unidade Os desculpantes...



“Se sentir ou não se sentir culpado. Acho que tudo depende disso. A vida é uma luta de todos contra todos. É sabido. Mas como essa luta acontece numa sociedade mais ou menos civilizada? As pessoas não podem se atirar umas sobre as outras sempre que se encontram. Em vez disso, tentam jogar no outro o constrangimento da culpabilidade. Ganhará aquele que conseguir tornar o outro culpado. Perderá aquele que reconhecer sua culpa. Você vai pela rua, mergulhado em pensamentos. Em sua direção vem uma moça, como se estivesse sozinha no mundo, sem olhar nem para a esquerda nem para a direita, indo direto em frente. Vocês se esbarram. Eis o momento da verdade. Quem vai insultar o outro, e quem vai se desculpar? É uma situação-modelo: na realidade, cada um dos dois é ao mesmo tempo o que sofreu o esbarrão e o que esbarrou. E, no entanto, há os que se consideram, imediatamente, espontaneamente, os que esbarraram, portanto culpados. E há os outros, que se veem sempre, imediatamente, espontaneamente, como os que sofreram o esbarrão, portanto no seu direito de acusar o outro e de fazer com que este seja punido. Você, numa situação como essa, você se desculparia ou acusaria?”

(KUNDERA, Milan. A festa da insignificância. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 54)

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Nobel de literatura 2014 é do francês Patrick Modiano

O Prêmio Nobel de Literatura de 2014 ficou com o francês Patrick Modiano, 69. Filho de um judeu de Alexandria e de uma comediante belga que se conheceram durante a ocupação nazista na França (1940-44), Modiano teve ressaltada pela Academia Sueca a sua habilidade de trabalhar com a memória e de resgatar esse período sombrio da Segunda Guerra Mundial, em que são ambientados muitos de seus livros. Décimo quinto francês a conquistar o prêmio, o escritor vai receber 8 milhões de coroas suecas (2,67 milhões de reais). O último francês a ganhar o Nobel de Literatura foi Jean-Marie Gustave Le Clézio, em 2008
"O vencedor do Nobel de Literatura este ano é o francês Patrick Modiano, pela arte da memória, com a qual evocou os destinos humanos mais incompreensíveis e descortinou ao mundo a vida na ocupação", diz o texto do anúncio oficial da Academia Sueca, feito às 13h em Estocolmo (8h em Brasília). Modiano costuma dizer que sua memória teve início antes de seu nascimento, em referência à relação de seus pais, amantes clandestinos em um território ocupado. Mas não foi apenas com a perda do pai que ele teve de lidar ainda cedo: o escritor também perdeu um irmão, ao qual era muito afeiçoado, na adolescência.

Autor de livros como Dora Bruder, Vila TristeMeninos Valentes, Ronda da Noite e Do Mais Longe do Esquecimento, lançados no Brasil pela Rocco e já fora de catálogo, Modiano é muito popular na França, onde é considerado um dos autores mais importantes da atualidade. Em 1978, ele venceu o Goncourt, principal prêmio literário do país, pelo livro Rue des Boutiques Obscures, lançado no Brasil como Uma Rua de Roma, também pela Rocco. Vive em Paris e faz da cidade cenário recorrente em seus textos. Já na língua inglesa, ele quase não tem tradução. Um dos únicos lançados em inglês, Dora Bruder foi publicado pela editora da Universidade da California, em 1999.
“Modiano tem cerca de 30 livros, a maioria romances. São obras muito curtas que se constituem em variações de um mesmo tema, a memória da perda, a relação entre identidade e memória”, disse o escritor e historiador sueco Peter Englund, secretário da Academia Sueca, em entrevista após o anúncio do prêmio. "São livros curtos e pequenos, não são difíceis de ler, você pode ler um à tarde e outro depois do jantar. Mas são muito bem escritos, muito elegantes."
Para quem ainda não conhece a obra de Modiano, Englund, recomendou o vencedor do Goncourt. "Para quem deseja começar a ler sua obra, recomendo Uma Rua de Roma, sobre um detetive que perdeu a memória e precisa descobrir quem ele realmente é. Para isso, precisa refazer os próprios passos. É um livro muito divertido, que brinca com o gênero policial."

Modiano também tem trabalhos no cinema. Ele aparece como roteirista nos créditos dos filmes Viagem do Coração (2003), de Jean-Paul Rappeneau, Lacombe Lucien (1974), de Louis Malle, Le Parfum d'Yvonne (1994), de Patrice Leconte, e Une Jeunesse (1983), de Moshé Mizrahi, os dois últimos adaptados de obras suas. E, de acordo com o site especializado em cinema IMDB, o autor também atua. Ele apareceu ao lado Catherine Deneuve em Genealogias de um Crime (1997), de Raoul Ruizfilm.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/premio-nobel-de-literatura-vai-para-o-frances-patrick-modiano

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O VALOR DO SACRIFÍCIO



"A própria noção de sacrifício, porém, é inseparável da noção de sagrado - podendo este último no fundo se definir como aquilo que faz com que a pessoa aceite (...) 'sair de si mesma', arrancando-se do tão querido Ego, cuja evidentíssima onipresença na cultura individualista, aliás, ninguém mais pensa em negar" (FERRY, Luc. FAMÍLIAS, amo vocês. p. 113).

O mundo está com pressa, mas não se sabe por quê. Há razões muito fortes de que o avanço de um mundo mais globalizado, tecnológico e informatizado, sobretudo, a partir dos anos 90 do século passado, tem contribuído bastante para um comportamento imediato e superficial, cuja característica é a fuga do sacrifício. Buscamos facilidades, mesmo que elas nos pareçam inseguras e rasas.
A base do sentido da palavra sacrifício está na mesma base do sentido da palavra sagrado, o qual exige de nós renúncia e um movimento de "saída de si". Mas nos esquecemos disso. Fugimos do sacrifício como os vampiros fugiam da cruz. Na era das facilidades, parece que o mais difícil, conquistado com muito sacrifício e luta, deixou de ser mais gostoso e duradouro.
Terminar uma Faculdade ou uma pós não implica mais, para muitos, uma realização pessoal ou vocacional, visto que passou a ser uma conquista rápida, fácil e sem sacrifício, quase como tudo na vida em tempos de hiperconsumo e de supervalorização da economia.
Ao alargarmos essa opinião para todo o resto, ou seja, para as outras áreas da vida, veremos que, na mesma proporção com que conquistamos nossos objetivos também podemos perdê-los rapidamente. Assim pode ser com a família, amigos, emprego ou profissão, caso não caprichemos na construção da obra, tal como faz o escultor que leva praticamente boa parte da vida trabalhando, dedicando-se inteira e intensamente, até nos legar obras-primas maravilhosas.
Ninguém se torna um Professor da noite para o dia. Não se torna um piloto de F1 num passe de mágica. Um médico não cai do céu pura e simplesmente. Advogados, engenheiros e técnicos também não. É preciso talento, dedicação, humildade, aprendizagem e muito, muito trabalho.
O problema é que os apressadinhos de hoje estão mais oportunistas do que nunca. Mal começam a se preparar para uma profissão e já estão de olho na profissão do colega. Porém, lembrem-se de que conquistar alguma coisa na vida requer sacrifício para respeitar o tempo da preparação. É importante saber que tudo tem um processo - até para cozinhar - princípio, meio e fim. Não queiramos queimar o processo, mesmo que para isso seja preciso muito sacrifício.


sábado, 9 de agosto de 2014

AMOR PELOS LIVROS

neil-gaiman-001“Vou contar como bibliotecas são importantes. Vou sugerir que ler ficção, que ler por prazer, é uma das coisas mais importantes que uma pessoa pode fazer”. Com estas palavras, Neil Gaiman inicia sua palestra para The Reading Agency – organização independente do Reino Unido voltada a fomentar a leitura entre crianças, jovens e adultos.
Gaiman ficou conhecido nos anos 1980 por seu trabalho como roteirista de histórias em quadrinhos para adultos, com destaque para a série Sandman. Sua trajetória conta com obras literárias para crianças, jovens e adultos, roteiros para cinema e letras de música.
Com base em sua carreira, e em sua vida no universo das palavras, das histórias e, principalmente, da leitura, o escritor discorreu sobre as mudanças que a leitura pode provocar. Primeiramente, declarou acreditar que a leitura continua a ocupar uma posição chave na era digital: nós navegamos por palavras e precisamos delas para nos comunicar (e podemos acrescentar que a leitura de ícones e imagens se intensificou também).
A formação de leitores, que possam usufruir da cultura letrada de modo geral, está relacionada com o gosto pela leitura. Gaiman acredita que os primeiros passos nesse sentido não podem ter filtros rígidos de boas e más leituras por parte dos incentivadores/formadores. “Não desencoraje as crianças da leitura porque você sente que elas estão lendo a coisa errada. A ficção que você não gosta é a rota para outros livros de sua preferência”, colocou o escritor. Ademais, diferentes pessoas, ainda que em um mesmo contexto, podem ter gostos bem diversificados. Acrescentou ainda que “adultos bem intencionados podem facilmente destruir o amor pela leitura: impedi-los de ler o que eles gostam, ou lhes dar livros chatos-mas-dignos que você gosta, os equivalentes contemporâneos da ‘refinada’ literatura vitoriana”.
A ficção ainda tem poder de empatia, no qual o leitor mergulha e constrói um universo particular (diferentemente da experiência que as produções audiovisuais para cinema e televisão proporcionam). Essa empatia particular fomenta igualmente a formação de grupos (e conexões) por afinidade.
Neil Gaiman ressalta a relevância da literatura para o desenvolvimento da criatividade. O governo chinês, por exemplo, reintroduziu a ficção científica, antes desaprovada pelas autoridades. Uma delegação enviada aos EUA constatou que os inventores/criadores de companhias como Apple, Google, Microsoft eram jovens leitores de ficção científica. A conclusão dos chineses, reiterada pelo escritor, aponto que o escapismo proporcionado pela ficção fornece ferramentas para interagir com (e reinventar) a realidade.
“Outro modo de destruir o amor das crianças pela leitura, claro, é garantir que não existam livros de qualquer tipo por perto”, continuou o escritor. O acesso a livros e outras mídias é essencial para a formação de leitores, seja por meio de acervos particulares, escolares ou públicos.
Os mediadores cumprem um papel significativo nesse processo: pais e familiares, amigos, professores, bibliotecários, jornalistas etc. Recordo-me de visitar meu tio avô e descobrir que ele tinha uma biblioteca particular (e que ele lera, ainda que não integralmente, todo aquele acervo). Atento ao meu fascínio, ele perguntou qual livro eu iria levar. Disse que não sabia. O Sr. Evaldo insistiu, me inquirindo sobre qual assunto me interessava. Respondi alegremente que gostava muito de Guerra nas Estrelas. “Pronto. Leve este livro!”, exclamou enquanto colocava em minhas mãos O Poder do Mito. Foi desse modo que um garoto de 14 anos leu (e gostou de) Joseph Campbell.
imagesPessoas que gostam de ler são bons mediadores. O respeito ao leitor, independentemente de sua idade ou repertório, também colabora para o incentivo à leitura. Frequentar uma biblioteca (ou gibiteca) infanto-juvenil pode ser muito prazeroso para as crianças e jovens quando há bibliotecários atentos e sensíveis.
O papel da mediação inclui, por outro lado, a filtragem de conteúdo, a localização e indicação de fontes ou leituras correlatas. Gaiman utiliza a seguinte metáfora sobre este aspecto da mediação: se antes era preciso localizar uma planta no deserto quando se buscava informações ou bibliografia sobre determinado assunto, na era digital é preciso localizar uma planta específica em uma grande floresta.
O escritor defende uma série de obrigações que temos com relação à alfabetização, à leitura, à escrita e à imaginação, a lutar politicamente pelo valor da leitura, à nossa relação com o passado, com a linguagem, com a comunicação e com o prazer da leitura.
Na educação formal, esse último aspecto precisa ser melhor considerado. O peso dos “clássicos” da literatura ainda é muito grande. Alunos do ensino médio são estimulados, às vezes exclusivamente, a ler as obras indicadas para as avaliações vestibulares. Muitos de meus alunos eram devoradores de livros, de Paulo Coelho a Caio Fernando Abreu. Eles me indicavam livros e eu a eles (Bram Stoker, por exemplo, fez grande um sucesso e abriu boas portas para a leitura de livros antes os alunos resistiam a ler e depois descobriram prazer em suas páginas). É preciso incentivar a leitura para além das “obras escolares”.
A palestra de Neil Gaiman lança proposições e retoma pontos relevantes acerca do mundo dos livros e nos permite repensar como estimulamos o amor pela leitura, para além das leituras que nos vemos obrigados a encarar, mas como parte constituinte de nossas vidas.
O passo primordial está em nós, em nossa própria leitura. “Eu acredito que nós temos uma obrigação de ler por prazer, em locais públicos ou privados. Se nós lemos por prazer, se outros nos veem lendo, então nós aprendemos, exercitamos nossa imaginação. Mostramos aos outros que ler é algo bom”, defendeu o escritor.
Citações de Neil Gaiman foram livremente traduzidas a partir da matéria publicada no jornal britânico The Guardian.

domingo, 29 de junho de 2014

“Chuva” de emoções



Brasil e Chile protagonizaram neste sábado 28/06 o primeiro jogo das oitavas de final rumo ao sonhado título. Mais do que um futebol bem jogado com trabalho de bola pelo meio-campo, vimos um punhado de passes errados com bolas lançadas diretamente da zaga ao ataque. Bem, esse foi o futebol da seleção brasileira.
A seleção chilena parecia muito mais consciente em campo; além de parar, catimbar, bem o ritmo do jogo, assistimos a um passeio de atenção, raça e desejo de vencer da equipe chilena.
Para nós, brasileiros, o jogo podia ter sido simples e fácil, pois, logo no início do jogo, num escanteio cobrado por Neymar, a bola bate involuntariamente no pé do defensor chileno e entra com a participação de David Luiz. Não vi gol de David, mas a FIFA viu e computou o gol na conta do zagueiro David Luiz.
Ainda antes de terminar o primeiro tempo, perdemos totalmente o controle do jogo e daí até ao seu final, que não foram só 90min, mas 120min fora os dramáticos pênaltis. O vacilo da seleção brasileira se deu, como falei, ainda no primeiro tempo por causa de um lateral malfeito e numa roubada de bola pelos atacantes do Chile que aproveitaram a oportunidade com Alexis Sanchéz para empatar o jogo.
Obviamente, o ponto alto desse jogo foi o gol contra a favor da nossa seleção, mas não poderíamos deixar passar as duas falhas do juiz; não deu um pênalti em cima do Hulk no primeiro tempo e anulou equivocadamente um gol maravilhoso do Hulk no qual mata a bola no ombro e faz um golaço; o bandeirinha da partida entendeu que a bola pegou no braço.
A partida inteirinha foi muito dramática, não deixando nada a desejar aos antigos espetáculos da tragédia grega. Com requintes de oração e súplica aos céus feitos por nossos jogadores a cada intervalo de jogo, inclusive na alternância dos pênaltis, fomos cobertos por uma experiência inesquecível no futebol, uma vitória nos pênaltis, em pleno Mineirão.
Definitivamente, o personagem do jogo foi Júlio César. Esbanjando confiança, defendeu como ninguém três bolas importantíssimas; uma no segundo tempo cara-a-cara e outras duas nos pênaltis contribuindo para a dramática vitória brasileira.
Os nossos jogadores transpareceram, nos 120min mais os pênaltis, estar molhados, suados até, de bênçãos, de emoções. Vimos uma “chuva” de emoções, mas, fica a dica, será necessário jogar muito mais e errar cada vez menos.

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva, filósofo.

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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Jesus, um estrangeiro como caminho...


A passagem de Jesus nesta terra foi extremamente rápida do ponto de vista histórico, mas seus feitos e seus discursos, sermões, são um traço contínuo de sua presença eternizada pelos movimentos posteriores, sobretudo, pelo cristianismo. Certamente, sua pessoa ainda vive conosco tão forte é o seu legado. Temos a impressão de que os principais registros da vida de Jesus, os Evangelhos, dão conta e são fontes seguras do propósito de sua morte tão repentina. 
É interessante notar que Jesus, em meio a uma série de declarações feitas aos discípulos, expõe os motivos de sua vinda ao mundo. Diferente de nós, Jesus não busca seu lugar ao sol, não está atrás de um lugar no mundo, muito menos de se fixar em terra estrangeira. Ele não dá sequer importância aos atrativos deste mundo. Naquela época era muito comum desejar ser general de tropas militares, ansiar a cargos políticos também, ascender ao trono, lutar por algum lugar na elite da sociedade ou mesmo desejar ser um soldado romano, ir à guerra e aprender a ser um conquistador.
Antes mesmo de algum desses ideais povoar a mente de Jesus, havia um plano divino para ele, de modo que bem sabia a razão de estar aqui. “(...) eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.”(Jo 10.10). Viver para ele implica encarar o cotidiano, os fatos deste mundo a partir do que lhe fora revelado pelo Pai, o conhecimento de sua vontade e o cumprimento das Escrituras. “E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti.”(Jo 17.11). Jesus desenvolve um modo de viver no mundo sem pertencer a este mundo. Como a sua palavra é a verdade que se opõe ao mundo, este acaba odiando aqueles que a seguem, assim muitos começam a construir um outro mundo diferente deste porque já não são do mundo, mas são agora do mesmo mundo de Jesus. Insiste: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.”(Jo 17.14).
Fato é que Jesus não é deste mundo, o que acarreta para ele uma identidade estrangeira. Passa por aqui como um estrangeiro em terra estranha, visto ser este mundo inteiramente contraditório aos seus planos, ao reino de seu Pai, realmente diferente do que ele diz ser a eternidade: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”(Jo 17.3-4).
A sua mensagem, seus ensinamentos, mostra um homem desprendido deste mundo, desapegado dos valores terrenos, sem se embaraçar com nada. Sua oração, intimidade com o Pai, seu jeito seguro e verdadeiro para afirmar a existência de um outro reino eram convincentes. Com palavras cheias do que deve ser este mundo, semelhante ao seu reino, Jesus usava de repreensão aos que queriam menosprezar os pequeninos, habitantes de seu reino. Utiliza-se de uma criança. A imagem da criança revela a todos um outro mundo de que falava o mestre. Seu reino. Um mundo que ninguém podia tomar. Seu povo. Um povo que ninguém podia maltratar e herdeiro de um outro tipo de vida que não esta, a vida eterna.
Por isso, sua identidade estrangeira, na medida em que não se deixa dominar, abre passagem para os que buscam libertação, novo nascimento e salvação. Nem a morte fora capaz de dominá-lo. Jesus atravessa os limites de sua nacionalidade; os padrões de sua religiosidade, o judaísmo; desafia as autoridades políticas de seu tempo; supera as realidades temporais e espaciais para abrir uma relação definitiva de caminho para o seu reino. Um reino que não é deste mundo: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.”(Jo 18. 36).
Estrangeiro porque não tem onde reclinar a cabeça, anuncia um reino eterno e fala de outras moradas, além disso, durante o tempo que passou conosco, se opôs a este mundo como se não fosse a sua casa, tampouco a nossa. “Na casa de meu Pai há muitas moradas (...). Vou preparar-vos lugar.”(Jo 14. 2). A propósito do caminho para este lugar, assim responde a Tomé: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”(Jo 14. 6).

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva, filósofo e teólogo


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Novo longa do Pequeno Príncipe

Trailer do novo longa de "O pequeno príncipe" é lançado, mas o filme chegará mesmo aos cinemas apenas em outubro de 2015. Segue o Trailer.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Da unidade Os desculpantes...



“Se sentir ou não se sentir culpado. Acho que tudo depende disso. A vida é uma luta de todos contra todos. É sabido. Mas como essa luta acontece numa sociedade mais ou menos civilizada? As pessoas não podem se atirar umas sobre as outras sempre que se encontram. Em vez disso, tentam jogar no outro o constrangimento da culpabilidade. Ganhará aquele que conseguir tornar o outro culpado. Perderá aquele que reconhecer sua culpa. Você vai pela rua, mergulhado em pensamentos. Em sua direção vem uma moça, como se estivesse sozinha no mundo, sem olhar nem para a esquerda nem para a direita, indo direto em frente. Vocês se esbarram. Eis o momento da verdade. Quem vai insultar o outro, e quem vai se desculpar? É uma situação-modelo: na realidade, cada um dos dois é ao mesmo tempo o que sofreu o esbarrão e o que esbarrou. E, no entanto, há os que se consideram, imediatamente, espontaneamente, os que esbarraram, portanto culpados. E há os outros, que se veem sempre, imediatamente, espontaneamente, como os que sofreram o esbarrão, portanto no seu direito de acusar o outro e de fazer com que este seja punido. Você, numa situação como essa, você se desculparia ou acusaria?”

(KUNDERA, Milan. A festa da insignificância. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 54)

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Nobel de literatura 2014 é do francês Patrick Modiano

O Prêmio Nobel de Literatura de 2014 ficou com o francês Patrick Modiano, 69. Filho de um judeu de Alexandria e de uma comediante belga que se conheceram durante a ocupação nazista na França (1940-44), Modiano teve ressaltada pela Academia Sueca a sua habilidade de trabalhar com a memória e de resgatar esse período sombrio da Segunda Guerra Mundial, em que são ambientados muitos de seus livros. Décimo quinto francês a conquistar o prêmio, o escritor vai receber 8 milhões de coroas suecas (2,67 milhões de reais). O último francês a ganhar o Nobel de Literatura foi Jean-Marie Gustave Le Clézio, em 2008
"O vencedor do Nobel de Literatura este ano é o francês Patrick Modiano, pela arte da memória, com a qual evocou os destinos humanos mais incompreensíveis e descortinou ao mundo a vida na ocupação", diz o texto do anúncio oficial da Academia Sueca, feito às 13h em Estocolmo (8h em Brasília). Modiano costuma dizer que sua memória teve início antes de seu nascimento, em referência à relação de seus pais, amantes clandestinos em um território ocupado. Mas não foi apenas com a perda do pai que ele teve de lidar ainda cedo: o escritor também perdeu um irmão, ao qual era muito afeiçoado, na adolescência.

Autor de livros como Dora Bruder, Vila TristeMeninos Valentes, Ronda da Noite e Do Mais Longe do Esquecimento, lançados no Brasil pela Rocco e já fora de catálogo, Modiano é muito popular na França, onde é considerado um dos autores mais importantes da atualidade. Em 1978, ele venceu o Goncourt, principal prêmio literário do país, pelo livro Rue des Boutiques Obscures, lançado no Brasil como Uma Rua de Roma, também pela Rocco. Vive em Paris e faz da cidade cenário recorrente em seus textos. Já na língua inglesa, ele quase não tem tradução. Um dos únicos lançados em inglês, Dora Bruder foi publicado pela editora da Universidade da California, em 1999.
“Modiano tem cerca de 30 livros, a maioria romances. São obras muito curtas que se constituem em variações de um mesmo tema, a memória da perda, a relação entre identidade e memória”, disse o escritor e historiador sueco Peter Englund, secretário da Academia Sueca, em entrevista após o anúncio do prêmio. "São livros curtos e pequenos, não são difíceis de ler, você pode ler um à tarde e outro depois do jantar. Mas são muito bem escritos, muito elegantes."
Para quem ainda não conhece a obra de Modiano, Englund, recomendou o vencedor do Goncourt. "Para quem deseja começar a ler sua obra, recomendo Uma Rua de Roma, sobre um detetive que perdeu a memória e precisa descobrir quem ele realmente é. Para isso, precisa refazer os próprios passos. É um livro muito divertido, que brinca com o gênero policial."

Modiano também tem trabalhos no cinema. Ele aparece como roteirista nos créditos dos filmes Viagem do Coração (2003), de Jean-Paul Rappeneau, Lacombe Lucien (1974), de Louis Malle, Le Parfum d'Yvonne (1994), de Patrice Leconte, e Une Jeunesse (1983), de Moshé Mizrahi, os dois últimos adaptados de obras suas. E, de acordo com o site especializado em cinema IMDB, o autor também atua. Ele apareceu ao lado Catherine Deneuve em Genealogias de um Crime (1997), de Raoul Ruizfilm.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/premio-nobel-de-literatura-vai-para-o-frances-patrick-modiano

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O VALOR DO SACRIFÍCIO



"A própria noção de sacrifício, porém, é inseparável da noção de sagrado - podendo este último no fundo se definir como aquilo que faz com que a pessoa aceite (...) 'sair de si mesma', arrancando-se do tão querido Ego, cuja evidentíssima onipresença na cultura individualista, aliás, ninguém mais pensa em negar" (FERRY, Luc. FAMÍLIAS, amo vocês. p. 113).

O mundo está com pressa, mas não se sabe por quê. Há razões muito fortes de que o avanço de um mundo mais globalizado, tecnológico e informatizado, sobretudo, a partir dos anos 90 do século passado, tem contribuído bastante para um comportamento imediato e superficial, cuja característica é a fuga do sacrifício. Buscamos facilidades, mesmo que elas nos pareçam inseguras e rasas.
A base do sentido da palavra sacrifício está na mesma base do sentido da palavra sagrado, o qual exige de nós renúncia e um movimento de "saída de si". Mas nos esquecemos disso. Fugimos do sacrifício como os vampiros fugiam da cruz. Na era das facilidades, parece que o mais difícil, conquistado com muito sacrifício e luta, deixou de ser mais gostoso e duradouro.
Terminar uma Faculdade ou uma pós não implica mais, para muitos, uma realização pessoal ou vocacional, visto que passou a ser uma conquista rápida, fácil e sem sacrifício, quase como tudo na vida em tempos de hiperconsumo e de supervalorização da economia.
Ao alargarmos essa opinião para todo o resto, ou seja, para as outras áreas da vida, veremos que, na mesma proporção com que conquistamos nossos objetivos também podemos perdê-los rapidamente. Assim pode ser com a família, amigos, emprego ou profissão, caso não caprichemos na construção da obra, tal como faz o escultor que leva praticamente boa parte da vida trabalhando, dedicando-se inteira e intensamente, até nos legar obras-primas maravilhosas.
Ninguém se torna um Professor da noite para o dia. Não se torna um piloto de F1 num passe de mágica. Um médico não cai do céu pura e simplesmente. Advogados, engenheiros e técnicos também não. É preciso talento, dedicação, humildade, aprendizagem e muito, muito trabalho.
O problema é que os apressadinhos de hoje estão mais oportunistas do que nunca. Mal começam a se preparar para uma profissão e já estão de olho na profissão do colega. Porém, lembrem-se de que conquistar alguma coisa na vida requer sacrifício para respeitar o tempo da preparação. É importante saber que tudo tem um processo - até para cozinhar - princípio, meio e fim. Não queiramos queimar o processo, mesmo que para isso seja preciso muito sacrifício.


sábado, 9 de agosto de 2014

AMOR PELOS LIVROS

neil-gaiman-001“Vou contar como bibliotecas são importantes. Vou sugerir que ler ficção, que ler por prazer, é uma das coisas mais importantes que uma pessoa pode fazer”. Com estas palavras, Neil Gaiman inicia sua palestra para The Reading Agency – organização independente do Reino Unido voltada a fomentar a leitura entre crianças, jovens e adultos.
Gaiman ficou conhecido nos anos 1980 por seu trabalho como roteirista de histórias em quadrinhos para adultos, com destaque para a série Sandman. Sua trajetória conta com obras literárias para crianças, jovens e adultos, roteiros para cinema e letras de música.
Com base em sua carreira, e em sua vida no universo das palavras, das histórias e, principalmente, da leitura, o escritor discorreu sobre as mudanças que a leitura pode provocar. Primeiramente, declarou acreditar que a leitura continua a ocupar uma posição chave na era digital: nós navegamos por palavras e precisamos delas para nos comunicar (e podemos acrescentar que a leitura de ícones e imagens se intensificou também).
A formação de leitores, que possam usufruir da cultura letrada de modo geral, está relacionada com o gosto pela leitura. Gaiman acredita que os primeiros passos nesse sentido não podem ter filtros rígidos de boas e más leituras por parte dos incentivadores/formadores. “Não desencoraje as crianças da leitura porque você sente que elas estão lendo a coisa errada. A ficção que você não gosta é a rota para outros livros de sua preferência”, colocou o escritor. Ademais, diferentes pessoas, ainda que em um mesmo contexto, podem ter gostos bem diversificados. Acrescentou ainda que “adultos bem intencionados podem facilmente destruir o amor pela leitura: impedi-los de ler o que eles gostam, ou lhes dar livros chatos-mas-dignos que você gosta, os equivalentes contemporâneos da ‘refinada’ literatura vitoriana”.
A ficção ainda tem poder de empatia, no qual o leitor mergulha e constrói um universo particular (diferentemente da experiência que as produções audiovisuais para cinema e televisão proporcionam). Essa empatia particular fomenta igualmente a formação de grupos (e conexões) por afinidade.
Neil Gaiman ressalta a relevância da literatura para o desenvolvimento da criatividade. O governo chinês, por exemplo, reintroduziu a ficção científica, antes desaprovada pelas autoridades. Uma delegação enviada aos EUA constatou que os inventores/criadores de companhias como Apple, Google, Microsoft eram jovens leitores de ficção científica. A conclusão dos chineses, reiterada pelo escritor, aponto que o escapismo proporcionado pela ficção fornece ferramentas para interagir com (e reinventar) a realidade.
“Outro modo de destruir o amor das crianças pela leitura, claro, é garantir que não existam livros de qualquer tipo por perto”, continuou o escritor. O acesso a livros e outras mídias é essencial para a formação de leitores, seja por meio de acervos particulares, escolares ou públicos.
Os mediadores cumprem um papel significativo nesse processo: pais e familiares, amigos, professores, bibliotecários, jornalistas etc. Recordo-me de visitar meu tio avô e descobrir que ele tinha uma biblioteca particular (e que ele lera, ainda que não integralmente, todo aquele acervo). Atento ao meu fascínio, ele perguntou qual livro eu iria levar. Disse que não sabia. O Sr. Evaldo insistiu, me inquirindo sobre qual assunto me interessava. Respondi alegremente que gostava muito de Guerra nas Estrelas. “Pronto. Leve este livro!”, exclamou enquanto colocava em minhas mãos O Poder do Mito. Foi desse modo que um garoto de 14 anos leu (e gostou de) Joseph Campbell.
imagesPessoas que gostam de ler são bons mediadores. O respeito ao leitor, independentemente de sua idade ou repertório, também colabora para o incentivo à leitura. Frequentar uma biblioteca (ou gibiteca) infanto-juvenil pode ser muito prazeroso para as crianças e jovens quando há bibliotecários atentos e sensíveis.
O papel da mediação inclui, por outro lado, a filtragem de conteúdo, a localização e indicação de fontes ou leituras correlatas. Gaiman utiliza a seguinte metáfora sobre este aspecto da mediação: se antes era preciso localizar uma planta no deserto quando se buscava informações ou bibliografia sobre determinado assunto, na era digital é preciso localizar uma planta específica em uma grande floresta.
O escritor defende uma série de obrigações que temos com relação à alfabetização, à leitura, à escrita e à imaginação, a lutar politicamente pelo valor da leitura, à nossa relação com o passado, com a linguagem, com a comunicação e com o prazer da leitura.
Na educação formal, esse último aspecto precisa ser melhor considerado. O peso dos “clássicos” da literatura ainda é muito grande. Alunos do ensino médio são estimulados, às vezes exclusivamente, a ler as obras indicadas para as avaliações vestibulares. Muitos de meus alunos eram devoradores de livros, de Paulo Coelho a Caio Fernando Abreu. Eles me indicavam livros e eu a eles (Bram Stoker, por exemplo, fez grande um sucesso e abriu boas portas para a leitura de livros antes os alunos resistiam a ler e depois descobriram prazer em suas páginas). É preciso incentivar a leitura para além das “obras escolares”.
A palestra de Neil Gaiman lança proposições e retoma pontos relevantes acerca do mundo dos livros e nos permite repensar como estimulamos o amor pela leitura, para além das leituras que nos vemos obrigados a encarar, mas como parte constituinte de nossas vidas.
O passo primordial está em nós, em nossa própria leitura. “Eu acredito que nós temos uma obrigação de ler por prazer, em locais públicos ou privados. Se nós lemos por prazer, se outros nos veem lendo, então nós aprendemos, exercitamos nossa imaginação. Mostramos aos outros que ler é algo bom”, defendeu o escritor.
Citações de Neil Gaiman foram livremente traduzidas a partir da matéria publicada no jornal britânico The Guardian.

domingo, 29 de junho de 2014

“Chuva” de emoções



Brasil e Chile protagonizaram neste sábado 28/06 o primeiro jogo das oitavas de final rumo ao sonhado título. Mais do que um futebol bem jogado com trabalho de bola pelo meio-campo, vimos um punhado de passes errados com bolas lançadas diretamente da zaga ao ataque. Bem, esse foi o futebol da seleção brasileira.
A seleção chilena parecia muito mais consciente em campo; além de parar, catimbar, bem o ritmo do jogo, assistimos a um passeio de atenção, raça e desejo de vencer da equipe chilena.
Para nós, brasileiros, o jogo podia ter sido simples e fácil, pois, logo no início do jogo, num escanteio cobrado por Neymar, a bola bate involuntariamente no pé do defensor chileno e entra com a participação de David Luiz. Não vi gol de David, mas a FIFA viu e computou o gol na conta do zagueiro David Luiz.
Ainda antes de terminar o primeiro tempo, perdemos totalmente o controle do jogo e daí até ao seu final, que não foram só 90min, mas 120min fora os dramáticos pênaltis. O vacilo da seleção brasileira se deu, como falei, ainda no primeiro tempo por causa de um lateral malfeito e numa roubada de bola pelos atacantes do Chile que aproveitaram a oportunidade com Alexis Sanchéz para empatar o jogo.
Obviamente, o ponto alto desse jogo foi o gol contra a favor da nossa seleção, mas não poderíamos deixar passar as duas falhas do juiz; não deu um pênalti em cima do Hulk no primeiro tempo e anulou equivocadamente um gol maravilhoso do Hulk no qual mata a bola no ombro e faz um golaço; o bandeirinha da partida entendeu que a bola pegou no braço.
A partida inteirinha foi muito dramática, não deixando nada a desejar aos antigos espetáculos da tragédia grega. Com requintes de oração e súplica aos céus feitos por nossos jogadores a cada intervalo de jogo, inclusive na alternância dos pênaltis, fomos cobertos por uma experiência inesquecível no futebol, uma vitória nos pênaltis, em pleno Mineirão.
Definitivamente, o personagem do jogo foi Júlio César. Esbanjando confiança, defendeu como ninguém três bolas importantíssimas; uma no segundo tempo cara-a-cara e outras duas nos pênaltis contribuindo para a dramática vitória brasileira.
Os nossos jogadores transpareceram, nos 120min mais os pênaltis, estar molhados, suados até, de bênçãos, de emoções. Vimos uma “chuva” de emoções, mas, fica a dica, será necessário jogar muito mais e errar cada vez menos.

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva, filósofo.

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