"A própria noção de sacrifício, porém, é inseparável da noção de sagrado - podendo este último no fundo se definir como aquilo que faz com que a pessoa aceite (...) 'sair de si mesma', arrancando-se do tão querido Ego, cuja evidentíssima onipresença na cultura individualista, aliás, ninguém mais pensa em negar" (FERRY, Luc. FAMÍLIAS, amo vocês. p. 113).
O mundo está com pressa, mas não
se sabe por quê. Há razões muito fortes de que o avanço de um mundo mais
globalizado, tecnológico e informatizado, sobretudo, a partir dos anos 90 do
século passado, tem contribuído bastante para um comportamento imediato e
superficial, cuja característica é a fuga do sacrifício. Buscamos facilidades,
mesmo que elas nos pareçam inseguras e rasas.
A base do sentido da palavra
sacrifício está na mesma base do sentido da palavra sagrado, o qual exige de
nós renúncia e um movimento de "saída de si". Mas nos esquecemos
disso. Fugimos do sacrifício como os vampiros fugiam da cruz. Na era das facilidades,
parece que o mais difícil, conquistado com muito sacrifício e luta, deixou de
ser mais gostoso e duradouro.
Terminar uma Faculdade ou uma
pós não implica mais, para muitos, uma realização pessoal ou vocacional, visto
que passou a ser uma conquista rápida, fácil e sem sacrifício, quase como tudo
na vida em tempos de hiperconsumo e de supervalorização da economia.
Ao alargarmos essa opinião para
todo o resto, ou seja, para as outras áreas da vida, veremos que, na mesma
proporção com que conquistamos nossos objetivos também podemos perdê-los
rapidamente. Assim pode ser com a família, amigos, emprego ou profissão, caso
não caprichemos na construção da obra, tal como faz o escultor que leva
praticamente boa parte da vida trabalhando, dedicando-se inteira e intensamente,
até nos legar obras-primas maravilhosas.
Ninguém se torna um Professor da
noite para o dia. Não se torna um piloto de F1 num passe de mágica. Um médico
não cai do céu pura e simplesmente. Advogados, engenheiros e técnicos também
não. É preciso talento, dedicação, humildade, aprendizagem e muito, muito
trabalho.
O problema é que os
apressadinhos de hoje estão mais oportunistas do que nunca. Mal começam a se
preparar para uma profissão e já estão de olho na profissão do colega. Porém,
lembrem-se de que conquistar alguma coisa na vida requer sacrifício para
respeitar o tempo da preparação. É importante saber que tudo tem um processo -
até para cozinhar - princípio, meio e fim. Não queiramos queimar o processo,
mesmo que para isso seja preciso muito sacrifício.
Prof.
Jackislandy M. M. Silva.
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