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terça-feira, 7 de outubro de 2014

A esperança, o medo e Aécio por Caio Blinder

Sem medo                                                                       Sem medo
Não sei quantas vezes eu li nas últimas semanas (desde a morte de Eduardo Campos em desastre aéreo) que a eleição brasileira era uma montanha russa. E fomos embalados por narrativas vertiginosas, eu especialmente pelo o que é veiculado no exterior. Sobre Marina Silva houve um longo e excessivo estado de deslumbramento; com a recuperação de Dilma Rousseff, tomou lugar um estado de perplexidade.
Como é que pode? Apesar da economia moribunda (li o palavrão em alguma publicação), do Petrolão (esta obscenidade) e do estilo político de Dilma (uma chanchada), a presidente parecia caminhar com uma certa tranquilidade para a reeleição (quem sabe no primeiro turno).
Mesmo no domingo cedo, quando devorei o que havia para devorar sobre Brasil na mídia global, estava sedimentada uma narrativa: os brasileiros querem mudança, mas não tanto assim. Temem perder o que cosquistaram em 12 anos de governo PT. Isto racionalizava o favoritismo de Dilma, inclusive no segundo turno, apesar de tudo.
A construção deste raciocínio estava tanto no espanhol El País como no americano The Wall Street Journal. No entanto, uma eleição com tantas surpresas surpreendeu a imprensa internacional. Aliás, surpreendeu bem além dos gringos. Querem fazer uma pesquisa Ibope ou Datafolha para confirmar isso?
Deixo às legiões de analistas (a destacar meus colegas de VEJA) a tarefa de explicar o que se passa na montanha russa eleitoral. Eu li várias análises, mas aqui vou me limitar à minha percepção de cidadão, de eleitor.
Não se trata de expressar preferência partidária (já disse que não faço isso formalmente), mas de constatar o impacto do debate eleitoral na Globo na quinta-feira. Aécio Neves transmitiu firmeza e bonomia ao mesmo tempo. De resto, era o circo dos nanicos, a avoada Marina e aquela senhora carregando um calhamaço.
Sei que um acúmulo de coisas levaram a um desfecho eleitoral surpreendente no primeiro turno (desde a maior motivação de Aécio, após uma fase de desalento, a erros dos adversários), mas naquela quinta-feira à noite, o candidato tucano selou um pacto mais sólido com os eleitores. Agora é o candidato da oposição, um candidato a mudar o estado de coisas.
E uma explicação para o título desta coluna. Na coluna anterior sobre Brasil, optei pelo título Sem Medo. em referência ao embate entre o dito cujo e a esperança (tal narrativa se inspirava no tom das campanhas de Dilme e de Marina). Not bad.
Mas, quando propagandeei a coluna no Twitter, tive uma sacada melhor (se for muito autogeneroso, eu diria premonição) e taquei Esperança, Medo e Aécio, como se o candidato tucano fosse um terceiro sentimento, uma terceira variável, a terceira via por onde o eleitorado finalmente avançaria depois de viajar por semanas na montanha russa.
Gostei tanto da foto daquela coluna, cuja legenda já era o título acima que decidi repeti-la, sem medo de que na corrida do segundo turno Dilma consiga agarrar Marina.
***
Com as eleições pátrias, a coluna está bem menos convencional. Nunca na história desta coluna se falou tanto do Brasil. Que outubro termine logo! Então, até a colher de chá será menos convencional, bem mais provinciana, mais bairrista. Este jornalista paulistano confere a colher de chá para os eleitores paulistas. Deu para entender, né?
E a pedido do Eduardo (dia 6, 14:06), uma também para os eleitores paranenses.
Pessoal, muitos pedidos cívicos de colher de chá.  São 17h35, horário de Brasilia, happy hour, colher de chá para quem achou que merece por seu voto a favor de “tirar esta gente do poder”, ok?

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/eleicoes-brasil/a-esperanca-o-medo-e-aecio/

quinta-feira, 27 de março de 2014

A mancha da corrupção

Os governos, ditos democráticos, precisam preservar e fortalecer nossas instituições, torná-las cada vez mais imparciais, neutralizando as suspeitas de corrupção.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

E depois?

Todos se preocupam com a Copa do Mundo aqui no Brasil. E depois? Quais as consequências? Dívidas? Inflação? Desemprego? Crise econômica? ELEIÇÕES???????

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Educação do estado deflagra greve por tempo indeterminado

Foto: Lenilton Lima
Em assembleia realizada na manhã desta segunda-feira (12), em Natal, os trabalhadores em educação da rede estadual de ensino decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A assembleia aprovou o indicativo que tinha sido deliberado na semana passada.
Segundo a coordenadora geral Fátima Cardoso, o governo empurrou a categoria para a greve. “Buscamos todas as formas de negociação. Usamos todos os métodos de pressão, da denúncia social à ação na Justiça, mas este é um Governo que nem respeita o Sindicato, nem os servidores e muito menos respeita a Justiça, por isso tivemos que recorrer à greve”, afirmou Fátima.
O também coordenador geral Rômulo Arnaud, lembra que a greve já nasce fortalecida pela participação expressiva de todo o Interior do Estado na decisão. “Fizemos assembleias em todas as regionais. Em todas, a compreensão foi uma só: para enfrentar o desmantelo desse Governo só nos resta mesmo a greve’, reforçou Rômulo.
Já o coordenador José Teixeira lembrou a importância da participação de toda a sociedade neste movimento. Ele se referiu ao VT divulgado pelo Sinte-RN que denuncia o colapso da educação estadual: “No nosso VT mostramos a situação caótica em que se encontra a educação do Estado. Estamos mostrando para a sociedade potiguar que esta não é uma luta apenas da categoria, mas de todos os que entendem a importância da educação pública”, ressaltou.
Em breve estaremos divulgando o calendário de ações determinado pela Assembleia.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Pobres e o que mais...



Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, cegos, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheio de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais”.(Artur da Távola)



Escrever e pensar a partir dos pobres não gera status social, nem dividendos econômicos. Lutar com eles e por eles gera reações raivosas e incomoda aqueles que desejam manter privilégios. Aqueles que lutam com e pelos pobres sabem que estes precisam ser defendidos não porque sejam bons ou maus, mas porque são vítimas de um sistema econômico e político de exclusão, que não gera oportunidades em igualdade de condições para todos. Para quem ainda duvida disto, eis o que foi anunciado pela ONU: “90 milhões de pessoas devem cair em condição de pobreza extrema até o fim deste ano no mundo por causa da crise econômica mundial”.

Difícil crer que as pessoas pobres e excluídas não sejam vítimas; autores é que não os são; não escolheram viver na indignidade. Vítimas necessitam de defesa, ajuda e amparo, para que se lhes resgate a condição de dignidade. Dignidade confunde-se com liberdade, na busca que cada ser humano faz para constituir-se gente. Como disse Cecília Meirelles, “liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta e não há ninguém que não a busque e ninguém que não a entenda”.

Muitos perderam a noção de pertença à humanidade e não cultivam mais valores solidários. São moldados pela ideologia dominante que sugere que “a cada um é concedido conforme o seu empenho, o seu esforço, o seu talento”. Logo, a conclusão de que pobres são pobres porque assim o desejam. Ou que a condição de pobreza é resultado da falta de esforços e de vontade de cada um e cada uma. Outros desejam “enquadrar” os excluídos a partir de dados e estudos estatísticos, supondo que todos respondem do mesmo modo, mesmo nas diferentes adversidades e peculiaridades de vida de cada um.

A inclusão dos pobres na sociedade não é nada natural. Inclusão pressupõe reconhecimento recíproco da nossa condição de seres humanos, com necessidades básicas para viver bem. Exige também reconhecer-nos todos capazes de fazer nossas escolhas e desenvolver nossas habilidades e potencialidades. Supõe também dividir a riqueza e a renda, que resulta do trabalho e da tecnologia produzidos por todos. Significa construir oportunidades em igualdade de condições para todos, indistintamente.

Somamo-nos à Cláudio Brito, quando escreve interinamente na coluna de Paulo Santana do Zero Hora, dia 10 de julho: “precisamos encontrar formas de organizar a cidadania e a solidariedade dos muitos que ainda se compadecem com o sofrimento alheio dos excluídos. Quem doa esmolas ainda acredita que vidas podem ser recuperadas e salvas.”

Na democracia, deveríamos dar a todos o mesmo ponto de partida, pois o de chegada pode depender de cada um. “A verdadeira democracia não tolera a existência de excluídos”, disse Herbert de Souza, o Betinho. Só a solidariedade, no seu sentido mais amplo e profundo, será capaz de salvaguardar nossa condição de humanidade. Se “nascemos livres e iguais em dignidade e direitos” como preconiza a Declaração Universal dos Direitos Humanos, temos obrigação de cooperar com os outros, em espírito de fraternidade. Assim, mais humanos nos tornaremos.

Nei Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos.
 

 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Democracia: tragédia e farsa.

“(...) na democracia, cada cidadão comum é de fato um rei – mas um rei numa democracia constitucional, um monarca que decide apenas formalmente, cuja função é apenas assinar as medidas propostas pelo governo executivo. É por isso que o problema dos rituais democráticos é semelhante ao grande problema da monarquia constitucional: como proteger a dignidade do rei? Como manter a aparência de que o rei toma as decisões, quando todos sabemos que isso não é verdade? Trotsky estava certo então em sua crítica básica à democracia parlamentar: não é que ela dê poder demais às massas não instruídas, mas que, paradoxalmente, apassive as massas, deixando a iniciativa para o aparelho do poder estatal (ao contrário dos ‘sovietes’, em que as classes trabalhadoras se mobilizam e exercem o poder diretamente). Por conseguinte, o que chamamos de ‘crise da democracia’ não ocorre quando os indivíduos deixam de acreditar em seu poder, mas, ao contrário, quando deixam de confiar nas elites, que supostamente sabem por eles e fornecem as diretrizes, quando vivenciam a angústia que acompanha o reconhecimento de que ‘o (verdadeiro) trono está vazio’, de que a decisão agora é realmente deles. É por isso que, nas ‘eleições livres’, há sempre um aspecto mínimo de boa educação: os que estão no poder fingem educadamente que não detêm de fato o poder e nos pedem para decidir livremente se queremos lhes dar o poder – num modo que imita a lógica do gesto feito para ser recusado.”


In Primeiro como Tragédia, depois como farsa, de Slavoj Zizek.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Subida ao monte de João da Cruz

Modo para chegar ao Tudo

Para chegares ao que não sabes,
Hás de ir por onde não sabes.
Para chegares ao que não gozas,
Hás de ir por onde não gozas.
Para vires ao que não possuis,
Hás de ir por onde não possuis.
Para vires a ser o que não és,
Hás de ir por onde não és.

Modo de possuir tudo

Para vires a saber tudo,
Não queiras saber coisa alguma.
Para vires a gozar tudo,
Não queiras gozar coisa alguma.
Para vires a possuir tudo,
Não queiras possuir coisa alguma.
Para vires a ser tudo,
Não queiras ser coisa alguma.

Modo para não impedir o tudo

Quando reparas em alguma coisa,
Deixas de arrojar-te ao tudo.
Porque para vires de todo ao tudo,
Hás de deixar de todo ao tudo.
E quando vieres a tudo ter,
Hás de tê-lo sem nada querer.
Porque se queres ter algo em tudo,
Não tens puro em Deus teu tesouro. 

Indício de que se tem tudo

Nesta desnudez acha o espírito
sua quietação e descanso,
porque, nada cobiçando, nada
o impele para cima e nada
o oprime para baixo, porque
está no centro de sua humildade;
pois quando cobiça alguma coisa
nisto mesmo se fatiga. 


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Homens que não bancam




Em dias de preguiça de verão, vi um filme desses de cujo nome ninguém se lembra. Férias devem ser assim: nada fazer e quando fizer, fazer nada. Mede-se a liberdade de uma pessoa pela capacidade que ela tem de fazer nada nas férias sem sentir aquele apelo de classe média de “fazer algo nas férias”.
Mas eis que um filme me chamou atenção pela temática: o problema que é quando o homem vive sustentado pela mulher. O personagem em questão pergunta para uma advogada que o está defendendo num caso: por que homens aos montes sustentam financeiramente mulheres, e o contrário é visto com maus olhos?
A questão é que homens que pegam dinheiro de mulher são vistos como maus-caracteres. E ponto final. Não seria esse mais um preconceito que deveríamos combater, assim como achar que os ratinhos não têm alma?
Antes de tudo, devo avisar às sargentas de plantão de que pouco importa que estatísticas apontem muitos casos de mulheres que sustentam famílias nas classes C e D (normalmente são mães sozinhas). Quando eu era estudante de medicina na Universidade Federal da Bahia e dava plantão em cidades paupérrimas no interior do Estado, atendia quatro mulheres ao mesmo tempo (aquele tipo de experiência que a esquerdinha dos jantares inteligentes paulistanos morreria de medo de ter, mas mente dizendo que se importa com o sofrimento no mundo). Mulheres assim se apresentavam como “largadas de marido”.
Tampouco os “inteligentezinhos” devem perder seu tempo falando que seu terapeuta corporal vive muito bem cozinhando para a esposa médica na casa deles em Cotia. A questão do personagem merece atenção para além das modinhas. Homens assim são chamados “homens que tiram dinheiro de mulher”. A questão é: por que ainda hoje homens assim são malvistos? Por que se olha para eles com suspeita de que sejam maus-caracteres?
Claro que existem exceções, isto é, casais que vivem bem com arranjos assim; mas o fato é que esses arranjos costumam ter prazo de validade curto. E muitas brigas versam sobre essa “situação”.
Esse normalmente é aquele tipo de tema sobre o qual não se fala em famílias educadas ou entre pessoas que fingem que o mundo mudou depois dos anos 1960. Este tipo então é muito engraçado.
A verdade é que, mesmo que bem-sucedidas, mulheres que sustentam seus parceiros sentem, no silêncio do cotidiano, ou na agonia de ter que pagar as contas no final mês, um gosto amargo de solidão na boca. Seria idiota imaginar um homem que sustenta sua mulher sofrer por se sentir “só” na função de provedor da família. Por que as mulheres se sentem sozinhas nessa situação, e os homens não?
Mas nossa heroína se pergunta: será que eu não mereço mais? Por que justo eu não consigo que meu parceiro me “banque”?
O mais duro é que mesmo em casos comuns nos quais os casais dividem os gastos, essas mulheres, que dividem os gastos, também “invejam” aquelas que têm maridos que “bancam”. Há casos em que mesmo que elas não precisem, gostariam de ter maridos que “banquem”. Eis o príncipe eterno. Todas o querem.
Aliás, o verbo “bancar” (e sua ambiguidade entre “sustentar”, “enfrentar situações difíceis” e o substantivo “banco”, lugar de dinheiro) vem muito a calhar. É comum dizer que, em casos nos quais a mulher tem muita grana, isso nunca é um problema. Acho que sim, mas nem tanto. Se ele não a banca financeiramente, porque ela de fato não precisa, ele terá que bancá-la em outro lugar. A mulher sempre quer “ser bancada”.
O incômodo feminino com homens “que não bancam” parece passar não só pela falta de grana (essa é apenas a mais universal das referências), mas essencialmente pelo problema do homem que “não tem atitude”. “Ele podia pelo menos se mexer…”, diria nossa heroína. Logo ela perderá o respeito por ele. Seria a causa biológica ou cultural?
Se a mulher séria tem de provar que não dá por aí, o homem sério tem de provar que não quer pegar dinheiro de mulher. Eis dois limites do blá-blá-blá contemporâneo. Mesmo que façam pose de bem resolvidas bancando seus homens, essas mulheres sofrem com isso e estão mentindo.

Luiz Felipe Pondé (jornal FSP – 21.01.2012)  | Outra fonte para este artigo: AQUI

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

A esperança, o medo e Aécio por Caio Blinder

Sem medo                                                                       Sem medo
Não sei quantas vezes eu li nas últimas semanas (desde a morte de Eduardo Campos em desastre aéreo) que a eleição brasileira era uma montanha russa. E fomos embalados por narrativas vertiginosas, eu especialmente pelo o que é veiculado no exterior. Sobre Marina Silva houve um longo e excessivo estado de deslumbramento; com a recuperação de Dilma Rousseff, tomou lugar um estado de perplexidade.
Como é que pode? Apesar da economia moribunda (li o palavrão em alguma publicação), do Petrolão (esta obscenidade) e do estilo político de Dilma (uma chanchada), a presidente parecia caminhar com uma certa tranquilidade para a reeleição (quem sabe no primeiro turno).
Mesmo no domingo cedo, quando devorei o que havia para devorar sobre Brasil na mídia global, estava sedimentada uma narrativa: os brasileiros querem mudança, mas não tanto assim. Temem perder o que cosquistaram em 12 anos de governo PT. Isto racionalizava o favoritismo de Dilma, inclusive no segundo turno, apesar de tudo.
A construção deste raciocínio estava tanto no espanhol El País como no americano The Wall Street Journal. No entanto, uma eleição com tantas surpresas surpreendeu a imprensa internacional. Aliás, surpreendeu bem além dos gringos. Querem fazer uma pesquisa Ibope ou Datafolha para confirmar isso?
Deixo às legiões de analistas (a destacar meus colegas de VEJA) a tarefa de explicar o que se passa na montanha russa eleitoral. Eu li várias análises, mas aqui vou me limitar à minha percepção de cidadão, de eleitor.
Não se trata de expressar preferência partidária (já disse que não faço isso formalmente), mas de constatar o impacto do debate eleitoral na Globo na quinta-feira. Aécio Neves transmitiu firmeza e bonomia ao mesmo tempo. De resto, era o circo dos nanicos, a avoada Marina e aquela senhora carregando um calhamaço.
Sei que um acúmulo de coisas levaram a um desfecho eleitoral surpreendente no primeiro turno (desde a maior motivação de Aécio, após uma fase de desalento, a erros dos adversários), mas naquela quinta-feira à noite, o candidato tucano selou um pacto mais sólido com os eleitores. Agora é o candidato da oposição, um candidato a mudar o estado de coisas.
E uma explicação para o título desta coluna. Na coluna anterior sobre Brasil, optei pelo título Sem Medo. em referência ao embate entre o dito cujo e a esperança (tal narrativa se inspirava no tom das campanhas de Dilme e de Marina). Not bad.
Mas, quando propagandeei a coluna no Twitter, tive uma sacada melhor (se for muito autogeneroso, eu diria premonição) e taquei Esperança, Medo e Aécio, como se o candidato tucano fosse um terceiro sentimento, uma terceira variável, a terceira via por onde o eleitorado finalmente avançaria depois de viajar por semanas na montanha russa.
Gostei tanto da foto daquela coluna, cuja legenda já era o título acima que decidi repeti-la, sem medo de que na corrida do segundo turno Dilma consiga agarrar Marina.
***
Com as eleições pátrias, a coluna está bem menos convencional. Nunca na história desta coluna se falou tanto do Brasil. Que outubro termine logo! Então, até a colher de chá será menos convencional, bem mais provinciana, mais bairrista. Este jornalista paulistano confere a colher de chá para os eleitores paulistas. Deu para entender, né?
E a pedido do Eduardo (dia 6, 14:06), uma também para os eleitores paranenses.
Pessoal, muitos pedidos cívicos de colher de chá.  São 17h35, horário de Brasilia, happy hour, colher de chá para quem achou que merece por seu voto a favor de “tirar esta gente do poder”, ok?

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/eleicoes-brasil/a-esperanca-o-medo-e-aecio/

quinta-feira, 27 de março de 2014

A mancha da corrupção

Os governos, ditos democráticos, precisam preservar e fortalecer nossas instituições, torná-las cada vez mais imparciais, neutralizando as suspeitas de corrupção.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

E depois?

Todos se preocupam com a Copa do Mundo aqui no Brasil. E depois? Quais as consequências? Dívidas? Inflação? Desemprego? Crise econômica? ELEIÇÕES???????

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Educação do estado deflagra greve por tempo indeterminado

Foto: Lenilton Lima
Em assembleia realizada na manhã desta segunda-feira (12), em Natal, os trabalhadores em educação da rede estadual de ensino decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A assembleia aprovou o indicativo que tinha sido deliberado na semana passada.
Segundo a coordenadora geral Fátima Cardoso, o governo empurrou a categoria para a greve. “Buscamos todas as formas de negociação. Usamos todos os métodos de pressão, da denúncia social à ação na Justiça, mas este é um Governo que nem respeita o Sindicato, nem os servidores e muito menos respeita a Justiça, por isso tivemos que recorrer à greve”, afirmou Fátima.
O também coordenador geral Rômulo Arnaud, lembra que a greve já nasce fortalecida pela participação expressiva de todo o Interior do Estado na decisão. “Fizemos assembleias em todas as regionais. Em todas, a compreensão foi uma só: para enfrentar o desmantelo desse Governo só nos resta mesmo a greve’, reforçou Rômulo.
Já o coordenador José Teixeira lembrou a importância da participação de toda a sociedade neste movimento. Ele se referiu ao VT divulgado pelo Sinte-RN que denuncia o colapso da educação estadual: “No nosso VT mostramos a situação caótica em que se encontra a educação do Estado. Estamos mostrando para a sociedade potiguar que esta não é uma luta apenas da categoria, mas de todos os que entendem a importância da educação pública”, ressaltou.
Em breve estaremos divulgando o calendário de ações determinado pela Assembleia.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Pobres e o que mais...



Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, cegos, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheio de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais”.(Artur da Távola)



Escrever e pensar a partir dos pobres não gera status social, nem dividendos econômicos. Lutar com eles e por eles gera reações raivosas e incomoda aqueles que desejam manter privilégios. Aqueles que lutam com e pelos pobres sabem que estes precisam ser defendidos não porque sejam bons ou maus, mas porque são vítimas de um sistema econômico e político de exclusão, que não gera oportunidades em igualdade de condições para todos. Para quem ainda duvida disto, eis o que foi anunciado pela ONU: “90 milhões de pessoas devem cair em condição de pobreza extrema até o fim deste ano no mundo por causa da crise econômica mundial”.

Difícil crer que as pessoas pobres e excluídas não sejam vítimas; autores é que não os são; não escolheram viver na indignidade. Vítimas necessitam de defesa, ajuda e amparo, para que se lhes resgate a condição de dignidade. Dignidade confunde-se com liberdade, na busca que cada ser humano faz para constituir-se gente. Como disse Cecília Meirelles, “liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta e não há ninguém que não a busque e ninguém que não a entenda”.

Muitos perderam a noção de pertença à humanidade e não cultivam mais valores solidários. São moldados pela ideologia dominante que sugere que “a cada um é concedido conforme o seu empenho, o seu esforço, o seu talento”. Logo, a conclusão de que pobres são pobres porque assim o desejam. Ou que a condição de pobreza é resultado da falta de esforços e de vontade de cada um e cada uma. Outros desejam “enquadrar” os excluídos a partir de dados e estudos estatísticos, supondo que todos respondem do mesmo modo, mesmo nas diferentes adversidades e peculiaridades de vida de cada um.

A inclusão dos pobres na sociedade não é nada natural. Inclusão pressupõe reconhecimento recíproco da nossa condição de seres humanos, com necessidades básicas para viver bem. Exige também reconhecer-nos todos capazes de fazer nossas escolhas e desenvolver nossas habilidades e potencialidades. Supõe também dividir a riqueza e a renda, que resulta do trabalho e da tecnologia produzidos por todos. Significa construir oportunidades em igualdade de condições para todos, indistintamente.

Somamo-nos à Cláudio Brito, quando escreve interinamente na coluna de Paulo Santana do Zero Hora, dia 10 de julho: “precisamos encontrar formas de organizar a cidadania e a solidariedade dos muitos que ainda se compadecem com o sofrimento alheio dos excluídos. Quem doa esmolas ainda acredita que vidas podem ser recuperadas e salvas.”

Na democracia, deveríamos dar a todos o mesmo ponto de partida, pois o de chegada pode depender de cada um. “A verdadeira democracia não tolera a existência de excluídos”, disse Herbert de Souza, o Betinho. Só a solidariedade, no seu sentido mais amplo e profundo, será capaz de salvaguardar nossa condição de humanidade. Se “nascemos livres e iguais em dignidade e direitos” como preconiza a Declaração Universal dos Direitos Humanos, temos obrigação de cooperar com os outros, em espírito de fraternidade. Assim, mais humanos nos tornaremos.

Nei Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos.
 

 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Democracia: tragédia e farsa.

“(...) na democracia, cada cidadão comum é de fato um rei – mas um rei numa democracia constitucional, um monarca que decide apenas formalmente, cuja função é apenas assinar as medidas propostas pelo governo executivo. É por isso que o problema dos rituais democráticos é semelhante ao grande problema da monarquia constitucional: como proteger a dignidade do rei? Como manter a aparência de que o rei toma as decisões, quando todos sabemos que isso não é verdade? Trotsky estava certo então em sua crítica básica à democracia parlamentar: não é que ela dê poder demais às massas não instruídas, mas que, paradoxalmente, apassive as massas, deixando a iniciativa para o aparelho do poder estatal (ao contrário dos ‘sovietes’, em que as classes trabalhadoras se mobilizam e exercem o poder diretamente). Por conseguinte, o que chamamos de ‘crise da democracia’ não ocorre quando os indivíduos deixam de acreditar em seu poder, mas, ao contrário, quando deixam de confiar nas elites, que supostamente sabem por eles e fornecem as diretrizes, quando vivenciam a angústia que acompanha o reconhecimento de que ‘o (verdadeiro) trono está vazio’, de que a decisão agora é realmente deles. É por isso que, nas ‘eleições livres’, há sempre um aspecto mínimo de boa educação: os que estão no poder fingem educadamente que não detêm de fato o poder e nos pedem para decidir livremente se queremos lhes dar o poder – num modo que imita a lógica do gesto feito para ser recusado.”


In Primeiro como Tragédia, depois como farsa, de Slavoj Zizek.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Subida ao monte de João da Cruz

Modo para chegar ao Tudo

Para chegares ao que não sabes,
Hás de ir por onde não sabes.
Para chegares ao que não gozas,
Hás de ir por onde não gozas.
Para vires ao que não possuis,
Hás de ir por onde não possuis.
Para vires a ser o que não és,
Hás de ir por onde não és.

Modo de possuir tudo

Para vires a saber tudo,
Não queiras saber coisa alguma.
Para vires a gozar tudo,
Não queiras gozar coisa alguma.
Para vires a possuir tudo,
Não queiras possuir coisa alguma.
Para vires a ser tudo,
Não queiras ser coisa alguma.

Modo para não impedir o tudo

Quando reparas em alguma coisa,
Deixas de arrojar-te ao tudo.
Porque para vires de todo ao tudo,
Hás de deixar de todo ao tudo.
E quando vieres a tudo ter,
Hás de tê-lo sem nada querer.
Porque se queres ter algo em tudo,
Não tens puro em Deus teu tesouro. 

Indício de que se tem tudo

Nesta desnudez acha o espírito
sua quietação e descanso,
porque, nada cobiçando, nada
o impele para cima e nada
o oprime para baixo, porque
está no centro de sua humildade;
pois quando cobiça alguma coisa
nisto mesmo se fatiga. 


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Homens que não bancam




Em dias de preguiça de verão, vi um filme desses de cujo nome ninguém se lembra. Férias devem ser assim: nada fazer e quando fizer, fazer nada. Mede-se a liberdade de uma pessoa pela capacidade que ela tem de fazer nada nas férias sem sentir aquele apelo de classe média de “fazer algo nas férias”.
Mas eis que um filme me chamou atenção pela temática: o problema que é quando o homem vive sustentado pela mulher. O personagem em questão pergunta para uma advogada que o está defendendo num caso: por que homens aos montes sustentam financeiramente mulheres, e o contrário é visto com maus olhos?
A questão é que homens que pegam dinheiro de mulher são vistos como maus-caracteres. E ponto final. Não seria esse mais um preconceito que deveríamos combater, assim como achar que os ratinhos não têm alma?
Antes de tudo, devo avisar às sargentas de plantão de que pouco importa que estatísticas apontem muitos casos de mulheres que sustentam famílias nas classes C e D (normalmente são mães sozinhas). Quando eu era estudante de medicina na Universidade Federal da Bahia e dava plantão em cidades paupérrimas no interior do Estado, atendia quatro mulheres ao mesmo tempo (aquele tipo de experiência que a esquerdinha dos jantares inteligentes paulistanos morreria de medo de ter, mas mente dizendo que se importa com o sofrimento no mundo). Mulheres assim se apresentavam como “largadas de marido”.
Tampouco os “inteligentezinhos” devem perder seu tempo falando que seu terapeuta corporal vive muito bem cozinhando para a esposa médica na casa deles em Cotia. A questão do personagem merece atenção para além das modinhas. Homens assim são chamados “homens que tiram dinheiro de mulher”. A questão é: por que ainda hoje homens assim são malvistos? Por que se olha para eles com suspeita de que sejam maus-caracteres?
Claro que existem exceções, isto é, casais que vivem bem com arranjos assim; mas o fato é que esses arranjos costumam ter prazo de validade curto. E muitas brigas versam sobre essa “situação”.
Esse normalmente é aquele tipo de tema sobre o qual não se fala em famílias educadas ou entre pessoas que fingem que o mundo mudou depois dos anos 1960. Este tipo então é muito engraçado.
A verdade é que, mesmo que bem-sucedidas, mulheres que sustentam seus parceiros sentem, no silêncio do cotidiano, ou na agonia de ter que pagar as contas no final mês, um gosto amargo de solidão na boca. Seria idiota imaginar um homem que sustenta sua mulher sofrer por se sentir “só” na função de provedor da família. Por que as mulheres se sentem sozinhas nessa situação, e os homens não?
Mas nossa heroína se pergunta: será que eu não mereço mais? Por que justo eu não consigo que meu parceiro me “banque”?
O mais duro é que mesmo em casos comuns nos quais os casais dividem os gastos, essas mulheres, que dividem os gastos, também “invejam” aquelas que têm maridos que “bancam”. Há casos em que mesmo que elas não precisem, gostariam de ter maridos que “banquem”. Eis o príncipe eterno. Todas o querem.
Aliás, o verbo “bancar” (e sua ambiguidade entre “sustentar”, “enfrentar situações difíceis” e o substantivo “banco”, lugar de dinheiro) vem muito a calhar. É comum dizer que, em casos nos quais a mulher tem muita grana, isso nunca é um problema. Acho que sim, mas nem tanto. Se ele não a banca financeiramente, porque ela de fato não precisa, ele terá que bancá-la em outro lugar. A mulher sempre quer “ser bancada”.
O incômodo feminino com homens “que não bancam” parece passar não só pela falta de grana (essa é apenas a mais universal das referências), mas essencialmente pelo problema do homem que “não tem atitude”. “Ele podia pelo menos se mexer…”, diria nossa heroína. Logo ela perderá o respeito por ele. Seria a causa biológica ou cultural?
Se a mulher séria tem de provar que não dá por aí, o homem sério tem de provar que não quer pegar dinheiro de mulher. Eis dois limites do blá-blá-blá contemporâneo. Mesmo que façam pose de bem resolvidas bancando seus homens, essas mulheres sofrem com isso e estão mentindo.

Luiz Felipe Pondé (jornal FSP – 21.01.2012)  | Outra fonte para este artigo: AQUI

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