Cá estou eu novamente para grafar os últimos devaneios
deste ano. “Um bom ano”. Lembram do filme que traz
esse título!? Nele o autor leva o espectador a viajar do ritmo
frenético dos negócios a uma pacata cidadezinha da França, cheia
de vinhedos, com suas peculiaridades convencionais e muito
provinciana. Da cidade à Província. Está aí uma bela passagem. Ou
vice-versa. Uma das muitas passagens que podemos fazer: Da agitação
à calmaria. O protagonista do filme consegue encontrar o seu destino
onde menos esperava. Ao tomar conta dos negócios do vinhedo do tio
numa pequena cidade, encontra-se pessoalmente e descobre o amor e a
felicidade.
Para sair e fazer a passagem do “grande” ao “pequeno”
sujeito, como diria Charles Chaplin, será preciso que a generosidade
nos acompanhe em cada gesto. Dar um pouco do que é seu a outro
revela uma parte sua antes desconhecida. Dar lugar à generosidade
nesse fim de ano parece ser uma boa sugestão para quem, de fato,
ainda pretende livrar-se de si mesmo e de suas vicissitudes egoístas
e desonestas. A generosidade nos faz mergulhar maravilhosamente na
mais pura vida, sem dinheiro e sem politicagem, e ir experimentar o
quase nada dos outros. Passar do solitário ao solidário com as mãos
e o coração cheios de amor e de atenção para dar.
Já se perguntou o que pode dar? Dar. Dar o quê? Dar algo além de
presentes, dinheiro e uma boa mesa. O falso clichê de que “ninguém
dá o que não tem” se confronta com a ideia de que algo se pode
dar do que se é. Sim, pode-se dar o que se é. Não há nada que não
possamos dar de nosso ser, uma vez que é próprio do ser dar, dar
sempre mais. Quem nunca ouviu a frase: “Ninguém é tão
necessitado que não tenha nada para dar e ninguém é tão
suficiente que não tenha nada para receber”. Generoso ao dar, mas
generoso também ao receber em todos os sentidos. Por exemplo: Há
pessoas que são muito generosas para falar, mas pouco generosas para
ouvir.
Não me refiro somente ao nada econômico, o mais desprezível de
todos porque é o valor mais focado por todos, mas me refiro ao que
quase ninguém liga mais, aos afetos, ao que é interno e que se
encontra na linha do amor. Na estreita linha do amor estão os
inexplicáveis atos de bondade e de generosidade tão próprios aos
seres humanos, a tudo que é humano. É daí que vem, sim, a
verdadeira generosidade.
Quantos não fecharam suas mãos, não só as mãos, mas fecharam o
coração durante todo este ano! Portanto, é hora de abrir as mãos,
o coração, a cabeça, os olhos, a vida para quem não pode abrí-los
devido aos inúmeros impedimentos, a saber: fome, miséria, doença,
desemprego, violência, corrupção, ganância e egoísmo. Romper a
barreira de todos esses impedimentos é a graciosa sugestão da
generosidade possível ao homem.
O mais engraçado da generosidade é que sem gratidão
dificilmente poderá ser experimentada. A gratidão é a força da
generosidade. Sem gratidão, a generosidade se transforma em vaidade.
A honra da generosidade é um coração grato. Veja que, só com
amor, a generosidade faz sentido. Para conservarmos a dignidade do
ato de dar, é necessário reconhecermos nossa consciência, vontade
e liberdade ao dar. Ser generoso é, antes de tudo, ser gracioso
pelas muitas coisas que chegaram até nós sem esforço algum.
Reconhecer que o calor do sol, a luminosidade da lua, a fonte dos
rios, o movimento dos mares, a fertilidade da terra, o carinho dos
animais, a bondade das pessoas, a beleza das florestas e o presente
dos filhos não têm preço, é de graça que recebemos, na verdade,
já são um esplendor de generosidade.
Prof. Jackislandy Meira de Medeiros
Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em
Teologia e Especialista em Metafísica
Páginas na internet:
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