Para falar a verdade, aqui em Florânia, imagino também no Brasil inteiro, depois que a seleção brasileira saiu da copa, o nível e o entusiasmo em relação aos jogos deram uma baixadinha. Contam-se as pessoas por aqui que ainda falam em copa do mundo, mesmo às vésperas de uma final inédita com o título a ser conquistado por uma seleção inédita na história das copas. Holanda ou Espanha estão à beira de entrar para o seleto grupo das seleções campeãs do mundo.
Quem acompanhou ao jogo entre Alemanha e Uruguai esta tarde, viu um dos melhores jogos desta copa. Para muitos, a Alemanha é a melhor equipe e Uruguai é a seleção sentimento da copa. Portanto, cruzam-se em campo pelo 3º lugar, Alemães e Uruguaios. Equipe versus sentimento. Aqueles representando a Razão; estes representando a Emoção. Ali está Müller; aqui está Forlán. Bem ali um artilheiro que equilibra; bem aqui um craque que desequilibra.
De jogo solto para ambos os lados, os dois times jogam para vencer a todo instante e sobram em campo. Mas, quem se deu a melhor foi a Alemanha, porém o Uruguai chegou a virar o jogo para 2 a 1 com um golaço de Forlán. Um gol memorável, de bate pronto, de voleio, matando o arqueiro alemão. Quando menos se esperava, a Alemanha fez dois gols bobos de cabeça, revirando a partida para 3 a 2, conquistando assim o 3º lugar da copa.
Pois bem, em homenagem a Forlán, pelo que jogou hoje e pelo que demonstrou na copa inteira, principalmente pelo lindo gol marcado em Porto Elizabeth, África do Sul, aí vai um poema de Vinícius de Morais, que completou trinta anos de saudades esta semana. Tomei a liberdade de escolher um poema seu ligado ao futebol, uma vez em que estamos no final da copa de 2010. O poema, escrito no Rio de Janeiro em 1962 no contexto do bicampeonato brasileiro, faz alusão à Garrincha, o anjo das pernas tortas, e que não pretende aqui ser sinal algum de comparação com Forlán, até porque Garrincha é inigualável na arte de jogar futebol.
O ANJO DAS PERNAS TORTAS
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!
Num só transporte a multidão contrita
Em alto de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: -- Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um l. É pura dança!
Professor Jackislandy Meira de M. Silva
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