A
população está entregue às traças, enquanto nos palácios, gente
inteligentinha de todo tipo (com o mesmo caráter da aristocracia
pré-revolucionária de Versailles) discursa sobre “direitos humanos dos
bandidos”, toma vinho chileno, paga escola de esquerda da zona oeste de
São Paulo que custa 3 mil reais mensais e vai para Nova York brincar de
culta.
A
inteligência ocidental está podre, mergulhada em seus delírios de
reconstrução do mundo a partir de seus três gnomos Marx, Foucault e
Bourdieu. Nós, desta casta de ungidos, desprezamos o povo comum porque
pensamos que o que eles pensam é coisa de gente ignorante.
Outro dia
fui abordado por um frentista num posto perto da minha casa na zona
oeste (perto daquela praça destruída aos domingos pelas bikes
-”bicicletas” na língua de pobre). Ele disse: “O senhor não é aquele
filósofo da televisão?”. E continuou: “Não pense que porque somos
proletários, não entendemos o que o senhor fala na televisão”.
Quem
adivinha do que ele queria falar? Este posto sempre foi 24 horas e agora
não é mais. Por quê? Disse ele que estavam todos, do dono aos
funcionários, cansados de serem assaltados toda noite. Disse ele: “O
ladrão vem na sua moto, para, põe a arma na nossa cara, rouba tudo,
ameaça nos matar e vai embora. Nada acontece”.
E mais: “E fica todo mundo preocupado com o direito dos bandidos. Onde ficam os direitos de quem trabalha todo dia?”.
Vou dizer
uma blasfêmia, dirão alguns dos meus amigos da casta inteligentinha: se
preocupar com direitos dos bandidos é apenas um modo chique de continuar
se lixando para o “povo”, assim como os coronéis nordestinos sempre se
lixaram, a diferença agora é que a indiferença para com o destino das
pessoas comuns vem regada a vinho chileno e leituras de Foucault.
A “elite branca letrada” é completamente indiferente para com o destino desse frentista.
Ele pede
para que a polícia “acabe com os bandidos para ele poder trabalhar e a
mulher e filhos dele não serem mortos”. Ingênuo? Simplista? Talvez, mas
nem por isso menos verdadeiro na sua demanda “por direitos”. A verdade é
que estamos mergulhados num blá-blá-blá pseudocientífico das razões que
levam alguém a ser bandido, seja qual for a idade, e enquanto isso esse
frentista se ferra.
O que terá
acontecido, que de repente a elite letrada e pública ficou tão “sensível
ao sofrimento social” e tão indiferente ao sofrimento desta “pequena
gente honesta”? Até escuto alguns de nós dizer: “São uns mesquinhos que
só pensam nas suas vidinhas”. Quem sabe alguns mais anacrônicos
arriscariam: “Isso é resquício do pensamento pequeno burguês”.
A verdade é que nós estamos pouco nos
lixando para o que essa gente que anda de metrô, trem e quatro ônibus
sofre. Todo mundo muito “alegrinho” com a PEC das empregadas domésticas,
mas entre elas e os bandidos a vítima social são os bandidos.
A pergunta
que não quer calar é: por que em países islâmicos, por exemplo, com alto
índice de pobreza, não existe criminalidade endêmica? Será que tem a
ver com medo da terrível punição corânica?
Dirão os
inteligentinhos que a causa da criminalidade é social. Hoje em dia,
“causa social” serve para tudo, como um dia foram os astros e noutro a
vontade dos deuses. Não nego que existam componentes sociais de fome e
sofrimento na causa do comportamento criminoso, mas ninguém mais leva em
conta que a maioria que vira bandido porque não quer trabalhar todo dia
como esse frentista.
Ser bandido é, antes de tudo, um problema de caráter. E esse frentista, pobre também, sabe disso muito bem, só quem não sabe é minha casta de inteligentinhos.
O que dirão
os inteligentinhos quando esse contingente de verdadeiras vítimas
sociais do crime começarem a se organizar e matar os bandidos a sua
volta? Pedirão a alguma ONG europeia para proteger os bandidos dessa
gente “mesquinha” que só pensa em sua casinha, seus filhinhos e seu
dinheirinho?
Acusarão essa gente humilhada e
assaltada de não ter “sensibilidade social”? Dirão que soltar bandidos
na rua é “justa violência revolucionária”?
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