Dista de nós apenas 04(quatro) dias da décima nona edição da Copa do Mundo de Futebol. Uma copa que ultrapassa as fronteiras da Europa, da Ásia, da Oceania, das Américas para invadir a alegria e o entusiasmo de um Continente profundamente marcado pela recente história de humilhação racial, o Continente Africano.
Até pouco tempo, negros e brancos não caminhavam na mesma calçada. Negros e brancos não eram tratados com os mesmos direitos. Não compartilhavam dos mesmos Bancos, das mesmas ruas, dos mesmos bairros, das mesmas cidades, das mesmas escolas, dos mesmos empregos, dos mesmos campos de futebol. A segregação racial impedia o povo africano de viver seus sonhos, seus ideais, assim como os controlavam violentamente até então. Mas, uma fenda se abre na rocha fria e dura da história de racismo dos africanos com um homem cuja imagem deixa perplexo quem o vê, Nelson Mandela(foto: Nelson Mandela com a taça nas mãos).
Às vésperas de completar seus 90 anos de vida, este homem negro, de cabelos branquinhos, esbelto, alto, bonito e simpático enche o ambiente com sua presença encantadora e magnética como nenhum outro homem, na terra da Copa. Isto é dito pelas pessoas que tiveram a graça de conhecê-lo. Joel Santana, ex-treinador dos “Bafana, Bafana”. Carlos Alberto Parreira, atual treinador dos “Bafana, Bafana”, seleção da África do Sul. Esta é também a opinião de jornalistas, de jogadores de futebol, atores de cinema, professores, intelectuais brasileiros, todos afirmam e testemunham o impacto que Nelson Mandela causa às pessoas. A comoção é imediata não somente pela expressão que irradia de seus olhos, de seu semblante, mas por aquilo que representa historicamente para a África do Sul e para o mundo.
Esta não será, tão somente, a Copa do Mundo de Futebol, porém a Copa de Nelson Mandela. Mandela e o povo africano são mais do que merecedores de tão grandioso prêmio, sediar uma copa do mundo de futebol para lembrar a todos que a esperança triunfou sobre o medo e que a liberdade venceu a escravidão do racismo.
Talvez não saiba muito sobre futebol, mas é um perito em liberdade, tolerância e dignidade, sobretudo por ser um homem digno e honrado por todos. O mundo o admira. Admira sua esperança, sua insistência, sua sede de justiça, sua fé. Nelson Mandela ficou 27 anos preso, e 18 anos numa solitária, lutando por uma ideia: as pessoas não são diferentes por causa da cor da pele. Foram vinte e sete anos preso, mas não desistiu. Disseram a ele: “Nelson, faz cinco anos que você está preso, deixa disso, assina lá os papéis, uma hora vai acabar o Apartheid, a segregação racial.” Ele não desistiu. “Nelson, faz 15 anos que você está preso, larga disso, nós não vamos vencer. Eles são os donos das leis, os donos das armas, os donos do dinheiro.” Ele não desistiu. “Nelson, faz 25 anos que você está preso, um quarto de século. Espera, outros virão, uma hora acaba o Apartheid. Eles são os donos da política, os donos das fábricas, os donos dos juízes.” E ele não desistiu; ficou 27 anos preso, quando saiu tornou-se o Presidente da África do Sul e responsável por destruir uma das maiores aberrações da história humana, a da segregação de qualquer tipo, a discriminação racial, religiosa, política e de etnia.
Assim, a Copa que está prestes a começar é um evento esportivo de futebol cuja magnitude brindará uma história de liberdade e de luta racial preconizada por Nelson Mandela que, apesar de tudo, não desistiu.
Parafraseando Mário Sérgio Cortella, filósofo e Doutor em Educação, “Nossa tarefa na vida é Mandelar”. Portanto, nesta Copa do Mundo de 2010, eu Mandelo, tu Mandelas, ele Mandela, nós Mandelamos com nossas “jabulanis” e “vuvuzelas”, isto é, com nossas bolas e cornetas.
Professor Jackislandy Meira de Medeiros Silva
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