Um tipo de justiça que se
afirma na fruição nos leva a vislumbrar um mundo cheio de alegria de viver,
onde é possível coexistir em meio aos paradoxos que há nele. Para Emmanuel Lévinas,
filósofo lituano com cidadania francesa, este mundo que se opõe ao que não é do
mundo é o mundo que habitamos. Sobre isso, vejam o que diz Lévinas, numa obra
sua “Da existência ao existente”:
“O homem que come é o mais
justo dos homens[...] Respiramos por respirar, comemos e bebemos por comer e
beber, abrigamo-nos por nos abrigar, estudamos para satisfazer nossa
curiosidade, passeamos por passear. Tudo isso não é para viver. Tudo isso é
viver. Viver é uma sinceridade. O mundo que se opõe ao que não é do mundo é o
mundo que habitamos, onde passeamos, onde almoçamos e jantamos, onde fazemos
visitas, vamos à escola, discutimos, fazemos experiências e pesquisas,
escrevemos e lemos livros; é o mundo de Gargantua e de Pantagruel e de Mestre
Gaster, primeiro Mestre de Artes do mundo, e também o mundo onde Abraão fazia
pastar seus rebanhos, Isaac cavava poços, Jacó construía sua casa, Epicuro
cultivava seu jardim e onde ‘cada um está à sombra de sua figueira e de sua
vinha’”
(In CINTRA, Benedito E.
Leite. Pensar com Emmanuel Levinas. São Paulo: Paulus, 2009, p. 24)
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