Do próprio conceito grego de autárkeia afirma-se o lugar do pensamento de Epicuro, na phýsis. A autárkeia é o princípio regente de si mesmo. É o comando do ser em profunda harmonia com a phýsis brotando a realidade do mundo.
O que importa para Epicuro é a vida junto à natureza, pois é a verdadeira realização do ser enquanto uma pequena parte integrada na grande totalidade. Não há partes separadas da totalidade, do mesmo modo como não há totalidade separada das partes. Para se entender a phýsis na sua totalidade, segundo Epicuro, é necessário ir até as partes, voltar ao particular, ao indivíduo. “O estado de ser da natureza leva-nos a refletir sobre o sentido de realização do nosso próprio ser, um microcosmos”( Silva, Markus F. da, Epicuro: sabedoria e jardim, p. 15).
A compreensão do todo da phýsis é simultaneamente a compreensão de si mesmo como princípio que se gera a partir de si mesmo, dando uma unidade fundamental ao mundo, às coisas, aos seres e conseqüentemente a si mesmo.
Sendo a phýsis a própria realidade no seu sentido mais profundo e a physiología o exercício de sua compreensão, a autárkeia é o comando, o regente do ser de acordo com a natureza.
Assim, o ser que não vive em sintonia com a natureza está desvinculado da projeção do saber de Epicuro. Este pensamento ou Filosofia é dinâmico porque está estreitamente ligado a phýsis, haja vista a realização de seu pensar sobre a phýsis a partir do princípio(átomo), dos corpos, mundos e todo.
A realização da phýsis é uma questão elementar porque vem explicitado o princípio de realidade(arché) pelo axioma básico do atomismo, conforme o qual o todo é composto de átomos e vazio. Os átomos são elementos constitutivos de todas as coisas, origem dos corpos compostos e a base do atomismo, cujo princípio é afirmado na Carta a Heródoto: “Primeiramente, nada nasce do nada(não-ser). Se não fosse assim, tudo nasceria de tudo e nada teria necessidade de seu próprio germe”( DL, X, 38, in Silva, idem, p. 27).
Não se tem pretensão alguma de explicitar o caráter complexo dos dados da phýsis em Epicuro, porém procura-se estabelecer um viés, uma abertura que se vincule à teleologia da “vida física”. Parece que uma vida tranqüila e feliz implica numa vida física autêntica, daí a volta constante de Epicuro à realidade original da phýsis, da natureza mesma do indivíduo:“Em suma Epicuro preconiza a volta ao ‘início’ para traçar o caminho que o conduza à sabedoria prática, ou ao cumprimento perfeito da natureza do indivíduo, pelo reconhecimento do saber originário aqui entendido como physiología. Mas para que haja este reconhecimento é preciso compreendermos a phýsis em sua realização e não apenas em sua compreensão”(SILVA, p. 27).
A relação intrínseca phýsis-autárkeia se projeta num crescente a um télos extremamente positivo, no sentido da realização completa de um modo de ser do indivíduo, autárkeia. Alcançando, assim, toda sua intensidade no éthos epicúreo. De fato, o centro da ética de Epicuro é a autárkeia como exercício do sábio que procura viver de acordo com a natureza. Este aspecto terá atenção especial na terceira parte deste estudo.
Segundo a etimologia da palavra, phýsis é o processo de crescimento ou gênese de alguma coisa, e, neste sentido, Epicuro somente a utiliza quando se refere aos corpos compostos e aos mundos. Outro sentido de phýsis é princípio(arché), porque é átomos e vazio; e num último sentido, phýsis é o modo de ser do todo ilimitado.
Há de se admitir também outras afirmações de Epicuro no que diz respeito a phýsis. É o problema da composição dos corpos e das almas, a explicação de que tudo o que existe é formado por átomos que se agregam em composições ou corpos, concebendo assim o axioma básico da physiología epicúrea e possibilitando a análise das estruturas compostas, desde as microestruturas corpóreas, até as macroestruturas dos mundos. Os átomos, portanto, constituem a realidade.
Todavia, como a phýsis é a fonte de todo aprendizado do sophós, do equilíbrio entre o homem e a natureza, faz-se necessário ainda compreender o sentido deste equilíbrio em direção ao bem-estar de seu corpo e, por conseguinte, de sua conduta no mundo.
Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
Confira os blogs: www.umasreflexoes.blogspot.com
www.chegadootempo.blogspot.com
O que importa para Epicuro é a vida junto à natureza, pois é a verdadeira realização do ser enquanto uma pequena parte integrada na grande totalidade. Não há partes separadas da totalidade, do mesmo modo como não há totalidade separada das partes. Para se entender a phýsis na sua totalidade, segundo Epicuro, é necessário ir até as partes, voltar ao particular, ao indivíduo. “O estado de ser da natureza leva-nos a refletir sobre o sentido de realização do nosso próprio ser, um microcosmos”( Silva, Markus F. da, Epicuro: sabedoria e jardim, p. 15).
A compreensão do todo da phýsis é simultaneamente a compreensão de si mesmo como princípio que se gera a partir de si mesmo, dando uma unidade fundamental ao mundo, às coisas, aos seres e conseqüentemente a si mesmo.
Sendo a phýsis a própria realidade no seu sentido mais profundo e a physiología o exercício de sua compreensão, a autárkeia é o comando, o regente do ser de acordo com a natureza.
Assim, o ser que não vive em sintonia com a natureza está desvinculado da projeção do saber de Epicuro. Este pensamento ou Filosofia é dinâmico porque está estreitamente ligado a phýsis, haja vista a realização de seu pensar sobre a phýsis a partir do princípio(átomo), dos corpos, mundos e todo.
A realização da phýsis é uma questão elementar porque vem explicitado o princípio de realidade(arché) pelo axioma básico do atomismo, conforme o qual o todo é composto de átomos e vazio. Os átomos são elementos constitutivos de todas as coisas, origem dos corpos compostos e a base do atomismo, cujo princípio é afirmado na Carta a Heródoto: “Primeiramente, nada nasce do nada(não-ser). Se não fosse assim, tudo nasceria de tudo e nada teria necessidade de seu próprio germe”( DL, X, 38, in Silva, idem, p. 27).
Não se tem pretensão alguma de explicitar o caráter complexo dos dados da phýsis em Epicuro, porém procura-se estabelecer um viés, uma abertura que se vincule à teleologia da “vida física”. Parece que uma vida tranqüila e feliz implica numa vida física autêntica, daí a volta constante de Epicuro à realidade original da phýsis, da natureza mesma do indivíduo:“Em suma Epicuro preconiza a volta ao ‘início’ para traçar o caminho que o conduza à sabedoria prática, ou ao cumprimento perfeito da natureza do indivíduo, pelo reconhecimento do saber originário aqui entendido como physiología. Mas para que haja este reconhecimento é preciso compreendermos a phýsis em sua realização e não apenas em sua compreensão”(SILVA, p. 27).
A relação intrínseca phýsis-autárkeia se projeta num crescente a um télos extremamente positivo, no sentido da realização completa de um modo de ser do indivíduo, autárkeia. Alcançando, assim, toda sua intensidade no éthos epicúreo. De fato, o centro da ética de Epicuro é a autárkeia como exercício do sábio que procura viver de acordo com a natureza. Este aspecto terá atenção especial na terceira parte deste estudo.
Segundo a etimologia da palavra, phýsis é o processo de crescimento ou gênese de alguma coisa, e, neste sentido, Epicuro somente a utiliza quando se refere aos corpos compostos e aos mundos. Outro sentido de phýsis é princípio(arché), porque é átomos e vazio; e num último sentido, phýsis é o modo de ser do todo ilimitado.
Há de se admitir também outras afirmações de Epicuro no que diz respeito a phýsis. É o problema da composição dos corpos e das almas, a explicação de que tudo o que existe é formado por átomos que se agregam em composições ou corpos, concebendo assim o axioma básico da physiología epicúrea e possibilitando a análise das estruturas compostas, desde as microestruturas corpóreas, até as macroestruturas dos mundos. Os átomos, portanto, constituem a realidade.
Todavia, como a phýsis é a fonte de todo aprendizado do sophós, do equilíbrio entre o homem e a natureza, faz-se necessário ainda compreender o sentido deste equilíbrio em direção ao bem-estar de seu corpo e, por conseguinte, de sua conduta no mundo.
Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
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