quinta-feira, 17 de abril de 2008

Perplexidades de hoje



Há tempo que me não percebia assim, instigado pelo novo, pelo imponderável, pelos átrios da vida, causando-me estranheza e, ainda, decepcionado pelos fatos que corroem de horror e de violência nossa humanidade, salpicando aqui e ali seus estilhaços de destruição.
É por demais emblemático o momento em que me encontro situado. Marcado por bruscas inovações, mas por assaltos de medo e de violência a todo instante. Como professor, convenço-me, senão lanço-me, custe o que custar, para a meta dos pensamentos meus, apesar do peso histórico amargurar um enorme pessimismo político e social.
Pensamentos dirigidos ao famoso “Fundeb” que anda a passos lentos pelo país, teimando em não vigorar, - muito embora continue a torcer por ele, pois acho fantástica sua postura em valorizar o profissional da Educação - assim como as Promoções vertical e horizontal do Plano de Cargos e Salários aprovado pelo governo do Estado do Rio Grande do Norte que ainda não estão atendendo suas exigências. Quando seremos, de fato, beneficiados por tão nobre ofício que desempenhamos? Pensamentos dirigidos à vontade de galgar ainda mais nos estudos filosóficos com a oportunidade da execução de um Mestrado. Pensamentos quanto à realização dos Projetos assumidos no âmbito municipal junto à estrutura do poder instituído pela secretaria de Educação de Florânia. São metas a cumprir, interesses voltados para o dinamismo do desenvolvimento social sustentado.
Falando nisso, em desenvolvimento sustentado, o avanço das tecnologias e as descobertas recentes da ciência no campo da engenharia genética – células tronco – não se coadunam com retrocesso social por que passa o mundo. Falta arroz! Falta a comida básica na mesa de miríades de milhares de pessoas que, por sinal, morrem de fome na África e em outros países. Armas são fabricadas em grande quantidade, enquanto filas inteiras de homens, mulheres e crianças famintos se amontoam pelo mundo a fora em busca do arroz e do pãozinho francês que, diga-se de passagem, tornou-se raro na mesa dos brasileiros pelo seu alto custo.
Essas angústias, talvez, devam ser o contraponto dos sonhos, das idéias, das perspectivas, das boas intenções. Se, de um lado, os investimentos econômicos descambam rumo à indústria do biodiesel a todo vapor, por outro, imbricam em lugares “desconhecidos” que atende apenas aos interesses fortuitos de alguns empresários e banqueiros brasileiros. Com isso, é lamentável assistir aos descasos sociais presentes na imprensa, dando sinais de que o mundo passa por uma crise irreparável de alimentos provando, dessa forma, que a filhinha mais nova do capitalismo, o neoliberalismo é o germe da sua própria destruição quando valores econômicos não são capazes de salvar vidas acometidas por um simples mosquito(Aedis Aegypti) da dengue. Só no Rio Grande do Norte, mais de dez pessoas foram levadas a óbito, sem contar outros Estados brasileiros, como o do Rio de Janeiro, que só este ano quase 100 mortes foram registradas por motivo de dengue, na sua maioria crianças e adolescentes. O Rio de Janeiro, atualmente, é o que mais sofre, no contexto nacional, com essa epidemia lastimosa.
Somam-se a isso, os EUA procurando culpados por sua tão grave crise econômica que, mesmo assim, tentaram por a culpa no Brasil e em países europeus, mas não adiantou. Por ano, pra termos uma idéia, só nos EUA a produção de milho para o biodisel aumentou de 15% para 90%, enquanto isso a população reclama de falta de alimentos. O sórdido caso de violência brutal do pai e da madrasta para com a criança Isabella, com evidências capitais de que ambos( pai e madrasta) mataram a menina. O caso ainda permanece sob investigação na espera de um desfecho. Um verdadeiro e irreparável horror!!!
Fatos como esses me fazem lembrar do filósofo francês Rousseau que nos convida a voltar para nosso estado de natureza, estado de homens primitivos. Mas aqui está o ponto: Voltar ao nosso estado original para nos humanizar ou para nos brutalizar? Pois, se for para nos brutalizar, creio que não, a proposta de Rousseau vem muitíssimo a calhar.

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
Confiraosblogs:
www.umasreflexoes.blogspot.com

2 comentários:

Danilo Dornas disse...

Muito bom este texto seu, mas se você resolver continuá-lo não terá papel para um livro e nem espaço digital. Serão milhoes e milhoes de páginas e muitos terabytes escritos. A disputa de quem come ou não come, de ricos e pobres é dinâmica, da mesma forma a violência, as epidemias e etc... Não há culpados! Só podemos evitar o erro, mas eliminar o erro é uma doce ilusão. Lembrar Rousseau pode ser uma saída, mas mesmo Rousseau diz que lá na Natureza não escreveríamos, porque não teríamos o que escrever, pois não há moralidade, e sim apenas instintos. E aí, viver por instinto, é melhor ou pior?

Danilo
http://paideiadigital.blogspot.com

Jackislandy e Silmara disse...

Caro Danilo, muitíssimo obrigado pelo seu comentário, uma vez que me faz lembrar ainda mais que os problemas sociais e econômicos do país e do mundo são bastante complexos, mas não nos impede de aqui e ali, vez ou outra, atiná-los em nossa consciência fugidia. Valeu.

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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Perplexidades de hoje



Há tempo que me não percebia assim, instigado pelo novo, pelo imponderável, pelos átrios da vida, causando-me estranheza e, ainda, decepcionado pelos fatos que corroem de horror e de violência nossa humanidade, salpicando aqui e ali seus estilhaços de destruição.
É por demais emblemático o momento em que me encontro situado. Marcado por bruscas inovações, mas por assaltos de medo e de violência a todo instante. Como professor, convenço-me, senão lanço-me, custe o que custar, para a meta dos pensamentos meus, apesar do peso histórico amargurar um enorme pessimismo político e social.
Pensamentos dirigidos ao famoso “Fundeb” que anda a passos lentos pelo país, teimando em não vigorar, - muito embora continue a torcer por ele, pois acho fantástica sua postura em valorizar o profissional da Educação - assim como as Promoções vertical e horizontal do Plano de Cargos e Salários aprovado pelo governo do Estado do Rio Grande do Norte que ainda não estão atendendo suas exigências. Quando seremos, de fato, beneficiados por tão nobre ofício que desempenhamos? Pensamentos dirigidos à vontade de galgar ainda mais nos estudos filosóficos com a oportunidade da execução de um Mestrado. Pensamentos quanto à realização dos Projetos assumidos no âmbito municipal junto à estrutura do poder instituído pela secretaria de Educação de Florânia. São metas a cumprir, interesses voltados para o dinamismo do desenvolvimento social sustentado.
Falando nisso, em desenvolvimento sustentado, o avanço das tecnologias e as descobertas recentes da ciência no campo da engenharia genética – células tronco – não se coadunam com retrocesso social por que passa o mundo. Falta arroz! Falta a comida básica na mesa de miríades de milhares de pessoas que, por sinal, morrem de fome na África e em outros países. Armas são fabricadas em grande quantidade, enquanto filas inteiras de homens, mulheres e crianças famintos se amontoam pelo mundo a fora em busca do arroz e do pãozinho francês que, diga-se de passagem, tornou-se raro na mesa dos brasileiros pelo seu alto custo.
Essas angústias, talvez, devam ser o contraponto dos sonhos, das idéias, das perspectivas, das boas intenções. Se, de um lado, os investimentos econômicos descambam rumo à indústria do biodiesel a todo vapor, por outro, imbricam em lugares “desconhecidos” que atende apenas aos interesses fortuitos de alguns empresários e banqueiros brasileiros. Com isso, é lamentável assistir aos descasos sociais presentes na imprensa, dando sinais de que o mundo passa por uma crise irreparável de alimentos provando, dessa forma, que a filhinha mais nova do capitalismo, o neoliberalismo é o germe da sua própria destruição quando valores econômicos não são capazes de salvar vidas acometidas por um simples mosquito(Aedis Aegypti) da dengue. Só no Rio Grande do Norte, mais de dez pessoas foram levadas a óbito, sem contar outros Estados brasileiros, como o do Rio de Janeiro, que só este ano quase 100 mortes foram registradas por motivo de dengue, na sua maioria crianças e adolescentes. O Rio de Janeiro, atualmente, é o que mais sofre, no contexto nacional, com essa epidemia lastimosa.
Somam-se a isso, os EUA procurando culpados por sua tão grave crise econômica que, mesmo assim, tentaram por a culpa no Brasil e em países europeus, mas não adiantou. Por ano, pra termos uma idéia, só nos EUA a produção de milho para o biodisel aumentou de 15% para 90%, enquanto isso a população reclama de falta de alimentos. O sórdido caso de violência brutal do pai e da madrasta para com a criança Isabella, com evidências capitais de que ambos( pai e madrasta) mataram a menina. O caso ainda permanece sob investigação na espera de um desfecho. Um verdadeiro e irreparável horror!!!
Fatos como esses me fazem lembrar do filósofo francês Rousseau que nos convida a voltar para nosso estado de natureza, estado de homens primitivos. Mas aqui está o ponto: Voltar ao nosso estado original para nos humanizar ou para nos brutalizar? Pois, se for para nos brutalizar, creio que não, a proposta de Rousseau vem muitíssimo a calhar.

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
Confiraosblogs:
www.umasreflexoes.blogspot.com

2 comentários:

Danilo Dornas disse...

Muito bom este texto seu, mas se você resolver continuá-lo não terá papel para um livro e nem espaço digital. Serão milhoes e milhoes de páginas e muitos terabytes escritos. A disputa de quem come ou não come, de ricos e pobres é dinâmica, da mesma forma a violência, as epidemias e etc... Não há culpados! Só podemos evitar o erro, mas eliminar o erro é uma doce ilusão. Lembrar Rousseau pode ser uma saída, mas mesmo Rousseau diz que lá na Natureza não escreveríamos, porque não teríamos o que escrever, pois não há moralidade, e sim apenas instintos. E aí, viver por instinto, é melhor ou pior?

Danilo
http://paideiadigital.blogspot.com

Jackislandy e Silmara disse...

Caro Danilo, muitíssimo obrigado pelo seu comentário, uma vez que me faz lembrar ainda mais que os problemas sociais e econômicos do país e do mundo são bastante complexos, mas não nos impede de aqui e ali, vez ou outra, atiná-los em nossa consciência fugidia. Valeu.

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