Estamos às vésperas da maior festa popular brasileira, o carnaval. Oriundo historicamente das festas pagãs da Grécia antiga em honra a Dioniso, o deus do vinho e da festa, caracterizava-se como um verdadeiro bacanal de orgias, comilanças e bebedeiras, incluindo a exaltação do corpo(carne) como princípio da alegria. Carnaval – carrum navalis(carro naval ou carro alegórico) e carne levare(abstenção de carne) – é de origem latina a expressão do termo que há muito deixou de se constituir o “abre-alas” de significativas marchinhas, brincadeiras engraçadas, exposição de fantasias e personagens semelhantes ou próximos do inusitado “entrudo”, festa do “entrudo”, assim chamado o nosso carnaval brasileiro quando trazido pelos portugueses.Passaram-se os tempos e sucederam-se festas e mais festas de carnaval perdendo o vínculo com o passado, distanciando-se saudosamente do encanto pela arte, pela beleza e pela boa música, enredos de cunho artístico e cultural que foram se apagando da memória do carnavalesco ou do que brinca o atual carnaval. Este vem até nós, encontra-nos, com valores diferentes, modificado. O presente carnaval tornou-se uma apologia exagerada do sexo, da droga(maconha, crack, cocaína, lança perfume e do álcool) e de prazeres desmedidos, descontrolados; dissipou-se sua música em palavrões desqualificados e cheios de ambigüidades; degradou-se sua fantasia no pudor ou no glamour de mulheres nuas e por vezes vazias de conteúdo; deixou-se levar pelo embalo do consumo e pela velocidade da perda do sentido da vida...E como se não bastasse, o Ministro da saúde tem a ousadia de autorizar a distribuição, nos postos de saúde de todo o Brasil, da pílula do dia seguinte para os foliões que irão participar do carnaval, admitindo assim, a defesa pública da banalização do ato sexual. Essa declaração do Sr. Ministro não só vulgariza a sexualidade, mas também estimula nos jovens, nos adolescentes, adultos, nas famílias e no público em geral, a promiscuidade dos valores sexuais e a falta de respeito à vida porque a pílula é considerada um diagnóstico abortivo. O Ministro poderia rever essa decisão que contradiz o uso da camisinha e que afronta o inviolável princípio de querer viver! Esta atitude vem causando muita polêmica entre os cristãos e o Estado do Pernambuco.Tentando lutar contra essa cultura, deveríamos insistir que a sexualidade humana não pode estar restrita somente ao âmbito do biológico, isto é, a sexualidade não é qualquer coisa de puramente biológico, mas refere-se antes ao núcleo íntimo da pessoa.A finalidade da sexualidade é a realização da natureza humana e essa realização não se dá somente pela relação sexual ou física. Ela se realiza quando há amor, responsabilidade e quando visa sempre ao bem do outro. O amor, que se exprime e se alimenta no encontro do homem e da mulher é dom de Deus; é, por isso, força positiva, orientada para sua maturação enquanto pessoas; é também uma preciosa reserva para o dom de si que todos, homens e mulheres, são chamados a realizar para a sua própria felicidade, num plano de vida que representa a vocação de todos.Tudo isso merece valor quando corpo e alma lutam pela unidade e integridade física, psicológica e espiritual da pessoa. O homem, como um todo, uma amplitude de valores, não pode banalizar sua dimensão física ou biológica.Por essa razão é que nós, neste carnaval ou fora dele, com tudo o que significa realmente, poderíamos somente admitir o uso da sexualidade como doação física, na medida em que ela for doação pessoal do homem e da mulher até a morte.Uma das formas, um dos caminhos para esta realização é o matrimônio, o casamento, a vida conjugal, pois o que completa felizmente o matrimônio é a relação conjugal, mas não a relação sexual. A relação conjugal compromete toda, digo toda, a vida da pessoa.
Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.Confira os blogs:www.umasreflexoes.blogspot.comwww.chegadootempo.blogspot.com
Um comentário:
Oi, gostei muito do seu texto.
você escreve muito bem. parabéns.
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