A alardeada expressão
“futebol total” tomou conta do mundo em 1974 por uma seleção que, embora não
fosse campeã naquele momento, ainda assim encantaria o mundo com jogadas
traçadas de um lado a outro do campo; passes perfeitos de pé em pé cheios de
beleza e risco; blocos de jogadores que se deslocavam fácil e sincronicamente
da defesa, passando pelo meio, até o ataque, de modo que nenhum jogador parecia
exercer uma posição fixa, mas jogavam em todas as posições e ao mesmo tempo
nenhuma. Era um futebol vistoso e dinâmico.
Tal seleção era
conhecida como “carrossel holandês” pela forma como rodava a bola e invertia as
jogadas, aproveitando todos os espaços do campo de jogo. Aliado ao famosíssimo
“tiki-taka”, executado recentemente pelo Barcelona de Cruyff e de Guardiola,
como também pela seleção espanhola, o “futebol total” oferece características
táticas muito presentes ainda hoje no futebol visto em boa parte do mundo,
sobretudo agora na copa do mundo de 2014 aqui no país do futebol, onde
acontecerá, ao que todos dizem, a copa das copas.
Ao contrário da seleção
espanhola, a brasileira não segue britanicamente o esquema tático “futebol
total”, mesmo que se percebam fortes características deste futebol no esquema
de jogo proposto pela atual seleção brasileira. Veja que o Brasil tem
zagueiros, volantes, laterais, meias e centroavante que não obedecem
rigorosamente suas posições específicas em campo, e, no entanto, avançam,
marcam ou atacam quando convêm. É muito comum num jogo de futebol atual
observar estas características que foram preservadas de um estilo de jogo que
rendeu importantes títulos a equipes na Europa e em Copas do Mundo até bem
recentemente.
Duas equipes carregam
especificamente o jeito de jogar vencedor do “futebol total”, o Barcelona e a
seleção espanhola, campeã da última copa do mundo.
É óbvio que no Brasil
veremos um desfile de volantes fazendo a festa em suas seleções, uma vez que
são eles responsáveis pela maior parte das roubadas de bolas, das ligações
entre a zaga, meio e ataque, sem contar a truculência da força física. O que
impera na presença desse jeito de jogar, que ainda perdura, é um futebol
sistemático, extremamente tático, programático e burocrático. Os grandes “meias”
não aparecem mais, os laterais que iam ao fundo e cruzavam artisticamente estão
em baixa, os clássicos batedores de falta andam ausentes.
Assistiremos a um
futebol de muita tática, pouca técnica; esquemas que priorizam a dura marcação
em detrimento do bom drible, da ousadia e da individualidade. Prender
individualmente a bola é quase proibido.
A seleção brasileira
aprendeu muito nos últimos tempos a compactar mais seus jogadores na
movimentação em campo, sobretudo quando se desloca ao ataque e quando se
desloca para a defesa. Idas e vindas do ataque para defesa a que se cuidar com
a organização, a compactação em blocos. A nova onda agora é a marcação sob
pressão, executada hoje pela seleção brasileira no amistoso contra a seleção da
Sérvia. Algo que o Brasil vem fazendo constantemente em seus jogos. Uma prática
que o levou a conquistar a Copa das Confederações ano passado aqui no Brasil.
Diferente de escolas
mais sistemáticas, apegadas a um futebol arrumadinho, matemático, repleto de
estratégias como a italiana, espanhola, holandesa, alemã; a escola brasileira,
contagiada pelo futebol sul-americano dos uruguaios, argentinos, paraguaios e
chilenos, acrescenta um estilo de jogo ao “futebol total” que a faz diferente
das outras porque agrega habilidade, criatividade, ousadia, beleza,
originalidade e efetividade; não por acaso ganhamos 5 vezes.
Vide imagem do campinho
(esquema) da seleção holandesa em 1974. Tática pura com excelentes jogadores.
Prof.
Jackislandy Meira de M. Silva
Bel.
e Licenciado em Filosofia, Bel. em Teologia, Esp. em Metafísica e em Estudos
Clássicos
Páginas na net: www.umasreflexoes.blogspot.com
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