Estamos inseridos numa sociedade marcadamente veloz, onde princípios ou valores parecem não conter mais o desejo do homem de autorealizar-se, de ser feliz. Basta olharmos a enorme gama de alternativas profissionais no campo de trabalho, umas despontando mais do que outras apenas porque atendem ao modelo econômico neoliberal, ora em crise, que associa os valores aos bens de consumo ou de mercado, podendo desgastar-se facilmente a troco de nada.
Assim o fluir de uma atmosfera meramente relativista de modelos a seguir se multiplicam para atender às exigências do mercado ou da “Indústria cultural”, como nos afirmava Foucault, que sublinhava esse aspecto condicionado à inclinação do homem moderno para criação de muitas, fúteis e falsas necessidades.
Anterior a toda carga volátil mencionada, Nietzsche já se adiantava e percebia o problema: como podemos viver em um mundo sem algo(Deus) que garanta que a vida tenha sentido? Ele admitiu, enfim, que até Deus estava morto para iniciar sua longa busca por uma resposta não religiosa ao significado da vida, tentando escapar à sensação de desespero que seguiu sua perda de fé no cristianismo.
É exatamente nisto que consiste o niilismo, tema de nossa reflexão, “que os valores supremos se desvalorizam”( NIETZSCHE, Fragmentos Póstumos. In REALE, 1999:17), faltando o fim, a resposta ao por quê. Esta angústia do homem em não encontrar o Ser, a segurança ou a instância última de sua vida esteve presente por bastante tempo nas reflexões filosóficas de Schopenhauer, Kierkegaard, culminando em Nietzsche com o niilismo, crença de que nada tem sentido, nada tem importância. Para ele, é o principal problema enfrentado pela modernidade:
“A cultura contemporânea perdeu o sentido daqueles grandes valores que, na era antiga e medieval e também nos primeiros séculos da era moderna, constituíam pontos de referência essenciais, e em ampla medida irrenunciáveis, no pensamento e na vida”(REALE, 1999:17).
Pretendemos desse modo abrir uma discussão no tocante ao problema do niilismo, que não está superado, e nos ajudará a compreender melhor o mundo e as pessoas no qual vivem. Tal pretensão é muito válida porque haveremos de alcançar uma disposição acertada sobre a metafísica. A falta desta em nossa visão do mundo e das coisas compromete-nos fortemente a uma vida sem sentido, sem um norte, sem fim a perseguir.
O niilismo, além de nos levar a uma experiência de vazio terrível, carrega-nos para uma desvalorização e negação dos seguintes princípios: princípio primeiro, Deus; fim último; ser; bem; verdade.
Certamente, encontramos nesses aspectos a raiz de todos os males do século XXI, assim como afirma Nietzsche que o ideal foi até agora a força caluniadora do mundo e do homem propriamente dita, o sopro venenoso sobre a realidade, a grande sedução que leva ao nada.
Ainda em outro fragmento, intitulado como diário do niilista, esclarece-se plenamente o conceito de ateísmo no sentido de niilismo: “tudo existe, mas não há fins – o ateísmo como falta de ideais”(Ibidem, p.25).
E, por fim: “A mudança absoluta que ocorre com a negação de Deus – Não temos mais absolutamente nenhum Senhor acima de nós; o velho mundo dos valores é teológico – este é derrubado”(Ibidem).
Em suma, a afirmação “Deus está morto” é a fórmula emblemática do niilismo e significa que o mundo meta-sensível(o mundo metafísico) dos ideais e dos valores supremos, concebido como ser em si, como causa e como fim – ou seja, como aquilo que dá sentido a todas as coisas materiais, em geral, e à vida dos homens, em particular -, perdeu toda consistência e toda importância.
É preciso, com isso, propor um resgate dos valores antigos com roupagens diferentes, com uma percepção nova dos problemas da realidade. Ou, como lembrava Nietzsche, a transvaloração como indicativo urgente para a crise da perda de sentido. Seria procurar mostrar exatamente isto:
“Que os valores e sua variação estão relacionados com o aumento da potência de quem põe os valores; a medida de incredulidade, de uma reconhecida liberdade do espírito como expressão do aumento de potência; niilismo como ideal de suprema potência do espírito, de vida riquíssima: em parte destrutivo, em parte irônico”(REALE, 1999:26).
Cf. REALE, Giovanni. O saber dos antigos. SP: Loyola, 1999.
Jackislandy Meira de M. Silva,
Professor e Filósofo.
Confiram: www.umasreflexoes.blogspot.com
www.chegadootempo.blogspot.com
Assim o fluir de uma atmosfera meramente relativista de modelos a seguir se multiplicam para atender às exigências do mercado ou da “Indústria cultural”, como nos afirmava Foucault, que sublinhava esse aspecto condicionado à inclinação do homem moderno para criação de muitas, fúteis e falsas necessidades.
Anterior a toda carga volátil mencionada, Nietzsche já se adiantava e percebia o problema: como podemos viver em um mundo sem algo(Deus) que garanta que a vida tenha sentido? Ele admitiu, enfim, que até Deus estava morto para iniciar sua longa busca por uma resposta não religiosa ao significado da vida, tentando escapar à sensação de desespero que seguiu sua perda de fé no cristianismo.
É exatamente nisto que consiste o niilismo, tema de nossa reflexão, “que os valores supremos se desvalorizam”( NIETZSCHE, Fragmentos Póstumos. In REALE, 1999:17), faltando o fim, a resposta ao por quê. Esta angústia do homem em não encontrar o Ser, a segurança ou a instância última de sua vida esteve presente por bastante tempo nas reflexões filosóficas de Schopenhauer, Kierkegaard, culminando em Nietzsche com o niilismo, crença de que nada tem sentido, nada tem importância. Para ele, é o principal problema enfrentado pela modernidade:
“A cultura contemporânea perdeu o sentido daqueles grandes valores que, na era antiga e medieval e também nos primeiros séculos da era moderna, constituíam pontos de referência essenciais, e em ampla medida irrenunciáveis, no pensamento e na vida”(REALE, 1999:17).
Pretendemos desse modo abrir uma discussão no tocante ao problema do niilismo, que não está superado, e nos ajudará a compreender melhor o mundo e as pessoas no qual vivem. Tal pretensão é muito válida porque haveremos de alcançar uma disposição acertada sobre a metafísica. A falta desta em nossa visão do mundo e das coisas compromete-nos fortemente a uma vida sem sentido, sem um norte, sem fim a perseguir.
O niilismo, além de nos levar a uma experiência de vazio terrível, carrega-nos para uma desvalorização e negação dos seguintes princípios: princípio primeiro, Deus; fim último; ser; bem; verdade.
Certamente, encontramos nesses aspectos a raiz de todos os males do século XXI, assim como afirma Nietzsche que o ideal foi até agora a força caluniadora do mundo e do homem propriamente dita, o sopro venenoso sobre a realidade, a grande sedução que leva ao nada.
Ainda em outro fragmento, intitulado como diário do niilista, esclarece-se plenamente o conceito de ateísmo no sentido de niilismo: “tudo existe, mas não há fins – o ateísmo como falta de ideais”(Ibidem, p.25).
E, por fim: “A mudança absoluta que ocorre com a negação de Deus – Não temos mais absolutamente nenhum Senhor acima de nós; o velho mundo dos valores é teológico – este é derrubado”(Ibidem).
Em suma, a afirmação “Deus está morto” é a fórmula emblemática do niilismo e significa que o mundo meta-sensível(o mundo metafísico) dos ideais e dos valores supremos, concebido como ser em si, como causa e como fim – ou seja, como aquilo que dá sentido a todas as coisas materiais, em geral, e à vida dos homens, em particular -, perdeu toda consistência e toda importância.
É preciso, com isso, propor um resgate dos valores antigos com roupagens diferentes, com uma percepção nova dos problemas da realidade. Ou, como lembrava Nietzsche, a transvaloração como indicativo urgente para a crise da perda de sentido. Seria procurar mostrar exatamente isto:
“Que os valores e sua variação estão relacionados com o aumento da potência de quem põe os valores; a medida de incredulidade, de uma reconhecida liberdade do espírito como expressão do aumento de potência; niilismo como ideal de suprema potência do espírito, de vida riquíssima: em parte destrutivo, em parte irônico”(REALE, 1999:26).
Cf. REALE, Giovanni. O saber dos antigos. SP: Loyola, 1999.
Jackislandy Meira de M. Silva,
Professor e Filósofo.
Confiram: www.umasreflexoes.blogspot.com
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