terça-feira, 1 de julho de 2008

Umas palavras sobre a modernidade II

O nosso século teve quatro grandes mudanças da realidade: A primeira, o mundo dos medos e das superstições é vencido. Daí a necessidade de se abordar o filme Matrix do ponto de vista dos paradoxos da modernidade ou da pós-modernidade, uma vez que a radicalização das contradições já mencionadas torna-se riquíssimas em símbolos. Estes são autônomos; Segunda, nós temos uma ciência misteriosa, presente, onipotente e onipresente. A ciência passa a ser um dos instrumentos mais presentes nos costumes humanos. Ela torna o cotidiano homogêneo. O que caracteriza o futuro é o inesperado. Nós vivemos num mundo ameaçado de não termos futuro; E, terceira, voltamos a idéia de Kant de aliviar ou eliminar os medos e as superstições, isto é, o problema antes resolvido volta a aparecer. Com isso, a ciência não eliminou, porém criou novos medos. Para o grego, a noção de morte equivale a estar separado da “polis”, da cidade. O sentido de morte está associado ao da exclusão social em nossos dias. Está morto que não tem um celular, um micro-computador, um carro do ano, uma namorada... A quarta e última se destina aos desafios da vida, da natureza e da sociedade fazendo com que o homem se sinta preso. E assim busca uma autonomia. Aqui está o ponto em que Kant propõe um PROJETO emancipatório da modernidade, enquanto Adorno diz que não, pois a emancipação já estava em gestão.
O homem conseguiu tornar-se autônomo da natureza desde o século XIX. A natureza foi domada. Adorno afirma que o seu Projeto esclarecedor é imposto e ninguém o discute. É a mistificação das massas. Uma mistificação imanente. Daí, surgem dois modelos bastante sedutores para os que pensam na direção da valorização da individualidade humana.
O modelo alternativo, fruto do pensamento e das conjecturas de Foucault, discute a criação das micro-práticas de poder ou da consciência. Por outro lado, Milton Santos evidencia a questão de um pensamento único, oriundo dos debates econômicos-políticos do neoliberalismo moderno com a idéia de aldeia global ou globalização.
Em virtude disso, sai pela tangente a Indústria cultural que vem se tornando efusivamente um símbolo religioso das massas modernas. Sugerimos assim, como pista para discussão filosófica, o filme "Inteligência Artificial" a partir do ponto de vista da contemporaneidade. Um robô como membro da família. Mas o sonho é um elemento puramente humano. Como será um computador com células humanas? Em algum ponto do labirinto da história nós perdemos a nossa humanidade.
No livro "História da Loucura", Foucault tem uma pergunta: o louco tinha ou não um dom especial dado por Deus?
O final do século XX é totalmente marcado pelo horror – mortes, suicídios, desastres, pessimismos... - , por outro lado, é marcado ainda por um otimismo(economia, revoluções, o poder das teorias, a fé na ciência...). O século da glória, esperado por todos como o séc. da vitória. Isso posto, duas coisas merecem atenção:
Um século frustrante. Não trouxe a felicidade e a autonomia, pois criou infelizes, multidões de pessoas angustiadas. O século das guerras! A guerra do Vietnã que foi filmada pelos EUA. Concomitantemente, as grandes teorias e invenções econômicas não libertaram o ser humano.
É um século de desdobramentos. O homem foi à lua. A revolução sexual. Surge uma tecnologia médica fruto da guerra do Vietnã. A medicina da experimentação nazista. Diga-se de passagem, que quem vai realizar os sonhos dos nazistas são os EUA. As modernas práticas de UTI surgiram no Vietnã. Anestesias, morfinas, enfim... Nós temos um profundo desencanto. As evoluções vão mudar as nossas vidas. Era a mentalidade do séc. XIX, porém o séc. XX acaba com essa idéia de futuro. Pelo contrário, o séc. XX é um brutal acelerador do processo tecnológico de desenvolvimento.


Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
Confira os blogs:
www.umasreflexoes.blogspot.com
www.chegadootempo.blogspot.com

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Umas palavras sobre a modernidade II

O nosso século teve quatro grandes mudanças da realidade: A primeira, o mundo dos medos e das superstições é vencido. Daí a necessidade de se abordar o filme Matrix do ponto de vista dos paradoxos da modernidade ou da pós-modernidade, uma vez que a radicalização das contradições já mencionadas torna-se riquíssimas em símbolos. Estes são autônomos; Segunda, nós temos uma ciência misteriosa, presente, onipotente e onipresente. A ciência passa a ser um dos instrumentos mais presentes nos costumes humanos. Ela torna o cotidiano homogêneo. O que caracteriza o futuro é o inesperado. Nós vivemos num mundo ameaçado de não termos futuro; E, terceira, voltamos a idéia de Kant de aliviar ou eliminar os medos e as superstições, isto é, o problema antes resolvido volta a aparecer. Com isso, a ciência não eliminou, porém criou novos medos. Para o grego, a noção de morte equivale a estar separado da “polis”, da cidade. O sentido de morte está associado ao da exclusão social em nossos dias. Está morto que não tem um celular, um micro-computador, um carro do ano, uma namorada... A quarta e última se destina aos desafios da vida, da natureza e da sociedade fazendo com que o homem se sinta preso. E assim busca uma autonomia. Aqui está o ponto em que Kant propõe um PROJETO emancipatório da modernidade, enquanto Adorno diz que não, pois a emancipação já estava em gestão.
O homem conseguiu tornar-se autônomo da natureza desde o século XIX. A natureza foi domada. Adorno afirma que o seu Projeto esclarecedor é imposto e ninguém o discute. É a mistificação das massas. Uma mistificação imanente. Daí, surgem dois modelos bastante sedutores para os que pensam na direção da valorização da individualidade humana.
O modelo alternativo, fruto do pensamento e das conjecturas de Foucault, discute a criação das micro-práticas de poder ou da consciência. Por outro lado, Milton Santos evidencia a questão de um pensamento único, oriundo dos debates econômicos-políticos do neoliberalismo moderno com a idéia de aldeia global ou globalização.
Em virtude disso, sai pela tangente a Indústria cultural que vem se tornando efusivamente um símbolo religioso das massas modernas. Sugerimos assim, como pista para discussão filosófica, o filme "Inteligência Artificial" a partir do ponto de vista da contemporaneidade. Um robô como membro da família. Mas o sonho é um elemento puramente humano. Como será um computador com células humanas? Em algum ponto do labirinto da história nós perdemos a nossa humanidade.
No livro "História da Loucura", Foucault tem uma pergunta: o louco tinha ou não um dom especial dado por Deus?
O final do século XX é totalmente marcado pelo horror – mortes, suicídios, desastres, pessimismos... - , por outro lado, é marcado ainda por um otimismo(economia, revoluções, o poder das teorias, a fé na ciência...). O século da glória, esperado por todos como o séc. da vitória. Isso posto, duas coisas merecem atenção:
Um século frustrante. Não trouxe a felicidade e a autonomia, pois criou infelizes, multidões de pessoas angustiadas. O século das guerras! A guerra do Vietnã que foi filmada pelos EUA. Concomitantemente, as grandes teorias e invenções econômicas não libertaram o ser humano.
É um século de desdobramentos. O homem foi à lua. A revolução sexual. Surge uma tecnologia médica fruto da guerra do Vietnã. A medicina da experimentação nazista. Diga-se de passagem, que quem vai realizar os sonhos dos nazistas são os EUA. As modernas práticas de UTI surgiram no Vietnã. Anestesias, morfinas, enfim... Nós temos um profundo desencanto. As evoluções vão mudar as nossas vidas. Era a mentalidade do séc. XIX, porém o séc. XX acaba com essa idéia de futuro. Pelo contrário, o séc. XX é um brutal acelerador do processo tecnológico de desenvolvimento.


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