domingo, 31 de julho de 2011

A vida é dura!

Nesse país não se tem vontade política de prestar bem os serviços elementares, mínimos de educação, saúde, salários, moradia, bem-estar, etc...Mas temos que conviver com a ideia de uma copa do mundo sendo realizada no Brasil a custos altíssimos e a população amargando filas e mais filas no SUS, leis Federais que não são cumpridas como é o caso da Lei do Piso Nacional dos Professores da Educação e assim por diante. Mesmo com um Brasil vivendo economicamente numa zona de conforto internacional, infelizmente não vemos todo este conforto ser traduzido internamente em investimentos essenciais e necessários para o povo. Os serviços sociais são péssimos e mesmo assim temos que engolir o engodo de uma Copa do Mundo aqui em 2014... Vamos Brasil, o povo quer mais crescimento interno do ponto de vista social, cultural, político, educacional e de qualidade de vida.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ler ou não ler, eis a questão

por Luiz Felipe Pondé para Folha


Dostoiévski
Você gosta de Dostoiévski? Se a resposta for "não", o problema está em você, nunca nele. Uma coisa que qualquer pessoa culta deve saber é que Dostoiévski (e outros grandes como ele) nunca está errado, você sim.

Se você o leu e não gostou, minta. Procure ajuda profissional. Nunca diga algo como "Dostoiévski não está com nada" porque queima seu filme.

Costumo dizer isso para meus alunos de graduação. Eles riem. Aliás, um dos grandes momentos do meu dia é quando entro numa sala com uns 30 deles. Inquietos, barulhentos, desatentos, mas sempre prontos a ouvir alguém que tem prazer em estar com eles. Parte do pouco de otimismo que experimento na vida (coisa rara para um niilista... risadas) vem deles.

Devido a essa experiência, costumo rir de muito blá-blá-blá que falam por aí sobre "as novas gerações".

Um exemplo desse blá-blá-blá são os pais e professores dizerem coisas como: "Essa moçada não lê nada".

Na maioria dos casos, pais e professores também não leem nada e posam de cultos indignados. A indignação, depois da Revolução Francesa, é uma arma a mais na mão da hipocrisia de salão.

Mas há também aqueles que dizem que a moçada de hoje é "superavançada". Não vejo nenhuma grande mudança nessa moçada nos últimos 15 anos. Mesmas mazelas, mesmas inquietações do dia a dia.

Nada mais errado do que supor que eles exijam "tecnologia de ponta" na sala de aula (a menos que a aula seja de tecnologia, é claro). Atenção: com isso não quero dizer que não seja legal a tal "tecnologia de ponta". Quero dizer que "tecnologia de ponta" eles têm "na balada". O que eles não têm é Dostoiévski.

O "amor pela tecnologia" é sempre brega assim como constatamos o ridículo de filmes com "altíssima tecnologia de ponta" comum nos anos 80 e 90 (tipo "Matrix"). Hoje, tudo aquilo parece batedeira de bolo dos anos 50. O que hoje você acha "sublime" na histeria dos tablets, amanhã será brega como os computadores dos anos 80.

Dostoiévski é eterno como a morte. Mas eis que lendo uma excelente entrevista com um psicólogo professor de Yale na página de Ciência desta Folha da última terça (19) encontro um dos equívocos mais comuns com relação a Dostoiévski.

O professor afirma que agir moralmente bem não depende de crenças religiosas. Corretíssimo. Qualquer um que estudar filosofia moral e história saberá que acreditar em Deus ou não nada implica em termos de "melhor" comportamento moral. Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma.

E mais: se Nietzsche estivesse vivo veria que hoje em dia -época em que ateus são comuns como bananas nas feiras- existe também aquele que vira ateu por ressentimento.

Nietzsche acusa os cristãos de crerem em Deus por ressentimento (o cristianismo é platonismo para pobre). Temos medo da indiferença cósmica, daí "inventamos" um dono do Universo que nos ama e, ao final, tudo vai dar certo.

Quase todos os ateus que conheço o são por trauma de abandono cósmico. Se o religioso é um covarde assumido, esse tipo de ateu (muito comum) é um "teenager" revoltado contra o "pai".

Mas voltando ao erro na leitura de Dostoiévski. Do fato que religião não deixa ninguém melhor, o professor conclui que Dostoiévski estava errado quando afirmou que "se Deus não existe, tudo é permitido". Erro clássico.

Essa afirmação de Dostoiévski não discute sua crença, nem o consequente comportamento moral decorrente dela (como parece à primeira vista). Ela discute o fato de que, pouco importando sua crença, se Deus não existe, não há cobrança final sobre seus atos. O "tudo é permitido" significa que não haveria "um dono do Universo" para castiga-lo (ou não), dependendo do que você fizesse.

Claro que isso pode incidir sobre seu comportamento moral, mas apenas secundariamente. A questão dostoievskiana é moral e universal, não pessoal. Pouco importa sua crença, a existência ou não de Deus independe dela, e as consequências de sua existência (ou não) cairão sobre você de qualquer jeito. O problema é filosófico, e não psicológico.

O cineasta Woody Allen entendeu Dostoiévski bem melhor do que o professor.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cultura e erudição


Essa é uma diferença muito clara pra mim. O sujeito que decora tudo e tem mania de externar seu domínio sobre a língua, sobre a geografia e sobre a matemática geralmente não assimila nada pra vida. Ao contrário de quem tem cultura, pois este assimila as informações pra vida e transparece em suas atitudes mudanças extraordinárias sobre aquilo que de fato aprendeu e não decorou, como no caso do erudito.
A sociedade nos abre diferentes possibilidades de encontro com as pessoas. Num desses encontros, esbarramos de quando em vez em alguém erudito que sofre de antecipação. Mal espera uma pergunta e logo interfere na tentativa de respondê-la. São geralmente assim as pessoas que respiram erudição. Derramando-se em conhecimentos e em muitas informações não veem a hora de falar do que estão cheios. O ineditismo e a supervalorização das ideias são uma marca do que se demonstra por demais erudito. Está sempre na espreita de que descobriu a pólvora! É próprio do erudito ter prazer em externar conhecimento. Do contrário, é da natureza do sábio como também do que tem cultura não se deixar perceber. Isto é notório no homem de cultura, a discrição.
Tal qual rio assim é o movimento entre cultura e erudição. O dorso fluir de um rio que passa por cima de pedras e plâncton nos conduz perfeitamente a uma compreensão da vida sábia, uma vida cheia de cultura. Cultura aqui entenda-se por “colere”, morar, habitar, habitar dentro, cultivar. Se ele cultiva, ele pratica, ele cuida, trata daquilo, das coisas. Consequentemente, o homem é um ser digno, inteligente, porque vê dentro das coisas. Fritjof Capra na obra “Teia da Vida” parece trazer para nós algo do tipo que o fluxo do rio é o conhecimento que corre, mas deixa o plâncton preso e vivo, vivível no fundo do rio, representando a sabedoria. Dessa forma, cultura está para a sabedoria, assim como o conhecimento está para a erudição. A primeira costuma descer ao coração e à vivência humana, não passa ligeiramente(plâncton) como num rio. A segunda é do lugar da cabeça, pertence a ela e tem a mania de correr rapidamente como as águas do rio.
Portanto, cultura e erudição se desgarram facilmente uma da outra quando uma ou outra beijam a soberba. Mas, na maioria dos casos, é engraçado que a erudição está mais envolvida com o orgulho ou a soberba humanas. Ao passo que, a cultura ou o homem de cultura é visto pela sua humildade. Vejamos o que diz o livro de Provérbios: “Temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e diante da honra vai a humildade”(Pv 15.33).

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Especialista em Metafísica



segunda-feira, 25 de julho de 2011

PENSAR O FUTURO DO MUNDO

Pensar o futuro do mundo também passa pela filosofia. Charge de Marco Baré http://acertodecontas.blog.br/artigos/exemplo-para-o-mundo/attachment/energia-nuclear-2/

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Não só uma música, mas uma canção MADRI de Fernando e Sorocaba

Fernando e Sorocaba é uma dupla de sertanejo universitário que já por algum tempo tem feito um grande sucesso entre esse público. Seu mais novo sucesso é a música Madrid. Segue abaixo a letra da música para quem quer desde já aprender a cantar.



Que saudade amor
Estou sabendo que ai na Espanha tudo é lindo
Você me deixou
E aqui dentro meu coração ficou partido
Nessa cidade, não vou mais sorrir
Que bom seria, se São Paulo fosse do lado de Madri
No puedo más mi corazón, ta doendo aqui na solidão
No puedo más vivir sin ti, volta logo pra São Paulo
ou eu vou pra Madri
Que saudade amor
Volta logo pro hemisfério sul do mundo
Ficar sem você
Me mostrou o quanto é bom estarmos juntos
Sonho tão lindo é ter você aqui
Que bom seria, se São Paulo fosse do lado de Madri
No puedo más mi corazón, ta doendo aqui na solidão
No puedo más vivir sin ti, volta logo pra São Paulo
ou eu vou pra Madri

Analisemos moral, ética, linguagem e metafísica em Nietzsche. Prof. Ghiraldelli Jr.

Parte 01


Parte 02


Parte 03

Qual a lógica da desordem que caracteriza o mundo contemporâneo?


 

 

 

Por Olgária Matos

Uma das figuras da desordem provocada pela anarquia do mercado e de suas contingências é o fato de ele determinar todas as esferas da vida, como aquelas ligadas aos valores éticos, políticos e estéticos, de modo que toda a vida se encontra na dependente da economia. Isto significa que os valores emanam diretamente da matéria e não mais da vida do espírito. Por isso não há como imaginar que, em meio às desregulamentações incessantes de leis e direitos, com o fim da lei universal em nome de pseudo-philias sociais que privatizam a solidariedade, seja possível escapar da pobreza do mundo afetivo -- de onde a massificação do uso de drogas e a cultura da incuriosidade, imune ao maravilhamento, que esse capitalismo invasivo do pensamento produz. Nesse mundo de “imersão na matéria", já se disse, trocou-se o risco de não morrer de fome pelo risco de morrer de tédio!

Olgária Matos é filósofa. Possui graduação em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP, 1970), mestrado em filosofia pela Université Paris I (Panthéon-Sorbonne, 1974) e doutorado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP, 1985). Professora titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre suas obras, as principais são Os arcanos do inteiramente outro: a Escola de Frankfurt, a melancolia, a revolução (Brasiliense, 1984), Vestígios: escritos de filosofia e crítica social (Palas Athenas, 1998), Discretas Esperanças: reflexões filosóficas sobre o mundo contemporâneo (Nova Alexandria, 2006) e Contemporaneidades (Lazuli, 2009).

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Com muita pressão, greve dos Professores do Estado do RN chega ao fim



Em documento entregue na tarde desta quarta-feira(20) aos dirigentes do Sinte/RN (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), em reunião na sede da Secretaria Estadual da Educação, o Governo defende a retomada imediata das atividades docentes em todas as Escolas Estaduais, cumprindo a decisão judicial, garantindo, dessa maneira, os 200 dias letivos aos mais de 300 mil estudantes da rede de ensino do Rio Grande do Norte.
Governo confirma a constituição do Fórum Permanente para discussão da revisão do Plano de Cargos e Carreiras dos Professores, imediatamente após o fim da greve, e mantém o aumento de 34% que será pago entre os meses de setembro e dezembro deste ano.
O Governo do RN também se compromete a cumprir o Piso Nacional do Magistério em 2012 e anos subseqüentes. Definido o aumento do Piso no plano nacional e a data específica, o Governo irá cumprir imediatamente. “Cumpriremos a lei do piso nacional daqui pra frente. Mas, para garantir isso precisamos revisar o plano de cargos”, disse a secretária-adjunta da educação Adriana Diniz.

Confira texto integral em http://www.robsonpiresxerife.com/

Greve dos Professores do Estado do RN chega ao fim

Terminou a greve da rede estadual da educação

Em assembleia realizada nesta quarta-feira, os trabalhadores em educação da rede estadual de ensino, decidiram acabar a greve que já durava aproximadamente 80 dias. A categoria não aceitou a proposta apresentada pelo governo, mas seguiu a orientação da direção do sindicato que decidiu preservar os professores ameaçados com o corte dos salários. Segundo a coordenadora do Sinte-RN Fátima Cardoso, a audiência que antecedeu a assembleia foi uma das piores da história das negociações do Sindicato.
O diretor do Sinte-RN, Assis Filho, relatou que os representantes do Governo chegaram a barrar a entrada da deputada Fátima Bezerra, do deputado Fernando Mineiro e da assessoria jurídica do Sindicato, na audiência. “Foi uma atitude desrespeitosa que mostrou a verdadeira face desse governo”, protestou Assis.
Na audiência, o Governo manteve a proposta já apresentada e as ameaças judiciais contra os professores grevistas e contra o Sindicato. “A multa diária contra o Sindicato pode subir para R$100 mil, R$ 500 mil ou até um milhão”, ameaçou o Procurador do Estado. A assessoria jurídica do Sindicato concluiu que a discussão saiu do campo jurídico para a retaliação política.
“Os advogados me alertaram de que eu posso ser presa a qualquer momento por desobediência à Justiça. Mas esta não é minha preocupação. Minha preocupação é incentivar a continuidade da greve e provocar o corte dos salários de professores que sequer tem outra fonte de renda. É preciso ter responsabilidade com essa categoria que confia na gente.”, esclareceu Fátima ao defender o fim da greve.

Até onde vai sua noção de riqueza?

Num mundo de altas cifras econômicas, estamos perdendo a noção de riqueza.

A sociologia do puxa-saco. kkkkkkkkkkkkkkkkk. Só o que faltava!

Máximas do filósofo Arthur Schopenhauer


“O dinheiro é a coisa mais importante do mundo. Representa: saúde, força, honra, generosidade e beleza, do mesmo modo que a falta dele representa: doença, fraqueza, desgraça, maldade e fealdade.”
“O que a história conta não passa do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade.”
“Sentimos a dor mas não a sua ausência.”
“Se na hora de uma necessidade os amigos são poucos? Ao contrário! Basta fazer uma amizade com alguém para que, logo que este se encontre numa dificuldade, pedir dinheiro emprestado.”
“Em geral, nove décimos da nossa felicidade baseiam-se exclusivamente na saúde. Com ela, tudo se transforma em fonte de prazer.”
“Casar-se significa duplicar as suas obrigações e reduzir a metade dos seus direitos.”
“Nas pessoas de capacidade limitada, a modéstia não passa de mera honestidade, mas em quem possui grande talento, é hipocrisia.”
Mostrar cólera e ódio nas palavras ou no semblante é inútil, perigoso, imprudente, ridículo e comum. Não devemos mostrar a nossa cólera ou o nosso ódio senão por meio de actos; e estes podem ser praticados tanto mais perfeitamente quanto mais perfeitamente tivermos evitado os primeiros. Os animais de sangue frio são os únicos que têm veneno.”
“Certamente a vida não existe para ser aproveitada, mas para ser suportada e despachada… De facto, é um conforto na velhice ter o trabalho da vida por trás de si.”
“A honra é, objectivamente, a opinião dos outros acerca do nosso valor, e, subjectivamente, o nosso medo dessa opinião.”
“Entre os desejos e as realizações destes transcorre toda a vida humana.”
“Vá bater nos túmulos e perguntar aos mortos se querem ressuscitar: eles sacudirão a cabeça num movimento de recusa.”
“Os homens assemelham-se a relógios a que se dá corda e trabalham sem saber a razão. E sempre que um homem vem a este mundo, o relógio da vida humana recebe corda novamente, para repetir, mais uma vez, o velho e gasto refrão da eterna caixa de música, frase por frase, com variações imperceptíveis.”
“De facto, exteriormente, a necessidade e a privação geram a dor; em contrapartida, a segurança e a abundância geram o tédio.”
“Cada um será tanto mais sociável quanto mais pobre for de espírito, e, em geral, mais vulgar (o que torna o homem sociável é justamente a sua pobreza interior). Pois, no mundo, não se tem muito além da escolha entre a solidão e a vulgaridade.”

Filosofia para crianças: O Jabuti

Era uma vez um jabuti muito engraçadinho. Ele adorava passear por toda a floresta e se metia em todo e qualquer buraco, mas tinha a sua própria casinha. Uma casinha muito linda!
Um dia, ele andou, andou e andou… De repente, viu-se numa clarei­ra, cercada de altas árvores. Olhou para um lado e outro e não con­seguia mais saber em que direção ficava a sua casa.
Botou a sua cabecinha pra dentro da carapaça e se pôs a chorar. Pou­co a pouco, vários animais foram se aproximando do jabuti, com muita pena dele. Perguntaram-lhe o que acontecera, e ele só sabia resmungar e chorar. Nisso, chegou Dona Coruja, sempre cheia de sabedoria, e acabou por fazê-lo falar. E ele disse:
-Estou perdido e não sei o que fazer. Ele respondeu:
— Senhor Jabuti, a gente precisa saber quando é necessário pôr a ca­beça para fora e quando é preciso pô-la para dentro. Você tem que ohar ao redor e pensar. Lembre-se disto!
O jabuti, então, olhou, olhou para todos os lados e, depois, recolheu sua cabecinha, colocando-se a pensar. Aí, lembrou-se.
Todos os animais se alegraram. Cada um tomou seu rumo e o jabuti, o mais depressa que pôde, dirigiu-se para sua casa.
Daí por diante, não passou mais aperto, pois sabia quando devia olhar para fora e quando devia olhar bem para dentro…
(para quem interessa-se pelo tema, o livro ajuda bastante!)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Dia do blogueiro agora é lei no RN


A edição do Diário oficial do Estado (DOE) desta terça(19) informa que foi publicado a lei nº 9.507/2011 que formaliza o dia 2 de setembro, como o dia Norte-Rio grandense do Blogueiro.
A medida foi decretada pela Assembléia Legislativa do RN, e sancionada pela governadora Rosalba ciarlini. A lei foi uma proposição do Deputado Estadual Fábio Dantas (PHS).

A Greve dos Prefessores no Estado do RN poderá chegar ao fim

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação pode confirmar, com o avanço das negociações, a suspensão da greve em assembleia que será realizada na próxima quarta-feira (20), às 16h, no pátio da Escola Estadual Winston Churchill.
Essa foi a decisão tomada na assembléia dessa segunda-feira (18), quando os líderes do movimento discutiram sobre as repercussões da decisão do Tribunal de Justiça, que declarou a greve ilegal, e do Ministério Público, através de 16 promotorias situadas em todas as regiões onde existem Direds no Rio Grande do Norte, determinando que o Governo do Estado tome todas as providências cabíveis para garantir os 200 dias letivos.
A assembléia do Sinte também discutiu sobre a reunião ocorrida na manhã dessa segunda-feira com o secretário chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso Fernandes, onde se estabeleceu uma nova rodada de negociação com a categoria.
Durante a reunião, que também contou com a participação da deputada federal Fátima Bezerra, Paulo de Tarso lembrou que o piso nacional já foi implantado e pago para todos os professores, mas ressaltou a divergência de datas, uma vez que o Governo do RN mantém o calendário para setembro. O secretário disse também que levará as reivindicações da categoria para o conhecimento da governadora Rosalba Ciarlini e que voltará a se reunir com a categoria na quarta (20).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Não adianta trocar a BOLA por uma "BOLADA"

Respondam se puderem: ERA BOLA OU "BOLADA"?

Como contrariar os fatos?

Tentação Totalitária

por Luiz Felipe Pondé para Folha


Você se considera uma pessoa totalitária? Claro que não, imagino. Você deve ser uma pessoa legal, somos todos.

Às vezes, me emociono e choro diante de minhas boas intenções e me pergunto: como pode existir o mal no mundo? Fossem todos iguais a mim, o mundo seria tão bom... (risadas).

Totalitários são aqueles skinheads que batem em negros, nordestinos e gays.

Mas a verdade é que ser totalitário é mais complexo do que ser uma caricatura ridícula de nazista na periferia de São Paulo.

A essência do totalitarismo não é apenas governos fortes no estilo do fascismo e comunismo clássicos do século 20.

Chama minha atenção um dado essencial do totalitarismo, quase sempre esquecido, e que também era presente nos totalitarismos do século 20.

Você, amante profundo do bem, sabe qual é? Calma, chegaremos lá.

Você se lembra de um filme chamado "Um Homem Bom", com Viggo Mortensen, no qual ele é um cara legal, um professor universitário não simpatizante do nazismo (o filme se passa na Alemanha nazista), e que acaba sendo "usado" pelo partido?

Pois bem. Neste filme, há uma cena maravilhosa, entre outras. Uma cena num parque lindo, verde, cheio de árvores (a propósito, os nazistas eram sabidamente amantes da natureza e dos animais), famílias brincando, casais se amando, cachorros correndo, até parece o Ibirapuera de domingo.

Aliás, este é um dos melhores filmes sobre como o nazismo se implantou em sua casa, às vezes, sem você perceber e, às vezes, até achando legal porque graças a ele (o partido) você arrumaria um melhor emprego e mais estabilidade na vida.

Fosse hoje em dia, quem sabe, um desses consultores por aí diria, "para ter uma melhor qualidade de vida".

E aí, a jovem esposa do professor legal (ele acabara de trocar sua esposa de 40 anos por uma de 25 -é, eu sei, banal como a morte) o puxa pelo braço querendo levá-lo para o comício do partido que ia rolar naquele domingão no parque onde as famílias iam em busca de uma melhor qualidade de vida.

Mas ele não tem nenhuma vontade de ir para o comício porque sente um certo "mal-estar" com aquilo tudo. Mas ela, bonita, gostosa, loira, jovem e apaixonada (não se iluda, um par de pernas e uma boca vermelha são mais fortes do que qualquer "visão política de mundo"), diz: "Meu amor, tanta gente junta querendo o bem não pode ser tão mal assim".

É, meu caro amante do bem, esta frase é uma das melhores definições do processo, às vezes invisível, que leva uma pessoa a ser totalitária sem saber: "Quero apenas o bem de todos".

Aí está a característica do totalitarismo que sempre nos escapa, porque ficamos presos nas caricaturas dos skinheads: aquelas pessoas, sim, se emocionavam e choravam diante de tanta boa vontade, diante de tanta emoção coletiva e determinação para o bem.

Esquecemos que naqueles comícios, as pessoas estavam ali "para o bem".

Se você tem absoluta certeza que "você é do bem", cuidado, um dia você pode chorar num comício achando que aquilo tudo é lindo e em nome de um futuro melhor.

E se essa certeza vier acompanhada de alguma "verdade cientifica" (como foi comum nos totalitarismos históricos) associada a educadores que querem "fazer seres humanos melhores" (como foi comum nos totalitarismos históricos) e, finalmente, se tiver a ambição política, aí, então, já era.

Toda vez que alguém quiser fazer um ser humano melhor, associando ciência (o ideal da verdade), educação (o ideal de homem) e política (o ideal de mundo), estamos diante da essência do totalitarismo.

O que move uma personalidade totalitária é a certeza de que ela está fazendo o "bem para todos", não é a vontade de destruir grupos diferentes do dela.

Primeiro vem a certeza de si mesmo como agente do "bem total", depois você vira autoritário em nome desse bem total.

O melhor antídoto para a tentação do totalitarismo não é a certeza de um "outro bem", mas a dúvida acerca do que é o bem, aquilo que desde Aristóteles chamamos de prudência, a maior de todas as virtudes políticas.

Não confio em ninguém que queira criar um homem melhor.


Trailer do filme Um Homem Bom por Paulopes

sábado, 16 de julho de 2011

"La pulga" é pisada pelo elefantaço!

Tchau "la pulga". Quem sabe se na próxima não dá!?

A "LOTERIA" DO PODER


Slavoj Zizek é um pensador daqueles que fogem à regra. Filósofo esloveno, comunista convicto, afeito à Psicanálise e ao cinema com todas as suas facetas, não perde um segundo de pessoalidade e ironia em suas colocações. Um sujeito polêmico, mas incrivelmente otimista. Talvez duas forças destoem de seu temperamento, curioso e engraçado ao mesmo tempo. Pude perceber um pouco do universo de seu pensamento pelas entrevistas que concedeu recentemente à globo news, como também por sua vinda recente à São Paulo, onde participou de uma série de outras entrevistas, uma delas publicada na Revista Cult, junho de 2011, nº 158.
O mais engraçado de suas declarações ultimamente foi o fato de admitir a possibilidade de um sorteio para se chegar ao poder, como numa espécie de loteria. Imagine você assistir da sua casa a um sorteio de seus candidatos pela TV ou pelo rádio, ou mesmo pela internet. O que você diria disso? Pois é. Uma alternativa discutida por esse filósofo que não diz nada à toa. Há por trás dessa ideia alguma coisa de muito, mas muito séria. Não é uma ideia de se jogar fora.
Repare bem que estamos em tempos de uma desconfiança muito grande na democracia, no seu sistema eleitoral, no caminho que se faz para se chegar ao poder em qualquer parte do mundo. As nossas eleições estão cada vez mais caras e ditam um ritmo de corrupção indesejada pela opinião pública. As ditaduras espalhadas pelo mundo estão caindo(caso da Tunísia e do Egito) porque não respondem às expectativas populares de subsistência mínima que vai da comida à economia passando pela ecologia. Ora, se assistimos à queda de regimes de extrema esquerda, também assistimos a grandes estragos em regimes políticos de extrema direita ao longo da história. Experiências de governo parecem ter frustrado a humanidade nos últimos decênios, ainda assim insistimos em voltar a alguns, como é o caso da insistência de Zizek pelas ideias de Marx e outros que defendem a força quase imorredoura das manifestações populares, das reivindicações das camadas trabalhistas em benefício da solidez do Estado e da qualidade de quem o governa. Com uma boa dose cômica em suas palavras, Zizek não abre mão de suas convicções pró-comunistas que vão da fina crítica ao liberalismo econômico dos países capitalistas, propondo uma derrubada gradual e não imediata do capitalismo à eleição de governantes por sorteio.
No Brasil, as reeleições parecem ser um entrave quanto à alternância do poder, muito embora se questione em algum momento a qualidade deste poder. Segundo Zizek, mesmo na Grécia, palco fundante da democracia, “as pessoas já sabiam que é preciso haver algum elemento de contingência na democracia. O único jeito pelo qual a democracia funcionaria seria combinar qualificação e contingência”(Rev. Cult, junho 2011, nº 158, p. 17).
Zizek sorri da fragilidade do sistema capitalista ao qual estamos submetidos, lembrando a crise econômica de 2008 que assustou a todos e sua relação com a democracia: “Há limitações na democracia como a conhecemos, mas os principais candidatos à sua sucessão não funcionaram bem... Em 2008, os bancos ocidentais estavam em pânico e não forneciam crédito. Na China, o poder central apenas ordenou aos bancos que o fizessem. É por isso que a Europa retrocedeu e a China cresceu... Os sonhos do século XX acabaram. Vocês, brasileiros, têm a sorte de não terem recebido uma dose muito grande de populismo. Na Argentina, o peronismo foi a pior catástrofe que aconteceu”(idem).
Ao comparar o populismo de Lula com o de Chávez, lança-se totalmente a favor de Lula: “Não vamos confundir populismo com apelo popular... Mas o trágico em Chávez talvez seja o fato de ele ter dinheiro demais, de modo que pode mascarar as dificuldades em vez de enfrentá-las”(idem). Para ele, o genial da democracia é o que as sociedades mais maquiam e escondem, a ideia de que o trono do poder estará sempre vazio: “E se dissermos que o trono está sempre vazio? O trono é ocupado apenas temporariamente e reocupado pelas eleições livres”(idem). É aqui onde mora o fiasco do sistema eleitoral brasileiro, as eleições não são tão livres assim. Há o direcionamento das mídias pelas propagandas sem limites quase que escolhendo por nós. Há o uso do dinheiro público desenfreado no período eleitoral que financia as mais questionáveis formas de adquirir voto. Há a cumplicidade popular que não resiste à estrutura corrupta das eleições no país: Ou por necessidade ou por oportunismo. A democracia está absolutamente restrita, muitas vezes, às condições de propaganda e marketing, bem como às estruturas de lista pronta dos partidos.
Com todo este cenário desolador da política brasileira, ainda assim é possível pensar seriamente numa “loteria” do poder? Diz Zizek que sim: “Quando Veneza era superpotência nos séculos XIV e XV, suas regras para a eleição eram a coisa mais louca. Não digo loucura completa, com a escolha de idiotas. Há regras para que os idiotas não cheguem lá. Mas, no limite, deve ser uma loteria”(idem). Diante do estado de coisas desarrumadas em que se encontra a estrutura das eleições democráticas no Brasil, unindo-se ao nefasto desgaste sem critério com que se elegem as pessoas mais despreparadas possíveis ao poder, não seria demais, tampouco exagero, criar uma malha fina com critérios rigorosos para que o Estado ganhe pessoas dignas, qualificadas e que atendam aos apelos populares de ecologia, economia e bem-estar social.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Especialista em Metafísica
Páginas na internet:

quinta-feira, 14 de julho de 2011

SELEÇÃO MOSTRA MAIS "GANA" E AVANÇA PARA O MATA-MATA

Atacantes destoam dos demais na Seleção, mas ainda falta convencer. Venceu, mas não convenceu!

"PÃO COM MANTEIGA" DE LUIZ FELIPE PONDÉ

por Luiz Felipe Pondé para Folha

Não sou uma pessoa muito sensível. Diria mesmo que sou insensível. Choro pouco. Claro, homens não podem chorar, ainda hoje, mesmo que o contínuo blablablá que tomou conta do mundo diga o contrário.
Você, leitor, experimente chorar umas duas vezes numa semana, e verá sua namorada desertar.


Se meus amigos não tivessem pena de mim, diriam que sou desumano. À noite, penso em como devo me comportar para que os traços e os gestos do desumano em mim não traiam a farsa.

Mas, por sorte, eu encontro abrigo em meus poucos mestres. Sim, tenho uns poucos. Nietzsche, Freud, Dostoiévski, Pascal, Cioran, Nelson Rodrigues. Aliás, como disse semanas atrás, tenho lido e relido este meu conterrâneo repetidas vezes nos últimos tempos.

No volume "Não Tenho Culpa que a Vida Seja Como Ela É" (ed. Agir), Nelson conta como sofreu com sua coluna "A vida como ela é..." devido à tristeza de suas histórias. Muitos leitores cobravam dele uma "vida mais feliz"." Mas como fazer da vida algo diferente do que ela é?", pergunta a si mesmo. A verdade é que, às vezes, podemos.

Na primeira história do volume (uma introdução a ele), Nelson Rodrigues conta como, certa feita, esperando para ser atendido num pronto-socorro, viu um bebê chorar pus. E ele sentiu vergonha de sua "felicidade problemática" e de sua "pouquíssima alegria".

Graças a Deus, momentos como esses acontecem.

Não sou alguém que tenha consciência social. Aliás, não acredito em ninguém que diga que tenha consciência social e não esteja morto ou miserável por tê-la. "Consciência social" hoje é a essência do marketing social dos bancos. "Consciência social" logo será uma marca de calça jeans, não significa nada, ou está numa prateleira de supermercado ao lado da mostarda.

Certa feita, há algum tempo, ofereceram um trabalho para mim que salvaria o mês. Por uns dois dias, dei aula para professores da "rede".

Sentia a rejeição clara neles com relação à minha missão: uma espécie de educação continuada. Olhavam-me como um enviado pelos inimigos para fingir que os estava ajudando com meu conhecimento "superior". Não os culpo, às vezes a raiva pode ser a última forma de humanidade em alguém.

Na hora do intervalo, um lanche foi servido. Minha colega e eu ganhamos sanduíches de queijo e presunto com Coca-Cola -ou algo semelhante. Fomos levados a uma sala separada.

Os professores, nossos "alunos", receberam, no meio do pátio, uma bacia com pães com manteiga e algum tipo de suco irreconhecível. Ou algo semelhante.

Não conseguimos comer nosso lanche e ver pela janela os professores comerem aquilo de pé. De minha parte, posso dizer que uma vergonha imensa tomou conta de mim, tirando minha fome. Fomos comer com eles.

Outro dia, parei numa esquina de um bairro de classe média alta, por conta do farol vermelho. Crianças cercaram o carro, como sempre. Não sou do tipo que se deixa contaminar por qualquer tipo de "misericórdia de dois reais" -ainda que reconheça que, para alguém que nada tem, dois reais podem significar um pão com manteiga.

Uma menina de uns 13 anos se aproximou. Ela me pediu um trocado. Seu sorriso era bonito. Decidi dar um trocado pra ela. Enquanto procurava por uma moeda, ela me perguntou: "Como é o nome desse carro mesmo?" (ela mesma disse o nome do carro, antes que eu respondesse). "Ele não é do Brasil, é?" Respondi que não. Então ela perguntou de qual país vinha. "Inglaterra", disse eu.

Depois, ela disse pra mim: "Eu vou pra escola e estudo porque um dia, quando crescer, vou pra universidade e vou trabalhar muito e vou ganhar muito dinheiro, porque quero ter um carro igualzinho a este".

Admiro sua vontade de ter um carro inglês, mesmo que pareça um miserável sonho de consumo para uma miserável menina pobre. Falta esse tipo de "gana" no Brasil, e muita gente espera muito do Estado.

Não contei esses dois fatos para que o leitor pense que finalmente tenho coração. Conto para que eu mesmo acredite que tenho coração, porque o simples fato de ouvi-lo bater pode não significar nada além do que a respiração de uma pedra.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Que nos sirva de lição!

Não creio que a arte, a poesia, muito menos a Filosofia nos levem a isso. Em todo caso, que nos sirva de lição.

Qual o caminho de Lévinas até a Filosofia?

Leia uma das entrevistas que o filósofo concedeu sobre isso.

"Penso que primeiramente foram minhas leituras russas. Mais precisamente Puschikin, Lermontov, Doastoiévski, sobre tudo Dostoiévski. O romance russo, o romance de Dostoiévski e de Tolstói, me parecia bem preocupado com coisas fundamentais. Livros percorridos pela inquietude, pelo essencial, a inquietude religiosa, mas legível como busca por um sentido da vida. O sentido da vida é uma expressão frequentemente pronunciada no liceu a propósito dos heróis de Turguéniev. Bastante essencial isso. Romance em que o amor revela suas dimensões de transcendência, já em seus pudores, antes das evidências do erótico, e nos quais uma expressão como "fazer amor" seria profanação escandalosa antes de ser indecência. O amor-sentimento dos livros foi, certamente, o motivo das minhas primeiras tentações filosóficas. Nos liceus da Lituânia, segundo a tradição russa, nada de filosofia, nada de aula de filosofia, mas se quiser, abundância de inquietação metafisica. E, além do mais, no meu caso, também contribuiu a solicitação de textos judaicos que desde as minhas primeiras leituras de filosofo, se apresenta em meus pensamentos sem que eu os releia, e que parecia me conduzir ao que chamo de filosofia. Não estou certo de que isso seja uma preparação a Platão e Aristóteles, mas , em todo o caso, eis o que corresponde a meus gostos pela filosofia geral." 

Meu irmão Kierkegaard

por Luiz Felipe Pondé para Folha

Quando você estiver lendo esta coluna, estarei em Copenhague, Dinamarca, terra do filósofo Soren Kierkegaard (1813-1855), pai do existencialismo. Ao falarmos em existencialismo, pensamos em gente como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, tomando vinho em Paris, dizendo que a vida não tem sentido, fumando cigarros Gitanes.

O ancestral é Pascal, francês do século 17, para quem a alma vive numa luta entre o "ennui" (angústia, tédio) e o "divertissement" (divertimento, distração, este, um termo kierkegaardiano).

O filósofo dinamarquês afirma que nós somos "feitos de angústia" devido ao nada que nos constitui e à liberdade infinita que nos assusta.

A ideia é que a existência precede a essência, ou seja, tudo o que constitui nossa vida em termos de significado (a essência) é precedido pelo fato que existimos sem nenhum sentido a priori.

Como as pedras, existimos apenas. A diferença é que vivemos essa falta de sentido como "condenação à liberdade", justamente por sabermos que somos um nada que fala. A liberdade está enraizada tanto na indiferença da pedra, que nos banha a todos, quanto no infinito do nosso espírito diante de um Deus que não precisa de nós.

O filósofo alemão Kant (século 18) se encantava com o fato da existência de duas leis. A primeira, da mecânica newtoniana, por manter os corpos celestes em ordem no universo, e a segunda, a lei moral (para Kant, a moral é passível de ser justificada pela razão), por manter a ordem entre os seres humanos.

Eu, que sou uma alma mais sombria e mais cética, me encanto mais com outras duas "leis": o nada que nos constitui (na tradição do filósofo dinamarquês) e o amor de que somos capazes.

Somos um nada que ama.

A filosofia da existência é uma educação pela angústia. Uma vez que paramos de mentir sobre nosso vazio e encontramos nossa "verdade", ainda que dolorosa, nos abrimos para uma existência autêntica.

Deste "solo da existência" (o nada), tal como afirma o dinamarquês em seu livro "A Repetição", é possível brotar o verdadeiro amor, algo diferente da mera banalidade.

É conhecida sua teoria dos três estágios como modos de enfrentamento desta experiência do nada. O primeiro, o estético, é quando fugimos do nada buscando sensações de prazer. Fracassamos. O segundo, o ético, quando fugimos nos alienando na certeza de uma vida "correta" (pura hipocrisia). Fracassamos. O terceiro, o religioso, quando "saltamos na fé", sem garantias de salvação. Mas existe também o "abismo do amor".

Sua filosofia do amor é menos conhecida do que sua filosofia da angústia e do desespero, mas nem por isso é menos contundente.

Seu livro "As Obras do Amor, Algumas Considerações Cristãs em Forma de Discursos" (ed. Vozes), traduzido pelo querido colega Álvaro Valls, maior especialista no filósofo dinamarquês no Brasil, é um dos livros mais belos que conheço.

A ideia que abre o livro é que o amor "só se conhece pelos frutos". Vê-se assim o caráter misterioso do amor, seguido de sua "visibilidade" apenas prática.

Angústia e amor são "virtudes práticas" que demandam coragem.

Kierkegaard desconfia profundamente das pessoas que são dadas à felicidade fácil porque, para ele, toda forma de autoconhecimento começa com um profundo entristecimento consigo mesmo.

Numa tradição que reúne Freud, Nietzsche e Dostoiévski (e que se afasta da banalidade contemporânea que busca a felicidade como "lei da alma"), o dinamarquês acredita que o amor pela vida deita raízes na dor e na tristeza, afetos que marcam o encontro consigo mesmo.

Deixo com você, caro leitor, uma de suas pérolas:

"Não, o amor sabe tanto quanto qualquer um, ciente de tudo aquilo que a desconfiança sabe, mas sem ser desconfiado; ele sabe tudo o que a experiência sabe, mas ele sabe ao mesmo tempo que o que chamamos de experiência é propriamente aquela mistura de desconfiança e amor... Apenas os espíritos muito confusos e com pouca experiência acham que podem julgar outra pessoa graças ao saber."

terça-feira, 12 de julho de 2011

Boletim filosófico de Florianópolis/SC publica: VIVA COM OU SEM JUSTIÇA

Vejam que o Portal de Reflexão filosófica SER publicou mais um texto do Prof. de Filosofia Jackislandy:

http://boletimodiad.blogspot.com/2011/06/viver-com-ou-sem-justica.html

Portal SER de Florianópolis publica mais textos do Prof. Jackislandy Meira, leiam

Renomado Boletim de Reflexão filosófica de Florianópolis vem publicando diversos textos filosóficos do Prof. Jackislandy Meira, vejam:

http://boletimodiad.blogspot.com/2011/06/o-cinismo-sombra-da-filosofia-de.html

Enfim, começa uma outra Copa América para a Argentina

Tras los goles de Agüero y el de Di María, el 3-0 a Costa Rica, la fiesta en Córdoba y haber jugado su mejor partido, Messi pidió hablar para agradecerles a los cordobeses y, confiado, dijo: "Más que nadie queremos lo mejor para Argentina".
"Me hacía falta este cariño".
Fue una noche especial para Lionel Messi. Para la Selección también, claro, pero él requería esta actuación, esta victoria, este feeling con la gente. Es que Leo jugó un partido aparte desde que pisó el césped y recibió una ovación como nunca se le dio en el país. Córdoba lo trató como un ídolo de punta a punta en una noche que obligaba a ganar, a jugar bien, a sacarse la mufa. Y él respondió adentro y afuera de la cancha.
Adentro, el crack del Barcelona fue ese, justamente, el crack del Barcelona; no hubo dos Messis esta vez. Sí hubo dos pases gol: el rosarino fue asistidor en el segundo de Agüero, compinche ideal, y en el de Di María para el 3-0 contra la Sub 22 de Costa Rica, que aguantó hasta el final del primer tiempo. Y si no hubo más gritos con participación de Lionel fue por la mala puntería de Higuaín y de Lavezzi.
Afuera, Messi también fue líder, también fue figura. Después de la conferencia de prensa de Batista, Leo pidió el micrófono especialmente: "Quiero agradecerle a la gente de Córdoba por cómo nos trató a todos, en especial a mí. Me hacía falta este cariño por cómo veníamos. Empezamos mal pero ahora empieza otra Copa, y nosotros más que nadie queremos lo mejor para Argentina". Fueron 20 segundos de monólogo del rosarino. No hacía falta más: el partido y el gesto de hablarle a la gente significaba todo, cómo se había sentido en Córdoba. Cómo espera ser recibido en Santa Fe el sábado, donde habrá que jugar contra Uruguay, Chile o Perú.
A él le hacía falta este cariño. A Argentina le hacía falta este Messi. Y tiene razón. Con este 3-0, la Selección ya está en cuartos, se sacó una gran mochila de encima. Y empieza a jugar otra Copa, como dijo Leo.
 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A banalização da felicidade...

O sistema capitalista, que surfa na gigantesca onda de uma falsa democracia, profana o ideal de felicidade trazido pela filosofia:
"A felicidade foi profanada para entrar na ordem democrática em que ela é essencial a todos. O sistema é cínico, pois, banalizando a felicidade na propaganda de margarina, em que venda a 'família feliz', ou de carro, em que se vende o status e certa ideia de poder, a torna intangível pela ilusão de tangibilidade"(Márcia Tiburi, Rev. Cult, nº 159, p. 47).
"A felicidade capitalista é a morte da felicidade por plastificação"(idem).
"A felicidade filosófica é de ordem da promessa a ser realizada a cada ato em que a aliança entre pensamento e ação é sustentada. Ela envolve uma compreensão do futuro, não como ficção científica, mas como lugar da vida justa que se constrói no tempo presente"(idem).
Por falta dessa filosofia, nos tempos de hoje, percebe-se: "Uma massa de desesperados trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmácias do país em busca de alento"(idem) - de lenitivo.

Grifo de Jackislandy Meira, Professor de Filosofia da EETA.

O novo material do ídolos é o plástico

"A propaganda vive do ritual de sacralização de bugingangas no lugar de relíquias, e o consumidor é o novo fiel. Nada de novo em dizer que o consumidor é a crença na igreja do capitalismo. E que o novo material do ídolos é o plástico"(Márcia Tiburi, Rev. Cult, nº 159, p. 47).

Copa "amérdica". Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....

Esta Copa América está mesmo de arrepiar. Nem Brasil, nem Argentina, dona da casa, nem Uruguai deram resultados às tão fortes expectativas. Os francos atiradores estão no lucro, mas os chamados favoritos ainda não disseram a que veio.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cidadãos do céu...





Difícil tergiversar sobre tamanha cidadania já que muitos não a admitem. Se exercer uma cidadania terrena, da cidade mesmo, é um tanto quanto difícil, imagine então quando essa cidadania implica trazer para o mundo real as novidades eternas difundidas pelo Evangelho! Para tanto, requer de nossa parte uma intensa dedicação ao Reino de Deus, uma vez que o projeto de uma cidade dos céus estaria sendo relegado por muitos: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36). Apesar de uma realidade de rejeição ao exercício de uma cidadania celeste, o anúncio e o testemunho das palavras e dos atos do Senhor se fazem pertinentes por causa da escassez de um poder espiritual no mundo contingente. O mundo sente cada vez mais a ausência de Deus! Quanto mais os cidadãos do mundo, os cosmopolitas como diria Sócrates, rejeitam uma cidadania diferente, de um Reino dos céus, mais e mais se faz urgente a Palavra do Senhor que diz:“(...) o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”(Mc 1. 15).
É muito próprio do cidadão comum cumprir suas obrigações, obedecer às leis, participar do governo de uma cidade, como também exigir a garantia de seus direitos à Educação, à Saúde, à Liberdade, de modo que venha a sentir-se incluído no meio social de crescimento e realização pessoal, mas nada disso lhe garante a salvação. Do contrário, há de se perceber uma insaciável busca do cidadão por valores imperecíveis, eternos, isto é, embora tenha um exercício de cidadania razoável para viver, o cidadão em algum momento é capaz de se dar conta da sua insatisfação, onde a procura pela verdadeira vida, por milagres e sinais dos céus são muito latentes. Lembrem-se da pergunta dramática do jovem rico: “Senhor, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”(Cf. Mt 19.16-22)
Enquanto Jesus veio para os seus, mas os seus não o conheceram, conforme está dito logo no início do Evangelho de João, viraram-lhe as costas, o mataram, o eliminaram, porém não foram muito longe, não conseguiram viver baseados apenas nas forças deste mundo porque viram que todas as coisas passam, os reinos passam, a soberania e a soberba temporais passam, as perseguições e injustiças também passam, mas as palavras do Senhor não passam e permanecem ecoando aos ouvidos dos cidadãos do mundo. Viram ainda que estavam errados quanto aos feitos maravilhosos do Senhor direcionados para a salvação da humanidade. A intenção de Jesus, obediente ao Pai, era impregnar nos corações humanos a realização de todas as promessas eternas, de felicidade e bonança tais que o mundo inteiro não podia conter. Sedentos de paz definitiva, de amor verdadeiro, de alegrias eternas, de comunhão com os céus, os cidadãos do mundo preferiram aceitar a morte à vida.
A verdade é dura, mas é verdade. Permitam o trocadilho. Não somos deste mundo, apenas passamos por ele. Somos peregrinos por aqui. Na verdade, somos passantes, migrando por aqui e por ali, sem pátria, mais nômades do que nunca, forasteiros, pois nossa terra é o céu, nossa pátria é o céu. O mundo não nos pertence, tampouco pertencemos a ele. Ora, se aqui, apesar de tudo, é tão bom, como não será o céu! Se os frutos da terra são tão bons, como não serão os galardões do céu! Os frutos do Espírito são: “o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio” (Gálatas 5.22).
Nossa cidadania comum está muito aquém da cidadania celestial, pois o reino celestial não é como os reinos deste mundo, ser cidadão do mundo não é o mesmo que ser cidadão do céu. Ser cidadão do céu implica estar submetido ao governo de Deus que está em nosso coração e em nossa consciência, norteando nossa vida. Agora, antes de receber o título de cidadão do céu, é necessário reconhecer-se pecador, aceitar o Senhor como seu salvador, e sobretudo, renascer pela água e pelo espírito, mudar de vida pela Palavra de Deus, ouvindo a voz de Deus: “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus...Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.3,5). “Tendo purificado a vossa alma pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Ped 1.22-23).
Portanto, é fato. Não somos daqui. Como transeuntes pelo mundo, mais nos damos conta de que marchamos para os céus, haja vista que esta vida não se basta nela mesma, mas se completa com a vida eterna. “(...)Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. (...)Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”(1Cor 13. 9-12). Atribui-se a Sócrates o dito de que "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo". Completaríamos o legado oral assim: “Não sou nem ateniense, nem grego, nem cidadão do mundo, mas sim um cidadão do céu”.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica
Páginas na net:



quarta-feira, 6 de julho de 2011

O “desinteressamento” em Lévinas...





LÉVINAS, Emmanuel. De Deus que vem à ideia. 2ª ed. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes. 2008. p. 21-22.

Que a ideologia seja uma fonte de ilusões é uma visão ainda mais recente. Se for verdade o que diz Althusser, a ideologia exprime sempre a maneira pela qual a dependência da consciência relativamente às condições objetivas ou materiais que a determinam – e que a razão científica apreende em sua objetividade – é vivida por essa consciência. É preciso logo se perguntar se isso não nos ensina, ao mesmo tempo, certa excentricidade da consciência em relação à ordem controlada pela ciência – e a qual, sem dúvida, a ciência pertence – como uma luxação do sujeito, um espasmo, um “jogo” entre ele e o ser.
Se a ilusão é a modalidade desse jogo, nem por isso torna ilusório esse jogo, ou diferença, ou exílio ou “falta de pátria” ontológica da consciência. A diferença seria o simples efeito do inacabamento da ciência que, ao completar-se, roeria até à corda o sujeito, cuja vocação suprema estaria somente a serviço da verdade e que, tendo a ciência atingido seu fim, perderia sua razão de ser?
Contudo, a ciência não terá impedido que essa ideologia, agora inofensiva, continue a assegurar a permanência de uma vida subjetiva que vive de suas ilusões desmistificadas. Vida em que, sob o nariz da ciência, se comete loucuras, se come e se distrai, se tem ambições e gostos estéticos, se chora e se indigna, em que se esquece a certeza da morte e toda a física, a psicologia e a sociologia que, por trás da vida, comandam esta vida. A diferença entre o sujeito e a realidade, atestada pela ideologia, derivaria, assim, ou de uma realização sempre adiada ou do esquecimento sempre possível da ciência.
Mas essa diferença vem do sujeito? Vem de um ente preocupado com seu ser e perseverando no ser; vem de uma interioridade revestida de uma essência de personagem, de uma singularidade que se compraz na sua ex-ceção, preocupada com sua felicidade – ou com sua salvação – com suas dissimulações privadas no seio da universalidade do verdadeiro? Será que é o próprio sujeito que terá cavado um vazio como ideologia entre ele e o ser? Esse vazio não deriva de uma ruptura anterior às ilusões e às maquinações que o preenchem, não deriva de uma interrupção da essência, de um não-lugar, de uma “utopia”, de um puro intervalo da “epoché” aberto pelo desinteressamento? A ciência não teria tido ainda, nessa altura, nem sonhos consoladores a interromper, nem megalomania a reconduzir à razão; só teria encontrado aí a distância necessária à sua imparcialidade e objetividade. A ideologia teria sido, assim, o sintoma ou o sinal de um “não-lugar”, em que a objetividade da ciência se subtrai a toda parcialidade. Como decidir entre os termos da alternativa? Talvez um outro momento do espírito moderno sugerirá o sentido da opção a escolher, além de uma análise mais completa do desinteressamento.


Texto adaptado pelo Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva.

A ASSEMBLÉIA DE DEUS EM FLORÂNIA JÁ SE PREPARA PARA O VI EMADEF


VEM AÍ O SEXTO ENCONTRO DA MOCIDADE DA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE FLORÂNIA - DIAS 26 E 27 DE AGOSTO DE 2011. PARTICIPEMOS TODOS DESSA ALEGRIA.

sábado, 2 de julho de 2011

Nietzsche, pronto para explodir!

Talvez com Nietzsche, mais do que com Descartes ou Kant, mais ainda do que com os Renascentistas, a Filosofia tenha atingido seu estágio mais original e mais inovador, por isso mais moderno porque faz duras declarações de que a ciência não era tudo isso que se vislumbrava, destronando seu “status” de deusa do século XIX e tempos vindouros. Nietzsche levanta a sua voz contra a ciência de seu tempo, antecipando uma Filosofia marcadamente poderosa porque propõe desafiar valores sociais, religiosos, morais e científicos autoritários, sem razão alguma para a vida. Para Nietzsche, o que mais importa, antes de tudo, de quaisquer padronização moral, é a vontade de viver. Tanto é que, para isso ocorrer, é sensivelmente aceitável para o homem de hoje a volta ao Nascimento da Tragédia, ao modelo de homem dotado de poder para viver com base na Ilíada, na Odisséia... Um homem visto elevado ao quadrado, inserido no movimento fabuloso da vida com todos os seus riscos. O homem de Nietzsche é o do puro devir, cujos perigos não são obstáculos, mas motivações imprescindíveis para o crescimento cultural, como uma espécie de dinamite pronta para explodir.
Sendo assim, a partir do que disse antes, da Ilíada, da Odisséia, dos gregos pré-socráticos, da arte como mediação de todas as coisas, do devir e, evidentemente, da vida como processo de transformação constante e interminável, claro que isso varia um pouco até mesmo entre os pré-socráticos, mas no geral, todos estão em torno da ideia de mudança, Nietzsche constrói uma máquina de guerra contra o pensamento dito “moderno” com base na ciência e em valores caducos. Segundo ele, a história do pensamento humano é a história da negação da vida, é a história de uma ilusão, é a história da construção de um modelo. É a história da frustração de um modelo de homem que não existe e não existia e não existirá nunca. O homem construiu uma imagem muito superior do que consegue ser ou alcançar. Então, ele corre atrás dessa imagem, a imagem platônica de ser e de se viver.
“Finalmente, minha desconfiança em relação a Platão robustece-se cada vez mais: parece-me que ele se desviou de todos os instintos fundamentais dos gregos; acho-o tão impregnado de moral, tão cristão antes do cristianismo – já apresentou a ideia do bem como ideia superior – que me sinto tentado a empregar, com relação a todo o fenômeno Platão, antes de qualquer outro qualificativo, aquela de alta mistificação ou, melhor ainda, de idealismo. - Custou-nos caro o fato desse ateniense ter ido à escola dos egípcios (ou talvez entre os judeus do Egito?...). Na grande fatalidade do cristianismo, Platão é essa fascinação de duplo sentido chamada 'ideal' que permite aos caracteres nobre da Antiguidade de se enganar a si mesmos e abordar a ponte que se chama 'cruz'...”(NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos Ídolos. São Paulo: Ed. Escala, 2009. p. 102-103).
Essa crítica à Platão, no Crepúsculo aos Ídolos de 1888, é sem dúvida uma Filosofia a golpes de marteladas ou como o próprio Nietzsche afirma no capítulo final de seu ensaio Ecce Homo, num parágrafo onde mostra que mesmo tendo rumado da solidão para as trevas ele tinha ainda consciência do que o seu pensamento iria provocar no Século que se avizinhava. Afirma ele: "Conheço minha sorte. Alguma vez o meu nome estará unido a algo gigantesco – de uma crise como jamais houve na Terra, a mais profunda colisão de consciência, de uma decisão tomada, mediante um conjuro, contra tudo o que até este momento se acreditou, se exigiu, se santificou. Eu não sou um homem, eu sou dinamite."
Portanto, Nietzsche declarou guerra à tradição do pensamento ocidental por meio do poderoso argumento de Heráclito sobre o devir e sobre a guerra dos contrários. Este movimento presente na Filosofia de Nietzsche causa um verdadeiro impacto aos costumes tradicionais de sua época, de modo que todos os valores até então passam por uma reviravolta a partir do crivo da figura avassaladora de “Dioniso” no Nascimento da Tragédia. Daí, um pensamento pronto para explodir a qualquer momento!

Prof.: Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica


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domingo, 31 de julho de 2011

A vida é dura!

Nesse país não se tem vontade política de prestar bem os serviços elementares, mínimos de educação, saúde, salários, moradia, bem-estar, etc...Mas temos que conviver com a ideia de uma copa do mundo sendo realizada no Brasil a custos altíssimos e a população amargando filas e mais filas no SUS, leis Federais que não são cumpridas como é o caso da Lei do Piso Nacional dos Professores da Educação e assim por diante. Mesmo com um Brasil vivendo economicamente numa zona de conforto internacional, infelizmente não vemos todo este conforto ser traduzido internamente em investimentos essenciais e necessários para o povo. Os serviços sociais são péssimos e mesmo assim temos que engolir o engodo de uma Copa do Mundo aqui em 2014... Vamos Brasil, o povo quer mais crescimento interno do ponto de vista social, cultural, político, educacional e de qualidade de vida.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ler ou não ler, eis a questão

por Luiz Felipe Pondé para Folha


Dostoiévski
Você gosta de Dostoiévski? Se a resposta for "não", o problema está em você, nunca nele. Uma coisa que qualquer pessoa culta deve saber é que Dostoiévski (e outros grandes como ele) nunca está errado, você sim.

Se você o leu e não gostou, minta. Procure ajuda profissional. Nunca diga algo como "Dostoiévski não está com nada" porque queima seu filme.

Costumo dizer isso para meus alunos de graduação. Eles riem. Aliás, um dos grandes momentos do meu dia é quando entro numa sala com uns 30 deles. Inquietos, barulhentos, desatentos, mas sempre prontos a ouvir alguém que tem prazer em estar com eles. Parte do pouco de otimismo que experimento na vida (coisa rara para um niilista... risadas) vem deles.

Devido a essa experiência, costumo rir de muito blá-blá-blá que falam por aí sobre "as novas gerações".

Um exemplo desse blá-blá-blá são os pais e professores dizerem coisas como: "Essa moçada não lê nada".

Na maioria dos casos, pais e professores também não leem nada e posam de cultos indignados. A indignação, depois da Revolução Francesa, é uma arma a mais na mão da hipocrisia de salão.

Mas há também aqueles que dizem que a moçada de hoje é "superavançada". Não vejo nenhuma grande mudança nessa moçada nos últimos 15 anos. Mesmas mazelas, mesmas inquietações do dia a dia.

Nada mais errado do que supor que eles exijam "tecnologia de ponta" na sala de aula (a menos que a aula seja de tecnologia, é claro). Atenção: com isso não quero dizer que não seja legal a tal "tecnologia de ponta". Quero dizer que "tecnologia de ponta" eles têm "na balada". O que eles não têm é Dostoiévski.

O "amor pela tecnologia" é sempre brega assim como constatamos o ridículo de filmes com "altíssima tecnologia de ponta" comum nos anos 80 e 90 (tipo "Matrix"). Hoje, tudo aquilo parece batedeira de bolo dos anos 50. O que hoje você acha "sublime" na histeria dos tablets, amanhã será brega como os computadores dos anos 80.

Dostoiévski é eterno como a morte. Mas eis que lendo uma excelente entrevista com um psicólogo professor de Yale na página de Ciência desta Folha da última terça (19) encontro um dos equívocos mais comuns com relação a Dostoiévski.

O professor afirma que agir moralmente bem não depende de crenças religiosas. Corretíssimo. Qualquer um que estudar filosofia moral e história saberá que acreditar em Deus ou não nada implica em termos de "melhor" comportamento moral. Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma.

E mais: se Nietzsche estivesse vivo veria que hoje em dia -época em que ateus são comuns como bananas nas feiras- existe também aquele que vira ateu por ressentimento.

Nietzsche acusa os cristãos de crerem em Deus por ressentimento (o cristianismo é platonismo para pobre). Temos medo da indiferença cósmica, daí "inventamos" um dono do Universo que nos ama e, ao final, tudo vai dar certo.

Quase todos os ateus que conheço o são por trauma de abandono cósmico. Se o religioso é um covarde assumido, esse tipo de ateu (muito comum) é um "teenager" revoltado contra o "pai".

Mas voltando ao erro na leitura de Dostoiévski. Do fato que religião não deixa ninguém melhor, o professor conclui que Dostoiévski estava errado quando afirmou que "se Deus não existe, tudo é permitido". Erro clássico.

Essa afirmação de Dostoiévski não discute sua crença, nem o consequente comportamento moral decorrente dela (como parece à primeira vista). Ela discute o fato de que, pouco importando sua crença, se Deus não existe, não há cobrança final sobre seus atos. O "tudo é permitido" significa que não haveria "um dono do Universo" para castiga-lo (ou não), dependendo do que você fizesse.

Claro que isso pode incidir sobre seu comportamento moral, mas apenas secundariamente. A questão dostoievskiana é moral e universal, não pessoal. Pouco importa sua crença, a existência ou não de Deus independe dela, e as consequências de sua existência (ou não) cairão sobre você de qualquer jeito. O problema é filosófico, e não psicológico.

O cineasta Woody Allen entendeu Dostoiévski bem melhor do que o professor.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cultura e erudição


Essa é uma diferença muito clara pra mim. O sujeito que decora tudo e tem mania de externar seu domínio sobre a língua, sobre a geografia e sobre a matemática geralmente não assimila nada pra vida. Ao contrário de quem tem cultura, pois este assimila as informações pra vida e transparece em suas atitudes mudanças extraordinárias sobre aquilo que de fato aprendeu e não decorou, como no caso do erudito.
A sociedade nos abre diferentes possibilidades de encontro com as pessoas. Num desses encontros, esbarramos de quando em vez em alguém erudito que sofre de antecipação. Mal espera uma pergunta e logo interfere na tentativa de respondê-la. São geralmente assim as pessoas que respiram erudição. Derramando-se em conhecimentos e em muitas informações não veem a hora de falar do que estão cheios. O ineditismo e a supervalorização das ideias são uma marca do que se demonstra por demais erudito. Está sempre na espreita de que descobriu a pólvora! É próprio do erudito ter prazer em externar conhecimento. Do contrário, é da natureza do sábio como também do que tem cultura não se deixar perceber. Isto é notório no homem de cultura, a discrição.
Tal qual rio assim é o movimento entre cultura e erudição. O dorso fluir de um rio que passa por cima de pedras e plâncton nos conduz perfeitamente a uma compreensão da vida sábia, uma vida cheia de cultura. Cultura aqui entenda-se por “colere”, morar, habitar, habitar dentro, cultivar. Se ele cultiva, ele pratica, ele cuida, trata daquilo, das coisas. Consequentemente, o homem é um ser digno, inteligente, porque vê dentro das coisas. Fritjof Capra na obra “Teia da Vida” parece trazer para nós algo do tipo que o fluxo do rio é o conhecimento que corre, mas deixa o plâncton preso e vivo, vivível no fundo do rio, representando a sabedoria. Dessa forma, cultura está para a sabedoria, assim como o conhecimento está para a erudição. A primeira costuma descer ao coração e à vivência humana, não passa ligeiramente(plâncton) como num rio. A segunda é do lugar da cabeça, pertence a ela e tem a mania de correr rapidamente como as águas do rio.
Portanto, cultura e erudição se desgarram facilmente uma da outra quando uma ou outra beijam a soberba. Mas, na maioria dos casos, é engraçado que a erudição está mais envolvida com o orgulho ou a soberba humanas. Ao passo que, a cultura ou o homem de cultura é visto pela sua humildade. Vejamos o que diz o livro de Provérbios: “Temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e diante da honra vai a humildade”(Pv 15.33).

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Especialista em Metafísica



segunda-feira, 25 de julho de 2011

PENSAR O FUTURO DO MUNDO

Pensar o futuro do mundo também passa pela filosofia. Charge de Marco Baré http://acertodecontas.blog.br/artigos/exemplo-para-o-mundo/attachment/energia-nuclear-2/

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Não só uma música, mas uma canção MADRI de Fernando e Sorocaba

Fernando e Sorocaba é uma dupla de sertanejo universitário que já por algum tempo tem feito um grande sucesso entre esse público. Seu mais novo sucesso é a música Madrid. Segue abaixo a letra da música para quem quer desde já aprender a cantar.



Que saudade amor
Estou sabendo que ai na Espanha tudo é lindo
Você me deixou
E aqui dentro meu coração ficou partido
Nessa cidade, não vou mais sorrir
Que bom seria, se São Paulo fosse do lado de Madri
No puedo más mi corazón, ta doendo aqui na solidão
No puedo más vivir sin ti, volta logo pra São Paulo
ou eu vou pra Madri
Que saudade amor
Volta logo pro hemisfério sul do mundo
Ficar sem você
Me mostrou o quanto é bom estarmos juntos
Sonho tão lindo é ter você aqui
Que bom seria, se São Paulo fosse do lado de Madri
No puedo más mi corazón, ta doendo aqui na solidão
No puedo más vivir sin ti, volta logo pra São Paulo
ou eu vou pra Madri

Analisemos moral, ética, linguagem e metafísica em Nietzsche. Prof. Ghiraldelli Jr.

Parte 01


Parte 02


Parte 03

Qual a lógica da desordem que caracteriza o mundo contemporâneo?


 

 

 

Por Olgária Matos

Uma das figuras da desordem provocada pela anarquia do mercado e de suas contingências é o fato de ele determinar todas as esferas da vida, como aquelas ligadas aos valores éticos, políticos e estéticos, de modo que toda a vida se encontra na dependente da economia. Isto significa que os valores emanam diretamente da matéria e não mais da vida do espírito. Por isso não há como imaginar que, em meio às desregulamentações incessantes de leis e direitos, com o fim da lei universal em nome de pseudo-philias sociais que privatizam a solidariedade, seja possível escapar da pobreza do mundo afetivo -- de onde a massificação do uso de drogas e a cultura da incuriosidade, imune ao maravilhamento, que esse capitalismo invasivo do pensamento produz. Nesse mundo de “imersão na matéria", já se disse, trocou-se o risco de não morrer de fome pelo risco de morrer de tédio!

Olgária Matos é filósofa. Possui graduação em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP, 1970), mestrado em filosofia pela Université Paris I (Panthéon-Sorbonne, 1974) e doutorado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP, 1985). Professora titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre suas obras, as principais são Os arcanos do inteiramente outro: a Escola de Frankfurt, a melancolia, a revolução (Brasiliense, 1984), Vestígios: escritos de filosofia e crítica social (Palas Athenas, 1998), Discretas Esperanças: reflexões filosóficas sobre o mundo contemporâneo (Nova Alexandria, 2006) e Contemporaneidades (Lazuli, 2009).

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Com muita pressão, greve dos Professores do Estado do RN chega ao fim



Em documento entregue na tarde desta quarta-feira(20) aos dirigentes do Sinte/RN (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), em reunião na sede da Secretaria Estadual da Educação, o Governo defende a retomada imediata das atividades docentes em todas as Escolas Estaduais, cumprindo a decisão judicial, garantindo, dessa maneira, os 200 dias letivos aos mais de 300 mil estudantes da rede de ensino do Rio Grande do Norte.
Governo confirma a constituição do Fórum Permanente para discussão da revisão do Plano de Cargos e Carreiras dos Professores, imediatamente após o fim da greve, e mantém o aumento de 34% que será pago entre os meses de setembro e dezembro deste ano.
O Governo do RN também se compromete a cumprir o Piso Nacional do Magistério em 2012 e anos subseqüentes. Definido o aumento do Piso no plano nacional e a data específica, o Governo irá cumprir imediatamente. “Cumpriremos a lei do piso nacional daqui pra frente. Mas, para garantir isso precisamos revisar o plano de cargos”, disse a secretária-adjunta da educação Adriana Diniz.

Confira texto integral em http://www.robsonpiresxerife.com/

Greve dos Professores do Estado do RN chega ao fim

Terminou a greve da rede estadual da educação

Em assembleia realizada nesta quarta-feira, os trabalhadores em educação da rede estadual de ensino, decidiram acabar a greve que já durava aproximadamente 80 dias. A categoria não aceitou a proposta apresentada pelo governo, mas seguiu a orientação da direção do sindicato que decidiu preservar os professores ameaçados com o corte dos salários. Segundo a coordenadora do Sinte-RN Fátima Cardoso, a audiência que antecedeu a assembleia foi uma das piores da história das negociações do Sindicato.
O diretor do Sinte-RN, Assis Filho, relatou que os representantes do Governo chegaram a barrar a entrada da deputada Fátima Bezerra, do deputado Fernando Mineiro e da assessoria jurídica do Sindicato, na audiência. “Foi uma atitude desrespeitosa que mostrou a verdadeira face desse governo”, protestou Assis.
Na audiência, o Governo manteve a proposta já apresentada e as ameaças judiciais contra os professores grevistas e contra o Sindicato. “A multa diária contra o Sindicato pode subir para R$100 mil, R$ 500 mil ou até um milhão”, ameaçou o Procurador do Estado. A assessoria jurídica do Sindicato concluiu que a discussão saiu do campo jurídico para a retaliação política.
“Os advogados me alertaram de que eu posso ser presa a qualquer momento por desobediência à Justiça. Mas esta não é minha preocupação. Minha preocupação é incentivar a continuidade da greve e provocar o corte dos salários de professores que sequer tem outra fonte de renda. É preciso ter responsabilidade com essa categoria que confia na gente.”, esclareceu Fátima ao defender o fim da greve.

Até onde vai sua noção de riqueza?

Num mundo de altas cifras econômicas, estamos perdendo a noção de riqueza.

A sociologia do puxa-saco. kkkkkkkkkkkkkkkkk. Só o que faltava!

Máximas do filósofo Arthur Schopenhauer


“O dinheiro é a coisa mais importante do mundo. Representa: saúde, força, honra, generosidade e beleza, do mesmo modo que a falta dele representa: doença, fraqueza, desgraça, maldade e fealdade.”
“O que a história conta não passa do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade.”
“Sentimos a dor mas não a sua ausência.”
“Se na hora de uma necessidade os amigos são poucos? Ao contrário! Basta fazer uma amizade com alguém para que, logo que este se encontre numa dificuldade, pedir dinheiro emprestado.”
“Em geral, nove décimos da nossa felicidade baseiam-se exclusivamente na saúde. Com ela, tudo se transforma em fonte de prazer.”
“Casar-se significa duplicar as suas obrigações e reduzir a metade dos seus direitos.”
“Nas pessoas de capacidade limitada, a modéstia não passa de mera honestidade, mas em quem possui grande talento, é hipocrisia.”
Mostrar cólera e ódio nas palavras ou no semblante é inútil, perigoso, imprudente, ridículo e comum. Não devemos mostrar a nossa cólera ou o nosso ódio senão por meio de actos; e estes podem ser praticados tanto mais perfeitamente quanto mais perfeitamente tivermos evitado os primeiros. Os animais de sangue frio são os únicos que têm veneno.”
“Certamente a vida não existe para ser aproveitada, mas para ser suportada e despachada… De facto, é um conforto na velhice ter o trabalho da vida por trás de si.”
“A honra é, objectivamente, a opinião dos outros acerca do nosso valor, e, subjectivamente, o nosso medo dessa opinião.”
“Entre os desejos e as realizações destes transcorre toda a vida humana.”
“Vá bater nos túmulos e perguntar aos mortos se querem ressuscitar: eles sacudirão a cabeça num movimento de recusa.”
“Os homens assemelham-se a relógios a que se dá corda e trabalham sem saber a razão. E sempre que um homem vem a este mundo, o relógio da vida humana recebe corda novamente, para repetir, mais uma vez, o velho e gasto refrão da eterna caixa de música, frase por frase, com variações imperceptíveis.”
“De facto, exteriormente, a necessidade e a privação geram a dor; em contrapartida, a segurança e a abundância geram o tédio.”
“Cada um será tanto mais sociável quanto mais pobre for de espírito, e, em geral, mais vulgar (o que torna o homem sociável é justamente a sua pobreza interior). Pois, no mundo, não se tem muito além da escolha entre a solidão e a vulgaridade.”

Filosofia para crianças: O Jabuti

Era uma vez um jabuti muito engraçadinho. Ele adorava passear por toda a floresta e se metia em todo e qualquer buraco, mas tinha a sua própria casinha. Uma casinha muito linda!
Um dia, ele andou, andou e andou… De repente, viu-se numa clarei­ra, cercada de altas árvores. Olhou para um lado e outro e não con­seguia mais saber em que direção ficava a sua casa.
Botou a sua cabecinha pra dentro da carapaça e se pôs a chorar. Pou­co a pouco, vários animais foram se aproximando do jabuti, com muita pena dele. Perguntaram-lhe o que acontecera, e ele só sabia resmungar e chorar. Nisso, chegou Dona Coruja, sempre cheia de sabedoria, e acabou por fazê-lo falar. E ele disse:
-Estou perdido e não sei o que fazer. Ele respondeu:
— Senhor Jabuti, a gente precisa saber quando é necessário pôr a ca­beça para fora e quando é preciso pô-la para dentro. Você tem que ohar ao redor e pensar. Lembre-se disto!
O jabuti, então, olhou, olhou para todos os lados e, depois, recolheu sua cabecinha, colocando-se a pensar. Aí, lembrou-se.
Todos os animais se alegraram. Cada um tomou seu rumo e o jabuti, o mais depressa que pôde, dirigiu-se para sua casa.
Daí por diante, não passou mais aperto, pois sabia quando devia olhar para fora e quando devia olhar bem para dentro…
(para quem interessa-se pelo tema, o livro ajuda bastante!)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Dia do blogueiro agora é lei no RN


A edição do Diário oficial do Estado (DOE) desta terça(19) informa que foi publicado a lei nº 9.507/2011 que formaliza o dia 2 de setembro, como o dia Norte-Rio grandense do Blogueiro.
A medida foi decretada pela Assembléia Legislativa do RN, e sancionada pela governadora Rosalba ciarlini. A lei foi uma proposição do Deputado Estadual Fábio Dantas (PHS).

A Greve dos Prefessores no Estado do RN poderá chegar ao fim

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação pode confirmar, com o avanço das negociações, a suspensão da greve em assembleia que será realizada na próxima quarta-feira (20), às 16h, no pátio da Escola Estadual Winston Churchill.
Essa foi a decisão tomada na assembléia dessa segunda-feira (18), quando os líderes do movimento discutiram sobre as repercussões da decisão do Tribunal de Justiça, que declarou a greve ilegal, e do Ministério Público, através de 16 promotorias situadas em todas as regiões onde existem Direds no Rio Grande do Norte, determinando que o Governo do Estado tome todas as providências cabíveis para garantir os 200 dias letivos.
A assembléia do Sinte também discutiu sobre a reunião ocorrida na manhã dessa segunda-feira com o secretário chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso Fernandes, onde se estabeleceu uma nova rodada de negociação com a categoria.
Durante a reunião, que também contou com a participação da deputada federal Fátima Bezerra, Paulo de Tarso lembrou que o piso nacional já foi implantado e pago para todos os professores, mas ressaltou a divergência de datas, uma vez que o Governo do RN mantém o calendário para setembro. O secretário disse também que levará as reivindicações da categoria para o conhecimento da governadora Rosalba Ciarlini e que voltará a se reunir com a categoria na quarta (20).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Não adianta trocar a BOLA por uma "BOLADA"

Respondam se puderem: ERA BOLA OU "BOLADA"?

Como contrariar os fatos?

Tentação Totalitária

por Luiz Felipe Pondé para Folha


Você se considera uma pessoa totalitária? Claro que não, imagino. Você deve ser uma pessoa legal, somos todos.

Às vezes, me emociono e choro diante de minhas boas intenções e me pergunto: como pode existir o mal no mundo? Fossem todos iguais a mim, o mundo seria tão bom... (risadas).

Totalitários são aqueles skinheads que batem em negros, nordestinos e gays.

Mas a verdade é que ser totalitário é mais complexo do que ser uma caricatura ridícula de nazista na periferia de São Paulo.

A essência do totalitarismo não é apenas governos fortes no estilo do fascismo e comunismo clássicos do século 20.

Chama minha atenção um dado essencial do totalitarismo, quase sempre esquecido, e que também era presente nos totalitarismos do século 20.

Você, amante profundo do bem, sabe qual é? Calma, chegaremos lá.

Você se lembra de um filme chamado "Um Homem Bom", com Viggo Mortensen, no qual ele é um cara legal, um professor universitário não simpatizante do nazismo (o filme se passa na Alemanha nazista), e que acaba sendo "usado" pelo partido?

Pois bem. Neste filme, há uma cena maravilhosa, entre outras. Uma cena num parque lindo, verde, cheio de árvores (a propósito, os nazistas eram sabidamente amantes da natureza e dos animais), famílias brincando, casais se amando, cachorros correndo, até parece o Ibirapuera de domingo.

Aliás, este é um dos melhores filmes sobre como o nazismo se implantou em sua casa, às vezes, sem você perceber e, às vezes, até achando legal porque graças a ele (o partido) você arrumaria um melhor emprego e mais estabilidade na vida.

Fosse hoje em dia, quem sabe, um desses consultores por aí diria, "para ter uma melhor qualidade de vida".

E aí, a jovem esposa do professor legal (ele acabara de trocar sua esposa de 40 anos por uma de 25 -é, eu sei, banal como a morte) o puxa pelo braço querendo levá-lo para o comício do partido que ia rolar naquele domingão no parque onde as famílias iam em busca de uma melhor qualidade de vida.

Mas ele não tem nenhuma vontade de ir para o comício porque sente um certo "mal-estar" com aquilo tudo. Mas ela, bonita, gostosa, loira, jovem e apaixonada (não se iluda, um par de pernas e uma boca vermelha são mais fortes do que qualquer "visão política de mundo"), diz: "Meu amor, tanta gente junta querendo o bem não pode ser tão mal assim".

É, meu caro amante do bem, esta frase é uma das melhores definições do processo, às vezes invisível, que leva uma pessoa a ser totalitária sem saber: "Quero apenas o bem de todos".

Aí está a característica do totalitarismo que sempre nos escapa, porque ficamos presos nas caricaturas dos skinheads: aquelas pessoas, sim, se emocionavam e choravam diante de tanta boa vontade, diante de tanta emoção coletiva e determinação para o bem.

Esquecemos que naqueles comícios, as pessoas estavam ali "para o bem".

Se você tem absoluta certeza que "você é do bem", cuidado, um dia você pode chorar num comício achando que aquilo tudo é lindo e em nome de um futuro melhor.

E se essa certeza vier acompanhada de alguma "verdade cientifica" (como foi comum nos totalitarismos históricos) associada a educadores que querem "fazer seres humanos melhores" (como foi comum nos totalitarismos históricos) e, finalmente, se tiver a ambição política, aí, então, já era.

Toda vez que alguém quiser fazer um ser humano melhor, associando ciência (o ideal da verdade), educação (o ideal de homem) e política (o ideal de mundo), estamos diante da essência do totalitarismo.

O que move uma personalidade totalitária é a certeza de que ela está fazendo o "bem para todos", não é a vontade de destruir grupos diferentes do dela.

Primeiro vem a certeza de si mesmo como agente do "bem total", depois você vira autoritário em nome desse bem total.

O melhor antídoto para a tentação do totalitarismo não é a certeza de um "outro bem", mas a dúvida acerca do que é o bem, aquilo que desde Aristóteles chamamos de prudência, a maior de todas as virtudes políticas.

Não confio em ninguém que queira criar um homem melhor.


Trailer do filme Um Homem Bom por Paulopes

sábado, 16 de julho de 2011

"La pulga" é pisada pelo elefantaço!

Tchau "la pulga". Quem sabe se na próxima não dá!?

A "LOTERIA" DO PODER


Slavoj Zizek é um pensador daqueles que fogem à regra. Filósofo esloveno, comunista convicto, afeito à Psicanálise e ao cinema com todas as suas facetas, não perde um segundo de pessoalidade e ironia em suas colocações. Um sujeito polêmico, mas incrivelmente otimista. Talvez duas forças destoem de seu temperamento, curioso e engraçado ao mesmo tempo. Pude perceber um pouco do universo de seu pensamento pelas entrevistas que concedeu recentemente à globo news, como também por sua vinda recente à São Paulo, onde participou de uma série de outras entrevistas, uma delas publicada na Revista Cult, junho de 2011, nº 158.
O mais engraçado de suas declarações ultimamente foi o fato de admitir a possibilidade de um sorteio para se chegar ao poder, como numa espécie de loteria. Imagine você assistir da sua casa a um sorteio de seus candidatos pela TV ou pelo rádio, ou mesmo pela internet. O que você diria disso? Pois é. Uma alternativa discutida por esse filósofo que não diz nada à toa. Há por trás dessa ideia alguma coisa de muito, mas muito séria. Não é uma ideia de se jogar fora.
Repare bem que estamos em tempos de uma desconfiança muito grande na democracia, no seu sistema eleitoral, no caminho que se faz para se chegar ao poder em qualquer parte do mundo. As nossas eleições estão cada vez mais caras e ditam um ritmo de corrupção indesejada pela opinião pública. As ditaduras espalhadas pelo mundo estão caindo(caso da Tunísia e do Egito) porque não respondem às expectativas populares de subsistência mínima que vai da comida à economia passando pela ecologia. Ora, se assistimos à queda de regimes de extrema esquerda, também assistimos a grandes estragos em regimes políticos de extrema direita ao longo da história. Experiências de governo parecem ter frustrado a humanidade nos últimos decênios, ainda assim insistimos em voltar a alguns, como é o caso da insistência de Zizek pelas ideias de Marx e outros que defendem a força quase imorredoura das manifestações populares, das reivindicações das camadas trabalhistas em benefício da solidez do Estado e da qualidade de quem o governa. Com uma boa dose cômica em suas palavras, Zizek não abre mão de suas convicções pró-comunistas que vão da fina crítica ao liberalismo econômico dos países capitalistas, propondo uma derrubada gradual e não imediata do capitalismo à eleição de governantes por sorteio.
No Brasil, as reeleições parecem ser um entrave quanto à alternância do poder, muito embora se questione em algum momento a qualidade deste poder. Segundo Zizek, mesmo na Grécia, palco fundante da democracia, “as pessoas já sabiam que é preciso haver algum elemento de contingência na democracia. O único jeito pelo qual a democracia funcionaria seria combinar qualificação e contingência”(Rev. Cult, junho 2011, nº 158, p. 17).
Zizek sorri da fragilidade do sistema capitalista ao qual estamos submetidos, lembrando a crise econômica de 2008 que assustou a todos e sua relação com a democracia: “Há limitações na democracia como a conhecemos, mas os principais candidatos à sua sucessão não funcionaram bem... Em 2008, os bancos ocidentais estavam em pânico e não forneciam crédito. Na China, o poder central apenas ordenou aos bancos que o fizessem. É por isso que a Europa retrocedeu e a China cresceu... Os sonhos do século XX acabaram. Vocês, brasileiros, têm a sorte de não terem recebido uma dose muito grande de populismo. Na Argentina, o peronismo foi a pior catástrofe que aconteceu”(idem).
Ao comparar o populismo de Lula com o de Chávez, lança-se totalmente a favor de Lula: “Não vamos confundir populismo com apelo popular... Mas o trágico em Chávez talvez seja o fato de ele ter dinheiro demais, de modo que pode mascarar as dificuldades em vez de enfrentá-las”(idem). Para ele, o genial da democracia é o que as sociedades mais maquiam e escondem, a ideia de que o trono do poder estará sempre vazio: “E se dissermos que o trono está sempre vazio? O trono é ocupado apenas temporariamente e reocupado pelas eleições livres”(idem). É aqui onde mora o fiasco do sistema eleitoral brasileiro, as eleições não são tão livres assim. Há o direcionamento das mídias pelas propagandas sem limites quase que escolhendo por nós. Há o uso do dinheiro público desenfreado no período eleitoral que financia as mais questionáveis formas de adquirir voto. Há a cumplicidade popular que não resiste à estrutura corrupta das eleições no país: Ou por necessidade ou por oportunismo. A democracia está absolutamente restrita, muitas vezes, às condições de propaganda e marketing, bem como às estruturas de lista pronta dos partidos.
Com todo este cenário desolador da política brasileira, ainda assim é possível pensar seriamente numa “loteria” do poder? Diz Zizek que sim: “Quando Veneza era superpotência nos séculos XIV e XV, suas regras para a eleição eram a coisa mais louca. Não digo loucura completa, com a escolha de idiotas. Há regras para que os idiotas não cheguem lá. Mas, no limite, deve ser uma loteria”(idem). Diante do estado de coisas desarrumadas em que se encontra a estrutura das eleições democráticas no Brasil, unindo-se ao nefasto desgaste sem critério com que se elegem as pessoas mais despreparadas possíveis ao poder, não seria demais, tampouco exagero, criar uma malha fina com critérios rigorosos para que o Estado ganhe pessoas dignas, qualificadas e que atendam aos apelos populares de ecologia, economia e bem-estar social.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Especialista em Metafísica
Páginas na internet:

quinta-feira, 14 de julho de 2011

SELEÇÃO MOSTRA MAIS "GANA" E AVANÇA PARA O MATA-MATA

Atacantes destoam dos demais na Seleção, mas ainda falta convencer. Venceu, mas não convenceu!

"PÃO COM MANTEIGA" DE LUIZ FELIPE PONDÉ

por Luiz Felipe Pondé para Folha

Não sou uma pessoa muito sensível. Diria mesmo que sou insensível. Choro pouco. Claro, homens não podem chorar, ainda hoje, mesmo que o contínuo blablablá que tomou conta do mundo diga o contrário.
Você, leitor, experimente chorar umas duas vezes numa semana, e verá sua namorada desertar.


Se meus amigos não tivessem pena de mim, diriam que sou desumano. À noite, penso em como devo me comportar para que os traços e os gestos do desumano em mim não traiam a farsa.

Mas, por sorte, eu encontro abrigo em meus poucos mestres. Sim, tenho uns poucos. Nietzsche, Freud, Dostoiévski, Pascal, Cioran, Nelson Rodrigues. Aliás, como disse semanas atrás, tenho lido e relido este meu conterrâneo repetidas vezes nos últimos tempos.

No volume "Não Tenho Culpa que a Vida Seja Como Ela É" (ed. Agir), Nelson conta como sofreu com sua coluna "A vida como ela é..." devido à tristeza de suas histórias. Muitos leitores cobravam dele uma "vida mais feliz"." Mas como fazer da vida algo diferente do que ela é?", pergunta a si mesmo. A verdade é que, às vezes, podemos.

Na primeira história do volume (uma introdução a ele), Nelson Rodrigues conta como, certa feita, esperando para ser atendido num pronto-socorro, viu um bebê chorar pus. E ele sentiu vergonha de sua "felicidade problemática" e de sua "pouquíssima alegria".

Graças a Deus, momentos como esses acontecem.

Não sou alguém que tenha consciência social. Aliás, não acredito em ninguém que diga que tenha consciência social e não esteja morto ou miserável por tê-la. "Consciência social" hoje é a essência do marketing social dos bancos. "Consciência social" logo será uma marca de calça jeans, não significa nada, ou está numa prateleira de supermercado ao lado da mostarda.

Certa feita, há algum tempo, ofereceram um trabalho para mim que salvaria o mês. Por uns dois dias, dei aula para professores da "rede".

Sentia a rejeição clara neles com relação à minha missão: uma espécie de educação continuada. Olhavam-me como um enviado pelos inimigos para fingir que os estava ajudando com meu conhecimento "superior". Não os culpo, às vezes a raiva pode ser a última forma de humanidade em alguém.

Na hora do intervalo, um lanche foi servido. Minha colega e eu ganhamos sanduíches de queijo e presunto com Coca-Cola -ou algo semelhante. Fomos levados a uma sala separada.

Os professores, nossos "alunos", receberam, no meio do pátio, uma bacia com pães com manteiga e algum tipo de suco irreconhecível. Ou algo semelhante.

Não conseguimos comer nosso lanche e ver pela janela os professores comerem aquilo de pé. De minha parte, posso dizer que uma vergonha imensa tomou conta de mim, tirando minha fome. Fomos comer com eles.

Outro dia, parei numa esquina de um bairro de classe média alta, por conta do farol vermelho. Crianças cercaram o carro, como sempre. Não sou do tipo que se deixa contaminar por qualquer tipo de "misericórdia de dois reais" -ainda que reconheça que, para alguém que nada tem, dois reais podem significar um pão com manteiga.

Uma menina de uns 13 anos se aproximou. Ela me pediu um trocado. Seu sorriso era bonito. Decidi dar um trocado pra ela. Enquanto procurava por uma moeda, ela me perguntou: "Como é o nome desse carro mesmo?" (ela mesma disse o nome do carro, antes que eu respondesse). "Ele não é do Brasil, é?" Respondi que não. Então ela perguntou de qual país vinha. "Inglaterra", disse eu.

Depois, ela disse pra mim: "Eu vou pra escola e estudo porque um dia, quando crescer, vou pra universidade e vou trabalhar muito e vou ganhar muito dinheiro, porque quero ter um carro igualzinho a este".

Admiro sua vontade de ter um carro inglês, mesmo que pareça um miserável sonho de consumo para uma miserável menina pobre. Falta esse tipo de "gana" no Brasil, e muita gente espera muito do Estado.

Não contei esses dois fatos para que o leitor pense que finalmente tenho coração. Conto para que eu mesmo acredite que tenho coração, porque o simples fato de ouvi-lo bater pode não significar nada além do que a respiração de uma pedra.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Que nos sirva de lição!

Não creio que a arte, a poesia, muito menos a Filosofia nos levem a isso. Em todo caso, que nos sirva de lição.

Qual o caminho de Lévinas até a Filosofia?

Leia uma das entrevistas que o filósofo concedeu sobre isso.

"Penso que primeiramente foram minhas leituras russas. Mais precisamente Puschikin, Lermontov, Doastoiévski, sobre tudo Dostoiévski. O romance russo, o romance de Dostoiévski e de Tolstói, me parecia bem preocupado com coisas fundamentais. Livros percorridos pela inquietude, pelo essencial, a inquietude religiosa, mas legível como busca por um sentido da vida. O sentido da vida é uma expressão frequentemente pronunciada no liceu a propósito dos heróis de Turguéniev. Bastante essencial isso. Romance em que o amor revela suas dimensões de transcendência, já em seus pudores, antes das evidências do erótico, e nos quais uma expressão como "fazer amor" seria profanação escandalosa antes de ser indecência. O amor-sentimento dos livros foi, certamente, o motivo das minhas primeiras tentações filosóficas. Nos liceus da Lituânia, segundo a tradição russa, nada de filosofia, nada de aula de filosofia, mas se quiser, abundância de inquietação metafisica. E, além do mais, no meu caso, também contribuiu a solicitação de textos judaicos que desde as minhas primeiras leituras de filosofo, se apresenta em meus pensamentos sem que eu os releia, e que parecia me conduzir ao que chamo de filosofia. Não estou certo de que isso seja uma preparação a Platão e Aristóteles, mas , em todo o caso, eis o que corresponde a meus gostos pela filosofia geral." 

Meu irmão Kierkegaard

por Luiz Felipe Pondé para Folha

Quando você estiver lendo esta coluna, estarei em Copenhague, Dinamarca, terra do filósofo Soren Kierkegaard (1813-1855), pai do existencialismo. Ao falarmos em existencialismo, pensamos em gente como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, tomando vinho em Paris, dizendo que a vida não tem sentido, fumando cigarros Gitanes.

O ancestral é Pascal, francês do século 17, para quem a alma vive numa luta entre o "ennui" (angústia, tédio) e o "divertissement" (divertimento, distração, este, um termo kierkegaardiano).

O filósofo dinamarquês afirma que nós somos "feitos de angústia" devido ao nada que nos constitui e à liberdade infinita que nos assusta.

A ideia é que a existência precede a essência, ou seja, tudo o que constitui nossa vida em termos de significado (a essência) é precedido pelo fato que existimos sem nenhum sentido a priori.

Como as pedras, existimos apenas. A diferença é que vivemos essa falta de sentido como "condenação à liberdade", justamente por sabermos que somos um nada que fala. A liberdade está enraizada tanto na indiferença da pedra, que nos banha a todos, quanto no infinito do nosso espírito diante de um Deus que não precisa de nós.

O filósofo alemão Kant (século 18) se encantava com o fato da existência de duas leis. A primeira, da mecânica newtoniana, por manter os corpos celestes em ordem no universo, e a segunda, a lei moral (para Kant, a moral é passível de ser justificada pela razão), por manter a ordem entre os seres humanos.

Eu, que sou uma alma mais sombria e mais cética, me encanto mais com outras duas "leis": o nada que nos constitui (na tradição do filósofo dinamarquês) e o amor de que somos capazes.

Somos um nada que ama.

A filosofia da existência é uma educação pela angústia. Uma vez que paramos de mentir sobre nosso vazio e encontramos nossa "verdade", ainda que dolorosa, nos abrimos para uma existência autêntica.

Deste "solo da existência" (o nada), tal como afirma o dinamarquês em seu livro "A Repetição", é possível brotar o verdadeiro amor, algo diferente da mera banalidade.

É conhecida sua teoria dos três estágios como modos de enfrentamento desta experiência do nada. O primeiro, o estético, é quando fugimos do nada buscando sensações de prazer. Fracassamos. O segundo, o ético, quando fugimos nos alienando na certeza de uma vida "correta" (pura hipocrisia). Fracassamos. O terceiro, o religioso, quando "saltamos na fé", sem garantias de salvação. Mas existe também o "abismo do amor".

Sua filosofia do amor é menos conhecida do que sua filosofia da angústia e do desespero, mas nem por isso é menos contundente.

Seu livro "As Obras do Amor, Algumas Considerações Cristãs em Forma de Discursos" (ed. Vozes), traduzido pelo querido colega Álvaro Valls, maior especialista no filósofo dinamarquês no Brasil, é um dos livros mais belos que conheço.

A ideia que abre o livro é que o amor "só se conhece pelos frutos". Vê-se assim o caráter misterioso do amor, seguido de sua "visibilidade" apenas prática.

Angústia e amor são "virtudes práticas" que demandam coragem.

Kierkegaard desconfia profundamente das pessoas que são dadas à felicidade fácil porque, para ele, toda forma de autoconhecimento começa com um profundo entristecimento consigo mesmo.

Numa tradição que reúne Freud, Nietzsche e Dostoiévski (e que se afasta da banalidade contemporânea que busca a felicidade como "lei da alma"), o dinamarquês acredita que o amor pela vida deita raízes na dor e na tristeza, afetos que marcam o encontro consigo mesmo.

Deixo com você, caro leitor, uma de suas pérolas:

"Não, o amor sabe tanto quanto qualquer um, ciente de tudo aquilo que a desconfiança sabe, mas sem ser desconfiado; ele sabe tudo o que a experiência sabe, mas ele sabe ao mesmo tempo que o que chamamos de experiência é propriamente aquela mistura de desconfiança e amor... Apenas os espíritos muito confusos e com pouca experiência acham que podem julgar outra pessoa graças ao saber."

terça-feira, 12 de julho de 2011

Boletim filosófico de Florianópolis/SC publica: VIVA COM OU SEM JUSTIÇA

Vejam que o Portal de Reflexão filosófica SER publicou mais um texto do Prof. de Filosofia Jackislandy:

http://boletimodiad.blogspot.com/2011/06/viver-com-ou-sem-justica.html

Portal SER de Florianópolis publica mais textos do Prof. Jackislandy Meira, leiam

Renomado Boletim de Reflexão filosófica de Florianópolis vem publicando diversos textos filosóficos do Prof. Jackislandy Meira, vejam:

http://boletimodiad.blogspot.com/2011/06/o-cinismo-sombra-da-filosofia-de.html

Enfim, começa uma outra Copa América para a Argentina

Tras los goles de Agüero y el de Di María, el 3-0 a Costa Rica, la fiesta en Córdoba y haber jugado su mejor partido, Messi pidió hablar para agradecerles a los cordobeses y, confiado, dijo: "Más que nadie queremos lo mejor para Argentina".
"Me hacía falta este cariño".
Fue una noche especial para Lionel Messi. Para la Selección también, claro, pero él requería esta actuación, esta victoria, este feeling con la gente. Es que Leo jugó un partido aparte desde que pisó el césped y recibió una ovación como nunca se le dio en el país. Córdoba lo trató como un ídolo de punta a punta en una noche que obligaba a ganar, a jugar bien, a sacarse la mufa. Y él respondió adentro y afuera de la cancha.
Adentro, el crack del Barcelona fue ese, justamente, el crack del Barcelona; no hubo dos Messis esta vez. Sí hubo dos pases gol: el rosarino fue asistidor en el segundo de Agüero, compinche ideal, y en el de Di María para el 3-0 contra la Sub 22 de Costa Rica, que aguantó hasta el final del primer tiempo. Y si no hubo más gritos con participación de Lionel fue por la mala puntería de Higuaín y de Lavezzi.
Afuera, Messi también fue líder, también fue figura. Después de la conferencia de prensa de Batista, Leo pidió el micrófono especialmente: "Quiero agradecerle a la gente de Córdoba por cómo nos trató a todos, en especial a mí. Me hacía falta este cariño por cómo veníamos. Empezamos mal pero ahora empieza otra Copa, y nosotros más que nadie queremos lo mejor para Argentina". Fueron 20 segundos de monólogo del rosarino. No hacía falta más: el partido y el gesto de hablarle a la gente significaba todo, cómo se había sentido en Córdoba. Cómo espera ser recibido en Santa Fe el sábado, donde habrá que jugar contra Uruguay, Chile o Perú.
A él le hacía falta este cariño. A Argentina le hacía falta este Messi. Y tiene razón. Con este 3-0, la Selección ya está en cuartos, se sacó una gran mochila de encima. Y empieza a jugar otra Copa, como dijo Leo.
 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A banalização da felicidade...

O sistema capitalista, que surfa na gigantesca onda de uma falsa democracia, profana o ideal de felicidade trazido pela filosofia:
"A felicidade foi profanada para entrar na ordem democrática em que ela é essencial a todos. O sistema é cínico, pois, banalizando a felicidade na propaganda de margarina, em que venda a 'família feliz', ou de carro, em que se vende o status e certa ideia de poder, a torna intangível pela ilusão de tangibilidade"(Márcia Tiburi, Rev. Cult, nº 159, p. 47).
"A felicidade capitalista é a morte da felicidade por plastificação"(idem).
"A felicidade filosófica é de ordem da promessa a ser realizada a cada ato em que a aliança entre pensamento e ação é sustentada. Ela envolve uma compreensão do futuro, não como ficção científica, mas como lugar da vida justa que se constrói no tempo presente"(idem).
Por falta dessa filosofia, nos tempos de hoje, percebe-se: "Uma massa de desesperados trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmácias do país em busca de alento"(idem) - de lenitivo.

Grifo de Jackislandy Meira, Professor de Filosofia da EETA.

O novo material do ídolos é o plástico

"A propaganda vive do ritual de sacralização de bugingangas no lugar de relíquias, e o consumidor é o novo fiel. Nada de novo em dizer que o consumidor é a crença na igreja do capitalismo. E que o novo material do ídolos é o plástico"(Márcia Tiburi, Rev. Cult, nº 159, p. 47).

Copa "amérdica". Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....

Esta Copa América está mesmo de arrepiar. Nem Brasil, nem Argentina, dona da casa, nem Uruguai deram resultados às tão fortes expectativas. Os francos atiradores estão no lucro, mas os chamados favoritos ainda não disseram a que veio.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cidadãos do céu...





Difícil tergiversar sobre tamanha cidadania já que muitos não a admitem. Se exercer uma cidadania terrena, da cidade mesmo, é um tanto quanto difícil, imagine então quando essa cidadania implica trazer para o mundo real as novidades eternas difundidas pelo Evangelho! Para tanto, requer de nossa parte uma intensa dedicação ao Reino de Deus, uma vez que o projeto de uma cidade dos céus estaria sendo relegado por muitos: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36). Apesar de uma realidade de rejeição ao exercício de uma cidadania celeste, o anúncio e o testemunho das palavras e dos atos do Senhor se fazem pertinentes por causa da escassez de um poder espiritual no mundo contingente. O mundo sente cada vez mais a ausência de Deus! Quanto mais os cidadãos do mundo, os cosmopolitas como diria Sócrates, rejeitam uma cidadania diferente, de um Reino dos céus, mais e mais se faz urgente a Palavra do Senhor que diz:“(...) o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”(Mc 1. 15).
É muito próprio do cidadão comum cumprir suas obrigações, obedecer às leis, participar do governo de uma cidade, como também exigir a garantia de seus direitos à Educação, à Saúde, à Liberdade, de modo que venha a sentir-se incluído no meio social de crescimento e realização pessoal, mas nada disso lhe garante a salvação. Do contrário, há de se perceber uma insaciável busca do cidadão por valores imperecíveis, eternos, isto é, embora tenha um exercício de cidadania razoável para viver, o cidadão em algum momento é capaz de se dar conta da sua insatisfação, onde a procura pela verdadeira vida, por milagres e sinais dos céus são muito latentes. Lembrem-se da pergunta dramática do jovem rico: “Senhor, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”(Cf. Mt 19.16-22)
Enquanto Jesus veio para os seus, mas os seus não o conheceram, conforme está dito logo no início do Evangelho de João, viraram-lhe as costas, o mataram, o eliminaram, porém não foram muito longe, não conseguiram viver baseados apenas nas forças deste mundo porque viram que todas as coisas passam, os reinos passam, a soberania e a soberba temporais passam, as perseguições e injustiças também passam, mas as palavras do Senhor não passam e permanecem ecoando aos ouvidos dos cidadãos do mundo. Viram ainda que estavam errados quanto aos feitos maravilhosos do Senhor direcionados para a salvação da humanidade. A intenção de Jesus, obediente ao Pai, era impregnar nos corações humanos a realização de todas as promessas eternas, de felicidade e bonança tais que o mundo inteiro não podia conter. Sedentos de paz definitiva, de amor verdadeiro, de alegrias eternas, de comunhão com os céus, os cidadãos do mundo preferiram aceitar a morte à vida.
A verdade é dura, mas é verdade. Permitam o trocadilho. Não somos deste mundo, apenas passamos por ele. Somos peregrinos por aqui. Na verdade, somos passantes, migrando por aqui e por ali, sem pátria, mais nômades do que nunca, forasteiros, pois nossa terra é o céu, nossa pátria é o céu. O mundo não nos pertence, tampouco pertencemos a ele. Ora, se aqui, apesar de tudo, é tão bom, como não será o céu! Se os frutos da terra são tão bons, como não serão os galardões do céu! Os frutos do Espírito são: “o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio” (Gálatas 5.22).
Nossa cidadania comum está muito aquém da cidadania celestial, pois o reino celestial não é como os reinos deste mundo, ser cidadão do mundo não é o mesmo que ser cidadão do céu. Ser cidadão do céu implica estar submetido ao governo de Deus que está em nosso coração e em nossa consciência, norteando nossa vida. Agora, antes de receber o título de cidadão do céu, é necessário reconhecer-se pecador, aceitar o Senhor como seu salvador, e sobretudo, renascer pela água e pelo espírito, mudar de vida pela Palavra de Deus, ouvindo a voz de Deus: “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus...Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.3,5). “Tendo purificado a vossa alma pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Ped 1.22-23).
Portanto, é fato. Não somos daqui. Como transeuntes pelo mundo, mais nos damos conta de que marchamos para os céus, haja vista que esta vida não se basta nela mesma, mas se completa com a vida eterna. “(...)Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. (...)Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”(1Cor 13. 9-12). Atribui-se a Sócrates o dito de que "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo". Completaríamos o legado oral assim: “Não sou nem ateniense, nem grego, nem cidadão do mundo, mas sim um cidadão do céu”.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica
Páginas na net:



quarta-feira, 6 de julho de 2011

O “desinteressamento” em Lévinas...





LÉVINAS, Emmanuel. De Deus que vem à ideia. 2ª ed. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes. 2008. p. 21-22.

Que a ideologia seja uma fonte de ilusões é uma visão ainda mais recente. Se for verdade o que diz Althusser, a ideologia exprime sempre a maneira pela qual a dependência da consciência relativamente às condições objetivas ou materiais que a determinam – e que a razão científica apreende em sua objetividade – é vivida por essa consciência. É preciso logo se perguntar se isso não nos ensina, ao mesmo tempo, certa excentricidade da consciência em relação à ordem controlada pela ciência – e a qual, sem dúvida, a ciência pertence – como uma luxação do sujeito, um espasmo, um “jogo” entre ele e o ser.
Se a ilusão é a modalidade desse jogo, nem por isso torna ilusório esse jogo, ou diferença, ou exílio ou “falta de pátria” ontológica da consciência. A diferença seria o simples efeito do inacabamento da ciência que, ao completar-se, roeria até à corda o sujeito, cuja vocação suprema estaria somente a serviço da verdade e que, tendo a ciência atingido seu fim, perderia sua razão de ser?
Contudo, a ciência não terá impedido que essa ideologia, agora inofensiva, continue a assegurar a permanência de uma vida subjetiva que vive de suas ilusões desmistificadas. Vida em que, sob o nariz da ciência, se comete loucuras, se come e se distrai, se tem ambições e gostos estéticos, se chora e se indigna, em que se esquece a certeza da morte e toda a física, a psicologia e a sociologia que, por trás da vida, comandam esta vida. A diferença entre o sujeito e a realidade, atestada pela ideologia, derivaria, assim, ou de uma realização sempre adiada ou do esquecimento sempre possível da ciência.
Mas essa diferença vem do sujeito? Vem de um ente preocupado com seu ser e perseverando no ser; vem de uma interioridade revestida de uma essência de personagem, de uma singularidade que se compraz na sua ex-ceção, preocupada com sua felicidade – ou com sua salvação – com suas dissimulações privadas no seio da universalidade do verdadeiro? Será que é o próprio sujeito que terá cavado um vazio como ideologia entre ele e o ser? Esse vazio não deriva de uma ruptura anterior às ilusões e às maquinações que o preenchem, não deriva de uma interrupção da essência, de um não-lugar, de uma “utopia”, de um puro intervalo da “epoché” aberto pelo desinteressamento? A ciência não teria tido ainda, nessa altura, nem sonhos consoladores a interromper, nem megalomania a reconduzir à razão; só teria encontrado aí a distância necessária à sua imparcialidade e objetividade. A ideologia teria sido, assim, o sintoma ou o sinal de um “não-lugar”, em que a objetividade da ciência se subtrai a toda parcialidade. Como decidir entre os termos da alternativa? Talvez um outro momento do espírito moderno sugerirá o sentido da opção a escolher, além de uma análise mais completa do desinteressamento.


Texto adaptado pelo Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva.

A ASSEMBLÉIA DE DEUS EM FLORÂNIA JÁ SE PREPARA PARA O VI EMADEF


VEM AÍ O SEXTO ENCONTRO DA MOCIDADE DA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE FLORÂNIA - DIAS 26 E 27 DE AGOSTO DE 2011. PARTICIPEMOS TODOS DESSA ALEGRIA.

sábado, 2 de julho de 2011

Nietzsche, pronto para explodir!

Talvez com Nietzsche, mais do que com Descartes ou Kant, mais ainda do que com os Renascentistas, a Filosofia tenha atingido seu estágio mais original e mais inovador, por isso mais moderno porque faz duras declarações de que a ciência não era tudo isso que se vislumbrava, destronando seu “status” de deusa do século XIX e tempos vindouros. Nietzsche levanta a sua voz contra a ciência de seu tempo, antecipando uma Filosofia marcadamente poderosa porque propõe desafiar valores sociais, religiosos, morais e científicos autoritários, sem razão alguma para a vida. Para Nietzsche, o que mais importa, antes de tudo, de quaisquer padronização moral, é a vontade de viver. Tanto é que, para isso ocorrer, é sensivelmente aceitável para o homem de hoje a volta ao Nascimento da Tragédia, ao modelo de homem dotado de poder para viver com base na Ilíada, na Odisséia... Um homem visto elevado ao quadrado, inserido no movimento fabuloso da vida com todos os seus riscos. O homem de Nietzsche é o do puro devir, cujos perigos não são obstáculos, mas motivações imprescindíveis para o crescimento cultural, como uma espécie de dinamite pronta para explodir.
Sendo assim, a partir do que disse antes, da Ilíada, da Odisséia, dos gregos pré-socráticos, da arte como mediação de todas as coisas, do devir e, evidentemente, da vida como processo de transformação constante e interminável, claro que isso varia um pouco até mesmo entre os pré-socráticos, mas no geral, todos estão em torno da ideia de mudança, Nietzsche constrói uma máquina de guerra contra o pensamento dito “moderno” com base na ciência e em valores caducos. Segundo ele, a história do pensamento humano é a história da negação da vida, é a história de uma ilusão, é a história da construção de um modelo. É a história da frustração de um modelo de homem que não existe e não existia e não existirá nunca. O homem construiu uma imagem muito superior do que consegue ser ou alcançar. Então, ele corre atrás dessa imagem, a imagem platônica de ser e de se viver.
“Finalmente, minha desconfiança em relação a Platão robustece-se cada vez mais: parece-me que ele se desviou de todos os instintos fundamentais dos gregos; acho-o tão impregnado de moral, tão cristão antes do cristianismo – já apresentou a ideia do bem como ideia superior – que me sinto tentado a empregar, com relação a todo o fenômeno Platão, antes de qualquer outro qualificativo, aquela de alta mistificação ou, melhor ainda, de idealismo. - Custou-nos caro o fato desse ateniense ter ido à escola dos egípcios (ou talvez entre os judeus do Egito?...). Na grande fatalidade do cristianismo, Platão é essa fascinação de duplo sentido chamada 'ideal' que permite aos caracteres nobre da Antiguidade de se enganar a si mesmos e abordar a ponte que se chama 'cruz'...”(NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos Ídolos. São Paulo: Ed. Escala, 2009. p. 102-103).
Essa crítica à Platão, no Crepúsculo aos Ídolos de 1888, é sem dúvida uma Filosofia a golpes de marteladas ou como o próprio Nietzsche afirma no capítulo final de seu ensaio Ecce Homo, num parágrafo onde mostra que mesmo tendo rumado da solidão para as trevas ele tinha ainda consciência do que o seu pensamento iria provocar no Século que se avizinhava. Afirma ele: "Conheço minha sorte. Alguma vez o meu nome estará unido a algo gigantesco – de uma crise como jamais houve na Terra, a mais profunda colisão de consciência, de uma decisão tomada, mediante um conjuro, contra tudo o que até este momento se acreditou, se exigiu, se santificou. Eu não sou um homem, eu sou dinamite."
Portanto, Nietzsche declarou guerra à tradição do pensamento ocidental por meio do poderoso argumento de Heráclito sobre o devir e sobre a guerra dos contrários. Este movimento presente na Filosofia de Nietzsche causa um verdadeiro impacto aos costumes tradicionais de sua época, de modo que todos os valores até então passam por uma reviravolta a partir do crivo da figura avassaladora de “Dioniso” no Nascimento da Tragédia. Daí, um pensamento pronto para explodir a qualquer momento!

Prof.: Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia e Especialista em Metafísica


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