quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Viver não dói de Drummond...

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ensaio sobre a Pessoa Humana II

Como posso me dar conta de que existo e de que sou pessoa humana? Pergunta um tanto filosófica!
Puxa vida! É incrível!!!
Há algo de sombrio, obscuro ou até espantoso. Mas a partir do momento que desnudamos e tocamos, sentimos, torna-se aquilo que é de mais puro, claro e evidente, o conhecimento da própria pessoa, de mim mesmo, de si mesmo, caro leitor.
O mundo atual se desmorona ao querer se aproximar ou se agregar cada vez mais ao externo, aos objetos transitórios, passageiros e sem valor. Com isso, deixa de lado a nobreza de se relacionar com aquilo que é de mais interno e belo, o coração, o interior humano.
O “homo somaticus”, “homo vivens”, “homo sapiens”, “homo volens”, “homo loquens”, “homo socialis”, “homo culturalis”, “homo faber”, “homo ludens” e “homo religiosus”, todas essas manifestações humanas são capazes de emergir a singularidade, ou melhor, a excepcionalidade de seu próprio eu, de seu ser. Mas não é só isso que irá me garantir como pessoa porque ainda não cheguei a conhecer-me a mim mesmo ou me autoconhecer. Para isso, basta observar o processo do conhecimento em Tomás de Aquino: capto o objeto externo pelos sentidos externos, levando-o para os sentidos internos, o qual irá formular, criar representações e imagens, constituindo o fantasma, depois o intelecto passivo recebe a síntese, o conceito ou a abstração feita pelo intelecto agente. Ao dar-me conta de que posso agir conhecendo, eu conheço a mim mesmo. É atuando, agindo que conheço a mim mesmo, o meu interior. Portanto, o autoconhecimento é um convencimento ou uma certeza de que conheço a mim mesmo, como um ser que age sensível, inteligente e espiritualmente. É por meio do processo de todo o conhecimento que alcanço a verdade de meu próprio ser atuante.
Sim, tenho a certeza de que me conheço, mas qual a minha realidade? A realidade vai mostrar o que a coisa é. Se a Filosofia é o estudo da realidade em função do ser perfeito, da atuação em função do ato, do devir em função do ser já atualizado, o que interessa, sobretudo, à metafísica do ser, é o estudo da realidade última, que de uma maneira ou de outra se manifesta ou se realiza.

Jackislandy Meira de M. Silva. Professor e filósofo, confiram os blogs,
www.umasreflexoes.blogspot.com e www.chegadootempo.blogspot.com.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CARTA DE INSATISFAÇÃO...

Senhores e senhoras....

Há exatamente dois dias, insistimos em dizer, dois dias apenas, de assumida a gestão municipal de Florânia, o atual Prefeito provocou absurdamente a sociedade com duas atitudes negligentes, severas e autoritárias que precisam ser imediatamente revistas pela sua lucidez: Suspender arbitrariamente, sem nenhum precedente administrativo, os funcionários do quadro efetivo do município nomeados na gestão passada; e Exonerar os diretores e vice-diretores de suas funções nas Escolas onde já trabalhavam normalmente.
Não poucas pessoas sentiram-se feridas e agredidas! Como se não bastasse, dentre os funcionários suspensos e exonerados, diga-se de passagem, expulsos de seus cargos assegurados por Concurso Público, legitimamente, estão pais de família que moram na zona rural do município precisando desse emprego, professores que há mais de um ano lecionavam nas Escolas rurais, saindo de suas casas nos transportes escolares e apanhando os alunos em suas residências para levá-los ao estabelecimento de ensino, depois com muito amor e dedicação ministrar as suas aulas. Os jovens, com a garantia de um primeiro emprego, foram acometidos de um assalto em plena luz do dia, tanto de suas honras quanto de suas vidas promissoras. Já se somam quase cinqüenta demissões e ninguém sabe ao certo aonde isso vai parar. Estamos diante de um escândalo para com a Lei de nosso país. É preciso tomar providências.
Tais circunstâncias fazem-nos lembrar do histórico período do Brasil Império, no qual reinava em demasia a ausência de direitos e obrigações entre os cidadãos. O regime era imperial com características totalmente diferentes das de hoje, o despotismo era o carro chefe dos desmandos e abusos dos reis, cujo poder se sucedia de pai para filho sem a participação do povo. Com isso, todos estavam expostos, a qualquer momento, aos horrores da anarquia e da insegurança social e política. Figuras como D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II não saem da nossa memória, uma vez que, quando colônia, éramos vistos como fontes de especiarias a ser explorada até as últimas conseqüências. Na mesma medida, podemos comparar as arbitrariedades do atual gestor de Florânia às imposições institucionais da Ditadura militar que preferíamos esquecer e, no entanto, inevitavelmente volta à nossa memória em forma de insatisfação e revolta.
Pelo que sabemos, o Sr. Prefeito, ainda em exercício do cargo, não é nenhum Rei, a não ser no nome, e nenhum ditador, a não ser nos procedimentos. Mesmo assim, reivindicamos nossos direitos de funcionários concursados, aprovados e nomeados para os devidos cargos que ora exercemos com competência e com qualidade, pois cumprimos nossas obrigações de pagar impostos como todos os outros, de votar como todos e de obedecer à legislação desse País.
Diante de tamanho descaso e insatisfeitos, exigimos que o Sr. Prefeito de Florânia Sinval Salomão Alves de Medeiros revise seus atos e suas leituras aprendidas nos bancos da Universidade por que estão ultrapassadas ou sem conhecimento de causa. Nós somos garantidos em nossos cargos pela Lei do Concurso, até porque não fomos nomeados ilegalmente. Não houve má fé e nem fraude no processo de nomeação dos funcionários públicos.





Funcionários Públicos de Florânia, expulsos de seus cargos pelo atual gestor Sinval Salomão Alves de Medeiros.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Moção de Repúdio dos funcionários afastados de seus cargos.


Os funcionários demitidos pelo prefeito de Florânia, Sinval Salomão, redigiram uma Moção de Repúdio e enviaram pra diversas instituições e veículos de comunicação. Os vereadores receberam o documento. Uma rádio FM da cidade está veiculando o material. Como o Blog também recebeu, disponibilizamos na íntegra:
"Frente a duas atitudes descabidas e infracionais perante a Lei brasileira que moveram fria e bruscamente a atual administração: A primeira, "SUSPENDER", a titulo de Portaria dos servidores públicos, aprovados em concurso público, afastando-os dos cargos que exerciam; A segunda, "TORNOU SEM EFEITO" as Portarias que nomeou os diretores e vice-diretores municipais de nossa cidade, sentimo-nos agredidos e lesados psíquica, legal, social e politicamente, pois somos pessoas, cidadãos e cidadãs de bem, que vivemos numa cidade onde nascemos, crescemos e aprendemos a amar.
É inadmissível que o Gestor, recém eleito pelo povo de Florânia, por voto direto do povo, sendo o funcionário mais bem pago de nossa cidade, possa fechar os olhos para uma das necessidades mais urgentes da população, de oferecer um serviço público de qualidade, de competência e de eficácia, quando pretende afastar funcionários concursados e capacitados para atender as funções que vão do Gari aos principais calões da administração.
O que ora percebemos é um amplo descaso e insensibilidade do Gestor para com um problema social de ordem nacional, que é o de gerar emprego e renda para as famílias brasileiras. Em Florânia, isso infelizmente está acontecendo e está causando indignidade dos populares, que na sua maioria não tem um trabalho digno para alimentar suas famílias, os jovens sem emprego enveredam pelos caminhos das drogas, gerando violência, insegurança, alcoolismo, desespero, baixa estima e perda de valores morais.
Portanto, caros cidadãos que compartilham desses problemas, queremos, com sua mais humilde sensibilidade, que se coloquem nos nossos lugares e entendam o que estamos passando, pois precisamos, neste momento, do apoio de todos, da sociedade civil organizada, vereadores, autônomos, professores, comerciantes, sindicatos, igrejas, associações, enfim... Esperamos que o poder instituído, Judiciário e Legislativo, tome as devidas providências diante das injustiças que o executivo bruscamente imprime em nós.
Indignados, insatisfeitos e lesados, agradecemos a atenção. Funcionários concursados, suspensos de seus cargos pelo prefeito Sinval Salomão Alves de Medeiros".

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Pessoa Humana


Embarcamos para 2009 levando na bagagem muitas experiências de 2008 que serão indispensáveis para vivermos um ano novo de muita alegria e de muita lucidez espiritual pautado na Sabedoria. A Sabedoria que não mente, a da lucidez, a do amor e a da ação.

Por isso, começaremos nossa nova missão de reflexões com um tema bastante sugestivo e concreto, a Pessoa Humana. Para situar o conceito de Pessoa humana na História, faz-se oportuno observar o seu valor não somente como uma decorrência de fatos temporais, mas, sobretudo, como indivíduo contribuidor, integralizador e construtor da natureza em todo o seu contexto.

Na antiguidade, seu conceito era visto de modo estranho porque a Filosofia grega pousava seu pensamento para a importância do universal, do ideal e do abstrato, ao passo que o conceito de pessoa é, atualmente, concebido como sendo algo de individual, singular e concreto.

Tal concepção foi mais transmitida e divulgada com a revelação cristã e aprofundada racionalmente no período patrístico e escolástico. Assim, Agostinho o especula, o analisa pela primeira vez quando procura aplicá-lo à Santíssima Trindade sem prejudicar a essência do mistério, ou seja, três pessoas que são o Pai, o Filho e o Espírito Santo constituindo um só Deus.

Daí por diante o termo “pessoa” tornou-se mais conhecido e disponível para novas investigações ou novos estudos como a célebre definição de Severino Boécio que diz: “Persona este rationalis naturae individua substantia”(“A pessoa é uma substância individual de natureza racional”).

No cerne da idade Média suge Tomás de Aquino com o intuito de aprofundar ainda mais este conceito e levá-lo a uma reflexão metafísica. Ele diz que “a pessoa significa o que de mais nobre há no universo, isto é, o subsistente de uma natureza racional”.

Na modernidade propriamente dita, Descartes surge trazendo um novo conceito não mais com autonomia no ser, e sim em relação a autoconsciência. O homem tem uma garantia de ser a si mesmo, de pensar sua existência efetivamente autêntica como uma realidade, pois pensa a si mesmo, desprovido de um puro sonho: “Cogito, ergo sum!” O eu consiste na autoconsciência. Nesse contexto moderno é útil recordarmos a definição de pessoa proposto por Kant: “Os seres racionais são chamados pessoa porque a sua natureza os distingue já como fins em si... O homem e em geral cada ser racional existe como fim em si e não somente como um meio de que esta ou aquela vontade pode servir-se ao seu bel-prazer”.

Ao percorrer um pouco na história e propriamente na Filosofia da História, percebo a beleza e a curiosidade dos pensadores ou de pessoas como eu ou você para com seu próprio termo que é o de PESSOA. Há algo de impressionante neste conceito junto com o atributo “racional”, constituindo-se pessoa humana ou racional. Tratarei de estudar com vocês, leitores desta coluna, sobre tão apetitoso tema que nos insere na perspectiva de nos conhecermos ainda mais como seres humanos em torno do mistério da pessoa autoconsciente, metafísica e ôntica.



Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e Filósofo.

O Mundo das idéias platônico

Platão afirma a existência de um outro mundo de ordem espiritual, no qual estão todas as idéias segundo aquilo que ele afirma no diálogo chamado Fedro.
O mundo ideal é constituído por uma multiplicidade de idéias que correspondem as várias coisas que existem na terra. A cada realidade física e sensível deste mundo corresponde uma idéia concreta e metafísica no hiperurânio, as coisas podem nascer, crescer e perecer enquanto que a idéia é absoluta, imutável e incorruptível. A idéia é em si e por si, quer dizer, não depende do sujeito que a conhece e não pode ser manipulada por ninguém. A idéia é a essência da coisa.
Portanto não está sujeita a mudança e permanece incorruptível. O mundo das idéias é caracterizado por esta imutabilidade que depende do fato que a idéia é de ordem imaterial, espiritual. O que é imaterial é incorruptível. Em síntese, a idéia é absoluta, enquanto que as coisas são relativas. Assim Platão admite a existência de um mundo ideal e perfeito, além do mundo material, sensível, incorruptível. É importante notar que o mundo das idéias constitui a perfeição do mundo sensível.
Platão diz a Heráclito que no mundo físico tudo muda “panta rei”, ao passo que no mundo das idéias nada muda, tudo é eterno. Separando as idéias, Platão introduz o mundo ideal, uma multiplicidade de idéias e uma hierarquia, quer dizer, uma ordem e uma dependência entre as várias. Existem três idéias gerais que se aplicam a todas as coisas que existem e não a idéia do ser segundo as idéias do repouso. Conforme a idéia do movimento, Platão porém afirma a existência de uma idéia suprema que ocupa o vértice desta hierarquia que, como ele afirma na obra chamada a República, é a idéia do bem e o princípio supremo segundo o qual todas as coisas têm valor. O bem é o valor supremo do qual deriva todas as outras idéias a saber, o uno, a díade e o bem.
Díade:
Ser
Repouso
Movimento
O mundo sensível tem com o mundo ideal uma tríplice relação de imitação(mimeses). Segunda relação é a de participação, as coisas participam das idéias. No Platão mais adulto há uma terceira relação que é uma comunhão.Diferenças entre os dois mundos:
A idéia é absoluta, tem características que não podem vir a faltar. As coisas são relativas podem se corromper.
A idéia é uma, as coisas são muitas.
A idéia é imutável, as coisas são mutáveis.
A idéia “é”, as coisas se tornam, vem a ser.
As coisas existem em força da idéia, por causa da idéia. As coisas são expressão da idéia. A idéia é a razão de ser das coisas.
Portanto, o fundamento último das coisas é a idéia.


Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e Filósofo.

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Viver não dói de Drummond...

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ensaio sobre a Pessoa Humana II

Como posso me dar conta de que existo e de que sou pessoa humana? Pergunta um tanto filosófica!
Puxa vida! É incrível!!!
Há algo de sombrio, obscuro ou até espantoso. Mas a partir do momento que desnudamos e tocamos, sentimos, torna-se aquilo que é de mais puro, claro e evidente, o conhecimento da própria pessoa, de mim mesmo, de si mesmo, caro leitor.
O mundo atual se desmorona ao querer se aproximar ou se agregar cada vez mais ao externo, aos objetos transitórios, passageiros e sem valor. Com isso, deixa de lado a nobreza de se relacionar com aquilo que é de mais interno e belo, o coração, o interior humano.
O “homo somaticus”, “homo vivens”, “homo sapiens”, “homo volens”, “homo loquens”, “homo socialis”, “homo culturalis”, “homo faber”, “homo ludens” e “homo religiosus”, todas essas manifestações humanas são capazes de emergir a singularidade, ou melhor, a excepcionalidade de seu próprio eu, de seu ser. Mas não é só isso que irá me garantir como pessoa porque ainda não cheguei a conhecer-me a mim mesmo ou me autoconhecer. Para isso, basta observar o processo do conhecimento em Tomás de Aquino: capto o objeto externo pelos sentidos externos, levando-o para os sentidos internos, o qual irá formular, criar representações e imagens, constituindo o fantasma, depois o intelecto passivo recebe a síntese, o conceito ou a abstração feita pelo intelecto agente. Ao dar-me conta de que posso agir conhecendo, eu conheço a mim mesmo. É atuando, agindo que conheço a mim mesmo, o meu interior. Portanto, o autoconhecimento é um convencimento ou uma certeza de que conheço a mim mesmo, como um ser que age sensível, inteligente e espiritualmente. É por meio do processo de todo o conhecimento que alcanço a verdade de meu próprio ser atuante.
Sim, tenho a certeza de que me conheço, mas qual a minha realidade? A realidade vai mostrar o que a coisa é. Se a Filosofia é o estudo da realidade em função do ser perfeito, da atuação em função do ato, do devir em função do ser já atualizado, o que interessa, sobretudo, à metafísica do ser, é o estudo da realidade última, que de uma maneira ou de outra se manifesta ou se realiza.

Jackislandy Meira de M. Silva. Professor e filósofo, confiram os blogs,
www.umasreflexoes.blogspot.com e www.chegadootempo.blogspot.com.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CARTA DE INSATISFAÇÃO...

Senhores e senhoras....

Há exatamente dois dias, insistimos em dizer, dois dias apenas, de assumida a gestão municipal de Florânia, o atual Prefeito provocou absurdamente a sociedade com duas atitudes negligentes, severas e autoritárias que precisam ser imediatamente revistas pela sua lucidez: Suspender arbitrariamente, sem nenhum precedente administrativo, os funcionários do quadro efetivo do município nomeados na gestão passada; e Exonerar os diretores e vice-diretores de suas funções nas Escolas onde já trabalhavam normalmente.
Não poucas pessoas sentiram-se feridas e agredidas! Como se não bastasse, dentre os funcionários suspensos e exonerados, diga-se de passagem, expulsos de seus cargos assegurados por Concurso Público, legitimamente, estão pais de família que moram na zona rural do município precisando desse emprego, professores que há mais de um ano lecionavam nas Escolas rurais, saindo de suas casas nos transportes escolares e apanhando os alunos em suas residências para levá-los ao estabelecimento de ensino, depois com muito amor e dedicação ministrar as suas aulas. Os jovens, com a garantia de um primeiro emprego, foram acometidos de um assalto em plena luz do dia, tanto de suas honras quanto de suas vidas promissoras. Já se somam quase cinqüenta demissões e ninguém sabe ao certo aonde isso vai parar. Estamos diante de um escândalo para com a Lei de nosso país. É preciso tomar providências.
Tais circunstâncias fazem-nos lembrar do histórico período do Brasil Império, no qual reinava em demasia a ausência de direitos e obrigações entre os cidadãos. O regime era imperial com características totalmente diferentes das de hoje, o despotismo era o carro chefe dos desmandos e abusos dos reis, cujo poder se sucedia de pai para filho sem a participação do povo. Com isso, todos estavam expostos, a qualquer momento, aos horrores da anarquia e da insegurança social e política. Figuras como D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II não saem da nossa memória, uma vez que, quando colônia, éramos vistos como fontes de especiarias a ser explorada até as últimas conseqüências. Na mesma medida, podemos comparar as arbitrariedades do atual gestor de Florânia às imposições institucionais da Ditadura militar que preferíamos esquecer e, no entanto, inevitavelmente volta à nossa memória em forma de insatisfação e revolta.
Pelo que sabemos, o Sr. Prefeito, ainda em exercício do cargo, não é nenhum Rei, a não ser no nome, e nenhum ditador, a não ser nos procedimentos. Mesmo assim, reivindicamos nossos direitos de funcionários concursados, aprovados e nomeados para os devidos cargos que ora exercemos com competência e com qualidade, pois cumprimos nossas obrigações de pagar impostos como todos os outros, de votar como todos e de obedecer à legislação desse País.
Diante de tamanho descaso e insatisfeitos, exigimos que o Sr. Prefeito de Florânia Sinval Salomão Alves de Medeiros revise seus atos e suas leituras aprendidas nos bancos da Universidade por que estão ultrapassadas ou sem conhecimento de causa. Nós somos garantidos em nossos cargos pela Lei do Concurso, até porque não fomos nomeados ilegalmente. Não houve má fé e nem fraude no processo de nomeação dos funcionários públicos.





Funcionários Públicos de Florânia, expulsos de seus cargos pelo atual gestor Sinval Salomão Alves de Medeiros.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Moção de Repúdio dos funcionários afastados de seus cargos.


Os funcionários demitidos pelo prefeito de Florânia, Sinval Salomão, redigiram uma Moção de Repúdio e enviaram pra diversas instituições e veículos de comunicação. Os vereadores receberam o documento. Uma rádio FM da cidade está veiculando o material. Como o Blog também recebeu, disponibilizamos na íntegra:
"Frente a duas atitudes descabidas e infracionais perante a Lei brasileira que moveram fria e bruscamente a atual administração: A primeira, "SUSPENDER", a titulo de Portaria dos servidores públicos, aprovados em concurso público, afastando-os dos cargos que exerciam; A segunda, "TORNOU SEM EFEITO" as Portarias que nomeou os diretores e vice-diretores municipais de nossa cidade, sentimo-nos agredidos e lesados psíquica, legal, social e politicamente, pois somos pessoas, cidadãos e cidadãs de bem, que vivemos numa cidade onde nascemos, crescemos e aprendemos a amar.
É inadmissível que o Gestor, recém eleito pelo povo de Florânia, por voto direto do povo, sendo o funcionário mais bem pago de nossa cidade, possa fechar os olhos para uma das necessidades mais urgentes da população, de oferecer um serviço público de qualidade, de competência e de eficácia, quando pretende afastar funcionários concursados e capacitados para atender as funções que vão do Gari aos principais calões da administração.
O que ora percebemos é um amplo descaso e insensibilidade do Gestor para com um problema social de ordem nacional, que é o de gerar emprego e renda para as famílias brasileiras. Em Florânia, isso infelizmente está acontecendo e está causando indignidade dos populares, que na sua maioria não tem um trabalho digno para alimentar suas famílias, os jovens sem emprego enveredam pelos caminhos das drogas, gerando violência, insegurança, alcoolismo, desespero, baixa estima e perda de valores morais.
Portanto, caros cidadãos que compartilham desses problemas, queremos, com sua mais humilde sensibilidade, que se coloquem nos nossos lugares e entendam o que estamos passando, pois precisamos, neste momento, do apoio de todos, da sociedade civil organizada, vereadores, autônomos, professores, comerciantes, sindicatos, igrejas, associações, enfim... Esperamos que o poder instituído, Judiciário e Legislativo, tome as devidas providências diante das injustiças que o executivo bruscamente imprime em nós.
Indignados, insatisfeitos e lesados, agradecemos a atenção. Funcionários concursados, suspensos de seus cargos pelo prefeito Sinval Salomão Alves de Medeiros".

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Pessoa Humana


Embarcamos para 2009 levando na bagagem muitas experiências de 2008 que serão indispensáveis para vivermos um ano novo de muita alegria e de muita lucidez espiritual pautado na Sabedoria. A Sabedoria que não mente, a da lucidez, a do amor e a da ação.

Por isso, começaremos nossa nova missão de reflexões com um tema bastante sugestivo e concreto, a Pessoa Humana. Para situar o conceito de Pessoa humana na História, faz-se oportuno observar o seu valor não somente como uma decorrência de fatos temporais, mas, sobretudo, como indivíduo contribuidor, integralizador e construtor da natureza em todo o seu contexto.

Na antiguidade, seu conceito era visto de modo estranho porque a Filosofia grega pousava seu pensamento para a importância do universal, do ideal e do abstrato, ao passo que o conceito de pessoa é, atualmente, concebido como sendo algo de individual, singular e concreto.

Tal concepção foi mais transmitida e divulgada com a revelação cristã e aprofundada racionalmente no período patrístico e escolástico. Assim, Agostinho o especula, o analisa pela primeira vez quando procura aplicá-lo à Santíssima Trindade sem prejudicar a essência do mistério, ou seja, três pessoas que são o Pai, o Filho e o Espírito Santo constituindo um só Deus.

Daí por diante o termo “pessoa” tornou-se mais conhecido e disponível para novas investigações ou novos estudos como a célebre definição de Severino Boécio que diz: “Persona este rationalis naturae individua substantia”(“A pessoa é uma substância individual de natureza racional”).

No cerne da idade Média suge Tomás de Aquino com o intuito de aprofundar ainda mais este conceito e levá-lo a uma reflexão metafísica. Ele diz que “a pessoa significa o que de mais nobre há no universo, isto é, o subsistente de uma natureza racional”.

Na modernidade propriamente dita, Descartes surge trazendo um novo conceito não mais com autonomia no ser, e sim em relação a autoconsciência. O homem tem uma garantia de ser a si mesmo, de pensar sua existência efetivamente autêntica como uma realidade, pois pensa a si mesmo, desprovido de um puro sonho: “Cogito, ergo sum!” O eu consiste na autoconsciência. Nesse contexto moderno é útil recordarmos a definição de pessoa proposto por Kant: “Os seres racionais são chamados pessoa porque a sua natureza os distingue já como fins em si... O homem e em geral cada ser racional existe como fim em si e não somente como um meio de que esta ou aquela vontade pode servir-se ao seu bel-prazer”.

Ao percorrer um pouco na história e propriamente na Filosofia da História, percebo a beleza e a curiosidade dos pensadores ou de pessoas como eu ou você para com seu próprio termo que é o de PESSOA. Há algo de impressionante neste conceito junto com o atributo “racional”, constituindo-se pessoa humana ou racional. Tratarei de estudar com vocês, leitores desta coluna, sobre tão apetitoso tema que nos insere na perspectiva de nos conhecermos ainda mais como seres humanos em torno do mistério da pessoa autoconsciente, metafísica e ôntica.



Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e Filósofo.

O Mundo das idéias platônico

Platão afirma a existência de um outro mundo de ordem espiritual, no qual estão todas as idéias segundo aquilo que ele afirma no diálogo chamado Fedro.
O mundo ideal é constituído por uma multiplicidade de idéias que correspondem as várias coisas que existem na terra. A cada realidade física e sensível deste mundo corresponde uma idéia concreta e metafísica no hiperurânio, as coisas podem nascer, crescer e perecer enquanto que a idéia é absoluta, imutável e incorruptível. A idéia é em si e por si, quer dizer, não depende do sujeito que a conhece e não pode ser manipulada por ninguém. A idéia é a essência da coisa.
Portanto não está sujeita a mudança e permanece incorruptível. O mundo das idéias é caracterizado por esta imutabilidade que depende do fato que a idéia é de ordem imaterial, espiritual. O que é imaterial é incorruptível. Em síntese, a idéia é absoluta, enquanto que as coisas são relativas. Assim Platão admite a existência de um mundo ideal e perfeito, além do mundo material, sensível, incorruptível. É importante notar que o mundo das idéias constitui a perfeição do mundo sensível.
Platão diz a Heráclito que no mundo físico tudo muda “panta rei”, ao passo que no mundo das idéias nada muda, tudo é eterno. Separando as idéias, Platão introduz o mundo ideal, uma multiplicidade de idéias e uma hierarquia, quer dizer, uma ordem e uma dependência entre as várias. Existem três idéias gerais que se aplicam a todas as coisas que existem e não a idéia do ser segundo as idéias do repouso. Conforme a idéia do movimento, Platão porém afirma a existência de uma idéia suprema que ocupa o vértice desta hierarquia que, como ele afirma na obra chamada a República, é a idéia do bem e o princípio supremo segundo o qual todas as coisas têm valor. O bem é o valor supremo do qual deriva todas as outras idéias a saber, o uno, a díade e o bem.
Díade:
Ser
Repouso
Movimento
O mundo sensível tem com o mundo ideal uma tríplice relação de imitação(mimeses). Segunda relação é a de participação, as coisas participam das idéias. No Platão mais adulto há uma terceira relação que é uma comunhão.Diferenças entre os dois mundos:
A idéia é absoluta, tem características que não podem vir a faltar. As coisas são relativas podem se corromper.
A idéia é uma, as coisas são muitas.
A idéia é imutável, as coisas são mutáveis.
A idéia “é”, as coisas se tornam, vem a ser.
As coisas existem em força da idéia, por causa da idéia. As coisas são expressão da idéia. A idéia é a razão de ser das coisas.
Portanto, o fundamento último das coisas é a idéia.


Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e Filósofo.

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