segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Filosofia da saúde


A cada ano vislumbramos uma explosão avassaladora de pessoas que querem buscar a boa forma. O verão já chegou e um certo “frenesi” acompanha aqueles que, a qualquer custo, não poupam esforços por um corpo sarado, sem os famosos culotes, barriguinhas, etc. As academias estão lotadas e os calçadões das cidades repletos de gente que não se cansa de lutar contra os excessos de peso no corpo, sinônimo de feiúra e de incontinência alimentar.
A sociedade, que agora se apresenta, estampa em suas vitrines de cultura televisiva e virtual diversos padrões de comportamentos, dentre os quais são vendidos sem nenhuma reflexão, mas simplesmente negociados à revelia dos desejos desmedidos e irresponsáveis da população. Isso é muito preocupante porque as pessoas estão emagrecendo e engordando sem qualidade de vida, sem saúde. A saúde, bem como a doença que é a sua falta, desponta aqui como um alerta ou indicador de que precisamos urgentemente pensar a saúde. Às vezes, muita atenção ao corpo ou uma alucinadora inquietação para com ele pode representar doença e não saúde: “(...) Diferentemente da enfermidade, a saúde não é nunca causa de preocupação, antes, quase nunca somos conscientes de estarmos sadios. Não é condição que convida ou adverte a cuidar de si próprios: de fato, implica a surpreendente possibilidade de ser esquecido de si”(Gadamer, Dove si nasconde la salute, … In REALE, Giovanni. Corpo, Alma e Saúde. O conceito de homem de Homero a Platão. São Paulo: Paulus, 2002, pág. 185).
Estranho, enquanto damos muita atenção ao corpo a ponto de nos preocuparmos com ele demasiadamente, mais próximos estamos da enfermidade. Não seria uma doença moderna essa excessiva obsessão por exercícios físicos?
A corrida por um corpo malhado, sarado e fisicamente em forma não pode ser motivada apenas pela estética, pelo prazer de desfilá-lo nas praias, clubes, calçadões e ruas, mas tem de existir também um sentido de satisfação interna, conforto e bem-estar, felicidade e enchimento de si. Ou seja, tudo começa com um corpo bem cuidado na “medida certa”, na “justa medida”, como diz a metafísica de Platão. Os filósofos se esmeravam nisso, numa saúde do corpo e da alma voltada para o equilíbrio. É óbvio que a educação física constante e frequente tira o enfado, a preguiça e aumenta a concentração e a disposição para o trabalho! Parece até que voltamos à Grécia, à disciplina com relação ao corpo e com o perfeccionismo atlético, no entanto, falta-nos o equilíbrio físico e intelectual, falta-nos metafísica, falta-nos “justa medida”.
A rotina de malhação e educação física aumenta cada vez mais. É cada vez mais comum vermos gente caminhando, pedalando, correndo e se exercitando nas academias, pois, enquanto muitos têm de suar para deixar o corpo em dia, pronto para o verão, outros vêm fazendo o possível em continuar a frequência extenuante de exercícios físicos para manter a saúde do corpo, debilitado pelo tempo ou pelo excesso de trabalho.
A saúde é um tema emblemático. Veja que ao pronunciarmos a palavra “saúde” enchemos a boca quase que completamente de vida, de gozo, de saliva. Ela tem importância. Representa o ponto de equilíbrio e saciedade da pessoa humana. A saúde reveste os binômios filosóficos “aparência/ideia”, “corpo/alma”, “sensível/inteligível”, “experiência/razão”, “existência/essência” de unidade, de beleza e de bem-estar no ser humano, de tal modo que a vida mesma com saúde se torna mais leve, mais amena e muito mais feliz. Quando isso de fato está ocorrendo é porque a educação está funcionando como uma tomada de consciência do sujeito frente aos desequilíbrios naturais de seu organismo.
Sendo assim, a nossa saúde depende da Filosofia a fim de encontrar os meios mais sábios de equilíbrio de tudo aquilo que há na natureza, de restaurar a “justa medida”em nossa natureza. Saber o “mais”, o “menos”, “proporção”, “peso”, “excessos”, enfim. Lidar com isso é fazer Filosofia da saúde, uma se liga com a outra: “O médico é chamado a restaurar a medida oculta, quando a doença vem alterá-la. Em estado de saúde, a própria natureza se encarrega de implantá-la, ou antes, é ela própria a justa medida. O conceito de mistura, tão importante, e que na realidade representa uma espécie de justo equilíbrio entre as diversas forças do organismo, anda estreitamente relacionado com os de medida e de simetria. É de acordo com esta norma – assim a devemos denominar – cheia de sentido que a natureza age...”(Jaeger, Paideia, … In idem, p. 186).

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Especialista em Metafísica, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia

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Filosofia da saúde


A cada ano vislumbramos uma explosão avassaladora de pessoas que querem buscar a boa forma. O verão já chegou e um certo “frenesi” acompanha aqueles que, a qualquer custo, não poupam esforços por um corpo sarado, sem os famosos culotes, barriguinhas, etc. As academias estão lotadas e os calçadões das cidades repletos de gente que não se cansa de lutar contra os excessos de peso no corpo, sinônimo de feiúra e de incontinência alimentar.
A sociedade, que agora se apresenta, estampa em suas vitrines de cultura televisiva e virtual diversos padrões de comportamentos, dentre os quais são vendidos sem nenhuma reflexão, mas simplesmente negociados à revelia dos desejos desmedidos e irresponsáveis da população. Isso é muito preocupante porque as pessoas estão emagrecendo e engordando sem qualidade de vida, sem saúde. A saúde, bem como a doença que é a sua falta, desponta aqui como um alerta ou indicador de que precisamos urgentemente pensar a saúde. Às vezes, muita atenção ao corpo ou uma alucinadora inquietação para com ele pode representar doença e não saúde: “(...) Diferentemente da enfermidade, a saúde não é nunca causa de preocupação, antes, quase nunca somos conscientes de estarmos sadios. Não é condição que convida ou adverte a cuidar de si próprios: de fato, implica a surpreendente possibilidade de ser esquecido de si”(Gadamer, Dove si nasconde la salute, … In REALE, Giovanni. Corpo, Alma e Saúde. O conceito de homem de Homero a Platão. São Paulo: Paulus, 2002, pág. 185).
Estranho, enquanto damos muita atenção ao corpo a ponto de nos preocuparmos com ele demasiadamente, mais próximos estamos da enfermidade. Não seria uma doença moderna essa excessiva obsessão por exercícios físicos?
A corrida por um corpo malhado, sarado e fisicamente em forma não pode ser motivada apenas pela estética, pelo prazer de desfilá-lo nas praias, clubes, calçadões e ruas, mas tem de existir também um sentido de satisfação interna, conforto e bem-estar, felicidade e enchimento de si. Ou seja, tudo começa com um corpo bem cuidado na “medida certa”, na “justa medida”, como diz a metafísica de Platão. Os filósofos se esmeravam nisso, numa saúde do corpo e da alma voltada para o equilíbrio. É óbvio que a educação física constante e frequente tira o enfado, a preguiça e aumenta a concentração e a disposição para o trabalho! Parece até que voltamos à Grécia, à disciplina com relação ao corpo e com o perfeccionismo atlético, no entanto, falta-nos o equilíbrio físico e intelectual, falta-nos metafísica, falta-nos “justa medida”.
A rotina de malhação e educação física aumenta cada vez mais. É cada vez mais comum vermos gente caminhando, pedalando, correndo e se exercitando nas academias, pois, enquanto muitos têm de suar para deixar o corpo em dia, pronto para o verão, outros vêm fazendo o possível em continuar a frequência extenuante de exercícios físicos para manter a saúde do corpo, debilitado pelo tempo ou pelo excesso de trabalho.
A saúde é um tema emblemático. Veja que ao pronunciarmos a palavra “saúde” enchemos a boca quase que completamente de vida, de gozo, de saliva. Ela tem importância. Representa o ponto de equilíbrio e saciedade da pessoa humana. A saúde reveste os binômios filosóficos “aparência/ideia”, “corpo/alma”, “sensível/inteligível”, “experiência/razão”, “existência/essência” de unidade, de beleza e de bem-estar no ser humano, de tal modo que a vida mesma com saúde se torna mais leve, mais amena e muito mais feliz. Quando isso de fato está ocorrendo é porque a educação está funcionando como uma tomada de consciência do sujeito frente aos desequilíbrios naturais de seu organismo.
Sendo assim, a nossa saúde depende da Filosofia a fim de encontrar os meios mais sábios de equilíbrio de tudo aquilo que há na natureza, de restaurar a “justa medida”em nossa natureza. Saber o “mais”, o “menos”, “proporção”, “peso”, “excessos”, enfim. Lidar com isso é fazer Filosofia da saúde, uma se liga com a outra: “O médico é chamado a restaurar a medida oculta, quando a doença vem alterá-la. Em estado de saúde, a própria natureza se encarrega de implantá-la, ou antes, é ela própria a justa medida. O conceito de mistura, tão importante, e que na realidade representa uma espécie de justo equilíbrio entre as diversas forças do organismo, anda estreitamente relacionado com os de medida e de simetria. É de acordo com esta norma – assim a devemos denominar – cheia de sentido que a natureza age...”(Jaeger, Paideia, … In idem, p. 186).

Prof. Jackislandy Meira de M. Silva
Especialista em Metafísica, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia

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