segunda-feira, 7 de abril de 2008

A Indústria Cultural III

Desse modo, a Indústria Cultural não vincula propriamente uma ideologia: Ela própria é ideologia, a ideologia da aceitação dos fins estabelecidos por “outros”, isto é, pelo sistema.
Quando se fala em Indústria Cultural, é importante destacar que ela é fruto de uma sociedade capitalista industrializada, onde até mesmo a cultura é vista como produto a ser comercializado. Mas o que é Indústria Cultural? Podemos dizer que é tudo o que é produzido pelo sistema industrializado de produção cultural(TV, rádio, jornal, revistas, internet, ....) elaborado de forma a influenciar, aumentar o consumo, transformar hábitos, educar, informar, pretendendo-se ainda, em alguns casos, ser capaz de atingir a sociedade como um todo.
Assim, cada vez mais, a máquina da Indústria Cultural, ao preferir a eficácia dos seus produtos, determina o consumo dos memos e exclui tudo o que é novo, tudo o que ela configura como risco. A identidade do domínio que a Indústria Cultural exerce sobre os indivíduos, aquilo que ela oferece de continuamente novo não é mais do que a representação, sob formas diferentes, de algo que é sempre igual; a mudança oculta um esqueleto, no qual muda tão pouco como no conceito de lucro, desde que este adquiriu o predomínio sobre a cultura.
Com seus produtos, a Indústria Cultural pratica o reforço das normas sociais, repetidas vezes até a exaustão, sem discussão. Ela fabrica seus produtos com a finalidade de: a) serem trocados por moedas; b) promover a deturpação e degradação do gosto popular; c) obter uma atiude sempre passiva do consumidor simplificando ao máximo seus produtos. Eles são construídos propositadamente para um consumo descontraído, não comprometedor. Segundo Adorno(1944), cada um desses produtos reflete o mecanismo econômico que domina o tempo do trabalho e o tempo do lazer.
O consumo desses produtos pode levar à alienação/revelação, entendido como um processo no qual o indivíduo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social a seu redor, transformando-o com isso em mero joguete e, afinal, em simples produto para alimentar o sistema que o envolve.
Os conteúdos veiculados pela indústria cultural são objetos de análise de muitos estudiosos, que dizem que os produtos da Indústria Cultural serão bons ou maus, alienantes ou reveladores, conforme a mensagem por eles vinculada. Com efeito, a mensagem oculta pode ser mais importante do que a que se vê, já que aquela escapa ao controle da consciência, não será impedida. Sendo assim, não está impedida pelas resistências psicológicas aos consumos e penetra provavelmente no inconsciente dos espectadores.
Neste momento, vale destacar a importância do fascinante mundo publicitário para a afirmação, manuntenção e sobrevivência da Indústria Cultural. Este é um outro mundo que nos é mostrado dentro de cada anúncio, onde produtos são sedimentos e a morte não existe. É parecido com a vida e, no entanto, completamente diferente, posto que é sempre bem sucedido. Nele não habitam a dor, a miséria, a angústia e onde existem seres vivos, mas, paradoxalmente, dele se ausente a fragilidade humana. Um mundo nem enganoso nem verdadeiro, simplesmente um mundo “mágico”.
A função manifesta da publicidade é aquela de vender um produto, aumentar o consumo e abrir mercados. Se compararmos ao fenômeno do consumo de anúncios e o de produtos, podemos perceber que o volume de consumo implicado no primeiro é infinitamente superior ao do segundo. Em cada anúncio vende-se estilo de vida, sensações, visões de mundo, relações humanas, sistemas de classificação, hierarquia, etc..., em quantidades significativamente maiores que geladeiras, roupas ou cigarros.
No entanto, a recepção e apropriação dos produtos da mídia são processos sociais complexos em que indivíduos – interagindo com outros e também com os personagens retratados nos programas dão sentido às mensagens de uma forma ativa, as adotam com atitudes diversas e as usam diferentemente nos cursos de sua vidas. Simplesmente não é possível inferir, das características das mensagens da mídia consideradas em si mesmas, os variados aspectos dos processos de recepção.
Os programas feitos pelo sistema de televisão comercial inevitalmente veicularão valores do consumismo, tanto nos programas em si quanto na propaganda, que constitui a base financeira do sistema. O modo de recepção pela TV é coletivizante, ao contrário do que ocorre no processo de leitura, experiência individual por excelência. De fato, a TV não permite um ponto de vista exatamente privado sobre as coisas. Nem permite, à primeira vista, o não-envolvimento com o assunto abordado: por exemplo, uma coisa é ler no jornal que foram fuzilados quinze revolucionários e outra bem diferente é ver na tela da TV, em nossa casa, pessoas vivas também traz sob o impacto das balas estraçalhantes, enquanto os membros do pelotão de fuzilamento gritam de satisfação.

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
Confira os blogs:
www.umasreflexoes.blogspot.com
www.chegadootempo.blogspot.com

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Desse modo, a Indústria Cultural não vincula propriamente uma ideologia: Ela própria é ideologia, a ideologia da aceitação dos fins estabelecidos por “outros”, isto é, pelo sistema.
Quando se fala em Indústria Cultural, é importante destacar que ela é fruto de uma sociedade capitalista industrializada, onde até mesmo a cultura é vista como produto a ser comercializado. Mas o que é Indústria Cultural? Podemos dizer que é tudo o que é produzido pelo sistema industrializado de produção cultural(TV, rádio, jornal, revistas, internet, ....) elaborado de forma a influenciar, aumentar o consumo, transformar hábitos, educar, informar, pretendendo-se ainda, em alguns casos, ser capaz de atingir a sociedade como um todo.
Assim, cada vez mais, a máquina da Indústria Cultural, ao preferir a eficácia dos seus produtos, determina o consumo dos memos e exclui tudo o que é novo, tudo o que ela configura como risco. A identidade do domínio que a Indústria Cultural exerce sobre os indivíduos, aquilo que ela oferece de continuamente novo não é mais do que a representação, sob formas diferentes, de algo que é sempre igual; a mudança oculta um esqueleto, no qual muda tão pouco como no conceito de lucro, desde que este adquiriu o predomínio sobre a cultura.
Com seus produtos, a Indústria Cultural pratica o reforço das normas sociais, repetidas vezes até a exaustão, sem discussão. Ela fabrica seus produtos com a finalidade de: a) serem trocados por moedas; b) promover a deturpação e degradação do gosto popular; c) obter uma atiude sempre passiva do consumidor simplificando ao máximo seus produtos. Eles são construídos propositadamente para um consumo descontraído, não comprometedor. Segundo Adorno(1944), cada um desses produtos reflete o mecanismo econômico que domina o tempo do trabalho e o tempo do lazer.
O consumo desses produtos pode levar à alienação/revelação, entendido como um processo no qual o indivíduo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social a seu redor, transformando-o com isso em mero joguete e, afinal, em simples produto para alimentar o sistema que o envolve.
Os conteúdos veiculados pela indústria cultural são objetos de análise de muitos estudiosos, que dizem que os produtos da Indústria Cultural serão bons ou maus, alienantes ou reveladores, conforme a mensagem por eles vinculada. Com efeito, a mensagem oculta pode ser mais importante do que a que se vê, já que aquela escapa ao controle da consciência, não será impedida. Sendo assim, não está impedida pelas resistências psicológicas aos consumos e penetra provavelmente no inconsciente dos espectadores.
Neste momento, vale destacar a importância do fascinante mundo publicitário para a afirmação, manuntenção e sobrevivência da Indústria Cultural. Este é um outro mundo que nos é mostrado dentro de cada anúncio, onde produtos são sedimentos e a morte não existe. É parecido com a vida e, no entanto, completamente diferente, posto que é sempre bem sucedido. Nele não habitam a dor, a miséria, a angústia e onde existem seres vivos, mas, paradoxalmente, dele se ausente a fragilidade humana. Um mundo nem enganoso nem verdadeiro, simplesmente um mundo “mágico”.
A função manifesta da publicidade é aquela de vender um produto, aumentar o consumo e abrir mercados. Se compararmos ao fenômeno do consumo de anúncios e o de produtos, podemos perceber que o volume de consumo implicado no primeiro é infinitamente superior ao do segundo. Em cada anúncio vende-se estilo de vida, sensações, visões de mundo, relações humanas, sistemas de classificação, hierarquia, etc..., em quantidades significativamente maiores que geladeiras, roupas ou cigarros.
No entanto, a recepção e apropriação dos produtos da mídia são processos sociais complexos em que indivíduos – interagindo com outros e também com os personagens retratados nos programas dão sentido às mensagens de uma forma ativa, as adotam com atitudes diversas e as usam diferentemente nos cursos de sua vidas. Simplesmente não é possível inferir, das características das mensagens da mídia consideradas em si mesmas, os variados aspectos dos processos de recepção.
Os programas feitos pelo sistema de televisão comercial inevitalmente veicularão valores do consumismo, tanto nos programas em si quanto na propaganda, que constitui a base financeira do sistema. O modo de recepção pela TV é coletivizante, ao contrário do que ocorre no processo de leitura, experiência individual por excelência. De fato, a TV não permite um ponto de vista exatamente privado sobre as coisas. Nem permite, à primeira vista, o não-envolvimento com o assunto abordado: por exemplo, uma coisa é ler no jornal que foram fuzilados quinze revolucionários e outra bem diferente é ver na tela da TV, em nossa casa, pessoas vivas também traz sob o impacto das balas estraçalhantes, enquanto os membros do pelotão de fuzilamento gritam de satisfação.

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