Simplesmente maravilhoso. De uma graça e bom humor impecáveis. Um texto gostoso de ler.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
A beleza da insignificância
"(...) Queria lhe falar então Quaquelique. Meu grande amigo. Você não
o conhece. Eu sei. Pois bem. Agora, a insignificância me aparece sob um
ponto de vista totalmente diferente de então, sob uma luz mais forte,
mais reveladora. A insignificância, meu amigo, é a essência da
existência. Ela está conosco em toda parte e sempre. Ela está presente
mesmo ali onde ninguém quer vê-la: nos horrores, nas lutas sangrentas,
nas piores desgraças. Isso exige muitas vezes coragem para reconhecê-la
em condições tão dramáticas e para chamá-la pelo nome. Mas não se trata
apenas de reconhecê-la, é preciso amar a insignificância, é preciso
aprender a amá-la. Aqui, neste parque, diante de nós, olhe, meu amigo,
ela está presente com toda sua evidência, com toda sua inocência, com
toda sua beleza. Sim, sua beleza. Como você mesmo disse: a animação
perfeita... e completamente inútil, as crianças rindo... sem saber por
quê, não é lindo? Respire, D'Ardelo, meu amigo, respire essa
insignificância que nos cerca, ela é a chave da sabedoria, ela é a chave
do bom humor..." (KUNDERA, Milan. A festa da insignificância. São
Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 132).
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A beleza da insignificância
"(...) Queria lhe falar então Quaquelique. Meu grande amigo. Você não
o conhece. Eu sei. Pois bem. Agora, a insignificância me aparece sob um
ponto de vista totalmente diferente de então, sob uma luz mais forte,
mais reveladora. A insignificância, meu amigo, é a essência da
existência. Ela está conosco em toda parte e sempre. Ela está presente
mesmo ali onde ninguém quer vê-la: nos horrores, nas lutas sangrentas,
nas piores desgraças. Isso exige muitas vezes coragem para reconhecê-la
em condições tão dramáticas e para chamá-la pelo nome. Mas não se trata
apenas de reconhecê-la, é preciso amar a insignificância, é preciso
aprender a amá-la. Aqui, neste parque, diante de nós, olhe, meu amigo,
ela está presente com toda sua evidência, com toda sua inocência, com
toda sua beleza. Sim, sua beleza. Como você mesmo disse: a animação
perfeita... e completamente inútil, as crianças rindo... sem saber por
quê, não é lindo? Respire, D'Ardelo, meu amigo, respire essa
insignificância que nos cerca, ela é a chave da sabedoria, ela é a chave
do bom humor..." (KUNDERA, Milan. A festa da insignificância. São
Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 132).
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