sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma escola mangue


O texto Dossiê: “Entre Deleuze e a Educação” se apropria de uma bela imagem, a imagem do Mangue, utilizado aqui pelo autor Daniel Lins para nos mostrar a riqueza do pensamento rizomático de Deleuze atrelado a uma pedagogia.

Na vida acadêmica ou na vida de um professor é muito salutar quando se alcança o estágio maduro do magistério e, desaprendendo a falar academicamente uma linguagem técnica, aprende-se a falar por meio de imagens. As imagens vêm mais facilmente à cabeça e são deliciosas, pois, quando se usa uma imagem que fala mais do que o texto, percebe-se “a diferenciação, a contemplação vibrátil, sem determinação, mergulhada numa visão que inventa a visão do que é visto sem pontos de referência nem muletas”. (Lins, 2005, p.10). Eis a imagem:

“- Seu Pedro, onde começa o mangue?

- Professor! Olhe o mangue! Não tem nem começo, nem fim: O mangue só tem meio!”

(Diálogo com um velho pescador, na Ilha do Pinto, em Fortim, Ceará, abril de 2004, in Lins, 2005, p. 10)

Assim deve ser uma escola, sem princípio e sem fim, mas com meio, inteiramente inserida na vivência do mundo e mergulhada no aqui e agora das situações existenciais. Uma escola que simboliza um “imenso manguezal” a se espraiar “no entrelaçamento de proteínas, calorias, gazes, lama, gozos, prazeres, detritos e... ouro”(Lins, 2005, p.10). O seu ouro é a diferença ou a riqueza do manguezal, como se a criança/aluno representasse o grande tesouro da escola que, talvez, fosse uma obra em construção e que a escola sua intercessora privilegiada na autoconstrução, sob a condição de que a transmissão de saber não se confunda com a transmissão de poder em que o aluno é tratado supostamente a querer, a ouvir, a aceitar e a obedecer.

Tal cogitação entre escola e mangue merece, como dissemos, uma deferência no texto de Daniel Lins, haja vista a feliz metáfora que estabelece com a ideia de rizoma deleuziana:

“Por meio da questão do novo, a função da Mangue’s School não é mais a de responder a uma necessidade de verdade, ou de abrir ao conhecimento do real, mas provocar novas possibilidades de vida. O novo é assim retomado como uma exigência de criação que instiga a promoção de forças capazes de transformar o presente levando-o para novas vias, segundo a formulação de Nietzsche: ‘Agir contra o passado, e desse modo sobre o presente em favor de um tempo por vir’”(Lins, 2005, p. 12).

In: LINS, Daniel. Dossiê: “Entre Deleuze e a Educação”. In Educ. Soc. Vol. 26. nº 93. Campinas. Sept./Dec. 2005.

Prof.: Jackislandy Meira de Medeiros Silva

www.umasreflexoes.blogspot.com

www.chegadootempo.blogspot.com

www.twitter.com/filoflorania

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Uma escola mangue


O texto Dossiê: “Entre Deleuze e a Educação” se apropria de uma bela imagem, a imagem do Mangue, utilizado aqui pelo autor Daniel Lins para nos mostrar a riqueza do pensamento rizomático de Deleuze atrelado a uma pedagogia.

Na vida acadêmica ou na vida de um professor é muito salutar quando se alcança o estágio maduro do magistério e, desaprendendo a falar academicamente uma linguagem técnica, aprende-se a falar por meio de imagens. As imagens vêm mais facilmente à cabeça e são deliciosas, pois, quando se usa uma imagem que fala mais do que o texto, percebe-se “a diferenciação, a contemplação vibrátil, sem determinação, mergulhada numa visão que inventa a visão do que é visto sem pontos de referência nem muletas”. (Lins, 2005, p.10). Eis a imagem:

“- Seu Pedro, onde começa o mangue?

- Professor! Olhe o mangue! Não tem nem começo, nem fim: O mangue só tem meio!”

(Diálogo com um velho pescador, na Ilha do Pinto, em Fortim, Ceará, abril de 2004, in Lins, 2005, p. 10)

Assim deve ser uma escola, sem princípio e sem fim, mas com meio, inteiramente inserida na vivência do mundo e mergulhada no aqui e agora das situações existenciais. Uma escola que simboliza um “imenso manguezal” a se espraiar “no entrelaçamento de proteínas, calorias, gazes, lama, gozos, prazeres, detritos e... ouro”(Lins, 2005, p.10). O seu ouro é a diferença ou a riqueza do manguezal, como se a criança/aluno representasse o grande tesouro da escola que, talvez, fosse uma obra em construção e que a escola sua intercessora privilegiada na autoconstrução, sob a condição de que a transmissão de saber não se confunda com a transmissão de poder em que o aluno é tratado supostamente a querer, a ouvir, a aceitar e a obedecer.

Tal cogitação entre escola e mangue merece, como dissemos, uma deferência no texto de Daniel Lins, haja vista a feliz metáfora que estabelece com a ideia de rizoma deleuziana:

“Por meio da questão do novo, a função da Mangue’s School não é mais a de responder a uma necessidade de verdade, ou de abrir ao conhecimento do real, mas provocar novas possibilidades de vida. O novo é assim retomado como uma exigência de criação que instiga a promoção de forças capazes de transformar o presente levando-o para novas vias, segundo a formulação de Nietzsche: ‘Agir contra o passado, e desse modo sobre o presente em favor de um tempo por vir’”(Lins, 2005, p. 12).

In: LINS, Daniel. Dossiê: “Entre Deleuze e a Educação”. In Educ. Soc. Vol. 26. nº 93. Campinas. Sept./Dec. 2005.

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