quinta-feira, 16 de julho de 2009

O pensar de Berkeley por mim mesmo.



Foi um bispo irlandês, que viveu entre 1685 e 1753. Um filósofo para quem a Filosofia e a ciência de seu tempo constituíam uma ameaça para a visão cristã do mundo. Além disso, Berkeley achava que o materialismo, cada vez mais consistente e difundido, colocava em risco a crença cristã de que Deus criou e mantém vivo tudo o que existe na natureza...
Ao mesmo tempo, porém, Berkeley foi um dos mais coerentes representantes do empirismo. Ele também era da opinião de que não podemos saber do mundo mais do que percebemos pelos nossos sentidos. E não apenas isto, mas dizia que as coisas do mundo são, de fato, exatamente da forma como nós as percebemos, mas que não são “coisas”.
Locke chamara a atenção para o fato de não podermos afirmar nada sobre “as qualidades secundárias” das coisas. Nesse caso, não podemos afirmar que uma maçã é verde ou azeda. Tudo o que podemos dizer é que nós a percebemos assim. Mas Locke disse também que “as qualidades primárias”, tais como: a densidade, o peso, a gravidade, realmente pertencem à realidade que nos cerca. Esta realidade exterior teria, portanto, uma “substância” física. É aqui o ponto em que Locke se assemelha a Descartes e Spinoza, uma vez que considerava o mundo físico uma realidade.
É justamente isso que Berkeley põe em dúvida. E ele o faz baseado num empirismo muitíssimo coerente. Berkeley diz que tudo o que existe é só o que percebemos, mas que aquilo que percebemos não é “matéria” ou “substância”. Não percebemos as coisas como “coisas” tangíveis. Para ele, pressupor que aquilo que percebemos possui uma “substância” que lhe é inerente não passa de uma conclusão precipitada. Nesse caso, faltam-nos meios para provar o que afirmamos com base na experiência. “O impacto da mão contra uma coisa dura”. Você experimentou nitidamente a sensação de bater em alguma coisa dura, mas não sentiu a verdadeira matéria da mesa. Da mesma forma, você pode sonhar que está batendo em alguma coisa dura, embora no sonho esta coisa não exista.
Você pode induzir alguém a achar que ele ou ela é capaz de “sentir” qualquer tipo de coisa. Uma pessoa pode ser hipnotizada e achar que sente calor e frio, ou então, que está sendo acariciada ou levando um soco na cara.
No entanto, se não foi a solidez da mesa em si, o que me levou a sentir o que eu senti?
Berkeley acreditava que foi a vontade ou o espírito. Ele acreditava também que todas as nossas idéias tinham uma causa fora de nossa consciência, mas que esta causa não era de natureza material. Para Berkeley, esta causa de que estamos falando era de natureza espiritual.
A partir disso, a genialidade desse filósofo vai ao ponto de pensar que minha alma pode ser a causa das minhas próprias ideias, assim como acontece quando sonho. Mas só outra vontade, somente outro espírito pode ser a causa das ideias que formam nosso mundo material. Berkeley dizia que tudo vinha do “espírito onipresente, por meio do qual tudo existe”.
E que espírito seria este?
É claro que Berkeley está pensando em Deus. Ele chegou mesmo a afirmar que percebemos com mais nitidez a existência de Deus do que a existência de qualquer outra coisa, a existência de qualquer outra pessoa.

Jackislandy Meira de Medeiros Silva. Professor e filósofo.
www.umasreflexoes.blogspot.com
www.chegadootempo.blogspot.com

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O pensar de Berkeley por mim mesmo.



Foi um bispo irlandês, que viveu entre 1685 e 1753. Um filósofo para quem a Filosofia e a ciência de seu tempo constituíam uma ameaça para a visão cristã do mundo. Além disso, Berkeley achava que o materialismo, cada vez mais consistente e difundido, colocava em risco a crença cristã de que Deus criou e mantém vivo tudo o que existe na natureza...
Ao mesmo tempo, porém, Berkeley foi um dos mais coerentes representantes do empirismo. Ele também era da opinião de que não podemos saber do mundo mais do que percebemos pelos nossos sentidos. E não apenas isto, mas dizia que as coisas do mundo são, de fato, exatamente da forma como nós as percebemos, mas que não são “coisas”.
Locke chamara a atenção para o fato de não podermos afirmar nada sobre “as qualidades secundárias” das coisas. Nesse caso, não podemos afirmar que uma maçã é verde ou azeda. Tudo o que podemos dizer é que nós a percebemos assim. Mas Locke disse também que “as qualidades primárias”, tais como: a densidade, o peso, a gravidade, realmente pertencem à realidade que nos cerca. Esta realidade exterior teria, portanto, uma “substância” física. É aqui o ponto em que Locke se assemelha a Descartes e Spinoza, uma vez que considerava o mundo físico uma realidade.
É justamente isso que Berkeley põe em dúvida. E ele o faz baseado num empirismo muitíssimo coerente. Berkeley diz que tudo o que existe é só o que percebemos, mas que aquilo que percebemos não é “matéria” ou “substância”. Não percebemos as coisas como “coisas” tangíveis. Para ele, pressupor que aquilo que percebemos possui uma “substância” que lhe é inerente não passa de uma conclusão precipitada. Nesse caso, faltam-nos meios para provar o que afirmamos com base na experiência. “O impacto da mão contra uma coisa dura”. Você experimentou nitidamente a sensação de bater em alguma coisa dura, mas não sentiu a verdadeira matéria da mesa. Da mesma forma, você pode sonhar que está batendo em alguma coisa dura, embora no sonho esta coisa não exista.
Você pode induzir alguém a achar que ele ou ela é capaz de “sentir” qualquer tipo de coisa. Uma pessoa pode ser hipnotizada e achar que sente calor e frio, ou então, que está sendo acariciada ou levando um soco na cara.
No entanto, se não foi a solidez da mesa em si, o que me levou a sentir o que eu senti?
Berkeley acreditava que foi a vontade ou o espírito. Ele acreditava também que todas as nossas idéias tinham uma causa fora de nossa consciência, mas que esta causa não era de natureza material. Para Berkeley, esta causa de que estamos falando era de natureza espiritual.
A partir disso, a genialidade desse filósofo vai ao ponto de pensar que minha alma pode ser a causa das minhas próprias ideias, assim como acontece quando sonho. Mas só outra vontade, somente outro espírito pode ser a causa das ideias que formam nosso mundo material. Berkeley dizia que tudo vinha do “espírito onipresente, por meio do qual tudo existe”.
E que espírito seria este?
É claro que Berkeley está pensando em Deus. Ele chegou mesmo a afirmar que percebemos com mais nitidez a existência de Deus do que a existência de qualquer outra coisa, a existência de qualquer outra pessoa.

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