segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Heidegger e a questão do ser...

(Martim Heidegger nasceu no dia 26/09/l889 em Messkinch, Alemanha, onde sua família já estava radicada há vários séculos. Com o passar dos anos tornou-se um dos filósofos mais importantes do século XX, vindo a trabalhar como Professor honorário até a morte, em 26/06/l976).

Há muito que a Filosofia se pergunta pela questão do ser. O que significa o ser? Em Parmênides encontramos a definição lapidar: “Pois existe o ser”. Também Aristóteles em sua Metafísica propõe a questão do ser. Pergunta-se sempre somente pelo ente com referência ao seu ser. Quando questionamos o ente assim como ente, vemos não em relação ao fato de ele estar simplesmente presente, por exemplo, como uma cadeira, uma mesa ou uma árvore, mas sim como ente: vemos, pois em relação ao seu ser. Esta é a questão fundamental de toda a Metafísica[1].
Para Heidegger, fora do ente não há ser. O ser não é o ente, mas o ser do ente. Afirma pensar o ser como tal: o ente enquanto ente. Enquanto o que é se identifica com o ser. Ser enquanto ser.
A Analítica existencial de Heidegger tem uma estrutura ontológica da existência que desconstroi a tradicional concepção metafísica da subjetividade, por meio de uma verdadeira compreensão dos aspectos da Existência, da Facticidade e do Ser-no-mundo.
A existência do ponto de vista geral é o que está aí. Um fato bruto e incondicionado de estar presente, o Dasein. No sentido humano é vida, biologia, biografia. Narrativa dos acontecimentos da vida decidida, a história como o modo de ser humano na sua temporalidade(passado, presente, futuro). Heidegger admite aqui uma quarta instância do tempo: o agora como transcendência intra-temporal, incluindo o homem, de modo a ser o horizonte possível através do qual podemos compreender a existência.
A temporalidade nos permite compreender o ser na sua totalidade, enquanto conjunto de todas as possibilidades. Assim, é inevitável a influência do tema morte nessa discussão, porque ela está o tempo todo atrás de nós mesmos. A morte é constituição ontológica, pura possibilidade. Existe aqui a possibilidade da impossibilidade, a morte. Somos todos constituídos como um ser pra morte desde sempre.
A respeito da facticidade em Heidegger, permite-nos sublinhar que se opõe a factualidade porque é um projeto lançado de tal e tal modo(“meu já-ser”). Ser-no-mundo, e não no ar, mas numa conjuntura. O ser humano como pura compreensão de ser. Um ser posto pra fora. Lançado(Dasein) significa ser o “aí” do ser, presença e abertura de ser ou estar voltado para o ser.
A compreensão do Ser-no-mundo nos leva à estrutura ontológica fundamental do Dasein. Toda a história da Metafísica considerou a diferença metafísica entre os entes. Fundacionismo como onto-teologia. Assim, não se pensa o ser em si mesmo. Fizeram do ser um ente. Deus não é um ser, porém um ente que contrapõe a outros entes.
Destarte, observamos que a desconstrução do ser feita por Heidegger constitui o pulsar de sua Filosofia ao afirmar que o ser é abertura e pura possibilidade de ser.
Ser pura possibilidade significa ser coisa alguma, nada. Pura nulidade. Por que ser possibilidade incomoda? Por que ser finitude incomoda? Se somos um conjunto de nossas possibilidades, e a mais radical e extrema é a morte, significa dizer que a morte é luz da compreensão de todas as totalidades. O ser pra morte constitui o guia de compreensão do ser. Antecipar-se à morte. Viver como mortal. Assumir-se como mortalidade já. Serenidade!
Dessa forma, pontua-se aqui o que é Análise da existência própria. Analisar os existenciais. Heidegger contrapõe os existenciais às categorias. Os existenciais são os modos possíveis de ser. A essência do homem consiste em não ter essência. A essência é o que já era ser para Aristóteles, equivalente aqui à idéia, “eidos”. Do ponto de vista da existência, a essência é pura possibilidade, pode ou não existe. A essência independe da existência.
O ser homem consiste em nunca ser. “Ek-sistencia” – ser pura compreensão do ser poder-ser, o ainda não-ser.

Jackislandy Meira de M. Silva, Professor e Filósofo.
[1] Cf. HEIDEGGER, Martin. Seminário de Zollikon. São Paulo: EDUC; Petrópolis, RJ: Vozes. 2001, p. 142-143.

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Heidegger e a questão do ser...

(Martim Heidegger nasceu no dia 26/09/l889 em Messkinch, Alemanha, onde sua família já estava radicada há vários séculos. Com o passar dos anos tornou-se um dos filósofos mais importantes do século XX, vindo a trabalhar como Professor honorário até a morte, em 26/06/l976).

Há muito que a Filosofia se pergunta pela questão do ser. O que significa o ser? Em Parmênides encontramos a definição lapidar: “Pois existe o ser”. Também Aristóteles em sua Metafísica propõe a questão do ser. Pergunta-se sempre somente pelo ente com referência ao seu ser. Quando questionamos o ente assim como ente, vemos não em relação ao fato de ele estar simplesmente presente, por exemplo, como uma cadeira, uma mesa ou uma árvore, mas sim como ente: vemos, pois em relação ao seu ser. Esta é a questão fundamental de toda a Metafísica[1].
Para Heidegger, fora do ente não há ser. O ser não é o ente, mas o ser do ente. Afirma pensar o ser como tal: o ente enquanto ente. Enquanto o que é se identifica com o ser. Ser enquanto ser.
A Analítica existencial de Heidegger tem uma estrutura ontológica da existência que desconstroi a tradicional concepção metafísica da subjetividade, por meio de uma verdadeira compreensão dos aspectos da Existência, da Facticidade e do Ser-no-mundo.
A existência do ponto de vista geral é o que está aí. Um fato bruto e incondicionado de estar presente, o Dasein. No sentido humano é vida, biologia, biografia. Narrativa dos acontecimentos da vida decidida, a história como o modo de ser humano na sua temporalidade(passado, presente, futuro). Heidegger admite aqui uma quarta instância do tempo: o agora como transcendência intra-temporal, incluindo o homem, de modo a ser o horizonte possível através do qual podemos compreender a existência.
A temporalidade nos permite compreender o ser na sua totalidade, enquanto conjunto de todas as possibilidades. Assim, é inevitável a influência do tema morte nessa discussão, porque ela está o tempo todo atrás de nós mesmos. A morte é constituição ontológica, pura possibilidade. Existe aqui a possibilidade da impossibilidade, a morte. Somos todos constituídos como um ser pra morte desde sempre.
A respeito da facticidade em Heidegger, permite-nos sublinhar que se opõe a factualidade porque é um projeto lançado de tal e tal modo(“meu já-ser”). Ser-no-mundo, e não no ar, mas numa conjuntura. O ser humano como pura compreensão de ser. Um ser posto pra fora. Lançado(Dasein) significa ser o “aí” do ser, presença e abertura de ser ou estar voltado para o ser.
A compreensão do Ser-no-mundo nos leva à estrutura ontológica fundamental do Dasein. Toda a história da Metafísica considerou a diferença metafísica entre os entes. Fundacionismo como onto-teologia. Assim, não se pensa o ser em si mesmo. Fizeram do ser um ente. Deus não é um ser, porém um ente que contrapõe a outros entes.
Destarte, observamos que a desconstrução do ser feita por Heidegger constitui o pulsar de sua Filosofia ao afirmar que o ser é abertura e pura possibilidade de ser.
Ser pura possibilidade significa ser coisa alguma, nada. Pura nulidade. Por que ser possibilidade incomoda? Por que ser finitude incomoda? Se somos um conjunto de nossas possibilidades, e a mais radical e extrema é a morte, significa dizer que a morte é luz da compreensão de todas as totalidades. O ser pra morte constitui o guia de compreensão do ser. Antecipar-se à morte. Viver como mortal. Assumir-se como mortalidade já. Serenidade!
Dessa forma, pontua-se aqui o que é Análise da existência própria. Analisar os existenciais. Heidegger contrapõe os existenciais às categorias. Os existenciais são os modos possíveis de ser. A essência do homem consiste em não ter essência. A essência é o que já era ser para Aristóteles, equivalente aqui à idéia, “eidos”. Do ponto de vista da existência, a essência é pura possibilidade, pode ou não existe. A essência independe da existência.
O ser homem consiste em nunca ser. “Ek-sistencia” – ser pura compreensão do ser poder-ser, o ainda não-ser.

Jackislandy Meira de M. Silva, Professor e Filósofo.
[1] Cf. HEIDEGGER, Martin. Seminário de Zollikon. São Paulo: EDUC; Petrópolis, RJ: Vozes. 2001, p. 142-143.

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