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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Monólogos das Oficinas de Ferramentas Filosóficas 2013

Se pudermos fazer um apanhado das atividades do ProEMI 2013 realizadas pelas oficinas de ferramentas filosóficas na Escola Estadual Teônia Amaral/Florânia/RN, veremos que foram muito proveitosas no que diz respeito ao desempenho dos estudantes em aceitar colaborar com as iniciativas propostas. Todos acabaram comprando a ideia de que é preciso estudar, pesquisar, aprender, criar, argumentar, interpretar, falar, enfim... Parece que o objetivo planejado foi alcançado. As ferramentas filosóficas em três dimensões: ORALIDADE, INTERPRETAÇÃO TEXTUAL e TECNOLOGIAS, desde o início, procuraram incentivar o estudante a estabelecer uma relação de proximidade do que se fala com o que se entende e vice-versa. Por isso, visamos trabalhar intensamente a voz, impostação, oratória, dicção, exercício contínuo da leitura. Aliado a isso, tentamos fazer com que o estudante descobrisse a interação do que estava sendo dito com o que poderia ser compreendido, entendido ou interpretado, ou seja, a possibilidade de conduzir o estudante a entrar numa perspectiva diferente de relação com o texto, a emoção, a intimidade com o que estava sendo dito.
Talvez daí tenha nascido a ideia de propor dois monólogos muito peculiares para a fala, a interpretação e a relação de intimidade do orador com o texto para apresentação da culminância das oficinas do ProEMI, ocorrida nesta quinta-feira, 05/12/2013 às 19h no auditório da própria Escola. Os monólogos foram: Apresentação da obra Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto e o Monólogo de Orfeu reperformado por Vinícius de Morais em homenagem ao seu centenário. O texto de abertura da obra morte e vida severina, interpretado por dois estudantes do 3º Ano do Ensino Médio, uma espécie de prólogo da obra em que o protagonista dá o tom em forma de monólogo, sintetizando praticamente o que virá a ser a saga do retirante que emigra mostrando a dor e o sofrimento do povo nordestino. Depois, uma estudante, também do 3º Ano do Ensino Médio, sugere uma interpretação íntima com muita emoção ao monólogo de Orfeu que explora uma temática bem trágica, a morte, a vida e o amor, elementos profundos da condição humana.
Gostaria de registrar toda a minha gratidão aos estudantes do 3º Ano do Ensino Médio Inovador envolvidos nessa apresentação que traduz um pouco o que realmente queríamos alcançar.

Abraços, Prof. Jackislandy Meira

sábado, 1 de setembro de 2012

‘NELSON FEZ FAXINA NA LITERATURA E NO TEATRO’



O tema foi “O encontro de Nelson Rodrigues e Arnaldo Jabor” na palestra, anteontem, no Polo de Pensamento Contemporâneo, no Jardim Botânico. Trechos da conversa de Jabor:

“Antigamente as pessoas liam com 14 anos. Aos 18, eu era do CPOR, da cavalaria, junto com o Jofre. Nelson ia buscar o filho e eu pegava carona com eles. Foi quando o conheci.”

“Quando eu falava de política, ele ficava largamente entediado. 'Jabor, para com isso'.”

“Nelson estaria achando estranho todas essas homenagens de centenário. Ele não era solene, não era o caminho dele. Por todo o seu minimalismo, pela sua destruição de excessos, Nelson não pode ser visto como um gênio tradicional, de uma maneira solene.”

“Ele é um dos maiores dramaturgos brasileiros de todos os tempos, mas o Nelson, mesmo assim, ainda é um pouco jogado para escanteio pelos cânones do teatro.”

“Ele não conhecia as normas de qualidade estética que se esperava. E é essa uma grande importância dele. Ter construído a sua obra através de uma certa ignorância.”

“Ele nunca leu muito. Sua formação foi a do jornalismo policial, muito factual. Ele trabalhava com as coisas mais banais do cotidiano. Via poesia nas coisas menos interessantes. Transformava o irrelevante em relevante.”

“Ele pedia água Lindoya só porque gostava do nome. Dizia: 'Que água bonita'.” “Nelson citava muito Deus. Dizia: ‘Se Deus me perguntar se eu fiz um bom trabalho, vou responder: ‘Valeu, Senhor! Acho que inventei o óbvio’.”

“Era um homem antimetáforas. Nunca procurava o sublime. Dizia: ‘Ela dava gargalhadas como uma bruxa de livro infantil’.”

“O Nelson é sempre associado com a sacanagem e a pornografia, mas só há um palavrão na obra dele, no segundo ato de 'Bonitinha mas ordinária'. Ele não tinha uma visão moderna da mulher, não gostava de mulher que falava palavrão.”

“Nelson me dizia que literatura é como jogo de futebol, e que o problema é que nenhum escritor brasileiro sabia bater escanteio."

“Odiava alegorias. Tirou a pose da literatura Brasileira. Queria dar sentido claro para as coisas. Ele secou a literatura dos seus excessos e adjetivos. Um faxineiro da literatura e do teatro.”

“Odiava quando Guimarães Rosa era chamado de gênio. Quando ele morreu, sentiu um alívio e foi para a janela fumar. Implicava com Fernando Pessoa. Desculpe, mas eu também.”

“Falávamos ao telefone todos os dias. Nelson não dormia bem. Ficava até tarde ouvindo ópera. Quando estava filmando 'Tudo bem' e ele me ligava às 3h da manhã, me chamava de burguês quando via que eu estava dormindo.”

“Nelson nunca saiu do país. No máximo foi até São Paulo. E dizia: 'Se eu passo 15 minutos do Méier já me sinto no exterior'. Ele tinha a apreensão do comportamento urbano carioca e brasileiro. Essa é maior importância dele.”




O GLOBO
31/08/2012

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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Monólogos das Oficinas de Ferramentas Filosóficas 2013

Se pudermos fazer um apanhado das atividades do ProEMI 2013 realizadas pelas oficinas de ferramentas filosóficas na Escola Estadual Teônia Amaral/Florânia/RN, veremos que foram muito proveitosas no que diz respeito ao desempenho dos estudantes em aceitar colaborar com as iniciativas propostas. Todos acabaram comprando a ideia de que é preciso estudar, pesquisar, aprender, criar, argumentar, interpretar, falar, enfim... Parece que o objetivo planejado foi alcançado. As ferramentas filosóficas em três dimensões: ORALIDADE, INTERPRETAÇÃO TEXTUAL e TECNOLOGIAS, desde o início, procuraram incentivar o estudante a estabelecer uma relação de proximidade do que se fala com o que se entende e vice-versa. Por isso, visamos trabalhar intensamente a voz, impostação, oratória, dicção, exercício contínuo da leitura. Aliado a isso, tentamos fazer com que o estudante descobrisse a interação do que estava sendo dito com o que poderia ser compreendido, entendido ou interpretado, ou seja, a possibilidade de conduzir o estudante a entrar numa perspectiva diferente de relação com o texto, a emoção, a intimidade com o que estava sendo dito.
Talvez daí tenha nascido a ideia de propor dois monólogos muito peculiares para a fala, a interpretação e a relação de intimidade do orador com o texto para apresentação da culminância das oficinas do ProEMI, ocorrida nesta quinta-feira, 05/12/2013 às 19h no auditório da própria Escola. Os monólogos foram: Apresentação da obra Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto e o Monólogo de Orfeu reperformado por Vinícius de Morais em homenagem ao seu centenário. O texto de abertura da obra morte e vida severina, interpretado por dois estudantes do 3º Ano do Ensino Médio, uma espécie de prólogo da obra em que o protagonista dá o tom em forma de monólogo, sintetizando praticamente o que virá a ser a saga do retirante que emigra mostrando a dor e o sofrimento do povo nordestino. Depois, uma estudante, também do 3º Ano do Ensino Médio, sugere uma interpretação íntima com muita emoção ao monólogo de Orfeu que explora uma temática bem trágica, a morte, a vida e o amor, elementos profundos da condição humana.
Gostaria de registrar toda a minha gratidão aos estudantes do 3º Ano do Ensino Médio Inovador envolvidos nessa apresentação que traduz um pouco o que realmente queríamos alcançar.

Abraços, Prof. Jackislandy Meira

sábado, 1 de setembro de 2012

‘NELSON FEZ FAXINA NA LITERATURA E NO TEATRO’



O tema foi “O encontro de Nelson Rodrigues e Arnaldo Jabor” na palestra, anteontem, no Polo de Pensamento Contemporâneo, no Jardim Botânico. Trechos da conversa de Jabor:

“Antigamente as pessoas liam com 14 anos. Aos 18, eu era do CPOR, da cavalaria, junto com o Jofre. Nelson ia buscar o filho e eu pegava carona com eles. Foi quando o conheci.”

“Quando eu falava de política, ele ficava largamente entediado. 'Jabor, para com isso'.”

“Nelson estaria achando estranho todas essas homenagens de centenário. Ele não era solene, não era o caminho dele. Por todo o seu minimalismo, pela sua destruição de excessos, Nelson não pode ser visto como um gênio tradicional, de uma maneira solene.”

“Ele é um dos maiores dramaturgos brasileiros de todos os tempos, mas o Nelson, mesmo assim, ainda é um pouco jogado para escanteio pelos cânones do teatro.”

“Ele não conhecia as normas de qualidade estética que se esperava. E é essa uma grande importância dele. Ter construído a sua obra através de uma certa ignorância.”

“Ele nunca leu muito. Sua formação foi a do jornalismo policial, muito factual. Ele trabalhava com as coisas mais banais do cotidiano. Via poesia nas coisas menos interessantes. Transformava o irrelevante em relevante.”

“Ele pedia água Lindoya só porque gostava do nome. Dizia: 'Que água bonita'.” “Nelson citava muito Deus. Dizia: ‘Se Deus me perguntar se eu fiz um bom trabalho, vou responder: ‘Valeu, Senhor! Acho que inventei o óbvio’.”

“Era um homem antimetáforas. Nunca procurava o sublime. Dizia: ‘Ela dava gargalhadas como uma bruxa de livro infantil’.”

“O Nelson é sempre associado com a sacanagem e a pornografia, mas só há um palavrão na obra dele, no segundo ato de 'Bonitinha mas ordinária'. Ele não tinha uma visão moderna da mulher, não gostava de mulher que falava palavrão.”

“Nelson me dizia que literatura é como jogo de futebol, e que o problema é que nenhum escritor brasileiro sabia bater escanteio."

“Odiava alegorias. Tirou a pose da literatura Brasileira. Queria dar sentido claro para as coisas. Ele secou a literatura dos seus excessos e adjetivos. Um faxineiro da literatura e do teatro.”

“Odiava quando Guimarães Rosa era chamado de gênio. Quando ele morreu, sentiu um alívio e foi para a janela fumar. Implicava com Fernando Pessoa. Desculpe, mas eu também.”

“Falávamos ao telefone todos os dias. Nelson não dormia bem. Ficava até tarde ouvindo ópera. Quando estava filmando 'Tudo bem' e ele me ligava às 3h da manhã, me chamava de burguês quando via que eu estava dormindo.”

“Nelson nunca saiu do país. No máximo foi até São Paulo. E dizia: 'Se eu passo 15 minutos do Méier já me sinto no exterior'. Ele tinha a apreensão do comportamento urbano carioca e brasileiro. Essa é maior importância dele.”




O GLOBO
31/08/2012

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