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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Umas palavras sobre a modernidade...

Entender a “aporia” dos tempos modernos, como diria Parmênides de Eléia, a dificuldade de conciliar o mundo dos sentidos com o mundo da razão, torna-se, a meu ver, ainda mais “aporético”, isto é, problemático e complexo.
Há que se pressupor alguns expoentes capitais ou substanciais, a fim de lermos as condições atuais por que passa a cultura. Um deles é Nietzsche quando da declaração da morte de Deus; o outro é Heidegger que reconstruiu toda a Filosofia a partir da língua e cultura alemãs. Ainda há Adorno acerca do conceito de Esclarecimento e da dialética do esclarecimento.
Para Kant, o esclarecimento é um Projeto da Modernidade. O primeiro pressuposto do esclarecimento para este pensador seria a doutrina calvinista e o espírito de emancipação do indivíduo que foi recuperado por Max Weber.
Víamos que na Idade Clássica o homem estava preso aos ditames da “polis” e notadamente de um regime democrático. Ao passo que na Idade Média, o medievo vivia enclausurado no conceito de religião e na obediência a Deus. Uma vez que na idade Moderna, as pessoas sentem-se presas a si mesmas ou a nada, inaugurando a emancipação do indivíduo.
É próprio do calvinista acreditar que a salvação se materializa na riqueza, desenvolvendo assim uma doutrina protestante cuja visão se atém na autonomia econômica.
Isso posto, tanto Weber quanto Nietzsche, Adorno e Foucault estabeleceram visões de autonomia, ainda que admitam no bojo do esclarecimento calvinista apenas um ideal porque experimentou uma nova forma de barbárie.
Todavia, o próprio Kant, fruto do iluminismo, tem uma visão otimista e progressista desse indivíduo empreendedor, afirmando que é o desenvolvimento científico e experimental. Não havia, segundo Kant, no séc. XIV, uma certa compreensão entre fé e ciência. O que Nostradamos fazia era uma química rudimentar da época. Rudimentos científicos, mas intensifica-se somente no séc. XVI. O véu da Teologia cai principalmente com Descartes.
Para Kant, a visão de Esclarecimento estava ligada a vencer o medo e a opressão, como também as superstições. É ideal e conceitual mais do que prático. Já o homem do séc. XIX é um homem livre dos medos e das superstições. Livre dos medos é a liberdade diante da insegurança e do futuro. Livre das superstições é a liberdade para com a Tradição religiosa, filosófica e política.
Como conseqüência disso, a modernidade se viu marcada por dois PROJETOS contraditórios: O homem que busca divinizar-se, não deixando de ser o que é; Depois, a tentativa de resolver os problemas da realidade, ou seja, de mudar a realidade, admitindo a aparição de uma questão: Para quê? Uma verdadeira “aporia” dentro da modernidade.
Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Parabéns pelo seu aniversário. Mãe você merece!!!

Esta é uma pessoa abençoada por Deus. Minha mãezona por aqui! Que beleza. Na verdade, na verdade, essa é uma mulher de toda especial. Deus a fez assim mesmo alegre por natureza. Obrigado, Senhor, por presentear-me uma Mãe assim, com qualidades que saltam aos olhos e que dispensam quaisquer palavras. Um beijo, abraços e muitas, muitas, muitas risadas como essas. Bendito seja Deus!!!!!!!!!!!!!!!!!!! De seu filhão, Jackislandy Meira de Medeiros Silva.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Duas histórias, dois desfechos.

Nesse final de semana, meados de junho, pude vislumbrar duas extraordinárias ilustrações ou analogias que me reportam aos princípios vitais da minha existência cristã.
Um certo homem bastante preocupado e triste carregava água em dois vasos de barro, um cheio e outro trincado, para dentro do Palácio do Rei, quando de repente, o jardineiro, que estava na porta de entrada do Palácio, assim o interrogou:
- Você não está feliz servindo ao Rei?
- Claro que sim.
- Mas não aparenta.
- É que sempre um dos vasos nunca chega cheio, mas só pela metade, pois está trincado.
- Sabia que todos os dias lanço sementes no jardim junto à entrada do Palácio?!
- Não.
- Ora, todas as vezes que passa por aqui, um de seus vasos escorre água pelo jardim aguando a terra com as sementes. O resultado foi um jardim florido e belo devido à água do vaso trincado.
O homem ficou por um instante espantado e maravilhado com o que acabara de ouvir daquele jardineiro, quando percebeu o valor de um vaso trincado.
O vaso de barro trincado simboliza cada um de nós, seres humanos, pecadores, cristãos, evangélicos, católicos, enfim, todos que aqui nunca desistiram de seus projetos e ideais, pois sentem a necessidade de avançar sempre para se reconstruir como vasos de barro nas mãos de Deus. “Trincados” pelos desafios e intempéries que a vida os proporcionou.
A outra metáfora, - como diria o poeta chileno Pablo Neruda, “metáforas, metáforas, metáforas, ai de nós se não fossem elas” – diz respeito a um senhor idoso que orava todos os dias regularmente numa Escola cristã dos EUA passando pelos armários dos alunos, um a um, da mencionada Escola, com a Bíblia nas mãos. Essa história é fruto de um filme “Desafiando Gigantes” a que assisti há poucos dias.
Houve um período de grandes dificuldades na vida do treinador de um time de futebol americano que o levou a buscar a Deus com muita intensidade conforme as circunstâncias exigiam dele. De fato, aquele jovem treinador não tinha muita escolha diante das adversidades pelas quais vinha passando, e logo procurou o Senhor Jesus começando a orar e a clamar a Deus por ajuda e conforto. Por providência divina, acontece que os dois se encontraram, o senhor idoso e o treinador, e estabeleceram uma calorosa conversa no corredor da Escola:
- O senhor realmente crê que Deus possa mudar minha vida?
- creio.
- O senhor crê que tudo é possível para Deus?
- creio.
- Por que, então, oro, oro e não vejo sinais na minha vida desse Deus?
- Olha, é preciso confiar. São como dois agricultores. Um pede chuva, clama, pede chuva novamente, pede chuva o tempo todo, mas não vai para o campo plantar e jogar a semente. O outro, além de pedir e orar, sai para plantar e a chuva vem e ele colhe porque aprendeu a confiar.
A diferença está na confiança. O primeiro ora a Deus, mas não sai para plantar, não confia. O segundo ora a Deus e sai para plantar quer chova ou não. Aqui está o ponto, é preciso confiar, ter fé. Abandonar-se as ações de Deus independentemente do que você pensa.
Portanto, honre a Deus que está com você, meu irmão, minha irmã. Confie N’Ele que, pois, Ele agirá.

Jackislandy Meira de Medeiros Silva, Professor e Filósofo.
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segunda-feira, 16 de junho de 2008

As belas-artes.


Esse texto pretende, por hora, encerrar uma série de reflexões acerca da arte atrelada a Filosofia de Kant.
Conforme a doutrina kantiana, as belas-artes têm a finalidade da bela representação das coisas, servindo-se dos mesmos princípios gerais do juízo estético. A partir de se constituírem como objeto de contemplação é que esteticamente podem ser julgadas.
Como o belo, as artes devem aparentar a livre finalidade da Natureza. Suas representações, embora resultando de uma elaboração, que não prescinde de técnica, requerem à espontaneidade que a imaginação instila nas representações das coisas. Uma obra será artística se nos impressiona como se fosse um produto da Natureza, do mesmo modo que a beleza natural aparenta o aspecto de haver sido artisticamente trabalhada.
Sendo assim, a beleza artística não pode estar condicionado a normas ou à regras objetivas, uma vez que é o mesmo juízo estético transferido para o domínio da Arte. Isto não quer dizer que a arte não tenha princípios reguladores no tocante à sua atividade, mas tais princípios existem confundidos com as disposições inatas que condicionam a faculdade produtiva do artista: o talento próprio para a arte, que se chama gênio.
Nesse horizonte de Kant há em germe a figura romântica do artista genial, que seria uma espécie de ser “exceção”, podendo elevar-se, segundo Schelling e Schopenhauer, por intermédio da Arte, ao conhecimento dos segredos da Natureza. A sua imaginação estaria ligada, por uma articulação originária de profunda, ao princípio insondável das coisas.
As belas-artes são, pois, para Kant, as artes do gênio, que hão de parecer livres do constrangimento exterior das regras. No entanto, a beleza possui, nesse domínio, função similar à que desempenha em relação ao conjunto das coisas.

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
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sábado, 7 de junho de 2008

KANT E O BELO

Como vimos na edição anterior, os juízos estéticos são elementos evidentes por si só. Porém, diante da existência do juízo estético, colocam-se dois problemas: o de estabelecer o que seja propriamente o belo que nele se manifesta; e o de remontar ao fundamento que o torna possível.
Kant, de fato, divide a beleza em duas espécies: “a beleza livre, que não depende de nenhum conceito de perfeição ou uso; e a beleza dependente, que depende desses conceitos. Conseqüentemente, os juízos estéticos estão relacionados com a primeira espécie de beleza” (ARANHA, p. 366).
O belo obviamente não pode ser uma propriedade objetiva das coisas, como o belo ontológico, mas sim algo que nasce da relação entre o sujeito e o objeto. Além disso, é aquela propriedade que nasce da relação dos objetos comparados com o nosso sentimento de prazer e que nós atribuímos aos próprios objetos.
A imagem do objeto referida ao sentimento de prazer, comparada a este e por este avaliada dá lugar ao juízo de gosto, assim definido: “O juízo de gosto ou estético é universalizável: o seu objeto provoca a adesão de outros sujeitos conscientes, na medida em que o prazer desinteressado não é uma satisfação confinada ao que particulariza como indivíduo, mas depende da capacidade de sentir e de pensar, comum a todos os homens” (Benedito Nunes. Introdução à Filosofia da Arte, Editora Ática, São Paulo, 2002, p. 49).
Daí, o belo caracterizar-se como objeto de “prazer sem interesse”. Falar de prazer sem interesse significa falar de prazer que não está ligado ao grosseiro prazer dos sentidos, nem ao útil econômico e ao bem moral.
Belo, para Kant, é aquilo que agrada universalmente, sem conceito. O prazer do bem é universal, porque vale para todos os homens e, portanto, se distingue dos gostos individuais; entretanto, essa universalidade não é de caráter conceitual ou cognoscitivo. Trata-se, portanto, de uma universalidade “subjetiva”, no sentido de que vale para cada sujeito.
Todavia, bela é a forma da finalidade do objeto percebida sem objetivo. Diante do belo da natureza, nós percebemos como que a presença de um desígnio intencional pelo qual o objeto belo se nos configura como obra de arte. Ao contrário, diante de uma obra de arte, que segue um desígnio intencional, nós sentimos que ela é verdadeiramente bela quando aquela intencionalidade se oblitera e o objeto parece uma criação espontânea da natureza.
Uma vez que reunidas as duas qualidades, parecidas em contraste, mas não convergentes, podemos dizer que no belo, da natureza ou da arte, é preciso que exista e não exista fim, ou seja, exista como se não existisse, isto é, que a intencionalidade e a espontaneidade estejam fundidas de tal maneira que a natureza pareça arte e a arte pareça natureza.
Portanto, o belo é aquilo que é reconhecido, sem conceito, como objeto de prazer necessário. Trata-se, obviamente, não de uma necessidade lógica, mas sim subjetiva, no sentido de que se trata de algo que se impõe a todos os homens.

Jackislandy Meira de M. Silva, professor e filósofo.
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