quinta-feira, 31 de março de 2011

A terra é mais chata do que se pensava


A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou, nesta quinta-feira (31), o mapa mais preciso já feito até hoje da gravidade da Terra. As informações foram coletadas durante dois anos pelo satélite Goce. O modelo, chamado de geoide, mostra minunciosamente que a Terra não é completamente redonda.

Veja como é a superfície da Terra considerando a gravidade sem a ação de marés e de correntes oceânicas.

O satélite Goce foi lançado em março de 2009 e já recolheu mais de 12 meses de dados sobre a gravidade. De acordo com a Esa, essas informações são essenciais para medir a movimentação dos oceanos, a mudança do nível do mar e a dinâmica do gelo – e para entender como são afetados pelas mudanças climáticas.

A Esa também explica que os dados podem ajudar a entender mais profundamente os processos que causam terremotos, como o evento que assolou o Japão no dia 11 de março. Isso porque os terremotos criam “rastros” na gravidade, o que poderia ser usado para entender o processo que conduz catástrofes naturais e, assim, prevê-los.

A ideia dos pesquisadores da Esa é continuar medindo a gravidade até o final de 2012. O satélite Goce, responsável pelos dados, pesa uma tonelada e orbita a baixa altitude. Ele usa um equipamente específico para medir a gravidade.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/cientistas-elaboram-mapa-da-gravidade-da-terra.html

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terça-feira, 29 de março de 2011

De pintura vistosa que mais lembra o paraíso, um jardim natural, assim é o fundo do altar que acolhe a todos para a adoração ao Senhor...

"Lembramo-nos, ó Deus, da tua benignidade no meio do teu templo"(Sl 48.9)


"Quem diz de Ciro: É meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo: Funda-te"(Is 44.28).


"Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre"(Jo 7.38).





O templo da Ass. de Deus de Florânia/RN, reformado há algum tempo, ainda nos enche de admiração.

"E levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do Senhor encheu o templo"(Ez 43.5).


"E a glória do Senhor entrou no templo pelo caminho da porta cuja face está para o lado do oriente"(Ez 43.4).


"Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos satisfeitos da bondade da tua casa e do teu santo templo"(Sl 65.4).


"E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os"(Lc 2.46).


"A voz do Senhor faz parir as cervas e desnuda as brenhas. E no seu templo cada um diz: Glória!"(Sl 29.9).


"O Senhor está no seu santo templo; o trono do Senhor está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras provam os filhos dos homens"(Sl 11.4).


"E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará"(Jo 2.17).

Ilusão ou realidade: Professores terão bolsas para cursos de mestrado profissional a distância


O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira, 21, a concessão de bolsas de mestrado profissional a distância para professores da educação básica que lecionam em escolas públicas. O anúncio foi feito em cerimônia no Palácio do Planalto, onde a presidente da República, Dilma Rousseff, condecorou 11 educadoras com a medalha da Ordem Nacional do Mérito.

Concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no âmbito da Universidade Aberta do Brasil (UAB), as bolsas exigem dos docentes, como contrapartida, o compromisso de continuar em exercício na rede pública por um período de cinco anos após a conclusão do mestrado. A medida, que será formalizada por meio de portaria do Ministério da Educação, a ser publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira, 22, faz parte de um conjunto de ações para elevar a qualidade da educação básica, definida pelo MEC como “área excepcionalmente priorizada”.

Segundo o ministro, a intenção é que as universidades reajam à provocação feita pelo MEC e ofereçam mais cursos. “Queremos garantir o prosseguimento do estudo do professor, agora com mais que uma especialização – com um mestrado”, explicou o ministro. Os docentes poderão acumular a bolsa com seus salários.

A cada mês de março, o benefício será liberado e terá vigência máxima de 24 meses. Existe, também, a possibilidade de concessão de bolsas para mestrados presenciais, desde que em cursos aprovados pela Capes e consideradas algumas situações de interesse específico do Estado.

O não cumprimento do compromisso de cinco anos de exercício em escola pública, após o curso de mestrado a distância, implicará a devolução dos recursos. As próprias instituições de ensino vão estabelecer seus critérios de seleção. “Nada impede, entretanto, que sejam reservadas vagas para professores que já estejam em exercício”, argumentou Haddad.

Pacote - Além das bolsas, outras iniciativas se destacam quando o assunto é a qualificação de professores da educação básica: a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e a expansão das universidades e dos institutos federais. Estes últimos têm, inclusive, uma reserva de vagas para ser suprida em cursos de licenciatura em matemática, física, química e biologia. A preocupação em formar professores nessas áreas também é destacada na portaria que será publicada nesta terça.

Como principal meta de qualidade, o Brasil deve atingir a nota 6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) até 2021. No ano de sua última aferição, em 2009, a média brasileira era de 4,6, numa escala que vai de zero a dez.

Ana Guimarães

Fonte: www.portal.mec.gov.br

segunda-feira, 28 de março de 2011

POEMA DE AMOR À MANEIRA PRÉ-SOCRÁTICA

Neste instante
diante do brilho do sol
e diante da suave
doçura da luz
que declina sobre o cosmo,
dou-me conta
que tu és
minha água,
meu ar,
meu fogo,
minha terra.

Que és
infinita e persistente.
imperecível,
perene,
inextinguível,
pertinaz,
inesgotável.

Em ti me encontro
e me diluo.
Em ti me reúno
e me dissolvo.

E te amo
quando te moves
e quando não te moves.
Quando mudas
e quando não mudas.

Pois és o Princípio:
amoroso e erótico.
És a Causa:
primordial e sublime.

És Sedução ilimitada:
harmonia perfeita
da forma e do limite.

Concórdia consumada:
da beleza e da linha.

És fogo
que nunca se extingue:
que me queima e me excita,
consome-me e me alimenta.

És a impossibilidade
lógica do não ser:
pois és.

E sendo existes
e existindo vives,
e vivendo és vida.
E sendo vida és duração...

E permaneces no infinito:
de nada careces.
Nada te falta:
és a plenitude do ser.

E sob o ardente sol
eu tento compreender
a infinidade de tua figura.

Tento entender
como a forma e o encanto
se uniram em teu corpo.

E depois percebo
somente
tua materialidade.
Teu existir,
evidente, sensitivo,
visível, notório,
patente, indubitável.

E te vejo:
estás ali,
estás no lugar
que ocupas.

Estás no espaço de teu ser.
E teu lugar é teu lugar.

E nada te sobra
e nada te falta:
estás ali
plena e suficiente.

Estás no espaço
e no tempo.

E és matéria desejada.
Substância cobiçada.

E amo
os detalhes de tua natureza
e a realidade de teu prevalecer.

Amo tua alma:
plena e contingente.

Amo quando passas
da potência ao ato.
Da sensibilidade
à supra-sensibilidade

E amo quando
posso percorrer
em tempo finitos
tua compleição infinita.

Amo quando me
revelas teu ser
e eu sei que és.

Amo quando és suficiente.
Quando não me faltas,
quando és,
quando não és ausência,
quando és plenitude.
Quando tua presença me basta.
Quando não és escassez,
nem vácuo.
Quando sou feliz somente
porque sei que existes,
e tão só porque existes.

Te amo
quando nada me é escasso
neste universo
porque tu estás aqui.
E parece que no mundo
não há nada mais que tu:
porque transbordas
e és profusão caudalosa.

Então penso
que no princípio eras água,
apenas água...
eras água de chuva,
água de uma lágrima,
água de um beijo,
água de um desejo,
água na cálida
umidade de teu corpo:
umidade primordial,
fundamental,
essencial,
inata,
primária.

Eras água...
singela água
na gênese de teu ser.

E então
penso no ar
mexendo teu cabelo
e induzo que és ar...
vento que vai e que vem.
Espírito desta terra
ensolarada e generosa.

És turbilhão que atinge minha alma
e me infunde prazer,
és sopro essencial,
alimento saboroso.

E depois penso que és sol:
que és chama,
destelho e esplendor.
E te amo quando o sol
se detém em tua pele.

Amo ver-te sob o céu,
na sideral calma
de um meio-dia.

Te amo quando me entregas
o fulgor de teu olhar
e deixas em minha alma
o gostoso sabor da vida.

E a teu lado sou grato.
Sob tua luminosidade
me encho de gratidão,
e me abro à suave
e a fraternal lucidez
da simplicidade
da tarde,
caindo benévola
sobre teu sorriso,
pelas ruas
duma cidade
farta de vida...

Jorge Luis Gutiérrez

domingo, 27 de março de 2011

BANDA NORDESTINOS ADORADORES DA ASSEMBLEIA DE DEUS DE FLORÂNIA LANÇA CD INÉDITO



A Banda Nordestinos Adoradores, formada por membros da Assembléia de Deus de Florânia no RN, sob a direção do Maestro Jadson Santos, lança um CD inédito de músicas evangélicas com o propósito de Evangelizar o nome santo do Senhor Jesus. A festa de lançamento do CD está marcada para o dia 09 de abril de 2011 por trás do Centro Cultural, antigo Clube da Cidade, em lugar aberto ao público de todas as idades, pois a música desse grupo é tão somente para propagar a Palavra do Senhor. O evento contará com a presença e participação de vários cantores evangélicos de nossa querida Florânia e região, além da ministração da Palavra com o Pr. Romeu da cidade de Tenente Laurentino.
A partir de agora, o irmão Jadson Santos, em nome da Banda Nordestinos Adoradores, convida a todos para participarem dessa alegria.

sábado, 26 de março de 2011

Somos destinados à beleza, ao jardim...



(fotos do jardim de Claude Monet, um colírio para os olhos)

De pronto, ponho-me a escrever. É fascinante o mistério que envolve as coisas. Assim o é com a beleza, pois há muita beleza no mundo. A beleza é fascinante, é divina, é encantadora, mas é preciso ouvir a voz das coisas, admirar-se com a vida, admitir o mistério. Há algo escondido na imensa vastidão da aparência. As pessoas querem ouvir geralmente o que lhes agrada, o que faz bem aos ouvidos, às suas necessidades e o que as colocam novamente na dinâmica da vida. Isso faz sentido porque elas estão tentando alimentar sua subjetividade. Talvez, por isso, as pessoas sejam constantemente mais seduzidas pela beleza do que pela verdade. A beleza está mais ao alcance dos olhos do que a verdade. A beleza parece ser mais acessível, talvez não, mas o que importa é que ela está em algum lugar, em algum estalo da natureza. Ela se esconde e se mostra rasgadamente aos sentidos. Alguém já disse que a beleza é filha do olhar. Eu acrescento... de um olhar periférico e profundo, aparente e imanente, geral e singular. Ela é filha de um olhar cuidadoso, atencioso. Às vezes, nem é preciso olhar, mas sentir, imaginar talvez.
Mas, definitivamente, de uma coisa eu esteja certo, em tudo isso será preciso recolher o olhar e voltar a cultivar uma admiração irrestrita por um jardim. Como encontrar um jardim nas cidades movimentadas e poluídas? Como encontrar um jardim no deserto da vida? Como encontrar um jardim nos gélidos edifícios das grandes cidades? Como cultivar um jardim nas cidades pervertidas pelo consumo e pelas drogas? Como cultivar um jardim em nós? Deus, Epicuro, Francis Bacon, Rubem Alves... Quantos não falaram em jardins! Quando estou só caminhando em meus pensamentos utópicos, penso em jardins!
Não é assim a experiência de um nômade perdido na imensidão do deserto! Os povos do oriente vivem mais do que nós em contato com o deserto, talvez por isso vivam obcecados à procura de um jardim, de um oásis. Tal convivência com o deserto provoca nessas pessoas uma necessidade cortante de água, de verde, de plantas, de flores, de comida, de frescura, de abrigo, de proteção, de um lugar... As areias e o sol do deserto deixam essas pessoas não só extenuadas fisicamente, mas as deixam com uma sensibilidade e imaginação de tudo que é contrário ao deserto à flor da pele. Seria quase impossível não pensar em água de coco no deserto, não pensar num poço se excedendo de água ou numa fonte de água fresca jorrando sem parar. Se no deserto a terra não é fértil, a imaginação compensa esta falta. Não foi à toa que Saint-Exupéry falou tão maravilhosamente do deserto em seu livro “O Pequeno Príncipe”, numa certa altura ele diz como ninguém que o deserto é belo porque esconde, em algum lugar, uma fonte. Isto quer dizer que em algum lugar do deserto pode haver beleza. Em algum lugar do deserto há um jardim.
Vejam como é magnífico, muitos em seus pensamentos buscaram jardins, falaram bem dos jardins, das flores, da frescura dos perfumes que emanam delas, da beleza com a qual se veste, das inúmeras espécies que se estendem pelo mundo afora; como também da necessidade da natureza de se viver num jardim filosoficamente, para bem viver, para uma vida boa. Deus criou um jardim e nos colocou lá. Desde o início, diz Rubem Alves, “somos destinados ao jardim, somos destinados a ser jardineiros. O sonho do jardim apareceu entre os hebreus, porque eram nômades que moravam no deserto. Deserto é areia, é terra estéril, é escorpião, é cobra, é pedra, é secura, é sede”. Daí o sonho que lateja em nós à procura do jardim. Epicuro comprou um jardim em oposição à pólis desacreditada pelos gregos. Ele viu sabiamente que os homens queriam se recolher em comunidade num jardim. E assim formou, em pleno declínio da democracia, um jardim. “Compraram, então, um jardim na vizinhança, um pouco fora dos limites da porta de Dipylon, e passaram a cultivar alguns vegetais, provavelmente bliton(repolho), krommyon(cebola) e kinara(um ancestral da moderna alcachofra, cuja base era comestível, mas não as escamas). Sua dieta não era luxuosa nem abundante, e sim saborosa e nutritiva. Como Epicuro explicou a seu amigo Meneceu, 'O sábio não escolhe a maior quantidade de comida, mas a mais agradável'”(In DE BOTTON, Alain. As Consolações da Filosofia. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. p. 71-72) . No intuito de viver conforme a natureza é que se buscou morar num jardim: “Portanto, sendo tal caminho útil a todos os que se familiarizaram com a investigação da natureza e desse modo de viver, tiro principalmente a minha calma, preparei para teu uso uma espécie de epítome e um sumário de elementos fundamentais de minha filosofia em sua totalidade”(D.L.,X,37).
É praticamente unânime a opinião de que o jardim é o lugar de maior repouso para o espírito do homem. O jardim é lugar de sossego, descanso e refrigério para a alma. No jardim, à sombra das árvores, em meio aos perfumes das orquídeas e margaridas, com borboletas esvoaçando suas asas por sobre as flores numa policromia admirável de cores e beleza, retomamos o rumo certo de nossas vidas e nos permitimos sonhar, pensar, filosofar. Não sei se disse o que tive intenção de dizer, no entanto, reforço a ideia de que no jardim podemos nos lembrar de onde viemos e de que estamos em harmonia com o todo, somos partes do todo; pensamos também o quanto é saboroso mexer com a terra e sentir o cheiro do mato; respirar ar puro, bem como ter a consciência de que a natureza é perfeita e precisa ser preservada, cuidada, porque se emancipa a todos nós. “Deus Todo-Poderoso foi quem primeiro plantou um jardim. Na verdade, plantar jardins é o mais puro dos prazeres humanos, isto é, aquele que constitui maior repouso para o espírito do homem; sem jardins, edifícios e palácios não passam de construções grosseiras”(Francis Bacon).

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Licenciado em Filosofia pela UERN e Especialista em Metafísica pela UFRN
www.umasreflexoes.blogspot.com
www.chegadootempo.blogspot.com
www.twitter.com/filoflorania

Será Democracia mesmo?


E a democracia, esse milenário invento de uns atenienses ingênuos para quem ela significaria, nas circunstâncias sociais e políticas específicas do tempo, e segundo a expressão consagrada, um governo do povo, pelo povo e para o povo? Ouço muitas vezes argumentar a pessoas sinceras, de boa fé comprovada, e a outras que essa aparência de benignidade têm interesse em simular, que, sendo embora uma evidência indesmentível o estado de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no quadro de um sistema democrático geral que mais probabilidades teremos de chegar à consecução plena ou ao menos satisfatória dos direitos humanos. Nada mais certo, sob condição de que fosse efetivamente democrático o sistema de governo e de gestão da sociedade a que atualmente vimos chamando democracia. E não o é. É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos representantes no parlamento, é verdade, enfim, que da relevância numérica de tais representações e das combinações políticas que a necessidade de uma maioria vier a impor sempre resultará um governo. Tudo isto é verdade, mas é igualmente verdade que a possibilidade de ação democrática começa e acaba aí. O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me, obviamente, ao poder econômico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira. Todos sabemos que é assim, e contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos factos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e atuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica. E não nos apercebemos, como se para isso não bastasse ter olhos, de que os nossos governos, esses que para o bem ou para o mal elegemos e de que somos portanto os primeiros responsáveis, se vão tornando cada vez mais em meros "comissários políticos" do poder econômico, com a objectiva missão de produzirem as leis que a esse poder convierem, para depois, envolvidas no açúcares da publicidade oficial e particular interessada, serem introduzidas no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os certas conhecidas minorias eternamente descontentes...

Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder econômico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.


José Saramago in “Este Mundo da Injustiça Globalizada”

Compilação de Jackislandy Meira de Medeiros Silva


Essa é boa! Kkkkkkkkkkkkkkkkk

Obama e a dengue


Nem Obama escapou do terror que esse pequeno mosquito, "aedis egypti", é capaz de fazer à população brasileira.

O progresso tecnológico e o retrocesso social e cultural...


Uma grande massa social ainda não usufrui dos fantásticos avanços da tecnologia. Muitos assistem apenas ao lançamento de um novo modelo de ipad, o "ipad2". Uma nova versão mais sofisticada, cheia de novidades. Dificilmente conseguimos acompanhar a inovação aceleradora das trasmutações tecnológicas.

Outra versão artística de Diógenes, o cínico.


Uma figura excêntrica e desprendida de qualquer atavios que impeçam a verdade entrar e mostrar sua luz. Diógenes no seu barrio, uma cena para chocar o passantes e levá-los a pensar que é possível viver com um mínimo necessário, fugindo das falsas necessidades e do supérfluo.

terça-feira, 22 de março de 2011

Reflita e descubra a moral da história...


A raposa administrava bem o galinheiro. De vez em quando comia uma galinha, às vezes duas. Depois limpava tudo, distribuía ração, anunciava um feriadozinho qualquer, promovia jogos.
O dono do galinheiro apreciava. Não gostava da raposa, precisava dela para que as coisas andassem bem.
Até que houve um dia quando a raposa foi além nas medidas da comilança. O dono do galinheiro apareceu com um cachorro enorme. A raposa decidiu manter o cachorro preso, alegando que poderia prejudicar a produção dos ovos. O dono aprovou, desconfiado. Por via das dúvidas, envenenou algumas galinhas... A raposa criou o hábito de, antes de comê-las, dar uma provinha ao cachorro, porque afinal era um princípio religioso valorizado dividir alguma galinha com o próximo.
Pois houve então um dia em que o dono instalou uma CPI no galinheiro. Uma investigação demorada transmitida pela TV do Senado Galináceo para todo o galinheiro.
Em breve chegou-se à conclusão evidente de que o cachorro era o culpado. Algumas galinhas, assustadas, acusaram a si mesmas. Depois descobriram um velho porco vivia nos fundos do galinheiro e que se alimentava de sobras. Foi imediatamente preso.
Resta que o dono galinheiro e as galinhas deram-se por contentes e se acalmaram. A CPI terminava. Houve festa. Comeram o porco e dançaram até bem tarde.
A raposa fez um discurso emocionado acabando, teatralmente, por beijar um pintinho e lambendo discretamente os lábios. Por decreto, baixou alguns impostos.
E assim, com todas estas mudanças, as coisas puderam seguir, solenemente, as mesmas.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Licenciado em Filosofia pela UERN e Especialista em Metafísica pela UFRN
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sexta-feira, 18 de março de 2011

O cinismo à sombra da filosofia de Diógenes, “o cão do céu”.


(foto: Breno Bastos)

Geralmente o cínico é avesso à sensibilidade alheia. É bastante indiferente ao outro. Parece que o mundo à sua volta não lhe agrada tanto quanto deveria. Tudo parece girar em torno de seu eixo e de suas verdades. O cínico é mesmo louco por suas ideias, vez por outra solta uns lampejos firmes de refinada inteligência e perspicaz visão da realidade, destruindo opiniões óbvias e correntes de seu tempo. Na maioria das vezes, é dissimulado, ríspido com os afetos e constantemente contrário a quase tudo. Nada ou quase nada lhe satisfaz, aliás, a satisfação não faz parte de seu vocabulário irônico, a não ser que esteja em jogo a natureza, puro e simplesmente. A saciedade não é coisa para espíritos fortes e intragáveis como os do cínico.

A pessoa cínica parece sofrer de síndrome da super sinceridade. É um super sincero em potencial. A verdade, custe o que custar, é para o cínico como o seu pão de cada dia. Ele gosta, tem o maior prazer em falar a verdade na hora mais indelicada, no momento mais inconveniente. O cínico é despojado de bons costumes, de luxo, de uma vida opulente e assim por diante. Um exemplo disso é a famosa vida desprendida do cínico Diógenes de Sinope que, dentre outras curiosidades que cerceiam sua história, morava num tonel e gostava de fazer suas necessidades sexuais nas ruas e praças, também fazia suas refeições ao ar livre sem escrúpulo algum. Vivia como um cão: Perguntaram-lhe que espécie de cão ele era; sua resposta foi: 'Quando estou com fome, um maltês; quando estou farto, um molosso – duas raças muito elogiadas, mas as pessoas, por temerem a fadiga, não se aventuram a sair com eles para a caça. Da mesma forma não podeis conviver comigo; porque receais sofrer'. A alguém que lhe disse: 'Muita gente ri de ti', sua resposta foi: 'Mas eu não rio de mim mesmo'”(LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Brasília, UNB. 1977. p. 166). A despeito disso, “enquanto Diógenes fazia sua primeira refeição na praça do mercado os circunstantes repetiam: 'cão', e Diógenes dizia: 'Cães sois vós, que estais à minha volta enquanto faço a minha refeição!' Certa vez, Alexandre o encontrou e exclamou: 'Sou Alexandre, o Grande Rei'; 'E eu', disse ele, 'sou Diógenes, o cão'. Perguntaram-lhe o que havia feito para ser chamado de cão, e a resposta foi: 'Balanço a cauda alegremente para quem me dá qualquer coisa, ladro para os que recusam e mordo os patifes”(idem, p. 167).

Na verdade, Diógenes, tratado por Platão e pela tradição filosófica de cão, talvez por possuir dentes finos e língua afiada, era muito sábio para ceder aos limites das convenções sociais e políticas de sua época. Sua vida foi toda ela ligada ao jeito socrático, irônico e impassível de ser. “A alguém que lhe disse: 'És velho, repousa!' Diógenes respondeu: 'Como? Se estivesse correndo num estádio eu deveria diminuir o ritmo ao me aproximar da chegada? Ao contrário, deveria aumentar a velocidade. Conta Hecáton, no primeiro livro de suas Sentenças que certa vez Diógenes gritou: 'Atenção, homens!', e quando muita gente acorreu, ele brandiu o seu bastão dizendo: 'Chamei homens, e não canalhas'. Conta-se que Alexandre, o Grande, disse que se não tivesse nascido Alexandre gostaria de ter nascido Diógenes”(idem, p. 160).

Não se incomoda em incomodar. É um inconformado por natureza. Não é passional a nada, a coisa alguma, menos ainda a algum tipo de sentimento. Resiste às críticas de modo infalível, e sai ileso de cada uma delas. Dificilmente um cínico se aborrece com palavras de alguém. É muito nobre na arte de ironizar. Afinal de contas, a ironia é o seu grande negócio ou, até mesmo, sua arma de defesa contra seus inimigos, isto é, seus opositores. Durante o dia Diógenes andava com uma lanterna acesa dizendo: 'Procuro um homem!' Certa vez, ele estava imóvel sob forte chuva; enquanto os circunstantes demonstravam compaixão, Platão, que estava presente, disse: 'Se quiserdes compadecer-vos dele, afastai-vos', aludindo à sua vaidade. Um dia alguém o golpeou com o punho e Diógenes disse: 'Por Heraclés! Esqueci-me de que se deve caminhar protegido por um capacete!' Alexandre, o Grande, chegou, pôs-se à sua frente e falou: 'Pede-me o que quiseres!' Diógenes respondeu: 'Deixa-me o meu sol'”(idem, p. 162).

Apto em atingir seus oponentes com palavras afiadíssimas, o cínico é semelhante à pedra ou ao ferro, forte e cortante, devido à extraordinária resistência aos conflitos de ideias. Mostra-se hábil na arte de falar e de persuadir as pessoas. O cínico é uma verdadeira máquina de pensar e de guerrear com palavras. Os argumentos de um cínico são incrivelmente convincentes, aguçados e lógicos. Frio e pusilânime, por inúmeras peculiaridades, o cínico é encantador na forma de debater variados assuntos sobre a vida e de celebrar maravilhosamente a liberdade de expressão: “A alguém que lhe perguntou qual era a coisa mais bela entre os homens, esse filósofo respondeu: A LIBERDADE DA PALAVRA”(idem, p. 169). Após a morte de um dos mais famosos cínicos da Grécia Antiga, ao lado de Antístenes, que difundiu tal escola, Diógenes legou supostamente uma imagem boa, de um homem abnegado das coisas materiais e supérfluas, que difundiu a ideia da felicidade pelos esforços requeridos à natureza, conforme à natureza simplesmente. Dele falaram: “Já não existe, ele, que foi cidadão de Sinope, famoso por seu bastão, pelo manto dobrado e por viver ao ar livre; foi para o céu, apertando os lábios contra os dentes e prendendo a respiração, tendo sido realmente um verdadeiro Diógenes de Zeus, cão do céu”(idem, p. 171).


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

Licenciado em Filosofia pela UERN e Especialista em Metafísica pela UFRN.

Páginas na internet:

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ÁGUAS DE MARÇO



É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

Letra: Tom Jobim

Foto: Tribuna do Norte, Edson Dantas.

segunda-feira, 14 de março de 2011

EU SOU EU

Eu sou eu,
e sou eu porque sou eu,
porque se não fosse eu
não seria eu.
E sendo eu,
somente posso ser
como é ser eu...
Porque se não fosse eu,
eu seria outra pessoa
e não seria mais eu.
Por isso para ser eu,
só posso ser eu.
Porém ninguém me perguntou
se eu queria ser eu.
Assim, eu não escolhi ser eu.
Quando percebi que era eu,
eu já era eu.
Mas
se me tivessem perguntado
(Deus por exemplo...)

como eu queria ser,
eu teria pedido um tempo
para achar você primeiro...
E antes de decidir,
teria falado com você
e teria perguntado a você
como você gostaria que eu fosse...


Eis aí uma poesia em homenagem ao dia da poesia. Uma poesia do filósofo Jorge Luis Gutiérrez, do livro Inundada de Luz, Poemas de amor e filosofia episódica, o qual recomendo sua leitura.

sábado, 12 de março de 2011

Um terremoto no Japão de 8,9 graus na escala Richter gera imagens marcantes para o mundo.






O mundo está sensibilizado e torce para que tudo corra bem com a população japonesa, apesar do desastre natural. Oramos pelo povo do Japão.

terça-feira, 8 de março de 2011

A “mosca” de Atenas, de Raul, de todos nós...


Passados quatro dias rápidos de carnaval, em que muitos foram levados pela ventania do barulho do momento, a tendência agora será o despertar para outras realidades, como as chuvas de março e com elas as moscas, a política, o salário, a inflação e, talvez, a situação de trabalho de cada um de nós, pobres mortais. Passada a anestesia da folia, a realidade volta com toda a sua força ao dia a dia do brasileiro!

As chuvas são a marca do mês de março em nosso sertão; nuvens carregadas de água trazem do céu a esperança natural de boas colheitas para o humilde agricultor, bem como doenças de toda sorte para o povo do sertão. Também com as chuvas vêm as moscas para nos incomodar, chatear e aborrecer. Quem, em meio à umidade e ao calor, não se aborrece com as moscas? Aqui e ali estão pousando e hospedando seus excrementos, suas larvas em águas e alimentos. É preciso lavar bem e cobrir com muito cuidado os alimentos.

As moscas são muito frequentes nesta época do ano. Tão comuns que podemos encontrá-las em qualquer ambiente. Aparentemente inofensiva e inútil, ao contrário, a mosca pode causar diversos danos à saúde. Inseto asqueroso, de anatomia quase irreparável a olho nu, apresenta certas peculiaridades, dentre elas os olhos por toda a cabeça (formados por 3.000 lentes de seis lados); não veem muitos detalhes, mesmo vendo 360º graus, tudo está fora de foco; asas finas, batem 330 vezes por segundo (4 vezes mais do que o beija-flor) e o segundo par dessas asas influencia as manobras aéreas, e por serem finas e frágeis, ficam invisíveis durante o voo. As moscas são incrivelmente ágeis e importante para a natureza.

No entanto, a mosca é vista por quase todas as pessoas como um inseto nojento, perturbador e incômodo, principalmente nos momentos de um cochilo, de um bom sono, de uma sesta rápida. É o estraga prazer de todos quantos estão a saborear um caldo, uma sopa ou uma boa bebida. Dificilmente alguém não se sentiria incomodado ao ver cair uma mosca no seu copo ou na sua comida.

Certamente aqui encontra-se o gancho para o qual Raul Seixas construiu uma ponte da mosca para a política. Tal como a mosca incomoda aos nossos prazeres; assim o é para os que se lambuzam nas regalias do poder. Vejamos o trocadilho da mosca com o poder na música inteligente de Raul: “Eu sou a mosca que pousou em sua sopa. Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar...” Raul foi maravilhosamente perspicaz e sagaz ao jogar com palavras cheias de ironia e sarcasmo, transparecendo uma indignação com a sociedade, com o poder, com a política.

O filósofo é como uma mosca; perturbadora, incômoda, abusada, chata, estraga prazer, enfim. Talvez por isso, a Filosofia, tenha ficado distante da grade curricular das escolas públicas por muitos anos, inclusive no regime ditatorial, período de perseguição aos direitos democráticos do cidadão. Não devia ser perigoso falar de direitos humanos, tampouco de direitos ao cidadão, da dignidade da pessoa humana. Porém, a mosca está de volta, a Filosofia está mais forte do que nunca. Jamais se produziu tanto nesta área.

Platão pintou a imagem de Sócrates como uma “mosca” na sociedade ateniense. Sócrates era uma espécie de perturbador da aristocracia ateniense, das autoridades em geral, dos que se diziam uma coisa e não eram. A perturbação que causava, no entanto, não seria à toa. Segundo sua própria interpretação relatada por Platão, ele foi sendo tomado pelo espírito da 'mosca', de pousar em cada lugar de Atenas para importunar, e foi assim que conseguiu, finalmente, entender sua missão”(GHIRALDELLI, Paulo Jr. A Aventura da Filosofia. S. Paulo: Manole. 2010. p. 32). Acabou condenado à morte por não concordar com um governo corrupto, com base na venda de homens livres; e por ser acusado injustamente de corromper a juventude com ideias voltadas para a alma. Sócrates, como filósofo, sábio de Atenas e cosmopolita, jamais aceitava a ignorância e a corrupção política. Daí ser visto por Platão como a “mosca” de Atenas.

Voltando a Raul Seixas, a “mosca” quer dizer os insatisfeitos com a situação política que aí está. Os que corajosamente, como Sócrates, tiram a cortina, tiram o véu da mentira para encontrar a verdade. A “sopa” é a delícia do dinheiro público. A “sopa” quer dizer as regalias do poder, o despotismo, contratações sem necessidade, altas diárias, mordomias, nepotismo, troca de favores com cargos públicos, desvio de verbas, licitações escusas e assim por diante.

Nesse sentido, quem, tal como Raul, tal qual Sócrates, filósofo, quer ser uma “mosca”?


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

Licenciado em Filosofia pela UERN e Especialista pela UFRN.

Páginas na internet:

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www.twitter.com/filoflorania


domingo, 6 de março de 2011

O vazio da intimidade, por Márcia Tiburi.


Intimidade é a categoria inventada para dar conta do aspecto mais interior da experiência pessoal humana. Diz-se íntimo do que não pode ser exposto. Fala-se da intimidade para expressar aquilo que não cabe na exterioridade das existências. Íntimo é sempre relativo ao que se esconde, ao reservado, ao que se preserva do contato com a esfera da vida pública. É uma instância de segredo, por meio da qual seres humanos se sentem donos de si mesmos. Íntimo é, pois, o lugar onde cada um se sente descoberto em sua subjetividade apenas para si mesmo, em uma espécie de contraposição ou negação da objetividade. Como na solidão na qual, em vez de sofrimento, encontra-se a salvaguarda de si. Por meio da intimidade cada um se sente em uma ilha deserta para a qual viajou voluntariamente.

Íntimo é aquilo que não pode ser simplesmente comunicado. É o que se aparta da comunidade mesmo permanecendo dentro dela. Íntima é, da vida, a parte silenciosa, a que não pode ser publicada. Ocorre que a cultura humana é marcada pela exigência de comunicabilidade. Relacionamo-nos uns aos outros e nesta ação linguística está o cerne da experiência humana enquanto ela é política e ética. Certamente deturpamos o sentido da comunicabilidade quando a compreendemos como mera relação de troca em um mundo de mercadorias.

Na cultura contemporânea em que as tecnologias da imagem aliadas aos meios de comunicação de alta difusão determinam as formas de vida na sociedade do espetáculo, em que a era digital define um padrão estético e ético de ação, em que a compulsão à exposição de si vai das revistas de celebridades às redes sociais, não é difícil pensar que vivemos no tempo da banalização da intimidade. Tal banalização é, na verdade, um interessante paradoxo. Se banal é aquilo que pode ser usado por todos, enquanto íntimo é aquilo que pertence apenas a um indivíduo, como seria possível banalizar o íntimo sem eliminá-lo? Em outras palavras, se banalizamos o íntimo e assim o eliminamos, será mesmo do íntimo e da intimidade que ainda estamos tratando? Ora, a expressão da intimidade sempre fez parte dos esforços poéticos e literários na história humana. Mas se não foi simples para os poetas, por que devemos achar que é tão alcançável e comunicável pelos internautas e usuários das mídias contemporâneas em geral?

A intimidade banal não existe. Aquilo que podemos chamar de compulsão à exposição representa-se na extinção do íntimo. Se íntimo é o que não se expõe não podemos considerar que a publicização da vida tem simplesmente o poder de extirpá-lo. A exposição de “intimidades” – como as partes íntimas, as mais ocultas no corpo de uma pessoa – são bem conhecidas nas representações de obscenidades que compõem a pornografia. Há que se considerar, no entanto, que o órgão sexual exposto já não é íntimo, mas obscenamente recortado, ele é qualquer coisa que se dá a conhecer como objeto, como algo não mais experimentado subjetivamente, mas objetivamente percebido. Íntima é uma experiência de subjetividade que não é facilmente medida em termos objetivos. Ela é conhecida apenas negativamente.

A pergunta é, portanto, em que momento o íntimo deixa de existir? Por que precisamos pensar que os tempos de miséria da subjetividade vencem tão facilmente o elemento misterioso que compõe a experiência de si a que denominamos intimidade e sobre a qual podemos falar apenas de fora, justamente porque as palavras apenas a tocam como algo externo à medida que ela se refere a um “dentro”? Que lógica seria esta que desconsidera tão facilmente sua potência? Discursar sobre seu fim é alerta contra um perigo que paira sobre ela ou mera propaganda niilista que inventa tê-la encontrado?
A intimidade é mais uma forma de relação do que uma instância. Assim, não podemos dizer que o ciberespaço, que a internet como “lugar” substitui o lugar da intimidade, porque a intimidade não é simplesmente algo que se encontra no espaço, não é, portanto, um objeto. Ela é, muito mais, aquilo que, do espaço não se pode simplesmente acessar. Tampouco é um dentro que se põe para fora. A chave da intimidade pertence unicamente a seu portador. Assim é que a intimidade é um modo de relacionar-se com espaços e objetos que se configura e reconfigura nos processos sociais. Ela é uma experiência pessoal.

Logo, as redes sociais não eliminam a intimidade pela sua hiperexposição porque intimidade é o que, sendo exposto, já não está ali. O que as pessoas expõem é a angústia do vazio enquanto a intimidade é algo que permanece na esfera de segredo de cada um. Logo, a exposição da intimidade na internet ou é mentira ou é compulsão à exposição. A intimidade mesma é uma força de negação que não se reduz a demandas objetivas sem resistência.

Márcia Tiburi, filósofa.

Quem são os excluídos do mundo contemporâneo? Com a palavra, Viviane Mosé


A lógica gramatical que rege nossa linguagem se sustenta na exclusão. Um dos princípios fundamentais do nosso discurso é chamado de "princípio do terceiro excluído". Posso dizer que eu sou, e posso dizer que eu não sou alguma coisa, mas não posso dizer que sou e não sou, ao mesmo tempo, alguma coisa. Isto, que parece apenas uma regra gramatical, produz uma cisão no modo como percebemos as coisas. Nossa linguagem cotidiana nos impõe que, ao falarmos, estejamos afirmando ou negando algo: ou estamos certos ou errados, diz a regra. Mas sabemos que estamos sempre, ao mesmo tempo, e de algum modo, certos e errados. Esse tipo de pensamento gerou o que Nietzsche entende por uma lógica da exclusão, um modo de pensar que segmenta, separa. O mundo contemporâneo, especialmente quando pensado como exaustão da modernidade, é um mundo que sofre as consequências dessa fragmentação: esquecemos o todo, destruímos o meio ambiente, as cidades, as relações humanas; mas esquecemos também de nós mesmos, vide a obesidade crescente, o uso indiscriminado de drogas e medicações psiquiátricas, os suicídios, os acidentes de carro.

A hiper valorização da imagem também trouxe suas consequências; ninguém corresponde ao corpo manipulado pelo photoshop, nem à vida glamorosa das propagandas de TV. Então sempre estamos aquém, mesmo quando atingimos o status tão ansiosamente sonhado. O que resulta em uma sociedade onde todos são, de algum modo, excluídos: os muito feios, os muito bonitos, os muito pobres e também os muito ricos, os muito gordos e também os muito magros, os muito tranquilos, mas também os muito agitados, todos, indiscriminadamente sofrem algum tipo de exclusão. Os milionários, os artistas, as celebridades, por exemplo, em função da violência indiscriminada, se isolam cada vez mais em condomínios fechados, em carros blindados, e não podem usufruir do que conquistaram. Não é à toa que homens como Warren Buffet e Bill Gates, tenham doado grande parte de seu patrimônio para causas sociais, ambientais. Ou aprendemos a lidar com aquilo que nos incomoda ou sucumbimos como sociedade, como humanidade. Incluir é a regra, e isso envolve o escuro, o medo da morte, as angústias, as perdas, a dor. Se aprendemos alguma coisa, nos últimos séculos, é que excluir não resolve, apenas acirra as contradições. Nada desaparece, em nossa lata de lixo social, tudo retorna, em forma de violência, exaustão ambiental, miséria e dor.

Psicóloga e psicanalista, especialista em elaboração de políticas públicas pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestra e doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Trocadilho: "Clichetes - Chicletes"


A imagem leva à imediata associação com a famosa goma de mascar que emprestou seu nome ao próprio produto, o chiclete.

Mais atentos, nos damos conta da originalidade discreta e dissimulada do poema-imagem criado pelo poeta Philadelfo Menezes: “Clichetes, goma de mascarar, sabor mental”.

Passatempo digestivo da realidade padronizada no produto e repetida no poema que, no entanto, a dobra e entorta pelo deslocamento sutil de letras que disfarçam, nas semelhanças do desenho e da sonoridade, a diferença crítica e singular da inventividade plástica e poética do autor.

É um jogo em que a imagem do objeto é o que parece ser, enquanto, simultaneamente, aparece, sob a máscara da representação direta, como a negação tanto do que é como do que parece ser.

Philadelfo Menezes (1960-2000) formou-se mestre e doutor em comunicação e semiótica pela PUC de São Paulo, realizou pesquisa de doutoramento na Universidade de Bolonha, na Itália, e ministrava cursos no programa de pós-graduação em comunicação e semiótica da faculdade em que se formou quando subitamente faleceu em um acidente de automóvel, aos 40 anos.

Fonte: http://luz.cpflcultura.com.br/clichetes,3.html

Fotos no Facebook

quinta-feira, 31 de março de 2011

A terra é mais chata do que se pensava


A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou, nesta quinta-feira (31), o mapa mais preciso já feito até hoje da gravidade da Terra. As informações foram coletadas durante dois anos pelo satélite Goce. O modelo, chamado de geoide, mostra minunciosamente que a Terra não é completamente redonda.

Veja como é a superfície da Terra considerando a gravidade sem a ação de marés e de correntes oceânicas.

O satélite Goce foi lançado em março de 2009 e já recolheu mais de 12 meses de dados sobre a gravidade. De acordo com a Esa, essas informações são essenciais para medir a movimentação dos oceanos, a mudança do nível do mar e a dinâmica do gelo – e para entender como são afetados pelas mudanças climáticas.

A Esa também explica que os dados podem ajudar a entender mais profundamente os processos que causam terremotos, como o evento que assolou o Japão no dia 11 de março. Isso porque os terremotos criam “rastros” na gravidade, o que poderia ser usado para entender o processo que conduz catástrofes naturais e, assim, prevê-los.

A ideia dos pesquisadores da Esa é continuar medindo a gravidade até o final de 2012. O satélite Goce, responsável pelos dados, pesa uma tonelada e orbita a baixa altitude. Ele usa um equipamente específico para medir a gravidade.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/cientistas-elaboram-mapa-da-gravidade-da-terra.html

ASSISTA A ESTE VÍDEO E MEDITE SUAS PALAVRAS DE SABEDORIA

terça-feira, 29 de março de 2011

De pintura vistosa que mais lembra o paraíso, um jardim natural, assim é o fundo do altar que acolhe a todos para a adoração ao Senhor...

"Lembramo-nos, ó Deus, da tua benignidade no meio do teu templo"(Sl 48.9)


"Quem diz de Ciro: É meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo: Funda-te"(Is 44.28).


"Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre"(Jo 7.38).





O templo da Ass. de Deus de Florânia/RN, reformado há algum tempo, ainda nos enche de admiração.

"E levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do Senhor encheu o templo"(Ez 43.5).


"E a glória do Senhor entrou no templo pelo caminho da porta cuja face está para o lado do oriente"(Ez 43.4).


"Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos satisfeitos da bondade da tua casa e do teu santo templo"(Sl 65.4).


"E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os"(Lc 2.46).


"A voz do Senhor faz parir as cervas e desnuda as brenhas. E no seu templo cada um diz: Glória!"(Sl 29.9).


"O Senhor está no seu santo templo; o trono do Senhor está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras provam os filhos dos homens"(Sl 11.4).


"E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará"(Jo 2.17).

Ilusão ou realidade: Professores terão bolsas para cursos de mestrado profissional a distância


O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira, 21, a concessão de bolsas de mestrado profissional a distância para professores da educação básica que lecionam em escolas públicas. O anúncio foi feito em cerimônia no Palácio do Planalto, onde a presidente da República, Dilma Rousseff, condecorou 11 educadoras com a medalha da Ordem Nacional do Mérito.

Concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no âmbito da Universidade Aberta do Brasil (UAB), as bolsas exigem dos docentes, como contrapartida, o compromisso de continuar em exercício na rede pública por um período de cinco anos após a conclusão do mestrado. A medida, que será formalizada por meio de portaria do Ministério da Educação, a ser publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira, 22, faz parte de um conjunto de ações para elevar a qualidade da educação básica, definida pelo MEC como “área excepcionalmente priorizada”.

Segundo o ministro, a intenção é que as universidades reajam à provocação feita pelo MEC e ofereçam mais cursos. “Queremos garantir o prosseguimento do estudo do professor, agora com mais que uma especialização – com um mestrado”, explicou o ministro. Os docentes poderão acumular a bolsa com seus salários.

A cada mês de março, o benefício será liberado e terá vigência máxima de 24 meses. Existe, também, a possibilidade de concessão de bolsas para mestrados presenciais, desde que em cursos aprovados pela Capes e consideradas algumas situações de interesse específico do Estado.

O não cumprimento do compromisso de cinco anos de exercício em escola pública, após o curso de mestrado a distância, implicará a devolução dos recursos. As próprias instituições de ensino vão estabelecer seus critérios de seleção. “Nada impede, entretanto, que sejam reservadas vagas para professores que já estejam em exercício”, argumentou Haddad.

Pacote - Além das bolsas, outras iniciativas se destacam quando o assunto é a qualificação de professores da educação básica: a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e a expansão das universidades e dos institutos federais. Estes últimos têm, inclusive, uma reserva de vagas para ser suprida em cursos de licenciatura em matemática, física, química e biologia. A preocupação em formar professores nessas áreas também é destacada na portaria que será publicada nesta terça.

Como principal meta de qualidade, o Brasil deve atingir a nota 6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) até 2021. No ano de sua última aferição, em 2009, a média brasileira era de 4,6, numa escala que vai de zero a dez.

Ana Guimarães

Fonte: www.portal.mec.gov.br

segunda-feira, 28 de março de 2011

POEMA DE AMOR À MANEIRA PRÉ-SOCRÁTICA

Neste instante
diante do brilho do sol
e diante da suave
doçura da luz
que declina sobre o cosmo,
dou-me conta
que tu és
minha água,
meu ar,
meu fogo,
minha terra.

Que és
infinita e persistente.
imperecível,
perene,
inextinguível,
pertinaz,
inesgotável.

Em ti me encontro
e me diluo.
Em ti me reúno
e me dissolvo.

E te amo
quando te moves
e quando não te moves.
Quando mudas
e quando não mudas.

Pois és o Princípio:
amoroso e erótico.
És a Causa:
primordial e sublime.

És Sedução ilimitada:
harmonia perfeita
da forma e do limite.

Concórdia consumada:
da beleza e da linha.

És fogo
que nunca se extingue:
que me queima e me excita,
consome-me e me alimenta.

És a impossibilidade
lógica do não ser:
pois és.

E sendo existes
e existindo vives,
e vivendo és vida.
E sendo vida és duração...

E permaneces no infinito:
de nada careces.
Nada te falta:
és a plenitude do ser.

E sob o ardente sol
eu tento compreender
a infinidade de tua figura.

Tento entender
como a forma e o encanto
se uniram em teu corpo.

E depois percebo
somente
tua materialidade.
Teu existir,
evidente, sensitivo,
visível, notório,
patente, indubitável.

E te vejo:
estás ali,
estás no lugar
que ocupas.

Estás no espaço de teu ser.
E teu lugar é teu lugar.

E nada te sobra
e nada te falta:
estás ali
plena e suficiente.

Estás no espaço
e no tempo.

E és matéria desejada.
Substância cobiçada.

E amo
os detalhes de tua natureza
e a realidade de teu prevalecer.

Amo tua alma:
plena e contingente.

Amo quando passas
da potência ao ato.
Da sensibilidade
à supra-sensibilidade

E amo quando
posso percorrer
em tempo finitos
tua compleição infinita.

Amo quando me
revelas teu ser
e eu sei que és.

Amo quando és suficiente.
Quando não me faltas,
quando és,
quando não és ausência,
quando és plenitude.
Quando tua presença me basta.
Quando não és escassez,
nem vácuo.
Quando sou feliz somente
porque sei que existes,
e tão só porque existes.

Te amo
quando nada me é escasso
neste universo
porque tu estás aqui.
E parece que no mundo
não há nada mais que tu:
porque transbordas
e és profusão caudalosa.

Então penso
que no princípio eras água,
apenas água...
eras água de chuva,
água de uma lágrima,
água de um beijo,
água de um desejo,
água na cálida
umidade de teu corpo:
umidade primordial,
fundamental,
essencial,
inata,
primária.

Eras água...
singela água
na gênese de teu ser.

E então
penso no ar
mexendo teu cabelo
e induzo que és ar...
vento que vai e que vem.
Espírito desta terra
ensolarada e generosa.

És turbilhão que atinge minha alma
e me infunde prazer,
és sopro essencial,
alimento saboroso.

E depois penso que és sol:
que és chama,
destelho e esplendor.
E te amo quando o sol
se detém em tua pele.

Amo ver-te sob o céu,
na sideral calma
de um meio-dia.

Te amo quando me entregas
o fulgor de teu olhar
e deixas em minha alma
o gostoso sabor da vida.

E a teu lado sou grato.
Sob tua luminosidade
me encho de gratidão,
e me abro à suave
e a fraternal lucidez
da simplicidade
da tarde,
caindo benévola
sobre teu sorriso,
pelas ruas
duma cidade
farta de vida...

Jorge Luis Gutiérrez

domingo, 27 de março de 2011

BANDA NORDESTINOS ADORADORES DA ASSEMBLEIA DE DEUS DE FLORÂNIA LANÇA CD INÉDITO



A Banda Nordestinos Adoradores, formada por membros da Assembléia de Deus de Florânia no RN, sob a direção do Maestro Jadson Santos, lança um CD inédito de músicas evangélicas com o propósito de Evangelizar o nome santo do Senhor Jesus. A festa de lançamento do CD está marcada para o dia 09 de abril de 2011 por trás do Centro Cultural, antigo Clube da Cidade, em lugar aberto ao público de todas as idades, pois a música desse grupo é tão somente para propagar a Palavra do Senhor. O evento contará com a presença e participação de vários cantores evangélicos de nossa querida Florânia e região, além da ministração da Palavra com o Pr. Romeu da cidade de Tenente Laurentino.
A partir de agora, o irmão Jadson Santos, em nome da Banda Nordestinos Adoradores, convida a todos para participarem dessa alegria.

sábado, 26 de março de 2011

Somos destinados à beleza, ao jardim...



(fotos do jardim de Claude Monet, um colírio para os olhos)

De pronto, ponho-me a escrever. É fascinante o mistério que envolve as coisas. Assim o é com a beleza, pois há muita beleza no mundo. A beleza é fascinante, é divina, é encantadora, mas é preciso ouvir a voz das coisas, admirar-se com a vida, admitir o mistério. Há algo escondido na imensa vastidão da aparência. As pessoas querem ouvir geralmente o que lhes agrada, o que faz bem aos ouvidos, às suas necessidades e o que as colocam novamente na dinâmica da vida. Isso faz sentido porque elas estão tentando alimentar sua subjetividade. Talvez, por isso, as pessoas sejam constantemente mais seduzidas pela beleza do que pela verdade. A beleza está mais ao alcance dos olhos do que a verdade. A beleza parece ser mais acessível, talvez não, mas o que importa é que ela está em algum lugar, em algum estalo da natureza. Ela se esconde e se mostra rasgadamente aos sentidos. Alguém já disse que a beleza é filha do olhar. Eu acrescento... de um olhar periférico e profundo, aparente e imanente, geral e singular. Ela é filha de um olhar cuidadoso, atencioso. Às vezes, nem é preciso olhar, mas sentir, imaginar talvez.
Mas, definitivamente, de uma coisa eu esteja certo, em tudo isso será preciso recolher o olhar e voltar a cultivar uma admiração irrestrita por um jardim. Como encontrar um jardim nas cidades movimentadas e poluídas? Como encontrar um jardim no deserto da vida? Como encontrar um jardim nos gélidos edifícios das grandes cidades? Como cultivar um jardim nas cidades pervertidas pelo consumo e pelas drogas? Como cultivar um jardim em nós? Deus, Epicuro, Francis Bacon, Rubem Alves... Quantos não falaram em jardins! Quando estou só caminhando em meus pensamentos utópicos, penso em jardins!
Não é assim a experiência de um nômade perdido na imensidão do deserto! Os povos do oriente vivem mais do que nós em contato com o deserto, talvez por isso vivam obcecados à procura de um jardim, de um oásis. Tal convivência com o deserto provoca nessas pessoas uma necessidade cortante de água, de verde, de plantas, de flores, de comida, de frescura, de abrigo, de proteção, de um lugar... As areias e o sol do deserto deixam essas pessoas não só extenuadas fisicamente, mas as deixam com uma sensibilidade e imaginação de tudo que é contrário ao deserto à flor da pele. Seria quase impossível não pensar em água de coco no deserto, não pensar num poço se excedendo de água ou numa fonte de água fresca jorrando sem parar. Se no deserto a terra não é fértil, a imaginação compensa esta falta. Não foi à toa que Saint-Exupéry falou tão maravilhosamente do deserto em seu livro “O Pequeno Príncipe”, numa certa altura ele diz como ninguém que o deserto é belo porque esconde, em algum lugar, uma fonte. Isto quer dizer que em algum lugar do deserto pode haver beleza. Em algum lugar do deserto há um jardim.
Vejam como é magnífico, muitos em seus pensamentos buscaram jardins, falaram bem dos jardins, das flores, da frescura dos perfumes que emanam delas, da beleza com a qual se veste, das inúmeras espécies que se estendem pelo mundo afora; como também da necessidade da natureza de se viver num jardim filosoficamente, para bem viver, para uma vida boa. Deus criou um jardim e nos colocou lá. Desde o início, diz Rubem Alves, “somos destinados ao jardim, somos destinados a ser jardineiros. O sonho do jardim apareceu entre os hebreus, porque eram nômades que moravam no deserto. Deserto é areia, é terra estéril, é escorpião, é cobra, é pedra, é secura, é sede”. Daí o sonho que lateja em nós à procura do jardim. Epicuro comprou um jardim em oposição à pólis desacreditada pelos gregos. Ele viu sabiamente que os homens queriam se recolher em comunidade num jardim. E assim formou, em pleno declínio da democracia, um jardim. “Compraram, então, um jardim na vizinhança, um pouco fora dos limites da porta de Dipylon, e passaram a cultivar alguns vegetais, provavelmente bliton(repolho), krommyon(cebola) e kinara(um ancestral da moderna alcachofra, cuja base era comestível, mas não as escamas). Sua dieta não era luxuosa nem abundante, e sim saborosa e nutritiva. Como Epicuro explicou a seu amigo Meneceu, 'O sábio não escolhe a maior quantidade de comida, mas a mais agradável'”(In DE BOTTON, Alain. As Consolações da Filosofia. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. p. 71-72) . No intuito de viver conforme a natureza é que se buscou morar num jardim: “Portanto, sendo tal caminho útil a todos os que se familiarizaram com a investigação da natureza e desse modo de viver, tiro principalmente a minha calma, preparei para teu uso uma espécie de epítome e um sumário de elementos fundamentais de minha filosofia em sua totalidade”(D.L.,X,37).
É praticamente unânime a opinião de que o jardim é o lugar de maior repouso para o espírito do homem. O jardim é lugar de sossego, descanso e refrigério para a alma. No jardim, à sombra das árvores, em meio aos perfumes das orquídeas e margaridas, com borboletas esvoaçando suas asas por sobre as flores numa policromia admirável de cores e beleza, retomamos o rumo certo de nossas vidas e nos permitimos sonhar, pensar, filosofar. Não sei se disse o que tive intenção de dizer, no entanto, reforço a ideia de que no jardim podemos nos lembrar de onde viemos e de que estamos em harmonia com o todo, somos partes do todo; pensamos também o quanto é saboroso mexer com a terra e sentir o cheiro do mato; respirar ar puro, bem como ter a consciência de que a natureza é perfeita e precisa ser preservada, cuidada, porque se emancipa a todos nós. “Deus Todo-Poderoso foi quem primeiro plantou um jardim. Na verdade, plantar jardins é o mais puro dos prazeres humanos, isto é, aquele que constitui maior repouso para o espírito do homem; sem jardins, edifícios e palácios não passam de construções grosseiras”(Francis Bacon).

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Licenciado em Filosofia pela UERN e Especialista em Metafísica pela UFRN
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Será Democracia mesmo?


E a democracia, esse milenário invento de uns atenienses ingênuos para quem ela significaria, nas circunstâncias sociais e políticas específicas do tempo, e segundo a expressão consagrada, um governo do povo, pelo povo e para o povo? Ouço muitas vezes argumentar a pessoas sinceras, de boa fé comprovada, e a outras que essa aparência de benignidade têm interesse em simular, que, sendo embora uma evidência indesmentível o estado de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no quadro de um sistema democrático geral que mais probabilidades teremos de chegar à consecução plena ou ao menos satisfatória dos direitos humanos. Nada mais certo, sob condição de que fosse efetivamente democrático o sistema de governo e de gestão da sociedade a que atualmente vimos chamando democracia. E não o é. É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos representantes no parlamento, é verdade, enfim, que da relevância numérica de tais representações e das combinações políticas que a necessidade de uma maioria vier a impor sempre resultará um governo. Tudo isto é verdade, mas é igualmente verdade que a possibilidade de ação democrática começa e acaba aí. O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me, obviamente, ao poder econômico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira. Todos sabemos que é assim, e contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos factos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e atuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica. E não nos apercebemos, como se para isso não bastasse ter olhos, de que os nossos governos, esses que para o bem ou para o mal elegemos e de que somos portanto os primeiros responsáveis, se vão tornando cada vez mais em meros "comissários políticos" do poder econômico, com a objectiva missão de produzirem as leis que a esse poder convierem, para depois, envolvidas no açúcares da publicidade oficial e particular interessada, serem introduzidas no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os certas conhecidas minorias eternamente descontentes...

Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder econômico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.


José Saramago in “Este Mundo da Injustiça Globalizada”

Compilação de Jackislandy Meira de Medeiros Silva


Essa é boa! Kkkkkkkkkkkkkkkkk

Obama e a dengue


Nem Obama escapou do terror que esse pequeno mosquito, "aedis egypti", é capaz de fazer à população brasileira.

O progresso tecnológico e o retrocesso social e cultural...


Uma grande massa social ainda não usufrui dos fantásticos avanços da tecnologia. Muitos assistem apenas ao lançamento de um novo modelo de ipad, o "ipad2". Uma nova versão mais sofisticada, cheia de novidades. Dificilmente conseguimos acompanhar a inovação aceleradora das trasmutações tecnológicas.

Outra versão artística de Diógenes, o cínico.


Uma figura excêntrica e desprendida de qualquer atavios que impeçam a verdade entrar e mostrar sua luz. Diógenes no seu barrio, uma cena para chocar o passantes e levá-los a pensar que é possível viver com um mínimo necessário, fugindo das falsas necessidades e do supérfluo.

terça-feira, 22 de março de 2011

Reflita e descubra a moral da história...


A raposa administrava bem o galinheiro. De vez em quando comia uma galinha, às vezes duas. Depois limpava tudo, distribuía ração, anunciava um feriadozinho qualquer, promovia jogos.
O dono do galinheiro apreciava. Não gostava da raposa, precisava dela para que as coisas andassem bem.
Até que houve um dia quando a raposa foi além nas medidas da comilança. O dono do galinheiro apareceu com um cachorro enorme. A raposa decidiu manter o cachorro preso, alegando que poderia prejudicar a produção dos ovos. O dono aprovou, desconfiado. Por via das dúvidas, envenenou algumas galinhas... A raposa criou o hábito de, antes de comê-las, dar uma provinha ao cachorro, porque afinal era um princípio religioso valorizado dividir alguma galinha com o próximo.
Pois houve então um dia em que o dono instalou uma CPI no galinheiro. Uma investigação demorada transmitida pela TV do Senado Galináceo para todo o galinheiro.
Em breve chegou-se à conclusão evidente de que o cachorro era o culpado. Algumas galinhas, assustadas, acusaram a si mesmas. Depois descobriram um velho porco vivia nos fundos do galinheiro e que se alimentava de sobras. Foi imediatamente preso.
Resta que o dono galinheiro e as galinhas deram-se por contentes e se acalmaram. A CPI terminava. Houve festa. Comeram o porco e dançaram até bem tarde.
A raposa fez um discurso emocionado acabando, teatralmente, por beijar um pintinho e lambendo discretamente os lábios. Por decreto, baixou alguns impostos.
E assim, com todas estas mudanças, as coisas puderam seguir, solenemente, as mesmas.

Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Licenciado em Filosofia pela UERN e Especialista em Metafísica pela UFRN
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sexta-feira, 18 de março de 2011

O cinismo à sombra da filosofia de Diógenes, “o cão do céu”.


(foto: Breno Bastos)

Geralmente o cínico é avesso à sensibilidade alheia. É bastante indiferente ao outro. Parece que o mundo à sua volta não lhe agrada tanto quanto deveria. Tudo parece girar em torno de seu eixo e de suas verdades. O cínico é mesmo louco por suas ideias, vez por outra solta uns lampejos firmes de refinada inteligência e perspicaz visão da realidade, destruindo opiniões óbvias e correntes de seu tempo. Na maioria das vezes, é dissimulado, ríspido com os afetos e constantemente contrário a quase tudo. Nada ou quase nada lhe satisfaz, aliás, a satisfação não faz parte de seu vocabulário irônico, a não ser que esteja em jogo a natureza, puro e simplesmente. A saciedade não é coisa para espíritos fortes e intragáveis como os do cínico.

A pessoa cínica parece sofrer de síndrome da super sinceridade. É um super sincero em potencial. A verdade, custe o que custar, é para o cínico como o seu pão de cada dia. Ele gosta, tem o maior prazer em falar a verdade na hora mais indelicada, no momento mais inconveniente. O cínico é despojado de bons costumes, de luxo, de uma vida opulente e assim por diante. Um exemplo disso é a famosa vida desprendida do cínico Diógenes de Sinope que, dentre outras curiosidades que cerceiam sua história, morava num tonel e gostava de fazer suas necessidades sexuais nas ruas e praças, também fazia suas refeições ao ar livre sem escrúpulo algum. Vivia como um cão: Perguntaram-lhe que espécie de cão ele era; sua resposta foi: 'Quando estou com fome, um maltês; quando estou farto, um molosso – duas raças muito elogiadas, mas as pessoas, por temerem a fadiga, não se aventuram a sair com eles para a caça. Da mesma forma não podeis conviver comigo; porque receais sofrer'. A alguém que lhe disse: 'Muita gente ri de ti', sua resposta foi: 'Mas eu não rio de mim mesmo'”(LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Brasília, UNB. 1977. p. 166). A despeito disso, “enquanto Diógenes fazia sua primeira refeição na praça do mercado os circunstantes repetiam: 'cão', e Diógenes dizia: 'Cães sois vós, que estais à minha volta enquanto faço a minha refeição!' Certa vez, Alexandre o encontrou e exclamou: 'Sou Alexandre, o Grande Rei'; 'E eu', disse ele, 'sou Diógenes, o cão'. Perguntaram-lhe o que havia feito para ser chamado de cão, e a resposta foi: 'Balanço a cauda alegremente para quem me dá qualquer coisa, ladro para os que recusam e mordo os patifes”(idem, p. 167).

Na verdade, Diógenes, tratado por Platão e pela tradição filosófica de cão, talvez por possuir dentes finos e língua afiada, era muito sábio para ceder aos limites das convenções sociais e políticas de sua época. Sua vida foi toda ela ligada ao jeito socrático, irônico e impassível de ser. “A alguém que lhe disse: 'És velho, repousa!' Diógenes respondeu: 'Como? Se estivesse correndo num estádio eu deveria diminuir o ritmo ao me aproximar da chegada? Ao contrário, deveria aumentar a velocidade. Conta Hecáton, no primeiro livro de suas Sentenças que certa vez Diógenes gritou: 'Atenção, homens!', e quando muita gente acorreu, ele brandiu o seu bastão dizendo: 'Chamei homens, e não canalhas'. Conta-se que Alexandre, o Grande, disse que se não tivesse nascido Alexandre gostaria de ter nascido Diógenes”(idem, p. 160).

Não se incomoda em incomodar. É um inconformado por natureza. Não é passional a nada, a coisa alguma, menos ainda a algum tipo de sentimento. Resiste às críticas de modo infalível, e sai ileso de cada uma delas. Dificilmente um cínico se aborrece com palavras de alguém. É muito nobre na arte de ironizar. Afinal de contas, a ironia é o seu grande negócio ou, até mesmo, sua arma de defesa contra seus inimigos, isto é, seus opositores. Durante o dia Diógenes andava com uma lanterna acesa dizendo: 'Procuro um homem!' Certa vez, ele estava imóvel sob forte chuva; enquanto os circunstantes demonstravam compaixão, Platão, que estava presente, disse: 'Se quiserdes compadecer-vos dele, afastai-vos', aludindo à sua vaidade. Um dia alguém o golpeou com o punho e Diógenes disse: 'Por Heraclés! Esqueci-me de que se deve caminhar protegido por um capacete!' Alexandre, o Grande, chegou, pôs-se à sua frente e falou: 'Pede-me o que quiseres!' Diógenes respondeu: 'Deixa-me o meu sol'”(idem, p. 162).

Apto em atingir seus oponentes com palavras afiadíssimas, o cínico é semelhante à pedra ou ao ferro, forte e cortante, devido à extraordinária resistência aos conflitos de ideias. Mostra-se hábil na arte de falar e de persuadir as pessoas. O cínico é uma verdadeira máquina de pensar e de guerrear com palavras. Os argumentos de um cínico são incrivelmente convincentes, aguçados e lógicos. Frio e pusilânime, por inúmeras peculiaridades, o cínico é encantador na forma de debater variados assuntos sobre a vida e de celebrar maravilhosamente a liberdade de expressão: “A alguém que lhe perguntou qual era a coisa mais bela entre os homens, esse filósofo respondeu: A LIBERDADE DA PALAVRA”(idem, p. 169). Após a morte de um dos mais famosos cínicos da Grécia Antiga, ao lado de Antístenes, que difundiu tal escola, Diógenes legou supostamente uma imagem boa, de um homem abnegado das coisas materiais e supérfluas, que difundiu a ideia da felicidade pelos esforços requeridos à natureza, conforme à natureza simplesmente. Dele falaram: “Já não existe, ele, que foi cidadão de Sinope, famoso por seu bastão, pelo manto dobrado e por viver ao ar livre; foi para o céu, apertando os lábios contra os dentes e prendendo a respiração, tendo sido realmente um verdadeiro Diógenes de Zeus, cão do céu”(idem, p. 171).


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

Licenciado em Filosofia pela UERN e Especialista em Metafísica pela UFRN.

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ÁGUAS DE MARÇO



É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

Letra: Tom Jobim

Foto: Tribuna do Norte, Edson Dantas.

segunda-feira, 14 de março de 2011

EU SOU EU

Eu sou eu,
e sou eu porque sou eu,
porque se não fosse eu
não seria eu.
E sendo eu,
somente posso ser
como é ser eu...
Porque se não fosse eu,
eu seria outra pessoa
e não seria mais eu.
Por isso para ser eu,
só posso ser eu.
Porém ninguém me perguntou
se eu queria ser eu.
Assim, eu não escolhi ser eu.
Quando percebi que era eu,
eu já era eu.
Mas
se me tivessem perguntado
(Deus por exemplo...)

como eu queria ser,
eu teria pedido um tempo
para achar você primeiro...
E antes de decidir,
teria falado com você
e teria perguntado a você
como você gostaria que eu fosse...


Eis aí uma poesia em homenagem ao dia da poesia. Uma poesia do filósofo Jorge Luis Gutiérrez, do livro Inundada de Luz, Poemas de amor e filosofia episódica, o qual recomendo sua leitura.

sábado, 12 de março de 2011

Um terremoto no Japão de 8,9 graus na escala Richter gera imagens marcantes para o mundo.






O mundo está sensibilizado e torce para que tudo corra bem com a população japonesa, apesar do desastre natural. Oramos pelo povo do Japão.

terça-feira, 8 de março de 2011

A “mosca” de Atenas, de Raul, de todos nós...


Passados quatro dias rápidos de carnaval, em que muitos foram levados pela ventania do barulho do momento, a tendência agora será o despertar para outras realidades, como as chuvas de março e com elas as moscas, a política, o salário, a inflação e, talvez, a situação de trabalho de cada um de nós, pobres mortais. Passada a anestesia da folia, a realidade volta com toda a sua força ao dia a dia do brasileiro!

As chuvas são a marca do mês de março em nosso sertão; nuvens carregadas de água trazem do céu a esperança natural de boas colheitas para o humilde agricultor, bem como doenças de toda sorte para o povo do sertão. Também com as chuvas vêm as moscas para nos incomodar, chatear e aborrecer. Quem, em meio à umidade e ao calor, não se aborrece com as moscas? Aqui e ali estão pousando e hospedando seus excrementos, suas larvas em águas e alimentos. É preciso lavar bem e cobrir com muito cuidado os alimentos.

As moscas são muito frequentes nesta época do ano. Tão comuns que podemos encontrá-las em qualquer ambiente. Aparentemente inofensiva e inútil, ao contrário, a mosca pode causar diversos danos à saúde. Inseto asqueroso, de anatomia quase irreparável a olho nu, apresenta certas peculiaridades, dentre elas os olhos por toda a cabeça (formados por 3.000 lentes de seis lados); não veem muitos detalhes, mesmo vendo 360º graus, tudo está fora de foco; asas finas, batem 330 vezes por segundo (4 vezes mais do que o beija-flor) e o segundo par dessas asas influencia as manobras aéreas, e por serem finas e frágeis, ficam invisíveis durante o voo. As moscas são incrivelmente ágeis e importante para a natureza.

No entanto, a mosca é vista por quase todas as pessoas como um inseto nojento, perturbador e incômodo, principalmente nos momentos de um cochilo, de um bom sono, de uma sesta rápida. É o estraga prazer de todos quantos estão a saborear um caldo, uma sopa ou uma boa bebida. Dificilmente alguém não se sentiria incomodado ao ver cair uma mosca no seu copo ou na sua comida.

Certamente aqui encontra-se o gancho para o qual Raul Seixas construiu uma ponte da mosca para a política. Tal como a mosca incomoda aos nossos prazeres; assim o é para os que se lambuzam nas regalias do poder. Vejamos o trocadilho da mosca com o poder na música inteligente de Raul: “Eu sou a mosca que pousou em sua sopa. Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar...” Raul foi maravilhosamente perspicaz e sagaz ao jogar com palavras cheias de ironia e sarcasmo, transparecendo uma indignação com a sociedade, com o poder, com a política.

O filósofo é como uma mosca; perturbadora, incômoda, abusada, chata, estraga prazer, enfim. Talvez por isso, a Filosofia, tenha ficado distante da grade curricular das escolas públicas por muitos anos, inclusive no regime ditatorial, período de perseguição aos direitos democráticos do cidadão. Não devia ser perigoso falar de direitos humanos, tampouco de direitos ao cidadão, da dignidade da pessoa humana. Porém, a mosca está de volta, a Filosofia está mais forte do que nunca. Jamais se produziu tanto nesta área.

Platão pintou a imagem de Sócrates como uma “mosca” na sociedade ateniense. Sócrates era uma espécie de perturbador da aristocracia ateniense, das autoridades em geral, dos que se diziam uma coisa e não eram. A perturbação que causava, no entanto, não seria à toa. Segundo sua própria interpretação relatada por Platão, ele foi sendo tomado pelo espírito da 'mosca', de pousar em cada lugar de Atenas para importunar, e foi assim que conseguiu, finalmente, entender sua missão”(GHIRALDELLI, Paulo Jr. A Aventura da Filosofia. S. Paulo: Manole. 2010. p. 32). Acabou condenado à morte por não concordar com um governo corrupto, com base na venda de homens livres; e por ser acusado injustamente de corromper a juventude com ideias voltadas para a alma. Sócrates, como filósofo, sábio de Atenas e cosmopolita, jamais aceitava a ignorância e a corrupção política. Daí ser visto por Platão como a “mosca” de Atenas.

Voltando a Raul Seixas, a “mosca” quer dizer os insatisfeitos com a situação política que aí está. Os que corajosamente, como Sócrates, tiram a cortina, tiram o véu da mentira para encontrar a verdade. A “sopa” é a delícia do dinheiro público. A “sopa” quer dizer as regalias do poder, o despotismo, contratações sem necessidade, altas diárias, mordomias, nepotismo, troca de favores com cargos públicos, desvio de verbas, licitações escusas e assim por diante.

Nesse sentido, quem, tal como Raul, tal qual Sócrates, filósofo, quer ser uma “mosca”?


Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva

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domingo, 6 de março de 2011

O vazio da intimidade, por Márcia Tiburi.


Intimidade é a categoria inventada para dar conta do aspecto mais interior da experiência pessoal humana. Diz-se íntimo do que não pode ser exposto. Fala-se da intimidade para expressar aquilo que não cabe na exterioridade das existências. Íntimo é sempre relativo ao que se esconde, ao reservado, ao que se preserva do contato com a esfera da vida pública. É uma instância de segredo, por meio da qual seres humanos se sentem donos de si mesmos. Íntimo é, pois, o lugar onde cada um se sente descoberto em sua subjetividade apenas para si mesmo, em uma espécie de contraposição ou negação da objetividade. Como na solidão na qual, em vez de sofrimento, encontra-se a salvaguarda de si. Por meio da intimidade cada um se sente em uma ilha deserta para a qual viajou voluntariamente.

Íntimo é aquilo que não pode ser simplesmente comunicado. É o que se aparta da comunidade mesmo permanecendo dentro dela. Íntima é, da vida, a parte silenciosa, a que não pode ser publicada. Ocorre que a cultura humana é marcada pela exigência de comunicabilidade. Relacionamo-nos uns aos outros e nesta ação linguística está o cerne da experiência humana enquanto ela é política e ética. Certamente deturpamos o sentido da comunicabilidade quando a compreendemos como mera relação de troca em um mundo de mercadorias.

Na cultura contemporânea em que as tecnologias da imagem aliadas aos meios de comunicação de alta difusão determinam as formas de vida na sociedade do espetáculo, em que a era digital define um padrão estético e ético de ação, em que a compulsão à exposição de si vai das revistas de celebridades às redes sociais, não é difícil pensar que vivemos no tempo da banalização da intimidade. Tal banalização é, na verdade, um interessante paradoxo. Se banal é aquilo que pode ser usado por todos, enquanto íntimo é aquilo que pertence apenas a um indivíduo, como seria possível banalizar o íntimo sem eliminá-lo? Em outras palavras, se banalizamos o íntimo e assim o eliminamos, será mesmo do íntimo e da intimidade que ainda estamos tratando? Ora, a expressão da intimidade sempre fez parte dos esforços poéticos e literários na história humana. Mas se não foi simples para os poetas, por que devemos achar que é tão alcançável e comunicável pelos internautas e usuários das mídias contemporâneas em geral?

A intimidade banal não existe. Aquilo que podemos chamar de compulsão à exposição representa-se na extinção do íntimo. Se íntimo é o que não se expõe não podemos considerar que a publicização da vida tem simplesmente o poder de extirpá-lo. A exposição de “intimidades” – como as partes íntimas, as mais ocultas no corpo de uma pessoa – são bem conhecidas nas representações de obscenidades que compõem a pornografia. Há que se considerar, no entanto, que o órgão sexual exposto já não é íntimo, mas obscenamente recortado, ele é qualquer coisa que se dá a conhecer como objeto, como algo não mais experimentado subjetivamente, mas objetivamente percebido. Íntima é uma experiência de subjetividade que não é facilmente medida em termos objetivos. Ela é conhecida apenas negativamente.

A pergunta é, portanto, em que momento o íntimo deixa de existir? Por que precisamos pensar que os tempos de miséria da subjetividade vencem tão facilmente o elemento misterioso que compõe a experiência de si a que denominamos intimidade e sobre a qual podemos falar apenas de fora, justamente porque as palavras apenas a tocam como algo externo à medida que ela se refere a um “dentro”? Que lógica seria esta que desconsidera tão facilmente sua potência? Discursar sobre seu fim é alerta contra um perigo que paira sobre ela ou mera propaganda niilista que inventa tê-la encontrado?
A intimidade é mais uma forma de relação do que uma instância. Assim, não podemos dizer que o ciberespaço, que a internet como “lugar” substitui o lugar da intimidade, porque a intimidade não é simplesmente algo que se encontra no espaço, não é, portanto, um objeto. Ela é, muito mais, aquilo que, do espaço não se pode simplesmente acessar. Tampouco é um dentro que se põe para fora. A chave da intimidade pertence unicamente a seu portador. Assim é que a intimidade é um modo de relacionar-se com espaços e objetos que se configura e reconfigura nos processos sociais. Ela é uma experiência pessoal.

Logo, as redes sociais não eliminam a intimidade pela sua hiperexposição porque intimidade é o que, sendo exposto, já não está ali. O que as pessoas expõem é a angústia do vazio enquanto a intimidade é algo que permanece na esfera de segredo de cada um. Logo, a exposição da intimidade na internet ou é mentira ou é compulsão à exposição. A intimidade mesma é uma força de negação que não se reduz a demandas objetivas sem resistência.

Márcia Tiburi, filósofa.

Quem são os excluídos do mundo contemporâneo? Com a palavra, Viviane Mosé


A lógica gramatical que rege nossa linguagem se sustenta na exclusão. Um dos princípios fundamentais do nosso discurso é chamado de "princípio do terceiro excluído". Posso dizer que eu sou, e posso dizer que eu não sou alguma coisa, mas não posso dizer que sou e não sou, ao mesmo tempo, alguma coisa. Isto, que parece apenas uma regra gramatical, produz uma cisão no modo como percebemos as coisas. Nossa linguagem cotidiana nos impõe que, ao falarmos, estejamos afirmando ou negando algo: ou estamos certos ou errados, diz a regra. Mas sabemos que estamos sempre, ao mesmo tempo, e de algum modo, certos e errados. Esse tipo de pensamento gerou o que Nietzsche entende por uma lógica da exclusão, um modo de pensar que segmenta, separa. O mundo contemporâneo, especialmente quando pensado como exaustão da modernidade, é um mundo que sofre as consequências dessa fragmentação: esquecemos o todo, destruímos o meio ambiente, as cidades, as relações humanas; mas esquecemos também de nós mesmos, vide a obesidade crescente, o uso indiscriminado de drogas e medicações psiquiátricas, os suicídios, os acidentes de carro.

A hiper valorização da imagem também trouxe suas consequências; ninguém corresponde ao corpo manipulado pelo photoshop, nem à vida glamorosa das propagandas de TV. Então sempre estamos aquém, mesmo quando atingimos o status tão ansiosamente sonhado. O que resulta em uma sociedade onde todos são, de algum modo, excluídos: os muito feios, os muito bonitos, os muito pobres e também os muito ricos, os muito gordos e também os muito magros, os muito tranquilos, mas também os muito agitados, todos, indiscriminadamente sofrem algum tipo de exclusão. Os milionários, os artistas, as celebridades, por exemplo, em função da violência indiscriminada, se isolam cada vez mais em condomínios fechados, em carros blindados, e não podem usufruir do que conquistaram. Não é à toa que homens como Warren Buffet e Bill Gates, tenham doado grande parte de seu patrimônio para causas sociais, ambientais. Ou aprendemos a lidar com aquilo que nos incomoda ou sucumbimos como sociedade, como humanidade. Incluir é a regra, e isso envolve o escuro, o medo da morte, as angústias, as perdas, a dor. Se aprendemos alguma coisa, nos últimos séculos, é que excluir não resolve, apenas acirra as contradições. Nada desaparece, em nossa lata de lixo social, tudo retorna, em forma de violência, exaustão ambiental, miséria e dor.

Psicóloga e psicanalista, especialista em elaboração de políticas públicas pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestra e doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Trocadilho: "Clichetes - Chicletes"


A imagem leva à imediata associação com a famosa goma de mascar que emprestou seu nome ao próprio produto, o chiclete.

Mais atentos, nos damos conta da originalidade discreta e dissimulada do poema-imagem criado pelo poeta Philadelfo Menezes: “Clichetes, goma de mascarar, sabor mental”.

Passatempo digestivo da realidade padronizada no produto e repetida no poema que, no entanto, a dobra e entorta pelo deslocamento sutil de letras que disfarçam, nas semelhanças do desenho e da sonoridade, a diferença crítica e singular da inventividade plástica e poética do autor.

É um jogo em que a imagem do objeto é o que parece ser, enquanto, simultaneamente, aparece, sob a máscara da representação direta, como a negação tanto do que é como do que parece ser.

Philadelfo Menezes (1960-2000) formou-se mestre e doutor em comunicação e semiótica pela PUC de São Paulo, realizou pesquisa de doutoramento na Universidade de Bolonha, na Itália, e ministrava cursos no programa de pós-graduação em comunicação e semiótica da faculdade em que se formou quando subitamente faleceu em um acidente de automóvel, aos 40 anos.

Fonte: http://luz.cpflcultura.com.br/clichetes,3.html

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